10. Novas perspectivas

Conto de Luã como (Seguir)

Parte da série O garoto da mesa 09

Abro os olhos e vejo Felipe sentado do meu lado. Suas mãos estão unidas segurando a minha. Acho que ele está rezando. Corro meus olhos pelo cômodo. É um lugar que eu não reconheço. É um quarto de hospital, isso eu consigo ver, mas não é um quarto comum. É cheio de aparelhos, um pouco escuro, tem uma energia pesada no ar. Meu Deus, estou na UTI? Aperto a mão de Felipe, que me olha automaticamente. Seu rosto está devastado. Olhos fundos, expressão triste. É agonizante vê-lo assim.

- meu amor! – acho que consigo ver um vestígio de felicidade em seu olhar.

- oi meu amor.

- espera aí, deixa eu chamar a sua mãe. Helena! – ele sai gritando porta afora. Meu corpo está dolorido. Vejo que estou com muitos machucados pelo corpo. Os flashes do acidente vêm na minha cabeça, me atordoando. Foi tudo tão rápido. Uma hora eu estava dentro do carro, e agora estou aqui. Minha mãe passa pela porta e meu coração se aperta. Estava com tanta saudade dela. Mas ela parece ainda pior que Felipe. Parece que não dorme há dias. Está tão abatida.

- meu filho. – ela vem até a mim e me abraça.

- oi mãe.

Tento me ajeitar melhor na cama, mas sinto algo de errado. Minhas pernas não respondem meus comandos. Eu tento mexe-las, mas nada acontece. Eu olho para elas, imóveis, e meus olhos se umedecem. Olho para eles, que me encaram apreensivos.

- eu não consigo mexer minhas pernas.

Mal acabo de falar e minha mãe já começa a chorar. Felipe está se controlando, mas percebo que ele está quase chorando também.

- eu não consigo mexer minhas pernas! – dessa vez, minha voz sai mais alta.

- você estava sem cinto, meu amor. Com o acidente você fraturou a coluna. – dizia Felipe com lágrimas começando a descer de seu rosto.

- não.

- filho, calma.

- não! – grito desesperado. Minha voz sai um pouco falhada. Isso não pode ser verdade. Não pode ser. Esse bastardo me deixou paralítico?

- Edu, calma. – minha mãe agora está mais calma, pegando em minha mão e fazendo carinho no meu cabelo.

- calma mãe? Não, eu não posso ter calma.

Começo a bater em minhas pernas, na tentativa de sentir alguma coisa. Mas não sinto.

- vamos! Mexe! Vamos! – estou gritando, desesperado. Não posso acreditar no que está acontecendo. Levanto uma delas com as duas mãos, e ela cai assim que solto. Não tenho mais controle sobre elas. E então, começo a chorar novamente. Estou devastado. Eu queria tanto ser forte e guardar meu choro para quando estivesse sozinho, mas não posso. É muita dor. É uma tristeza imensa e nada pode ser feito para amenizar isso que eu estou sentindo.

- cadê ele?

- foi levado ao presídio hoje pela manhã.

- já teve alta?

- já, ele teve apenas alguns ferimentos leves.

- claro, ele estava de cinto. Conseguiu se salvar. Esse filho da puta. Espero que ele apodreça na cadeia, é isso que ele merece.

Em seguida, o médico se junta a nós, fazendo com que eu tenha que me acalmar a força. Não quero ter que tomar calmante e ficar sem responder aos meus atos. Já não basta eu não responder pelas minhas perna agora.

- Eduardo Cardoso?

- sou eu.

- como você se sente?

Eu dou de ombros. Como será que ele acha que eu me sinto?

- bem, você já sabe do seu quadro, certo?

- já.

- agora que você está consciente, vamos começar a fazer uma série de exames para saber qual o grau de gravidade da sua fratura. Assim poderemos saber quais as chances de você se recuperar totalmente.

- tem chances de eu voltar a andar normalmente?

- creio que sim, mas não posso afirmar com certeza até os exames estarem prontos. Mas mesmo assim, já vamos agendar várias sessões de fisioterapia ia para o próximo mês.

- e quanto tempo em média demora para as pessoas responderem às sessões?

- um ano, mais ou menos.

- um ano? É muito tempo, doutor.

- não é não, Eduardo. Dependendo do caso, a pessoa tem chances mínimas de se recuperar e mesmo fazendo fisioterapia por mais de um ano, os movimentos não voltam. Há pessoas que ficam até tetraplégicas, o que dificulta muito mais. Analisando seu caso superficialmente, acho que sua lesão não vai comprometer seus movimentos permanentemente. Mas ainda é cedo dizer. Vamos esperar os exames.

- tudo bem. Obrigado doutor.

Eu não quero discutir. Para ele é fácil dizer isso, mas só eu sei o que eu estou sentindo agora. Nenhuma palavra de ânimo ou incentivo vai poder me aliviar.

Ele faz mais algumas anotações em sua prancheta, conversa comigo e com minha mãe e depois segue para ver outros pacientes. Eu queria tanto que isso fosse um pesadelo. O pior pesadelo da minha vida, sem dúvidas. Mas que eu acordasse e nada disso estivesse acontecendo. Logo anoitece e após muita insistência, Felipe vai para casa descansar e minha mãe decide ficar. Eu também queria que ela descansasse um pouco, mas ela fez questão de ficar. Eu no fundo também não quero ficar sozinho.

- como estão as coisas no restaurante?

- estão bem. Conseguimos outro ajudante. É um homem muito educado e prestativo. Indicação de Carlos.

- ah Carlos. Sinto saudade dele. Como ele está?

- está bem. Acabou de comprar um carro.

- fico feliz por ele. E ele e Humberto?

- ele não comenta muito, mas eles estão bem. Se não me engano estão morando juntos agora.

Me sinto orgulhoso por ter ajudado a aproximar eles. Hoje em dia é raro ver duas pessoas tendo uma relação sólida e sincera. E levando em consideração o tempo que eles se conhecem, sei que conseguiram construir uma base forte.

- e a tia?

- está bem também. Queria muito ter vindo e estava muito preocupada, mas precisava que ela ficasse no restaurante tomando conta.

- talvez eu vá pra lá ficar uns dias. Aí eu aproveitaria e veria ela.

- eu também ia ficar feliz de ter você lá comigo.

Eu lhe dou um sorriso sincero e aperto sua mão que está pousada na minha perna.

- obrigado por estar aqui. Isso significa muito pra mim.

- eu não deixaria você aqui passando por isso sem ficar do seu lado, filho. Eu iria até no outro lado do mundo por você.

- eu te amo, mãe.

- eu também, filho.

E então, eu a abraço. Esse ano tem sido muito difícil pra gente. Espero que essa onda de azar passe logo e que as coisas possam voltar ao normal. Vejo o quanto minha mãe está sofrendo em silêncio. Primeiro a morte do meu pai, depois o meu acidente. Admiro sua força.

Logo uma enfermeira não muito amigável me traz meu jantar, que consiste em uma sopa, um copo de suco natural de laranja e um pote de gelatina. Não estou com muita fome mas faço um esforço. Quero melhorar logo para poder ir pra casa. A noite chega e eu me sinto exausto. Não fisicamente, mas sim mentalmente. São muitas coisas pra processar. Ainda me sinto confuso sobre tudo isso. Toda vez que tento mexer minhas pernas e elas não respondem, eu sinto vontade de chorar. Isso tudo é por causa de Caio. Seu rosto me vem à cabeça o tempo todo, brincando com meu psicológico, me torturando no cativeiro, me fazendo implorar por comida e para ir ao banheiro. Sinto revolta por ele estar vivo. Sei que é errado, mas ele deveria ter morrido nesse acidente. Tento acalmar meus pensamentos e não pensar besteiras. A partir de agora eu deixo tudo nas mãos de Deus. Só espero que a justiça seja feita.

O sol bate no meu rosto, fazendo eu me sentir vivo. Estou com Felipe na beira da praia, correndo pela areia e matando tempo juntos, sorrindo. Como é bom estar de pé, andando por conta própria. Nada de ruim havia acontecido. Eu sinto minhas pernas, estou firme sobre elas. Um sorriso invade meu rosto enquanto estou sentindo a água batendo nos meus pés. A sensação é inexplicável. Estou me aproximando de Felipe para o beijar, mas quando estamos quase encostando nossos lábios, eu acordo do meu transe em um pulo. Olho para os lados e vejo que ainda estou no hospital. Isso tudo é real. Minhas pernas continuam imóveis.

Acabo de despertar de um dos sonhos mais reais que eu já tive. Olho para mim mesmo, paralítico nessa cama de hospital e a tristeza me invade novamente. Dessa vez não vejo Felipe, apenas minha mãe dormindo na poltrona ao meu lado. Não queria estar dando trabalho para eles. Eu adoraria dizer que eles podem ficar em casa, mas eu odeio ficar sozinho aqui. É muito solitário. Em seguida minha mãe se mexe em seu lugar e abre seus olhos, buscando a mim automaticamente.

- bom dia mãe. – abro um sorriso genuíno. Ela consegue me acalmar.

- oi filho. Acordou faz tempo?

- não, acabei de acordar.

- dormiu bem?

- na medida do possível, sim.

Ouço alguém bater na porta e em seguida ela se abre. Quando vejo Marina e Bernardo entrando, meu coração se aquece. Marina logo começa a chorar, apesar de aparentemente tentar muito não o fazer.

- ei caipira. – ela vem ao meu encontro, me abraçando forte.

- não sabia que seu lado emotivo estava tão constante.

- a culpa é sua.

Sorrimos e espero que ela esteja mais calma. Olho para Bernardo, que está parado de pé perto da porta, me olhando. Ele parece estar chocado também. Imagino que devo estar passando uma imagem triste pra eles, o que não é minha intenção.

- ei estranho, vai ficar aí parado? Vem cá me dar um abraço.

Ele solta os braços, que antes estavam entrelaçados no tronco e vem em minha direção. Recebo seu abraço intenso. Percebo que também está choroso agora.

- eu fiquei muito preocupado com você, Edu.

- eu sei. Mas eu to bem agora. Falo sério.

- se eu ver esse cara na minha frente eu acabo com a raça dele.

- calma, ele já está na cadeia. Vai pagar por tudo isso.

Me desvencilho dele e o olho por uns instantes. Eu fico feliz por não estarmos afastados depois de eu ter voltado para Felipe. Fiquei com medo que isso acontecesse. Ele ficou tão estranho comigo desde então, se afastou e começou a me tratar tão sério. Fico feliz que agora isso tenha mudado.

- meninos, eu vou aproveitar que vocês estão aqui e vou dar uma passada na cantina para comer alguma coisa e dar uma caminhada para esticar as per...

Ela se interrompe automaticamente e me olha apreensiva, mas eu apenas sinto vontade de rir. A situação é engraçada. Minha mãe tentando escolher as palavras para não me deixar pior. Vendo que eu reagi bem, todos caem na gargalhada.

- desculpa filho, eu não queria...

- relaxa mãe. Vai lá.

Ela me analisa e então me planta um beijo na testa e sai porta afora. Ter a Mari e o Bê aqui significa muito para mim. Eles ficam me fazendo companhia a manhã inteira e eu me distraio bastante. Eles conseguem me animar. Marina me conta as novidades da faculdade e eu me sinto ansioso para voltar à rotina novamente. Queria que eles fossem me ver todos os dias, para eu me sentir tão leve como eu estou me sentindo agora. Não falamos sobre eu estar paralítico, acho que eles optaram por não ficar falando sobre essas coisas e eu fico feliz por isso. Nossos assuntos são leves e divertidos e eu gosto disso. Olho para o relógio e já são quase meio dia. O tempo passou voando com eles aqui.

- caramba Edu, precisamos ir. Tenho que estar no trabalho no máximo meio dia. – Marina agora pega sua bolsa em cima da poltrona.

- é, eu também. Mas a gente volta aqui amanhã, provavelmente. Se não amanhã, depois de amanhã sem falta.

- eu vou adorar. Venham sempre que puderem. A companhia de vocês me deixa melhor.

Recebo um abraço coletivo dos dois e agora eles estão indo em direção à porta quando Felipe aparece. Seus olhos correm Bernardo e sua expressão se fecha. Droga. Sinto que as coisas ficaram um pouco tensas instantaneamente.

- oi Marina. Oi Bernardo.

- oi.

- oi. A gente já está indo embora, mas voltaremos amanhã novamente pra ver o Edu.

- que ótimo. Ele vai ficar feliz. – seus olhos não saem dos de Bernardo. Ah Felipe, por que ser tão imaturo?

- bem, a gente já vai indo então. Tchau gente. – Marina parece um pouco desconfortável com a situação. Eu também. Bernardo sustenta o olhar de Felipe até sair do quarto. A tensão é palpável. Quando a porta se fecha, ele se vira pra mim, tentando esconder o aborrecimento.

- como você tá?

- bem. E você?

- também.

- eles chegaram faz tempo?

- já, ficaram quase a manhã toda.

- que bom.

Eu paro para encara-lo e ele finge que nada está acontecendo.

- o que foi?

- você sabe o que foi, Felipe. Você foi rude com o Bernardo.

- eu não preciso ser amigável com ele. Fui até muito bem educado com alguém que quer meu namorado.

- ele não me quer. Ele pode gostar de mim, mas nunca tentou nada. Ao contrário do seu amigo, que desde o começo não escondeu o interesse em você e olha no que deu.

Minhas palavras saem como lâminas e ele se cala. Eu sei que ele não tem culpa. Me sinto arrependido.

- desculpa.

- tudo bem.

Ele vem até a poltrona e senta do meu lado.

- eu só quero que você saiba que eu não gosto dele. E se você se afastasse dele seria melhor pra gente. Não quero mais ninguém entre a gente.

- não vai ter mais ninguém entre a gente, Felipe. Ele é meu amigo, só isso.

Ele me encara por uns instantes, franzindo o cenho, mandíbula contraída. Eu sustento seu olhar. Não vou deixar sua crise de ciúmes acabar com minha amizade com Bernardo. Ele é um ótimo amigo e ao contrário de Caio, mesmo tendo sentimentos por mim, sempre soube respeitar.

- eu não vou discutir com você agora sobre isso.

- nem agora, nem depois Felipe. Minha amizade com Bernardo não é um ponto a ser avaliado. – soo irredutível. Ele suspira fundo, mas não rebate.

- posso te perguntar uma coisa?

- claro.

- como vocês me acharam?

- eu consegui rastrear seu celular pelo aplicativo de busca contra roubo.

- muito útil. Não tinha pensando nisso.

- Caio foi tão estupido que não pensou em nada direito.

- felizmente, ele não é uma pessoa inteligente. O que ele tem de bonito, ele tem de burro.

- um burro supremo.

E então, começamos a rir. Essa é a primeira vez que consigo rir ao falar no nome dele. Eu não sei se estou ficando mais calmo ou se isso foi só momentâneo.

Minha mãe retorna ao quarto e cumprimenta Felipe. Acho incrível a relação deles. Parecem mãe e filho. Começamos a conversar um pouco sobre muitas coisas. O ambiente fica tão leve que até fico longe de pensamentos tristes que me lembram Caio e o acidente. Agora ela está sentada na beira da cama, do meu lado e Felipe continua na poltrona.

- filho, tenho uma noticia boa pra te dar.

Eu a olho com curiosidade.

- que bom mãe! Qual?

- vou ficar uns tempos aqui com vocês. Quero estar perto de ti e te cuidar.

Eu a olho emotivo e estendo as mãos, pedindo um abraço.

- você não sabe como eu fico feliz em ouvir isso, mãe. Olho para Felipe, que sorri olhando para nós. Eles já tinham conversado sobre isso, provavelmente. Ter a dona Helena perto de mim, pelo menos por pouco tempo, já vai ser suficiente para matar a saudade e aproveitar os colos de mãe que me fizeram falta esse pouco tempo que estou em Porto Alegre.

O resto da semana se resume às visitas de Marina e Bernardo, sempre quando Felipe não está, para evitar atrito. O dia em que eu vou para o quarto de recuperação é um dos mais felizes para mim. Fico aliviado em estar em um ambiente claro, arejado e leve, somado ao fato de eu ser o único paciente do quarto. Bernardo e Marina passam o sábado inteiro comigo. Eles chegam com uma série de DVDs e porcarias para fazermos para comer e fazer uma sessão cinema. As enfermeiras sempre vêm três vezes por dia para fazer exercícios com as minhas pernas, para os músculos não atrofiarem. Com o passar do tempo, eu começo a aceitar minha condição. Não me acostumo, nem acho que irei, mas eu aceito como estou agora. Torço também para que isso seja o mais breve possível. Começa também uma série cansativa de exames dos mais variados tipos. Eu quase nem paro direito no quarto. Vivo pra lá e pra cá. Já virei amigo de quase todas as enfermeiras da ala onde estou. Todos os dias durante a noite minha mãe me leva para dar uma volta com a cadeira de rodas pelos corredores. A minha primeira vez usando a cadeira foi estranha. Foi quando fui fazer meu primeiro exame. Eu me senti desengonçado na hora de usar. Me senti deprimindo também. A impressão que eu tive era que todos me olhavam, alguns com pena, outros com espanto, outros com curiosidade. Mas agora eu já estou melhor. Uso-a todo dia e sei manusear com mais facilidade. Às vezes a vida nos dá uma chacoalhada e nos deixa sem rumo certo, mas aos poucos as coisas se ajeitam de volta no lugar. É nisso que estou pensando durante esses dias. Tendo o apoio da minha família e dos meus amigos torna tudo tão mais fácil.

Já fazem três semanas que estou internado. Quero muito voltar para casa e retomar minha vida normal, na medida do possível. Está um dia lindo lá fora, quase não vejo nuvens pela janela do quarto. O céu está em um azul de tirar o fôlego. Dessa vez quem está descansando no apartamento é minha mãe, enquanto Felipe já está acordado comigo conversando sobre seu trabalho.

- está correndo um boato de que vai abrir uma vaga integral no quadro de funcionários.

- sério? Isso é ótimo meu amor. – eu acaricio sua perna.

- e todos dizem que a pessoa mais cotada pra preencher sou eu.

O olho boquiaberto e estico os braços para lhe dar os parabéns. Estou tão feliz por ele agora.

- você merece. Vou estar torcendo muito.

- obrigado meu amor.

Me ajeito com os braços na cama para mudar de posição. Estou assim a muito tempo.

- não aguento mais ficar nessa cama.

Ele me olha por uns instantes e depois se levanta, tirando o cobertor das minhas pernas. Eu o olho curioso.

- o que você está fazendo?

- estou te tirando um pouco desse quarto.

Eu reprimo um riso. Gosto da ideia.

- você é maluco, Felipe.

- por você, Eduardo.

Ele se aproxima e pega no meu queixo, me aproximado dele e me beijando. Em seguida ele me pega no colo e me coloca na cadeira de rodas. Agora eu já não sinto aquela mesma tristeza. Principalmente quando estou com ele, não há motivos para estar triste. Felipe faz eu me sentir mais vivo do que nunca. Agora estamos saindo pelo corredor, indo em direção a uma parte vazia da ala. Quando chegamos, ele começa a andar rápido, fazendo a cadeira de rodas correr pelos corredores só nossos, com grandes janelas nos iluminando com o sol da manhã.

- Felipe, vai devagar! – grito entre risadas.

- o que? Não estou ouvindo.

É claro que ele estava ouvindo. Eu amo tanto o jeito como ele faz eu me sentir um adolescente, ao mesmo tempo em que me cuida tão bem. Eu o amo tanto, que nem os últimos acontecimentos conseguem me abalar mais. Meu amor por Felipe e minha força de vontade de voltar a caminhar me dão forças para enfrentar tudo o que tiver que enfrentar até minha vida voltar a ser como era.

Comentários

Há 5 comentários.

Por Dougglas em 2015-12-26 00:15:04
Eu sempre dou uma olhada nos comentários, e geralmente visualizo os seus. Adoro saber que você não faz de maneira desleixada e procura se informar para poder passar uma sensação correta pra gente. Eu adoro esse empenho em um escritor. E o capítulo foi ótimo. Teve a melancolia do Edu na medida que uma pessoa nesse quadro poderia ter, mas foi bem menor, oq combina com a personalidade dele que bem sendo apresentada desde o início da história e você vem trabalhando bem. É engraçado como as pessoas agem por diversos motivos, e algumas se deixam levar por isso. Alexandre, na primeira temporada, tinha mania de descontar suas frustrações nos outros, mas se deixou ser ajudado. Caio já não tinha a mesma consciência, e agiu inflamado pelo desejo. Uma pena. Vou continuar lendo e comentando porque eu estou amando.
Por Luã em 2015-09-28 12:58:43
Oi gente! Pra mim está sendo um desafio interessante descrever a paraplegia de uma maneira certa. Não tenho ninguém próximo que esteja nessa condição, então pesquisei muuito na internet antes de escrever para poder ser o mais perto da realidade possível, ao mesmo tempo em que eu quero muito que o Edu não passe por essa fase de depressão profunda que ocorre após uma tragedia como essa. Quero que as pessoas entendam que os cadeirantes são pessoas normais, apenas com algumas limitações. Nada de pena, de cuidados e preocupações exageradas. Vai haver dias que ele vai estar triste, inconformado? Sim. Isso é normal. Mas quero passar uma imagem de positividade e otimismo perante aos momentos difíceis da vida. Espero que vocês estejam gostando. Qualquer feedback pra mim é importante, galera! Abraços
Por BielRock em 2015-09-24 10:59:41
Meu Deus, não é a primeira e nem a última história que eu leio que o protagonista fica paralítico, tomei um susto quando eu vi que o Edu ficou desesperado por causa disso. Eu já esperava que isso acontecesse com ele já que o mesmo estava sem sinto, espero que ele melhore logo pois não quero o Edu triste achando que é um inválido pois a maiorias das pessoas paralítica tem depressão, ficam achando que são inválidas e etc... Continua Luã, beijos 😘🌹
Por diegocampos em 2015-09-24 01:20:05
Adorei o capítulo espero que o Felipe de bastante força para o edu, espero que ele consiga se recuperar
Por Niss em 2015-09-24 00:49:24
Confesso que no começo, eu senti uma raiva mortal desse Satanildo.... Não que agora eu não sinta, mas, ficaria mais satisfeito com ele morto... Como Edu pensou, ele tem o apoio dos amigos, da família, do namorado e do Niss. E eu tenho certeza que mesmo que ele não consiga se recuperar, ele vai continuar vivendo, e eu espero ver o Lipe ao lado dele sempre! Não condeno a história dos dois por uma deficiência, o amor deles vai superar tudo isso... Espero pelo próximo, kisses, Niss.