14. Nas alturas

Conto de Luã como (Seguir)

Parte da série O garoto da mesa 09

- obrigado por ter vindo, Edu. Não queria ficar sozinha em casa. – Marina está com os dedos das mãos entrelaçados em cima da mesa. O garçom traz nossas bebidas, o martini dela e meu chopp.

- quando a Bárbara volta?

- semana que vem. Estou com tanta saudade dela. – sua voz sai melancólica. – agora que o Bê foi embora, eu me sinto tão sozinha. Nem parece que já faz quase uma semana.

- é, passou rápido. O tempo está passando muito rápido, no geral. Estamos quase no final do ano. Só de pensar em quanta coisa aconteceu nesse meio tempo. – vem um flash de memórias na minha cabeça. Meu pai, Caio, a competição, o acidente. Foi tudo tão insano.

O celular dela toca. Um sorriso aparece em seu rosto enquanto ela digita alguma coisa.

- quem é?

- o Bernardo. Mandou avisar que está com saudades.

- você ouviu o que ele me disse? Aquele dia, no aeroporto?

- um pouco. – sua expressão se suaviza. Ela toma mais um gole de sua bebida e me olha firme. – eu nunca vi meu irmão gostar de alguém assim, Edu.

- me sinto mal por isso, Mari. Eu não quero que ele sofra. Eu gosto muito dele. Mas não do jeito que ele gosta de mim.

- ele sabe disso Edu. Desde o primeiro dia que ele te viu, ele soube. Mas você sabe que a gente não consegue mandar no coração.

- é, eu sei. – passo meu dedo distraído pelo contorno do copo suado.

- mas a gente pode escolher se fica sofrendo ou se segue em frente. Ele escolheu seguir em frente. Mas eu fico triste que ele tenha ido pra tão longe. Ele sempre foi meu confidente, a pessoa mais próxima de mim. Vou sentir falta disso. – ela se ajeita na cadeira, visivelmente mais triste por ter pensado em Bernardo. – que bom que eu tenho você, caipira. Você e a Bárbara vão ter que me aturar nesses dias de fossa enquanto eu me acostumo a ficar longe do meu irmão.

- eu acho incrível essa relação de vocês. Vocês são muito unidos. Eu imagino como deve ser difícil pra você.

Uma expressão de choro começa a se formar em seu rosto e imediatamente eu tento pensar em outra coisa pra mudar de assunto.

- minha viagem é na quarta que vem. Como passou rápido, né? – tento parecer mais animado que o normal, numa tentativa de distraí-la. Parece funcionar.

- muito! E eu não poderia esquecer, você só fala nisso nos últimos tempos. – ela solta uma risada descontraída. – mas falando sério, eu to muito feliz por você. E muito orgulhosa também.

- tá tudo certo pra você ir, né?

- claro! A Bárbara também vai. Ela chega na segunda.

Felipe volta do banheiro, se juntando a nós.

- demorei?

- não. – acaricio sua mão depois que ele senta.

- o Edu não para de falar e pensar na viagem. Ouço sobre isso a semana toda.

- não é pra tanto. – reviro os olhos, sorrindo em seguida.

- é sim, você vai pra final, caipira. A gente tá muito feliz por você.

Os dois estão me olhando emotivos e eu não sei bem como lidar com isso. Ao fundo, uma banda toca clássicos de MPB, dando um clima leve para o bar. Felipe pede mais um copo de chopp para ele, enquanto planejamos tudo para quarta feira. Até onde eu sei, minha turma vai ir para lá na sexta de manhã, dia da prova. Todos estão no mesmo clima de expectativa, o que parece me deixar ainda mais tenso. Preciso deixar todos orgulhosos. Quero muito ganhar essa prova. Vejo que todos estão depositando muitas expectativas em mim.

- ei, o que foi? – Felipe me traz de volta ao aqui e agora.

- nada, só pensando na prova.

- você parece tenso.

- não estou não. – lhe dou um sorriso amarelo, tentando esconder minha tensão.

- Edu... – Felipe insiste.

- só estou um pouco preocupado. Estou carregando uma responsabilidade muito grande. E se eu não ganhar?

- todos vão ficar muito orgulhosos de você do mesmo jeito. Você é o assunto da universidade toda e eu só vejo falarem bem de você.

- é fácil falar, Marina. Até agora eu venci as etapas. Se eu voltar pra Porto Alegre sem nada, as coisas mudam.

- pode ter certeza que não. Todos já te admiram só por você ter chegado onde você chegou. Eu pelo menos admiro.

- eu também. – Felipe complementa.

- namorado e melhor amiga não contam. Vocês estão fora de questão.

- independentemente do resultado, você já é a minha palmirinha. Sempre que for lá pra casa, não vou encostar em uma panela sequer. – Marina solta uma risada em seguida, me fazendo relaxar. Ela sempre sabe como fazer isso. Então, decido deixar isso pra lá. Não importa o resultado, chegar até aqui já é incrível pra mim. No mínimo, vou conhecer São Paulo. Isso também é ótimo.

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Felipe caminha do meu lado um pouco atrapalhado com as nossas duas malas juntas no carrinho, enquanto seguimos para a fila do check in. Ele faz tudo com muita rapidez e precisão, tendo em vista que ele já é acostumado com todas essas coisas. Após despacharmos nossas malas, seguimos para a parte da porta detectores de metais, quase na sala de embarque. Enquanto nossas mochilas passam pela esteira de raio x, eu espero ansioso no outro lado. As janelas enormes da sala de embarque me mostram as aeronaves estacionadas no pátio, aumentando minha expectativa. Minha primeira vez voando. Isso é incrível pra mim. Seguimos até o portão 11, onde nosso voo sairia daqui a 15 minutos. Assim que chegamos, vejo a fila se formando para o embarque. Lentamente começamos a nos mover e logo chega a nossa vez. É um pouco incomodo entrar no avião, ainda mais com todo mundo olhando, mas é algo que não é tão novo pra mim, então eu não ligo. Me sento na poltrona e Felipe me acompanha logo em seguida. Sem demora a tripulação começa os procedimentos para a decolagem, explicando tudo detalhadamente. O comandante anuncia de dentro da cabine que a decolagem está autorizada e logo em seguida a aeronave começa a se mover em direção à pista. Em seguida, o avião começa a andar muito rápido, fazendo eu encostar minha cabeça na poltrona. Olho para fora da janela e vejo o avião saindo do chão, deixando Porto Alegre longe. Os prédios parecem miniatura. É tão incrível. A cidade é mais linda vista aqui de cima. É tudo tão pequeno, mas a extensão dela é admirável. Minha Porto Alegre em escala pequena. Logo começamos a nos afastar, e o urbano da lugar ao natural. As plantações parecem uma colcha de retalhos, com tons de verde e marrom, em formas variadas. Olho para o céu imenso ao meu lado, logo acima das nuvens, que realmente parecem algodão suspenso no ar. Não demora muito até que o serviço de bordo começar. Os comissários da companhia esbanjam simpatia. Felipe aproveita seu copo de suco e o sanduíche enquanto eu relaxo com meus fones de ouvido, apreciando a paisagem rara e abundante aos olhos. Apos cerca de uma hora e vinte, o comandante anuncia no alto falante que estamos chegando ao nosso destino. Olho pra fora da janela e já vejo a cidade imensa, com construções e mais construções, prédios e mais prédios. São Paulo é realmente enorme, mais ainda do que eu imaginava. Meu corpo estranha quando o avião começa a descer em direção ao aeroporto. A gravidade não está sendo uma boa amiga comigo. À medida que entramos na pista de pouso de Congonhas, eu fico mais relaxado. É insano ter um aeroporto bem no meio da cidade, com carros passando perto e as aeronaves quase arranhando os carros. Após sairmos do avião e pegarmos nossas malas na esteira, seguimos para o portão de desembarque. Assim que o cruzamos, vejo Lívia nos esperando sorridente mais adiante. Ela vem direto ao nosso encontro para nos abraçar.

- que bom ver vocês! – ela primeiro corre para o irmão, depois para mim. Seu abraço é intenso, com emoção. Lívia tem uma energia muito boa. – como foi de viagem?

- foi bom. Tirando a sensação estranha de quando decola e depois quando pousa, é tudo tranquilo.

- ah mas depois você se acostuma. – ela soa descontraída, vestindo uma regata rosa estampada, calça jeans e rasteirinhas. – vamos? Ainda temos que passar fazer o almoço.

Ela nos ajuda pegando uma das malas e deixando a outra pra Felipe. Logo estamos chegando ao seu carro e indo em direção ao seu apartamento, que pelo que ela me disse fica na barra funda. Meus olhos não saem da janela, admirando os prédios, altos, baixos, antigos, novos, em construção. São Paulo é literalmente uma selva de pedra. E estranhamente, no meio de tanto concreto, há tanta vida. Milhares de pessoas circulando a todo o minuto, seja caminhado nas calçadas ou sentei-me ônibus ou de carros. Tudo parece muito maior do que eu imaginava. Fico pensando em como seria eu morando aqui. Se eu já me espanto às vezes com Porto Alegre, aqui eu teria medo de cruzar a esquina de casa. Me espanto quando passamos pela frente do prédio da Rede Record enquanto Felipe e Lívia conversam animados no banco da frente. O prédio é enorme, com o logo da emissora estampado na fachada. Mais algumas quadras adiante, chegamos em nosso destino. É um prédio mediano em altura, mas aparentemente bom de viver. Subimos com nossas coisas pelo elevador até o quinto andar. Ao chegarmos somos recepcionadas pelo sushi, o Pug preto de Lívia.

- oi meu fofucho! – ela o pega no colo, apertando-o contra o peito. A sala é pequena, mas muito harmoniosa. Há um sofá verde, com várias almofadas coloridas, dois puffs pretos no canto e uma rack amarela com uma televisão de LCD. Perto da cozinha tem uma mesa de quarto lugares simples, de madeira escura, com uma toalha floral. Em uma das paredes de tijolo a vista, há uma bicicleta pendurada, o que eu acho muito interessante. Além de servir como decoração, poupa espaço na hora de guardar o meio de transporte. Seguimos para o quarto de hóspedes, onde há um sofá cama improvisado para nós dois, juntamente com um pequeno guarda roupa. Nos acomodamos e aproveitamos para tomar um banho rápido antes de ajudar Lívia a fazer o almoço, embora ela insistisse que faria sozinha pois somos visitas.

Ela prepara macarrão ao alho e óleo pra gente. Estamos nos sentando na mesa, enquanto ela termina de trazer tudo da cozinha.

- só vocês mesmo pra fazer eu usar a mesa. Geralmente eu como no sofá, de qualquer jeito. – ela parece feliz de estar dividindo uma refeição em família.

- devo confessar que seu macarrão é um dos melhores que eu comi, Lívia. – falo ainda de boca cheia, enquanto termino de comer minha primeira garfada.

- vindo de você é uma honra, Edu. Me sinto lisonjeada.

- São Paulo está fazendo bem pra você, Lívia. Antigamente você não sabia nem fritar um ovo.

Lívia faz uma careta para o irmão, fazendo a gente rir.

- meninos, eu tenho um compromisso amanhã à noite. Queria que vocês fossem comigo.

- o que é?

- vou participar de um desfile. É meu segundo desfile realmente grande, estou um pouco nervosa.

- ah que orgulho! – Felipe comemora.

- claro que a gente vai, Livs.

- que bom! – ela bate palmas em comemoração.

O resto do dia a gente tira para descansar da viagem. Estou exausto para sair.

Durante a noite, porém, sou arrastado para conhecer um barzinho que é muito bem falado, chamado Chopp do Miguel. Logo quando chego, suspiro aliviado por ter fácil acesso para mim. É um ambiente bem acolhedor e eu logo me sinto à vontade. Lívia diz que não quer beber nada de álcool por causa do desfile do dia seguinte, então opta apenas por um copo de suco. Eu e Felipe vamos de chopp. Após nossos pedidos, junto com um prato de petiscos, chegarem, começamos a planejar nossa breve estadia na terra da garoa. Temos pouco tempo para conhecer muitas coisas, mas ao que depender de Lívia e de seu entusiasmo, vamos visitar muitos lugares.

O salão está com uma iluminação propositalmente baixa. Muitas pessoas aparentemente importantes, vestidas com roupas elegantes e diferentes, passam por nós e tomam seus lugares nas fileiras perto da passarela imponente.

- esse lugar é... uou. – estou de queixo caído.

- sem dúvida. Mas já vi desfiles com estrutura mais grandiosa ainda.

- caramba... – somos interrompidos por um garçom que nos oferece taças de champanhe. Eu recuso, sem jeito. Tudo aqui é luxuoso, fino, fora de todas as expectativas pra mim. O telão ao fundo da passarela se acende e começa a passar imagens aleatórias de vários ícones da moda internacional, pouco antes de anunciar o nome do estilista responsável e por ultimo, o nome do evento. Em seguida, uma música poderosa começa a tocar e a medida que as luzes ao redor da passarela pisca ao ritmo da batida, as pessoas parecem ficar ansiosas. Logo a primeira modelo aparece, com trajes bastante conceituais em preto e branco, o rosto combinando com o tom confiante da música. Assim, uma a uma, as modelos lindas, vestindo roupas exuberantes, todas em preto e branco, dão as caras na passarela, nos mostrando um show à parte. Lívia é uma das primeiras. Fico orgulhoso dela. Ela está absurdamente linda. O cabelo cheio de laquê, montado em um coque para o lado, usando um vestido assimétrico branco em algodão, com tiras em couro preto espalhados em diversos pontos, dando um ar um tanto exótico, fechando com um cinto largo, preto e cintilante. Seu olhar confiante, o caminhar ousado, com passos firmes, me fazem querer assobiar e gritar, pra dizer que ela está arrasando. Vejo que Felipe está orgulhoso de sua irmã, com um sorriso largo de orelha a orelha. Assim que ela sai, começamos a debater, eufóricos, sobre o desfile dela e acabamos nos distraindo uma boa parte da primeira etapa do evento. Após cerca de uma hora, começa a segunda etapa do desfile. A iluminação do ambiente muda completamente, deixando tudo mais claro e colorido. O telão começa a mostrar mulheres de outras décadas, vestindo roupas extravagantes, cabelos armados e tudo com muito brilho. Uma música oitentista começa a tocar e logo Lívia abre o desfile, para minha surpresa. Vestindo uma pantalona estampada com várias cores, junto com uma camisa de mangas dobradas amarela, maxi brincos e uma sandália plataforma. O cabelo está em um rabo de cavalo alto, me remetendo diretamente aos anos 70. Como sempre, ela está linda. Acho que ela já deve ser conhecida nesse meio da moda, devido à salva de palmas que ela recebe logo ao entrar em cena. Toda sorridente, ela acena e agradece discretamente enquanto segue graciosamente até a ponta da passarela e depois retornado. Ela olha rapidamente para onde estamos, então eu e Felipe somos apenas beijos e acenos, com sorriso bobo de orgulho de nossa top model.

A terceira e última parte é composta por um ar de glamour. As modelos desfilam individualmente ao som de uma música leve, com batidas simuladas a de batimentos cardíacos. Lívia aparece com um vestido vermelho vivo, com um decote em V até o umbigo e a barra assimétrica, com uma calda enorme que esvoaça a medida que ela caminha em cima de uma sandália também vermelha. Ela está simplesmente impecável. Ao final do desfile, as modelos aparecem juntas na passarela junto com o estilista responsável, que agradece emocionado a todos os presentes. Esse universo é totalmente encantador. Lívia aparece um pouco depois, já desfeita de toda a megaprodução que estava antes, mas nem por isso menos linda.

- eu achei que eu ia ter um ataque de nervosismo naquela passarela! – ela se junta a nós, eufórica.

- Lívia, você tava demais! Roubou toda a cena. – Felipe é o típico irmão babão.

- é verdade Livs, você estava incrível. Foi perfeito! – eu lhe puxo para um abraço. Ela está com um sorriso deslumbrante, claramente satisfeita com o resultado. E não e pra menos. Desfilou para dezenas de pessoas importantes da elite paulista, com muitas pessoas influentes do ramo da moda. Isso é ótimo pra ela. Voltamos para casa ainda comentando sobre a noite. Lívia está tão cansada que mal chega em casa e já vai dormir, enquanto eu e Felipe preparamos alguma coisa pra comer.

- fico tão feliz em ver minha irmã realizando os sonhos dela.

- como foi, quando ela decidiu vir pra cá?

- ah, não foi fácil. Ela sempre foi muito paparicada e protegida pela família toda.

- ela foi muito corajosa. Abraçar São Paulo e se dar bem não é uma tarefa fácil.

- é isso que me deixa ainda mais orgulho. Ela é tão nova e está com a carreira deslanchando.

Continuamos conversando enquanto comemos nossas torradas. Depois, seguimos direto para a cama, onde eu afundo minha cabeça no travesseiro e durmo um sono pesado.

Chego em frente a um prédio enorme, no centro de eventos onde foi me passado. Paro pra pensar; caramba, eu estou na final. Um sorriso bobo me pega de jeito, fazendo meus olhos brilharem.

- ansioso? – Felipe me olha com um sorriso de canto, me dando uma piscadela.

- muito. Eu estou tentando manter a calma pra não me atrapalhar.

- você vai arrasar, cunhado. – Lívia está no banco de trás e põe sua mão em meu ombro, dando seu sorriso encorajador.

- obrigado, Livs.

Achamos uma vaga no estacionamento e seguimos para o salão, que já está cheio. A essa altura já não consigo mais controlar as batidas desenfreadas do meu coração. Olho para todos os lados, impressionado com a estrutura grandiosa. O evento vai ser televisionado. A repórter já está se preparando e o seu cinegrafista também já está em seu posto.

Não demora muito até que outros competidores se juntam perto das bancadas e começam a conversar com o mestre de cerimônias. Decido me despedir de Felipe e Lívia, que me desejam boa sorte enquanto eu respiro fundo.

- vai dar tudo certo, meu amor. – Felipe acaricia meu queixo, me encorajando.

- vai lá e arrasa, cunhado.

Eu sorrio e agradeço os dois, seguindo até os outros. Percebo que o salão está ficando cheio. Olho no relógio e faltam dez minutos para o início das instruções. Caramba, o tempo tá passando rápido. Sou recepcionado por ele e pelos outros competidores, que mesmo demonstrando simpatia, não conseguem esconder o clima de disputa no ar.

O cerimonialista nos dá boas vindas e começa a explicar as regras da prova. Para a surpresa de todos, a prova vai começar por um sorteio. Todos nós vamos ganhar um papel com o nome de um estado do Brasil e teremos que fazer um prato típico de lá. Ao todo são 15 papéis, correspondente aos 15 candidatos da prova. Será uma mistura de culturas. Eu engulo em seco. Meu Deus, e se eu tirar alguma região que eu não conheço nada? Na verdade, em questão de pratos típicos eu sou um zero à esquerda. O sorteio começa e minhas mãos começam a suar. A menina de Minas Gerais tira o prato típico do Rio Grande do Sul e comemora. Eu sei bem como é. Pratos gaúchos são aparentemente fáceis, mas na realidade não é bem assim. Mas espero que ela consiga se sair bem. O sorteio segue, as pessoas vão escolhendo seus papéis e eu sou um dos últimos a pegar o meu. Desenrolo afobado o pedaço de papel pequeno na minha mão, que acaba me revelando que meu estado é a Bahia. Nesse momento, eu respiro aliviado. Não é nem de longe o prato mais difícil dentre os que foram retirados pelos meus adversários, o que pode me trazer uma certa vantagem. As lembranças de Cecilia, uma antiga ajudante lá no restaurante, que era baiana, de quando ela cozinhava para a gente é mais uma coisa para eu guardar na memória pra usar hoje. O cronometro começa a contar o tempo para escolhermos os ingredientes e eu já tenho em mente o que pegar. As regras da prova são as mesmas da etapa estadual; um prato de entrada, um prato principal é uma sobremesa. Teremos duas horas e meia para fazer tudo. Após pegar tudo o que eu acho que vou precisar, reviso bem e vejo que esqueci alguns temperos importantes. Volto até a bancada e seleciono o que ainda faltava. Acho que agora está tudo certo. Respiro fundo para me acalmar e espero até que o um minuto restante termine e a prova realmente comece. Olho para a plateia, que está absurdamente mais cheia. Vejo alguns cartazes levantados em todo o lugar. Atrás de Felipe e Lívia, há cartazes com o meu nome. Caramba! O pessoal todo da minha turma veio, além de mais alguns das outras turmas. Alguns professores e a reitora também vieram. Isso é tão lindo. Eu esperava pouca gente, já que eles teriam que vir de tão longe. Mas eles estão aqui, me dando apoio. Solto um sorriso bobo de orgulho. Passado isso, o cerimonialista anuncia o início da prova, o que faz eu colocar a mão na massa. Para a entrada, decido fazer bolinhos de vatapá. Como é uma entrada trabalhosa, já começo a preparar tudo o que vou precisar para o bolo de mandioca com côco, que também é um pouco demorado é trabalhoso. Depois de adiantar tudo o que eu posso e colocar os bolinhos para fritar, coloco o bolo na forma e coloco para assar. Preciso ter cuidado redobrado para tirar os bolinhos da frigideira na hora certa, sem deixá-los nem crus, nem queimados. Tiro os primeiros e fico feliz por estarem perfeitos, mas olho para o relógio e vejo que preciso me apressar. Começo a preparar o bobó de camarão, que vai ser meu prato principal, acompanhado de uma farofa típica, com linguiça, bacon, azeitonas e ovo picado. Pra fechar com chave de ouro, decido inovar no arroz com champignon e tomate seco. Olho mais uma vez pra frigideira e quase solto um palavrão bem alto. Meus bolinhos estão quase queimando. Desligo o fogo imediatamente e os retiro da frigideira. Ainda deu tempo de salvá-los, apesar de estarem mais tostados do que os outros, que estavam na medida certa. Começo a suar frio, pensando que isso pode me prejudicar. Essa é a porra da minha entrada. Não posso apresentar meu prato com uma entrada queimada. Mas também não posso fazê-los de novo. Não tenho o tempo necessário. Decido não deixar isso me afetar, afinal os bolinhos não estão queimados, apenas levemente mais tostados do que os outros. Parto para meu prato principal, começando pelo bobó e depois pela farofa, finalizando pelo arroz que é o mais fácil. No final de tudo, faltando pouco menos de 5 minutos para o término da prova, começo a montar os pratos. Olho decepcionado para os bolinhos, ainda pensando na ideia maluca de refazê-los. Mas vai ter que ir assim mesmo. Quando termino o último prato da sobremesa, o tempo acaba. Estou suando muito, com as mãos trêmulas e a garganta seca. Olho em volta, pratos lindos, aparentemente perfeitos, mas o meu eu só vejo defeitos. Talvez meu prato principal esteja muito simples. Arroz para uma final nacional? Não sei. E o bolo está meio estranho. Mas de todos, foi o prato mais bonito que eu fiz hoje. Espero que tenha ficado perfeito. Pouco a pouco, todos nós começamos a levar nossos pratos para os cinco jurados experimentarem. Primeiro são avaliadas todas as entradas, depois irá ser os pratos principais e por ultimo, a sobremesa. Vejo que um deles olha demais para os meus bolinhos. Será que estão tão feios?

Eduardo, respira. Isso só vai te atrapalhar.

Tento procurar Felipe e Lívia, que certamente estão na expectativa, tanto quanto eu. Vejo eles me olhando animados e eu aceno, tentando esconder minha frustração. Que droga, os bolinhos tinham que ter saído perfeitos. Tudo tinha que ter saído perfeito. À pressa foi minha inimiga. Depois de um tempo, começa a ser avaliado os pratos principais. O colorido do meu prato me deixa um pouco mais animado. Vejo um sorriso estampar meu rosto quando vejo uma das juradas fazer uma boa cara ao ver meu prato. Será que tenho chances? Cruzo os dedos em expectativa. Outro jurado fala rapidamente alguma coisa no ouvido daquele que olhou para os meus bolinhos, que por sua vez confirma. Os dois estão com cara de satisfeitos. La vem outro sorriso. Estou muito ansioso. Por último, conto com, na minha opinião, minha melhor arma para agradar os tão exigentes e experientes jurados: meu bolo. Dessa vez não consigo arrancar nenhuma expressão que pode me antecipar alguma opinião. Isso me deixa frustrado. O que eles acharam? Estou me corroendo por dentro. À medida que terminam a degustação, chega mais perto de eu saber o resultado. O mestre de cerimônias anuncia o início dos comerciais, para aqueles que estão nos assistindo pela televisão. Os jurados começam a fazer algumas anotações, conversam entre si e saem da bancada, indo para outra sala no outro lado do salao. Pouco depois eles voltam com um envelope, possivelmente com suas escolhas. Estou quase roendo minhas unhas. Os comerciais acabam e o cerimonialista anuncia que já temos os três vencedores. Meu coração pula feito um louco dentro do peito. Por que eles demoram tanto pra anunciar? Os jurados falam primeiro, falando os motivos de escolherem cada um dos três primeiros colocados, sem revelar nada que pudesse fazer a gente adivinhar quem são os ganhadores. Isso me deixa mais inquieto. Até que, após os jurados entregarem o envelope para o apresentador, o suspense acaba.

- tenho aqui em mãos os três primeiros colocados da etapa final do Concurso Nacional Espátula de Ouro. Em terceiro lugar, temos... – ele abre o envelope lentamente, fazendo eu morrer por dentro. – Pamela Souza!

A menina que pegou o prato do Rio Grande do Sul. Fico tão feliz por ela! Ela está eufórica também, recebendo os parabéns discretos dos competidores que estão do seu lado. Após todos se acalmarem, o cerimonialista dá continuidade.

- e em segundo lugar. – ele olha para a plateia, fazendo ainda mais suspense, causando mais reboliço em meu estômago. – Eduardo Cardoso!

Eu? Meu Deus! Sou eu! Esse é meu nome! Olho diretamente para Felipe e Lívia, que estão aos pulos. Estou quase chorando. Eu estou em segundo lugar! De todos, eu fui um dos ganhadores! Eu estou tão feliz nesse momento. Depois de receber os cumprimentos dos competidores que também estavam do meu lado, é anunciado o primeiro lugar. É o menino do Paraná, que pegou o prato típico do Amazonas. Passada toda a euforia do anúncio, sou atacado por uma avalanche de abraços de todos da UFCSPA presentes. Estou me sentindo muito feliz de ter conquistado o troféu de prata para a minha universidade. Sinto falta apenas de Marina, que não pode vir porque Bárbara voltou doente de sua viagem, fazendo Marina ter que ficar para cuidar dela. Espero que esteja tudo bem. Depois da comemoração calorosa da galera da culinária, é a vez de Felipe e Lívia me darem os parabéns.

- meu amor! – Felipe me abraça forte. – eu estou tão orgulhoso de você agora. Parabéns!

- eu disse que você ia arrasar, cunhado! – Lívia faz um cumprimento de mão descolado, em seguida me dando um abraço. – parabéns. Você merece, é muito talentoso.

- obrigado, Livs.

Após cumprir toda a parte de tirar fotos, conversar com os jurados e organizadores e até gravar uma pequena entrevista junto com os outros ganhadores, eu fui com o pessoal da UFCSPA, Lívia e Felipe até uma pizzaria próxima para comemorar. Rimos, conversamos muito, tiramos muitas fotos. Eu estou em êxtase ainda por essa noite. Todos estão tão orgulhosos de mim e eu me sinto tão bem. Só pelo fato de eles terem vindo de tão longe torcer por mim já vale muito. É uma pena que eles tenham que ficar só até amanhã. Após um fim de noite regado com muitas risadas, comida boa e boas lembranças, eles precisam voltar para o hotel onde ficam hospedados e eu vou embora ainda eufórico por tudo o que aconteceu hoje. Minha paixão por cozinhar está me levando em outros patamares.

Acordo com Lívia batendo na porta.

- oi Lívia. – Felipe fala sonolento, tirando seu braço de cima de mim.

- já são quase dez horas, vamos levantar pra dar uma volta na cidade!

- tá bom, já vamos.

Olho para ele, que está me olhando de volta, apaixonado.

- bom dia, chef.

- bom dia. – espreguiço meus braços pra cima, dando um bocejo.

- vamos levantar?

- uhum.

Depois de tomarmos um banho rápido e nos arrumarmos, seguimos com Lívia até uma cafeteria perto de sua casa para tomar café da manhã. Ela está bastante animada em ser nossa guia turística.

- sério que vocês têm que voltar amanhã? – sua voz está em tom de desapontamento.

- sim, temos que voltar ao trabalho. Mas logo a gente volta pra ficar mais.

- é tão raro a gente se ver, que quando acontece passa tão rápido.

- quando você vai visitar a mãe e o pai?

- acho que só no natal. Agora vai começar um monte de desfiles e sessões de fotos pro final do ano. É a época mais agitada pra mim.

- vê se tenta ir. Eu vou tirar uns dias de folga também lá na agência pra ficar lá em São Valentim.

Após planejarem mais um pouco sobre as festas de fim de ano e terminarmos de tomar nosso café, começamos nosso passeio pela cidade.

Nossa primeira parada é o MASP. Eu lanço suspiros o tempo inteiro enquanto nos aproximamos dessa monumental edifício de arquitetura contemporânea. Fico vislumbrado pelo fato de ele ser suspenso do chão, deixando um vão de quase dez metros, sustentados graças a dois pórticos vermelhos enormes, que envolvem o edifício. Por dentro ele consegue ser ainda mais lindo. Está tendo uma exposição de obra de arte temporária, com muitas pinturas abstratas que saltam aos olhos. Ficamos por bastante tempo admirando os detalhes e a beleza do próprio lugar, que se funde às obras expostas, deixando tudo com um ar mágico. Se eu morasse em São Paulo, viveria aqui dentro sempre que pudesse. Mas como ainda temos muito o que ver, nossa passagem pelo museu não é muito demorada. Seguimos direto para a 25 de março. Posso descrever tudo em uma palavra: muvuca. É tudo caótico, mas estranhamente, é no melhor sentido da palavra. A rua cheia de gente, entrando e saindo das incontáveis lojas, onde se vende de tudo, misturando-se com as barracas de camelô onde também se encontra muitas coisas. Pessoas nas calçadas anunciando seus produtos. É tão movimentado e divertido de se ver. Não consigo resistir e acabo entrando em várias lojinhas, saindo com presentes para Marina e minha mãe. Compro algumas camisetas para mim também, pois realmente os preços estão bons. Já são quase 16h quando vamos conhecer o bairro da Liberdade. Sempre ouvi falar e vi fotos na internet, mas não há coisa melhor do que conhecer pessoalmente. Parece que eu estou realmente andando pelas ruas de alguma cidade japonesa. É tão encantador, a cultura asiática em si me encanta. Fazemos uma breve pausa no Museu da Imigração Japonesa no Brasil. Há tanta coisa; objetos usados por eles, pinturas, até livros publicados. Mas o que mais me chamou a atenção foi a miniatura do navio que trouxe os primeiros imigrantes para cá, em 1908. A riqueza de detalhes é impressionante. Por fim, nossa última parada é o parque do Ibiraquera. Não poderia ir embora de São Paulo sem conhecer. É uma grande mancha verde no meio da selva de pedra. Há tanta gente caminhando, fazendo exercícios, passeando com cachorros, andando de bicicleta ou até conversando despretensiosamente na beira da água. A sensação de paz é palpável. Outro lugar que eu acabo de anotar como um dos melhores do mundo pra mim.

Quando vejo, já está anoitecendo. Ficamos o dia todo pra lá e pra cá. Só então vejo que estou me sentindo cansado. Mas antes de voltarmos para o apartamento, decidimos parar no shopping Ibiraquera para comer alguma coisa e poupar trabalho de fazer o jantar. Após nos abastecermos de fast food, seguimos para casa, já no clima de ir embora. Começamos a arrumar nossas malas antes de dormir, para nos certificarmos de que não vamos esquecer nada. Assim que deito o sono me envolve e eu desligo meus pensamentos, entrando na terra dos sonhos.

- vou sentir saudade de vocês. – Lívia está emotiva nos abraçando antes de seguirmos para a sala de embarque.

- assim que der a gente volta, Livs. Eu adorei São Paulo.

- vem mesmo Edu. Espaço pra você ficar tem. Garanto que sou uma ótima companhia, vamos arrasar na noite paulistana.

Felipe a olha duramente e a gente reprime um riso.

- vou ficar de olho em vocês. – Felipe soa autoritário. Eu e Lívia lançamos um olhar de cumplicidade um ao outro, antes de seguirmos para nosso voo. Ficar esses dias aqui foi muito bom. Obviamente São Paulo não é uma cidade para eu morar. É grande demais. Mas eu gostei de conhecer todos esses lugares. Vou levar lembranças ótimas comigo.

Pousamos em uma Porto Alegre chuvosa. Após pegarmos nossas malas e conseguir um táxi até em casa, suspiro aliviado por estar de volta. É como dizem, não importa onde você esteja, não já lugar melhor que a sua casa. São Paulo é ótima, mas eu prefiro minha capital gaúcha. Depois de tomar um banho e trocar a roupa toda por apenas um short leve e confortável, me deito com Felipe e descanso um pouco com o barulho da chuva caindo la fora. Passa das 17h quando desperto do meu cochilo. Felipe está deitado de barriga pra cima, com a respiração leve e calma, vestindo apenas uma cueca bóxer preta. O volume me salta aos olhos. Mesmo dormido, Felipe tem um instrumento poderoso. Sua barriga com pelos curtos e claros, formando uma linha abaixo do umbigo e aparecendo novamente em pouca quantidade no tórax me faz sentir calor. A barba por fazer lhe dá um ar mais velho. Passo minha mão por ele, sentindo a pele quente. Isso me provoca um arrepio de prazer. Minhas mãos descem pelo abdômen até sua cueca, sentindo seu pênis por dentro da cueca. Ele se mexe, fazendo eu me conter um pouco. Subo minha mão de volta ao seu peito e fico brincado, pra lá e pra cá, brincando com seus mamilos e alisando toda sua extensão. Ele se mexe novamente, acordando.

- oi dorminhoco.

- oi. – ele abre apenas um olho, ainda sonolento.

- vamos levantar? Precisamos comprar algumas coisas pro jantar.

- hum, o que vamos ter hoje?

- estou pensando em fazer a noite do hambúrguer.

- isso me parece ótimo.

Ele me planta um beijo nos lábios e se levanta para de arrumar. Pouco depois ele está pronto, vestindo uma camiseta vermelha básica de gola V que marca seu corpo e uma bermuda jeans. Depois de vestir uma roupa também, seguimos para as compras. Aproveito que estou no supermercado e já compro outras coisas que estavam faltando em casa, o que nos ocupa mais tempo que o estimado. Depois de chegar em casa, vou para a cozinha com ele e começamos a preparar tudo. Jantamos cedo. Tudo fica pronto antes das 20h. Depois de preparar quatro cheeseburgueres, dois pra cada, com carne, ovo, queijo, alface, tomate e molho barbecue, nos sentamos em frente à televisão para assistir um filme. A chuva ainda não parou, o que nos deixa bastante preguiçosos.

O enredo nos conquista e eu acabo me prendendo ao filme, mas enquanto eu recebo um carinho no cabelo, deitado no colo de Felipe, o sono acaba me pegando. Eu acabo dormindo na metade do filme. Felipe me acorda e vejo que já é tarde. Não consegui ver o final. Ele muda o canal, que estava passando os créditos, para um canal de música. Está passando o clipe de The Only Exception. Vejo Felipe cantar a música para mim, olhando nos meus olhos e isso faz meu coração se aquecer. Então, quando chega no refrão, sem tirar os olhos dos meus, ele me pega no colo, me fazendo soltar uma gargalhada e começa a dançar comigo pela sala.

- me solta Felipe! – digo entre sorrisos e tapas em suas costas, mas ele ignora.

- vem Edu, vamos dançar! – ele gira pra lá e pra cá, ao som da música, me fazendo ficar tonto. Em seguida, segue para o quarto, me colocando na cama e ajeitando sua roupa, que estava bagunçada por minha causa.

- você é muito bobo- digo tentando me ajeitar.

- bobo? Talvez. – ele recupera o fôlego. – tá calor, não tá?

Então, com os olhos pervertidos, ele sacode a camiseta e a tira em seguida, deixando seu corpo maravilhoso a mostra. Desço meus olhos nele, o analisando por completo. Seu pênis pulsa dentro do short, me fazendo morder o lábio.

- é, tá muito calor mesmo. – digo com as bochechas ruborizadas.

- sabe, eu acho que eu estou te devendo um prêmio por você ter se saído bem na prova em São Paulo. – ele fala apertando seu instrumento, me fazendo salivar.

- tá mesmo.

- o que você quer, Eduardo?

- você. – afirmo com todas as letras, sem pestanejar. Ele, por sua vez, vem até a mim, sedento. O toque de nossas peles me provoca uma sensação única. Eu estou eletrizado, mergulhando nas sensações de tocar no meu homem. Ele me deita completamente na cama e fica de joelhos na minha frente, tirando minha roupa até não sobrar nada, me deixando com meu pênis duro é apontado pra cima. Então, ele sobe em mim e começa a me beijar intensamente, descendo para o pescoço e ainda mais para baixo, estacionando em meus mamilos e se divertindo por um tempo com sua língua feroz. Ele segue lambendo meu corpo até chegar na melhor parte. Ele me abocanha e eu o vejo se deliciando em mim. Escuto um gemido abafado vindo dele, enquanto suas mãos se apoiam em minhas pernas. Ele volta até minha boca e me dá um beijo intenso, invadindo minha boca com sua língua e me fazendo sentir o gosto de minha lubrificação. Ele se levanta e vai até o outro lado da cama, me dando uma paisagem espetacular de sua bunda livre, andando em minha frente. Quando ele se vira, com o calibre apontado pra mim, vejo que ele tem um envelope de preservativo na mão. Ele parece esperar pelo meu consentimento. Eu não penso duas vezes. O sorriso em seu rosto parece o de uma criança que acaba de ganhar um presente. Assim, sei que nossa noite vai ser longa e vou aproveitar meu prêmio de todas as formas possíveis.

Passo a tarde inteira na fisioterapia. Hoje o doutor me ajudou a fazer uma espécie de flexão, segurando minhas pernas firmes no chão enquanto eu me erguia pelos braços e recuava até sentar nas minhas pernas, depois voltando para a posição inicial, sucessivamente. Ele introduziu também o uso de bolas de fisioterapia para me ajudar no equilíbrio, fazendo eu ficar em cima delas o maior tempo que eu consigo, me segurando com as mãos, além dos exercícios básicos que fizemos na primeira sessão. Mas o que eu mais gostei foram os exercícios envolvendo uma estrutura que parece grade de madeira, me lembrando uma escada de beliche, onde primeiramente foi colocado um bastão amarrado a uma corda elástica onde eu, que estava sentado em uma poltrona, tinha que esticar para baixo e para cima, flexionando todo o meu corpo para acompanhar o ritmo. Em seguida, com meu corpo preso a uma espécie de cinto que por sua vez era preso a estrutura de madeira, fazendo eu ficar de pé e apoiado com as mãos do doutor, eu estico agora duas cordas elásticas pra baixo, presas na estrutura, fazendo meu corpo se curvar pra frente. Minhas pernas bambeiam na hora de eu voltar a ficar ereto, mas o Fábio me ajuda sempre que eu ameaço pender para o lado. E por ultimo, eu fico em uma cadeira, posicionado com o encosto em 90 graus, próximo da estrutura de madeira, onde eu tinha que fazer uma espécie de abdominal, fazendo meu corpo se erguer e eu tocar a estrutura, retornando ao lugar logo em seguida. No fim da tarde eu estou exausto, mas muito satisfeito com o resultado.

- você está tendo ótimos resultados, Edu.

- sério? – olho para ele com um sorriso largo.

- grande parte disso se deve à sua força de vontade. Continue assim.

- claro doutor, pode deixar.

- e os exercícios em casa, continua fazendo?

- todos os dias.

- muito bom. – ele faz anotações em uma folha, sorrindo satisfeito.

- bom, por hoje é só. Descansa bastante, pra sexta feira estar bem disposto de novo.

- tá bom doutor.

- me chame de Fábio, Edu. Não precisamos ter formalidades.

- tudo bem, Fábio. Obrigado. – estico a mão para cumprimentá-lo. Ele sorri e me responde, apertando firme minha mão. – e obrigado por tudo.

- você é um menino bom Edu. Com fibra, garra. Não precisa me agradecer. É você quem está fazendo tudo.

Lhe balanço a cabeça, concordando um pouco sem jeito e agradecendo ao mesmo tempo.

- bem, até sexta então.

- ate.

Quando saio, Felipe já está me esperando na recepção. Seu rosto se ilumina ao me ver.

- oi meu amor. Como foi hoje?

- cansativo, mas proveitoso. – passo a mão na testa, simulado estar secando suor e ele sorri.

O caminho pra casa se resume a ele me contando sobre o trabalho, enquanto eu ouço tudo com atenção. Ao chegarmos em casa, o interfone toca e Felipe vai atender.

- é o porteiro. Tem correspondência pra gente lá embaixo. Vou buscar.

- vai lá.

Enquanto Felipe não está, vou até a cozinha tomar um copo de água. Quando ele volta, me entrega uma carta diferente. Eu não estava esperando nada hoje. Abro com expectativa e ao ler o conteúdo, meu estômago se embrulha.

- o que foi Edu? – Felipe parece preocupado.

- é a carta de intimação para a audiência.

- audiência? Do Caio?

Confirmo com a cabeça. Só de ouvir o nome de Caio, meu corpo todo treme. Após meses, vou ficar frente à frente com ele novamente. Isso soa como um pesadelo pra mim. A data está marcada para dia 10 do próximo mês. Não sei se estou preparado pra isso.

Comentários

Há 6 comentários.

Por Dougglas em 2015-12-26 11:39:44
Awn kra, adorei o passeio em SP, me deu mais vontade de conhecer. Fiquei bem feliz pelo Edu e o segundo lugar dele no concurso. Com certeza isso vai ser ótimo pra carreira dele como chef. Livia é um amor, e eu fico sempre esperando que ela apareça na história. E suas pesquisar tão sendo ótimas sobre a Fisioterapia, tô adorando ler sobre as sessões. E como sempre quando tá muito calmo, Satã da um jeito de aparecer de alguma forma. Ansioso pra saber como vai acabar essa história do Caio.
Por Luã em 2015-10-22 00:21:57
Oi gente! Obrigado por acompanharem. A temporada agora tá se encaminhando pro final, chegando com episódios com bastante emoção, não só pros nossos protagonistas, mas pra outros personagens queridos e outros nem tanto. Ah e lembram que eu falei que há mais uma temporada (talvez a mais emocional de todas) a caminho? Então? Já estou fazendo o esboço dela! Passei pra avisar também que tem capítulo novo no ar! Até breve galera, abraços! (:
Por diegocampos em 2015-10-17 20:00:18
Muito infelizmente o caio vai aparecer novamente espero que ele não volte a fazer nenhum mal ao edu novamente , a cada capítulo eu acho o Felipe e o edu mas fofos ansioso para o próximo capítulo
Por em 2015-10-17 03:46:17
Oi boa noite, eu descobri por acaso esses contos seus e comecei ler desdo o primeiro e fiquei totalmente apaixonado e envolvido, você escreve tão bem e tem o conhecimento de tudo o que fala, me sinto viciado e dentro do mundo do edu e do felipe! Já sorri e chorei lendo tudo isso. Não pare de escrever a historia deles nunca! muito obrigado por essa história! Parabéns!! Quero ler maisss
Por em 2015-10-17 03:46:13
Oi boa noite, eu descobri por acaso esses contos seus e comecei ler desdo o primeiro e fiquei totalmente apaixonado e envolvido, você escreve tão bem e tem o conhecimento de tudo o que fala, me sinto viciado e dentro do mundo do edu e do felipe! Não pare de escrever a historia deles nunca! muito obrigado por essa história! Parabéns!! Quero ler maisss
Por Niss em 2015-10-16 01:44:22
Puta merda... Lá vem esse Lucifer.... Poha... Mas... O capitulo foi maravilhoso, adorei a primeira parte deles no bar, e indo pro aeroporto, imaginei cada detalhe do Edu voando pela primeira vez. Chegando em CGH, eu fiquei muito feliz, kkk me imagino chegando em CGH tbm... Enfim, eu amo SP. Minha paixão tbm, adoro cidades grandes, faz parte do meu plano da vida, ir morar lá. Fiquei muito orgulhoso do Edu, que bom que ele se saiu tão bem na prova. O passeio por SP, então... Parece que realmente aconteceu, muito boa a sua descrição nessa parte Luã. Por fim, a parte da fisioterapia, ri quando eu comecei a ler, hahah, vc sabe... Pelo menos no fim as coisas estão dando certo. Caio é um filho da puta, tenho certeza que nada vai abalar o relacionamento EduLipe. Espero pelo proximo. Kisses, Niss.