12. Briga de leões

Conto de Luã como (Seguir)

Parte da série O garoto da mesa 09

O clima pesa imediatamente entre nós três. Os dois se olham e parece sair faísca de seus olhos.

- o problema é você ficar urubuzando em cima do namorado dos outros, Bernardo. Ou você esqueceu que o Eduardo é comprometido?

- não esqueci não Felipe. Mas não se preocupa, eu e o Edu somos apenas amigos. Ele nunca me deu mole, sempre respeitou você. Ao contrário da tua amizade estranha com o Caio.

Antes que Bernardo terminasse, Felipe acerta ele com um soco no rosto. Em segundos Bernardo está no chão. Mas não por muito tempo. Vejo-o se levantando com fogo nos olhos e partindo pra cima de Felipe, tentando acertar-lhe um soco também, mas acabam por cair no chão enquanto eu grito desesperado para eles pararem com aquilo.

- Felipe! Bernardo! Parem com isso, que merda!

Sem sinal de que tenham me ouvido, meu desespero aumenta enquanto não vejo a droga do porteiro onde ele deveria estar numa hora dessas. Minha única alternativa que vem à mente é tentar fazer algo por conta própria buscando ajuda.

- Francisco! Cadê você? – estou na porta do prédio tentando achar algum vestígio. Logo ele aparece às pressas, saindo do corredor que dava para o banheiro de funcionários.

- o que aconteceu? – ele pergunta assustado.

- o Felipe e um amigo meu estão brigando. Corre lá pra ajudar! – estou desesperado, falando rápido e ofegante. Francisco corre pra fora do prédio e chega até os dois que ainda rolam pelo chão feito animais. Ele agora segura Bernardo enquanto eu desço a rampa de acesso abaixo para pegar Felipe.

- Felipe! Chega! Que droga! – estou pegando ele pela barra da camiseta, olhando-o com raiva.

- se esse cara não for embora agora eu...

- você nada. Chega de dar show aqui na frente de todo mundo! Vamos entrar agora! – eu estou com tanta raiva que meus olhos começam a lacrimejar. Não sei se é pelo susto ou pelo ódio que estou sentindo deles agora. Bernardo está com o olho machucado e a boca sangrando, virando em seus calcanhares e indo em direção ao carro sem falar mais nada. Olho para Felipe, que não está tão ferido, mas mesmo assim há sangue na boca e ralados no braço. Subimos sem falar nada até chegarmos em casa. Quando cruzamos a sala e minha mãe o vê desse jeito, é quando eu falo pela primeira vez desde lá embaixo.

- meu Deus. – ela leva sua mão até a boca, atônita. – o que é isso?

- não foi nada, dona Helena.

- não foi nada? Conta pra ela que você estava aos socos com o Bernardo lá embaixo, Felipe!

Agora minha mãe apenas nos olha assustada. Eu não consigo segurar minhas palavras para quando estivermos sozinhos.

- você acha que eu ia ficar quieto ouvindo ele insinuar coisas sobre mim?

- ele só falou a verdade. Sua amizade com Caio era mesmo estranha.

- de novo isso Eduardo? Pensei que isso já tinha se resolvido.

- ah você acha que isso se resolveu? O cara chega, se aproxima de você, vira seu amigo, dá em cima de você na minha frente, beija você e de brinde ainda me deixa paraplégico, enquanto eu não posso nem sair com um amigo que nunca me faltou com o respeito, que você já surta?

- meninos, se acalmem por favor. Parem de gritar. – ela fala com a voz apaziguadora. – deixa eu buscar um gelo pra por no seu olho, Felipe.

Ela segue até a cozinha e eu e ele não falamos nada, apenas nos olhamos com um misto de raiva, decepção e indignação. Sem demora minha mãe volta com um saco plástico cheio de gelo e alcança para Felipe, que coloca em seu olho e reprime um gemido de dor. Eu não posso ver isso. Sigo para o quarto atordoado.

O clima no café da manhã não é dos melhores. Estamos todos em silêncio e de vez em quando nos olhamos receosos.

- me passa o açúcar? – tento falar com calma para Felipe. Ele me alcança sem falar nada. Agora o resultado da briga de ontem estampa um belo de um olho roxo em seu rosto. Ele tem uma sina com olhos roxos. Reprimo um riso com o pensamento.

- filho, precisamos ir logo atrás de suas sessões de fisioterapia. Estamos demorando muito.

- eu sei. Vamos ver isso amanhã sem falta. Hoje eu tenho que ir até a loja falar com o Ricardo e depois vou na universidade ver como fica a volta das minhas aulas.

- que horas você vai?

- agora de manhã.

- deixa que eu te levo.

- não precisa mãe.

- pode deixar dona Helena. Eu levo ele agora de manhã e você leva ele na universidade.

- gente não precisa. Eu vou sozinho.

- tá louco Edu? Você não po...

- eu vou sozinho e ponto! – bato a mão na mesa, falando mais alto que o normal. – não quero ninguém na minha cola o tempo todo. Não sou nenhuma criança.

- Edu, nós só queremos ajudar. – minha mãe parece ressentida.

- eu sei mãe, mas vocês não percebem que isso só faz eu me sentir pior? Não posso ficar dependente de vocês pra sempre. Quero fazer as coisas sozinho.

- é perigoso Edu.

- assim como é perigoso pra qualquer outra pessoa, mãe. Eu vejo pessoas cadeirantes o tempo todo nas ruas, se virando sozinhos. Por que eu não posso?

Eles se olham e não falam nada. Tomo isso como um voto de confiança.

À medida que entro na loja, muitas lembranças me vem à mente. Meus colegas me veem e eu sorrio em pensamento pela reação tão previsível. Eu aceno discretamente para não atrapalha-los. Vejo Ricardo de costas, perto da seção de autoajuda, repondo alguns livros na prateleira. Respiro fundo e vou até ele formulando uma boa forma de puxar uma conversa.

- Ricardo? – falo depois de limpar minha garganta.

Ele se vira e claro, lá estavam os olhos atônitos tentando ser escondidos.

- Edu?

- oi. Como vai?

- eu... eu vou bem. E você?

- bem, também. Espero não estar atrapalhando. Acho que cheguei um pouco cedo demais.

- não tem problema. Vamos subir lá pro meu... esquece.

Ele coca a cabeça, tentando corrigir o que disse. Eu sorrio. Ele não tem culpa. Nem eu me acostumei ainda com o fato de não poder subir mais as escadas, seja daqui ou de qualquer lugar.

- desculpa.

- não precisa se desculpar.

- vem, vamos conversar na mesa de leitura.

Ao chegarmos ele parece estar um pouco menos tenso. Não entendo sua reação, uma vez que ele já sabia sobre a minha nova condição, apesar de ainda não ter me visto pessoalmente depois do acidente.

- eu queria conversar sobre a minha volta. – digo com os dedos entrelaçados e a mão sobre a mesa.

- Edu, eu não vou negar que foi um choque quando te vi. Isso que aconteceu com você foi horrível.

- eu sei, mas felizmente o responsável já está pagando pelo que fez.

- fico feliz.

Ele passa a mão pelos cabelos, tentando formar uma linha de raciocínio.

- olha Edu, eu pensei sobre sua condição enquanto você estava fora. – ele fala depois de pigarrear. – você como vendedor ficaria um pouco limitado, pra ser sincero. E fazer os ajustes necessários vão levar tempo. Então eu tenho uma proposta pra você.

- sou todo ouvidos. – digo tentando esconder o nervosismo.

- o que você acha de ser o caixeiro da loja? Não te cobraria tanto movimento pra lá e pra cá. Sinceramente eu não quero perder você como funcionário. E eu sei que você se adaptaria rápido.

Eu o olho surpreso e feliz ao mesmo tempo.

- eu nem sei o que dizer. Obrigado. Isso significa muito pra mim. – eu lhe lanço um sorriso de agradecimento. – Ricardo, quando eu posso voltar?

- se você puder, na semana que vem. Estou na correria agora para a feira do livro. Está tendo alguns imprevistos e eu preciso resolver tudo. Na segunda que vem creio que já vai estar tudo certo e eu vou poder te dar a atenção necessária pro treinamento.

- tudo bem.

Me despeço dele e me sinto aliviado. Vou começar aos poucos a ter minha rotina de volta, o que vai acabar me distraindo bastante. Já que estou na rua, decido ir logo na universidade para resolver tudo o que preciso ainda pela manhã. A questão do ônibus já está sendo normal pra mim. Os motoristas geralmente são muito pacientes e simpáticos, o que me deixa mais à vontade. O que dificulta é depois que eu desço. As ruas não são muito agradáveis para os cadeirantes. Muitas não possuem as rampas adequadas e quando tem, os pedestres sempre estão usando-as. O trânsito caótico me faz ter medo de atravessar as ruas quando necessário, mas no final eu chego bem. Sigo direto para a secretaria e peço para conversar com a reitora. Ela me vê e lá vamos nós de novo, mesmas reações e explicações. Passando por isso, começamos a discutir minha volta para as aulas e as questões da etapa estadual.

- o que eu faço em relação ao concurso?

- continua a mesma coisa, Edu.

- mas e sobre as estruturas? Vai ter alguma adaptação pra mim?

- já providenciamos tudo. Será tudo modificado pra você.

Fecho os olhos enquanto suspiro aliviado. No fundo eu não queria perder isso, mesmo sabendo das dificuldades de continuar na competição.

- isso e ótimo. Eu fico muito feliz.

- não poderíamos perder nosso forte representante, né? Seria muito fácil pros outros concorrentes. Com você lá tudo fica mais complicado pra eles. – ela me lança um olhar de cumplicidade e eu sorrio.

- e sobre as aulas? Quando eu posso voltar?

- assim que você se sentir preparado.

- e sobre os trabalhos e avaliações?

- você terá a oportunidade de fazer tudo em seu tempo. Todos nós sabemos da sua situação e seria injusto te prejudicar por causa do seu acidente. Sabemos o ótimo aluno que você é, Eduardo. Os professores estão cientes do seu caso e vão deixar você fazer tudo aos poucos quando você retornar, até você pegar o ritmo novamente.

- isso me deixa muito aliviado. Obrigado, de verdade. Eu já estou voltando na próxima semana, não quero mais perder tempo!

Termino de agradecer e me despeço com um sorriso de orelha a orelha. Saio pela porta extasiado. Estou tendo tantas notícias animadoras hoje que até parece mentira. Mal posso esperar pra chegar em casa e contar para minha mãe. Agora estou na calçada perto do ponto de ônibus, ainda com meu pensamento no que a reitora me falou sobre a competição. A ideia de ter chances de ganhar é animadora. Se eu vencer essa etapa, eu vou pra São Paulo. Nunca viajei pra fora do estado, tampouco andei de avião. Nem sei como é a sensação. Isso faz meu estômago revirar de ansiedade. Estou tão distraído que minha cadeira bate em uma parte irregular da calçada e ela para bruscamente, me fazendo cair pra frente. Caio de cara no chão enquanto a cadeira está caída de lado perto de mim. Várias pessoas se aproximam de mim e eu começo a rir. Acho que a vergonha se mistura com o nervosismo e eu acabo tento uma reação inusitada. Agradeço a todos que me colocam de volta na cadeira e sinto meu rosto quente. Tenho certeza que estou vermelho feito um pimentão. Logo após vem a indignação com a estrutura precária que antes eu não percebia. Pequenos detalhes que pra quem não vive no mundo dos deficientes físicos parecem ser mínimos, mas que fazem a diferença pra quem depende de uma boa acessibilidade para ir e vir com segurança. E por último, sinto a frustração de ter que ser levantado por estranhos. Sigo o resto do caminho um pouco triste pelo ocorrido, mas ainda eufórico pelas minhas conversas satisfatórias na loja e na universidade.

Chego em casa e sinto o cheiro inconfundível do arroz carreteiro da minha mãe, que faz meu estômago roncar. Chego na porta da cozinha e lhe vejo toda atarefada, fazendo tudo sozinha.

- ei palmirinha. – digo sorrindo. Ainda estou um pouco desconfortável por nosso conflito de antes. Acho que ela também.

- oi filho. Como foi lá?

- foi tudo ótimo, graças a Deus. Vou voltar a trabalhar e a estudar na semana que vem.

- isso é ótimo Edu! – ela parece animada. Recebo um abraço dela e automaticamente sinto meu peito doer, me fazendo gemer em protesto.

- o que foi?

- nada, só meu peito doeu.

- ué, por que?

Lembro do meu tombo. Devo ter me machucado e não percebi.

- não sei.

Ela me olha desconfiada. Percorre o olho em mim dos pés à cabeça.

- e o que significa esse rasgão na calça?

Merda. Olho para meu joelho e há um rasgo pequeno, mas visível. Eu não tinha percebido isso também.

- não foi nada, mãe.

- você caiu na rua, Eduardo?

Abaixo a cabeça, envergonhado. Fiz um discurso de independência agora a pouco pra eles e acabei me dando mal.

- levanta a camiseta, deixa eu ver seu peito.

- não precisa mãe, não deve ter sido nada.

- vamos Eduardo! – ela parece bastante irritada. Decido não contraria-la. Ao levantar minha camiseta, deixando meu tórax a mostra, vejo um ralado com sangue recém coagulado.

- o que aconteceu Edu?

- eu cai na calçada mãe.

- como?

- eu não vi que tinha uma parte com o piso quebrado e a cadeira me jogou pra frente. Não foi nada.

- eu não vou discutir com você. Vamos limpar esse ralado e tomar um banho. – ela vai até o fogão e desliga a panela e eu estou mais uma vez envergonhado. Sigo para o banheiro sem falar nada. Ela começa a me ajudar a tirar a roupa e a pular para a outra cadeira de banho dentro do box. Essa é uma coisa que eu nunca vou me acostumar. Preciso pegar força no braço e ter o jeito certo de conseguir mudar de um lugar para outro sem a ajuda de ninguém, fazendo com que eu possa tomar banho sozinho. Fico o tempo todo de cabeça baixa, evitando contato visual com minha mãe. Eu sinto vergonha de estar pelado em sua frente. Ela me ajuda a limpar as partes que não consigo alcançar, enquanto eu passo o shampoo no cabelo e me ensaboo da cintura pra cima. Depois de limpo, peço para ela ir até o armário pegar a caixa de primeiros socorros e me trazer o antisséptico para limpar os machucados. Além do peito, meu joelho também está ralado. Depois de me ajudar a trocar de roupa, ela volta para a cozinha para terminar o almoço enquanto eu, após perguntar se ela precisava de ajuda e ela dizer que não, decido pegar meus cadernos e minhas apostilas para retomar os estudos.

Estamos os dois na mesa almoçando ainda com um silêncio um pouco desconfortável, mas agora ela parece um pouco mais calma.

- filho, eu acho que vou voltar para São Valentim essa semana. – ela solta aleatoriamente enquanto ela me serve um copo de suco.

- mas já? – minha voz sai frustrada.

- sim. Eu queria muito ficar mais, mas tenho que voltar pra resolver uns problemas no restaurante que só eu posso resolver. Mas se caso você precisar eu volto assim que estiver tudo certo.

- não mãe, não precisa. Você está aqui há quase dois meses. Eu na verdade acho que vou ir com você ficar o resto da semana.

- sério? – ela me olha surpresa. – isso seria ótimo filho.

- estou com saudades de lá. Vou com você e volto no domingo.

Voltando ao silêncio habitual do almoço, começo a pensar que seria uma boa forma de ver como eu me saio longe de Porto Alegre, longe de Felipe. Ainda estou com o pensamento de ir embora na cabeça. Embora agora esteja tudo se encaminhando, ainda preciso ter certeza se não seria melhor eu voltar e ficar com minha mãe lá e deixar Felipe sozinho aqui, o poupando de todo o trabalho que eu eventualmente daria para ele ao ter que me cuidar toda hora. Hoje pude ver que não consigo me virar sozinho. Digo, nas noites em que tenho que acorda-lo para me levar ao banheiro, ou de toda a mudança na nossa rotina já são motivos suficientes para eu ver isso, mas minha tentativa falha de independência me fez parecer ridículo. Mas um nó se forma na minha garganta só de pensar em ficar longe dele. Eu já passei por isso antes e foi uma das piores sensações do mundo. Felipe é uma parte de mim que eu não consigo viver sem. Embora seja provavelmente o melhor pra nós dois, eu não posso negar que a ideia de ficar longe do amor da minha vida me assombra.

Estou deitado no sofá assistindo televisão enquanto minha mãe está secando e guardando a louça do almoço quando a porta do elevador privativo se abre.

- César! – eu praticamente grito quando o vejo sair de dentro do elevador, vestindo sua habitual roupa social e carregando sua pasta.

- oi Edu! – ele abre um sorriso de orelha a orelha. Por incrível que pareça ele foi o único a não me olhar com espanto. Não sei como, mas ele reagiu normalmente, o que me deixou feliz. Acho que ele sabe como isso deve ser desconfortável.

- que surpresa agradável. – digo enquanto recebo um abraço dele. Me mexo com dificuldade até conseguir me sentar.

- estou na cidade a negócios e aproveitei meu tempo livre pra te ver.

- Dr. César! – minha mãe surge da cozinha e se junta a nós, cumprimentando-o e ficando um pouco para perguntar como estão as coisas na cidade. Mas ela logo volta para terminar o que estava fazendo.

- como você está?

- estou bem. Ainda me acostumando com tudo, mas bem.

- que bom. Você está fazendo fisioterapia?

- ainda não. Não conseguimos um lugar barato. Mas estamos a procura.

- justamente por isso que eu vim aqui. Eu tenho um amigo meu que é fisioterapeuta. Conheço ele desde a época da faculdade, dividimos apartamento por uns tempos. Eu vou falar com ele e sei que ele vai fazer um preço ótimo pra você.

- isso é ótimo César! Meu Deus, muito obrigado. – estou tão feliz por ouvir isso.

- ele é um dos melhores fisioterapeutas de Porto Alegre. Tenho certeza que você vai estar em boas mãos.

- sei que vou. Fico muito feliz por isso. Obrigado, de verdade.

- e a questão jurídica? Como está indo o processo?

- parado. Ainda nem marcaram a primeira audiência.

- você já tem advogado?

- o Felipe disse que conhece um que seria bom, mas não está nada certo ainda.

- quem?

- acho que é Célio. Não lembro bem.

- o Célio é um bom advogado. Mas acho que a especialidade dele é causa trabalhista. Se você precisar, a Paula adoraria ajudar.

- não quero incomodar, César. Ela deve estar cheia de coisas pra fazer.

- não é incômodo nenhum Edu. Nos preocupamos com você. Eu e ela sempre falamos sobre o que aconteceu e ela quer muito ajudar no caso.

- bem, eu ficaria muito feliz, se não for incomodo.

- não vai ser.

Eu o olho por uns instantes, emotivo.

- obrigado César. Por tudo. Você é uma pessoa iluminada. Desde que te conheci você foi como um pai pra mim e eu admiro isso.

- você é da família. Desde o primeiro dia, quando você foi viajar com a gente pra cá, eu soube que você era da família. O jeito que o Felipe te ama é raro. E se você faz o meu filho feliz, então você já me conquistou.

Lhe lanço um sorriso de agradecimento.

- e como está Porto Alegre? Já se acostumou com a correria?

- bem, ainda é um pouco estranho às vezes mas é o meu mundo. Sempre gostei desse clima urbano.

- Porto Alegre é uma cidade incrível. Sinto saudade daqui às vezes.

- e como vai São Valentim? Continua monótona?

- um pouco. – ele diz entre risos. – mas é uma boa cidade.

- com certeza. E Paula? Como vai?

- bastante ocupada com o escritório. Ela está fazendo o nome dela na cidade! – ele diz orgulhoso.

- fico feliz por ela. Não me admiro se em pouco tempo ela for a advogada mais renomada da cidade e até da região.

- ela ficaria feliz com isso.

Minha mãe surge novamente, perguntando se César já havia almoçado e se estava com fome. Ele diz que acabou de comer com outros gerentes de agências da redondeza depois da reunião que teve pela manhã. Não demora muito e já se despede, me pedindo para me cuidar e para providenciar logo as sessões de fisioterapia. Antes de sair ele deixa um cartão com o endereço e o número da clínica. Assim que ele sai eu fico pensando na ideia de Paula me defender nas audiências. O pensamento me leva diretamente para Caio, me fazendo estremecer. Como será que ele está? Será que está melhor? Ainda pensa em me matar? Decido afugentar esse pensamento e me concentrar de volta na televisão, enquanto minha mãe está lá em cima começando a arrumar suas coisas. Minha tarde se passa lenta e tediosa. Depois que minha mãe desce novamente ela me ajuda a fazer mais alguns exercícios para movimentar a perna e só. Ficamos conversando, assistindo televisão e jogando tempo fora o resto do dia. Essa monotonia me deixa cabisbaixo. Quero tanto sair um pouco desse apartamento, desse tédio. Quando está quase anoitecendo minha mãe decide ir no mercado comprar algumas coisas pro jantar. Antes de ela sair peço pra ela me colocar na cadeira. Já estou na mesma posição quase a tarde toda, quero circular um pouco, mesmo que for apenas dentro do apartamento. Depois que minha mãe sai, decido ir até o meu quarto e pegar um dos meus CDs. Meu olho bate diretamente no Native, do OneRepublic. Faz tempo que não o ouço. Volto para a sala e o coloco no rádio. A música começa a me acalmar, me afastando um pouco das minhas angústias. Sem demora Felipe chega, com seu sorriso de tirar o fôlego de sempre. Incrível como ele tem o poder de me deixar mais calmo, só pelo fato de estar comigo.

- ei.

- oi meu amor, que saudade. Como você está? – ele se aproxima de mim, jogado a pasta no sofá e me dando um beijo breve.

- bem, e você?

- estou cansado. Preciso de um banho.

- onde está Helena?

- foi no mercado comprar algumas coisas pra fazer o jantar. Como foi no trabalho?

- foi cansativo, mas muito bom. Estamos com mais um projeto grande e o Oscar me deixou no comando. Alguns dos meus colegas não gostaram muito, mas estou me saindo bem. – ele parece satisfeito.

- sempre soube que você era capaz meu amor. Parabéns. – lhe planto outro beijo. – sabe quem veio aqui em casa hoje?

- meu pai?

- é, como você sabe? Ele me ligou perguntando se eu poderia sair pra almoçar com ele, mas eu estava tão enrolado lá na agência que só consegui almoçar depois das 14h.

- que pena. Ele veio aqui logo depois do meio dia mas não demorou muito. Tinha que voltar logo pra cidade.

- ele me disse que pretende vir nos visitar com mais calma no próximo final de semana.

- seu aniversário.

- exato. Já pensou no meu presente?

- hum, ainda não. Nem sei se merece. – coloco a mão no queixo, fingindo estar pensativo

- ah para vai, eu estou sendo um bom menino.

Após ele falar isso eu lembro da briga com Bernardo, mas decido não tocar no assunto.

- vou tomar um banho. – ele me planta um beijo na testa.

- tudo bem.

Nos minutos em que fico sozinho eu começo a pensar sobre a possibilidade de voltar pra São Valentim. Uma parte de mim diz que é bobagem, que eu devo ficar e começar tudo de novo, que as coisas já estão dando certo. Mas outra parte me diz que se eu ficar vou ficar sendo um empecilho pra Felipe, mesmo ele dizendo e pensando que não. Não quero comprometer sua vida por minha causa. Isso me faz ficar triste de novo. Meu humor tem oscilado muito nos últimos dias. Apesar das minhas constantes tentativas de me manter forte, a tristeza me invade e a realidade me bombardeia com o óbvio; eu não sou mais o mesmo. Mesmo buscando independência, Felipe, minha mãe, meus amigos, todos vão querer estar perto pra me ajudar. E isso acaba tomando muito o tempo deles. Queria me isolar de tudo mundo pra não ser um peso pra ninguém. Minha mãe chega e eu sou obrigado a mudar minha expressão e fingir que estou bem.

- a fila do caixa estava enorme. – ela agora passa por mim com algumas sacolas e vai para a cozinha.

- já estava ficando preocupado.

- tentei vir o mais rápido que pude. Tá com fome? – ela grita ao fundo.

- não muito.

Vou para a porta janela da sala e fico olhando o céu cheio de estrelas, tentando diminuir a velocidade dos meus pensamentos. Tento me ficar apenas no que Bernardo me disse no outro dia. Não devo tomar decisões com a cabeça quente. Talvez o episódio do tombo tenha me afetado mais do que o normal. Mas estou pensando isso não é de agora. Simplesmente não sei o que fazer. Felipe sai do banho e se junta a nós na cozinha enquanto minha mãe prepara o jantar. Tento não permanecer tão monossilábico, mas não consigo me entreter na conversa deles.

- gente vocês me dão licença? Eu to me sentindo um pouco cansado, vou me deitar um pouco.

- tá tudo bem filho?

- tá sim mae, acho que fui pra lá e pra cá o tempo todo hoje, acabei cansando.

- tá bom, mas se você não se sentir bem avisa.

- tudo bem mãe, obrigado.

- vem, deixa que eu te levo. – Felipe se levanta da cadeira e me acompanha até o quarto, me colocando na cama e me perguntando mais mil vezes se eu estou bem. Eu só quero ficar sozinho com meus pensamentos.

- eu vou fazer um pouco de companhia pra sua mãe e já volto pra ficar com você, tá bom?

Balanço a cabeça dizendo que sim e ele me dá um beijo na testa. Assim que ele sai do quarto, estico minha mão até o criado mudo e pego um álbum de fotos na gaveta. É um álbum meu e do Felipe. Começo a olhar já sabendo que isso irá me abalar ainda mais. Nossas lembranças juntos, colocadas em ordem de tempo. A gente no colegial, caramba como tínhamos rosto de criança. Estamos sentados no banco perto do ginásio, os rostos iluminados com sorrisos leves e despreocupados. Depois, outras no parque da lagoa e na cachoeira. Eu lembro desse dia, Felipe me pegou pelos braços e me jogou pra cima, fazendo com que o impacto na agua tirasse meu calção. Agora uma lágrima escorre do meu olho. A viagem de Porto Alegre. A festa de seus tios, como eu estava apreensivo aquele dia por causa de sua família. A redenção, o pedalinho de cisne, o gasômetro, por do sol... As lembranças se fundem as fotos, me fazendo chorar e rir de felicidade e saudade ao mesmo tempo. Eu amo tanto Felipe que meu coração dói ao pensar em deixá-lo. Mas eu não posso fazê-lo refém da minha condição junto comigo, não posso tranca-lo nessa cadeira assim como eu estou trancado. Sei que a gente vai sofrer, mas é o melhor pra ele. Ele tem um futuro brilhante pela frente e eu quero que ele seja muito feliz. A porta do quarto se abre e ele aparece, assustado ao me ver chorando.

- Edu? O que aconteceu?

- nada meu amor. – digo fungado o nariz e passando a mão no rosto pra enxugar as malditas lágrimas.

- como nada? Você tá chorando. – agora ele está sentado do meu lado, na beira da cama.

- eu vou embora de Porto Alegre, Felipe. Vou voltar pra São Valentim.

- voltar? Como assim Edu? Do que você tá falando? – agora ele me olha com surpresa, o cenho franzido.

- eu não posso mais ficar aqui em Porto Alegre. Preciso voltar pra lá com a minha mãe.

- mas por que Eduardo? Não estou entendendo o motivo.

- por que sim! Por que eu não me vejo mais aqui, nessa maldita cidade, onde eu planejei tanta coisa e agora eu não posso mais nem andar na rua sem cair e precisar de todo mundo me ajudando a levantar, a trocar de roupa, a tomar banho, eu não faço mais nada sozinho! – digo entre lágrimas. – e eu não quero que você fique preso a isso. Você não tem obrigação de passar o resto da vida cuidando de mim. Eu vou voltar pra São Valentim e ficar quieto, com os pés no chão, sem incomodar ninguém.

- para de falar bobagem Eduardo. Você não incomoda ninguém.

- ah não? E as vezes que eu tenho que te acordar pra me levar no banheiro de madrugada? Ou o fato de ter que mudar toda a rotina, desde o quarto que a gente dorme até o fato de minha mãe ter que estar aqui pra ajudar. Isso me deixa triste.

Ele fica uns segundos em silêncio de cabeça baixa, depois me olha novamente com os olhos lacrimejando.

- mas e a gente? – sua voz sai quase inaudível. Dessa vez, eu começo a chorar muito. Não sei o que fazer.

- eu não sei Felipe.

- você acha que eu conseguiria ficar longe de você Eduardo? Que eu conseguiria dormir tranquilo de noite sabendo que você está longe? Você acha que eu seria feliz? Se você cruzar aquela porta de novo e me deixar, como você fez antes, eu não sei se eu suporto. Eu vivi um inferno quando você foi embora e eu achei que não passaria mais por isso.

- mas Felipe, é melhor pra gente.

- melhor pra gente ou melhor pra você? Você prefere se esconder de todo mundo, com orgulho de precisar de ajuda e com medo dos olhares dos outros. Eu estou aqui Eduardo, do teu lado caramba! A gente prometeu ficar junto, lembra? – ele pega o colar de dentro da camiseta e me mostra, enquanto seus olhos ainda choram. Nesse momento eu abaixo minha cabeça e choro compulsivamente, com uma dor insuportável no peito. Então, sou surpreendido por um abraço desesperado dele. Um abraço forte, inesperado, agonizante. Ele me puxa pra perto dele e se aninha junto a mim, encostando sua cabeça no meu peito. Sinto suas lágrimas ainda caindo, agora em mim.

- não me deixa, por favor.

Acabo me arrependendo de ter pensado e falado todas essas besteiras. Acho que nunca tinha visto Felipe tão frágil assim. Isso me deixa com o estômago revirado. Eu sou realmente um idiota.

- esquece isso Felipe. Foi só um pensamento bobo.

Mesmo assim, ele não se desvencilha de mim.

- ei. – sussurro em seu ouvido.

- o que foi?

- olha pra mim.

Ele levanta o rosto, agora não mais chorando, mas ainda bastante abalado.

- me desculpa. Não devia ter pensado assim. Às vezes eu me sinto deprimindo e acabo pensando besteira.

- tá tudo bem. Só não fala mais isso não. Você não sabe o quanto isso me atinge, Edu. – ele diz se ajeitando na cama, se sentando de volta como estava antes e enxugando o rosto.

- Edu, coloca uma coisa na sua cabeça. – ele pega minhas maos e me olha fundo nos olhos. – você nunca, jamais, em hipótese alguma vai ser um peso pra mim. A tua condição atual, se Deus quiser é temporária. Logo você vai sair dessa e tudo vai voltar a ser como era antes. Mas até lá, vai ter que aprender a ter paciência.

- é, eu sei.

- vem comigo. – ele se levanta e começa a me pegar no colo, me fazendo rir.

- onde a gente vai?

- vamos tomar um banho juntos.

Seguimos até o banheiro do lado do quarto. O resto do apartamento está quieto. Minha mãe já deve estar até dormindo agora. Entramos no banheiro e Edu me coloca na cadeira dentro do box. Eu me seguro enquanto ele tira minha roupa e depois ele tira a dele na minha frente. Meu coração fica acelerado quando o vejo nu, com aquele tórax e aquele abdômen fortes, o sorriso apaixonado olhando pra mim, o membro despertando aos poucos. Agora é a minha vez de ser despido. Depois de terminado, ele liga o chuveiro e eu sinto a água morna percorrer meu corpo, fazendo meus mamilos enrijecerem. Mas para minha surpresa, Felipe puxa um banquinho que estava perto da privada e se senta bem na minha frente, ficando na mesma posição que eu. Frente a frente, rosto com rosto, respirações próximas. O chuveiro é grande o bastante para a água pegar nós dois e acho que começo a entender o que Felipe quer fazer. Estamos na mesma posição. Ele quer que nos sentimos iguais. Sem diferenças. Isso faz meu coração se aquecer e eu fico emocionado.

- eu vou te cuidar até quando você não precisar. – diz ele enquanto passa a esponja cheia de espuma pelo meu pescoço, descendo pelo peito. – até quando você não quiser nem me enxergar, eu vou estar perto. E eu vou adorar isso, sabe por que?

- por que?

- por que eu te amo. E onde você estiver, eu vou estar. Se você precisar, eu vou correndo. E isso não é nenhum esforço pra mim. Desde o dia que eu te vi, eu quis te proteger, lembra? Tirei coragem de onde eu nem tinha pra te salvar daquele assaltante.

Começo a rir, lembrando daquela cena. Nem parece, mas faz tanto tempo. E tantas coisas aconteceram desde então.

- então, eu não quero que você fique se achando um peso na vida de ninguém. Quem te ama vai estar do teu lado por puro prazer e amor. E isso é o suficiente, né?

Balanço a cabeça em sinal de positivo. Em seguida eu lhe puxo pra mais perto, lhe dando um beijo caloroso, molhado, com paixão. Terminamos de tomar banho e Felipe volta a me levar no colo até o quarto, mas quase chegando na cama meu pé esbarra na estante, fazendo derrubar dois livros que estavam na beirada. Eu não senti nada e me assustei quando os livros fizeram barulho ao cair, me fazendo pular no colo de Felipe. Começamos a rir enquanto ele me deita na cama. Eu admiro seu corpo molhado e seu rosto quente de desejo me olhando, enquanto meus olhos deixam claro minhas intenções. Sua mão chega até o nó da toalha, desfazendo-o e deixando-a cair em volta de seus pés, revelando seu pênis, que começava a acordar. Como reação, minha boca começa a salivar. Passo minha mão por ela, deixando bem claro que estou quase babando por ele, o que o deixa excitado. Ele começa a se aproximar, totalmente nu e com seu instrumento ereto apontando para cima. Quando sua boca toca a minha eu sinto uma corrente elétrica percorrer meu corpo inteiro. Seus braços fortes me levantam da cadeira e me levam até a cama. O toque de sua pele na minha me faz arrepiar. Ele começa a tirar minha roupa, não tirando seus olhos dos meus um instante sequer. O desejo está impregnado no quarto, em nossas peles, em nossos olhares intensos, atingindo nosso íntimo. Em pouco tempo também estou sem roupa e para minha surpresa, sem muita dificuldade logo fico com meu pênis ereto. Isso é um grande trunfo pra mim. Corro minha mão por suas costas, puxando-o mais para perto de mim, uma vez que já está por cima de mim, com seu corpo quente me levando ao delírio. Sinto seu abdômen levemente peludo e seu mastro me tocarem. Não consigo desistir e logo estou acariciando seu membro duro feito pedra. Nossas respirações estão intensas e eu olho para baixo, em direção ao meu objeto de desejo enquanto faço a festa. O masturbo com força total e ele vira os olhos, não conseguindo conter o desejo. Suas mãos, por sua vez estão passeando por mim. Uma está agarrando meu cabelo e a outra está passando pela minha barriga. Estou mais sensível ao toque. Não sei se foi por causa do acidente, mas algo mudou. Está tudo mais intenso. Fazia tanto tempo que não tínhamos relação, que é como se fosse nossa primeira vez juntos novamente. Nossos olhares apaixonados se cruzam a todo instante.

- eu te amo. – ele diz ofegante.

- eu também te amo. Pra sempre. – finalizo entre beijos.

Ele começa a mordiscar meu pescoço e meus mamilos, me arrepiando por completo. Minhas mãos estão frenéticas, subindo e descendo em seu pênis. Mas para mim não é suficiente. Eu o puxo pra mais perto de mim, até ele ficar sentado no meu peito, onde eu posso ter uma visão privilegiada de tudo. Seu membro, seu corpo, o rosto eufórico. Olho para baixo com desejo e passo a língua pelo lábio, mordendo-o em seguida e acho que Felipe entende o recado. Ele pega minha cabeça e encaixa seu pênis dentro da minha boca, e então começa o vai e vem. Me sinto tão vivo agora. É como se nada tivesse mudado. Olho entre os cílios para ele e vejo que ele se afunda em mim com vontade. E eu quero mais. Minha língua começa a ser minha aliada, brincando com o meu presente que tenho dentro da boca, fazendo-o reprimir um gemido. Sem nem avisar, sinto o primeiro jato de esperma sair em minha boca. Isso me pega de surpresa, mas eu gosto. Olho para seu rosto, que está em seu ápice. Olhos fechados, boca aberta, gozando em seu melhor momento. Os jatos continuam a encher minha boca de esperma. Um quente, denso e delicioso esperma. Isso é demais pra mim, não consigo mais me conter. Quando vejo, estou explodindo por dentro também. Solto um gemido médio, quase alto, e depois Felipe cai sobre meu peito, exausto. A sensação foi ainda maior do que das outras vezes, mas não senti o esperma sair. Ele realmente não saiu. Será um reflexo da paralisia? Acho isso estranho, mas isso é algo que vou procurar saber depois. Agora estou fazendo cafuné em seu cabelo, enquanto ele ainda repousa em meu peito. Minha boca está toda melada. Reprimo um riso ao pensar no que acabamos de fazer. Fico feliz que ainda possa sentir tudo isso. Que possa proporcionar prazer para Felipe.

- Edu?

- oi meu amor.

- casa comigo?

A frase me faz ficar sem ar. Não obtendo sua resposta, ele levanta a cabeça e se vira pra mim, se ajeitando na cama, ficando apoiado sobre o cotovelo.

- hein?

- Felipe, eu...

- casa comigo. Eu não tenho mais motivo pra não ter você como meu marido. Eu te amo tanto que nem sei explicar.

Eu lhe acaricio o rosto, fazendo-o fechar os olhos.

- eu quero me casar com você, mas não agora. Nem terminamos nossas faculdades ainda.

- isso não é problema. Podemos começar a planejar agora.

- Lipe, nós já estamos morando juntos. Já é uma primeira fase que estamos passando. Espera as coisas se ajeitarem. Somos muito novos ainda. – lhe digo afagando seu rosto.

- mas mais pra frente a gente se casa.

Não soou como uma pergunta e sim como uma afirmação.

- sim, com um pedido formal, oficial, com nós dois estando limpos de preferência.

Sorrimos e ele se aproxima de mim para me beijar. Apesar de estarmos juntos há um tempo significativo e de já termos passado por tantas coisas, nunca cheguei a pensar seriamente sobre casamento. É uma ideia que me assusta. Estamos indo rápido demais? Talvez. Mas eu e ele já temos certeza de nosso sentimento. Esse é um passo óbvio que vamos dar mais cedo ou mais tarde. Mas o pedido repentino me pegou de surpresa. Lhe planto um beijo na testa e me afundo em meus pensamentos sobre como seria esse dia que com certeza vai ser um dos mais importantes da minha vida. Nós dois de terno e gravata, frente à frente dizendo sim, as alianças, as pessoas mais importantes pra gente junto para testemunhar nossa união. Meu coração se aquece ao pensar nisso. Chamar o Felipe de marido. Uau. Meu coração se agita com o pensamento. Deixo escapar um sorriso e lhe abraço forte. Estar em seus braços é a melhor sensação do mundo pra mim.

Comentários

Há 9 comentários.

Por Dougglas em 2015-12-26 02:36:36
Ainda bem que ninguém se matou na briga. Ainda achei bem sem lógica todo esse comportamento do Felipe. Edu começou a se sentir um peso pros outros, oq já era esperado, mas eu fiquei feliz por toda a disposição dele antes disso. E o Lipe o fazendo se sentir bem novamente foi muito lindo. Eu tô amando cada vez mais. Da até medo desses capítulos parados. Kkkk
Por Luã em 2015-10-11 01:18:45
Oi gente! Obrigado, de verdade. Eu fico muito feliz em ver que aquela história que eu tinha gravada apenas na minha cabeça no começo agora está aqui no site e que vocês vivem as emoções transmitidas por ela; choram, ficam na expectativa, na torcida pelo Edu e pelo Felipe. Isso significa muito pra mim, sério. Ah, e tem capítulo novo no ar! Muita coisa rolando entre os personagens agora que está se encaminhando pro final da temporada. Abraço pessoal! (:
Por luan silva em 2015-10-02 20:55:01
ai q lindo meu delz eles são muito fofos... <3
Por Salém em 2015-10-02 16:00:59
Ola, faz tempo que leio sua historia, e muito me agrada, na verdade é a que eu mais gosto aki do blog, o começo foi meio forçado, mas foi pegando jeito, é bem realista apesar de tudo, e isso acaba dando um toque especial, por mais que fugir da realidade seja bom, ver historias assim, retratadas é legal, ponto positivo, marcante e emocionante, claro teve vários clichês, mas que historia não tem não é, hehehe. muito bom, curtindo e aguardando! e claro na torcida, hehehe
Por BielRock em 2015-10-02 00:31:42
Aí que fooooooooooooofooooooooo 😻😻😻😻😻😻😻😻😻😻 Edu seu besta, deveria ter aceitado né ? Hahaha, ansioso para o casamento deles, vai ser épico. Esse episódio foi o melhor desde o acidente do Edu, as coisas estão voltando ao normal como antes, só tem o porém né. Esperando ansioso para os próximos capítulos. Beijos 😘🌹
Por Juju em 2015-10-01 13:16:36
Muito bom!!!!!
Por diegocampos em 2015-10-01 10:08:34
Muito fofo os dois juntos , espero que mas nada atrapalhe eles ficam muito lindos quando estão juntos .
Por Felipe Fernandes em 2015-10-01 04:08:38
Ae cá entre nós..... Você me fez chorar véi. Kkkk não acredito que chorei, cara eu não consigo chorar por nada e você faz isso comigo. Mano só posso te dar parabéns e desculpas por estar sumindo com frequência. O capitulo ficou incrível e posta logo, assim que puder. Parabéns. Até Breve.
Por Niss em 2015-10-01 01:12:15
Meeeeeeeuhu ganesha a a como eles são fofooooooossss amoo dmais eles dois juntos.. *-* Qué bom que as coisas estão começando a dar certo. Espero que ele espante logo essa ideia maluca de sair de perto do Lipe.... Espero pelo próximo. Eatou ansioso por esse casamento. *-----* Kisses, Niss.