08. Má pontaria

Conto de Luã como (Seguir)

Parte da série O garoto da mesa 09

08. Má pontaria

Meu pai parece tão surpreso em me ver quanto eu ao ver ele. Engulo em seco e tento falar o mais natural possível.

- posso te ajudar em alguma coisa?

- eu tava procurando algum presente pra dar pra sua mãe. Hoje é nosso aniversário de casamento.

- é, eu sei.

Ficamos por mais alguns segundos em silêncio, até que não o trato mais como pai, e sim como um cliente comum. Acho que assim seria melhor.

- você tá procurando algum tipo de flor em especial?

- não. Não entendo muito disso.

É claro que não. Você é homem. Pra você, homem não entende disso, porque isso é coisa de boiola. No caso o boiola aqui sou eu.

- temos rosas vermelhas, mas são tradicionais demais. Que eu lembre ela gosta de orquídeas. Tem essas aqui.

Eu o conduzo até onde as flores estão, e ele parece gostar.

- eu havia esquecido que ela gosta de orquídeas. Obrigado.

Que droga, pai. Eu não quero ter nenhum contato sentimental com você. Eu sinto raiva tanto quanto sinto sua falta, falta da mãe, falta de casa.

- faz tempo que você tá aqui?

- não.

Minha resposta direta faz ele entender que eu não quero conversar. Não entendo o motivo dele querer puxar assunto. Não precisa disso. Como se a situação embaraçosa de me encontrar ali fosse amenizada se ele fosse simpático comigo. Eu lhe dou seu troco, ele agradece e vai embora. Quando ele sai pela porta, eu suspiro, e meus olhos ameaçam chorar. Mas não vou. Suspiro novamente, e não sei se é por alívio, tristeza ou decepção.

Chego em casa e verifico minhas coisas da escola. As aulas começam na segunda novamente. Eu não estou nem um pouco afim de ir voltar pra essa rotina. Esses últimos dias têm sido uma loucura pra mim, e eu só quero que esse ano acabe logo. Após tomar banho, deito em minha cama e coloco meus fones de ouvido. O modo aleatório me presenteia com How, do Maroon 5. Meu pensamento vai até Felipe. É a banda preferida dele. E nesse momento eu solto um riso involuntário. Ele é o único ultimamente que consegue fazer isso. Mas minha cabeça não consegue esquecer meu pai. A situação tensa mais cedo havia me deixado aflito. Felipe está com sua irmã em casa, e não quero ser inconveniente, mas queria tanto vê-lo. Ms acho que consigo esperar até segunda. Ligo a TV para tirar a sensação de solidão. É estranho pensar em como as coisas mudaram em tão pouco tempo. E como isso é bom e ruim ao mesmo tempo. Fui a lugares novos, conheci pessoas novas, experimentei sensações novas. Sou um novo Eduardo. Um Eduardo mais maduro, mas também mais calejado.

Meu despertador toca, me tirando de um pesadelo. Eu estava em areia movediça, e meu pai vinha até a mim para me bater. Havia muitas orquídeas em volta. As lembranças em flashes atordoam minha cabeça, embora eu saiba que tem a ver com meu encontro com ele ontem. Me levanto e vou ao banheiro. Caramba, preciso fazer a barba. E tomar um pouco de sol. Olho para o fantasma de meu rosto no espelho. Felizmente não me machuco com o barbeador. Isso é algo inédito. Acho que rejuvenesci uns 5 anos com o rosto liso. Meu banho é rápido, apenas para espantar o sono. Saio do banheiro e sinto a mudança brusca de temperatura ao me livrar do vapor quente da água do chuveiro. Está fazendo um frio intenso. Me visto e vou para a cozinha preparar um lanche. Estou perdido em pensamentos. Será que a notícia se espalhou? Eu espero que não. Tudo o que eu menos preciso é ter que conviver com fofocas sobre mim pela cidade. Isso me faz querer tanto ficar em casa hoje. Mas não posso.

Quando chego na escola, olho atentamente para as pessoas no hall de entrada e nos corredores, esperando que alguém me olhasse diferente, o que não ocorreu. Me sinto aliviado. Continuo sendo o mesmo Zé ninguém de quando eu sai de férias. E isso não é ruim. Chego em minha sala e já tem muitos colegas meus lá. Alguns me olham um pouco diferente, mas acredito que seja por causa de meu vexame na festa de Paloma. Eu esperava que duas semanas fosse tempo suficiente para esse episódio ser esquecido. Mas é claro que não era. Me sento e espero ansioso por Felipe. Sem demorar muito, ele cruza a porta, vestindo o mais lindo sorriso ao me ver. Meu dia começa a ficar bom.

- bom dia, flor do dia.

- bom dia. Acordou de bom humor?

- sim, porque eu sabia que ia te ver. Quer motivo melhor que esse?

Meu coração se aquece. Eu tento ser discreto, mas meu olhar para ele não disfarçava. Nem o dele. Logo o sinal toca e a aula começa. A professora Hermes havia mudado o corte de cabelo durante as férias. Ela ficou bem mais bonita. Sua aula é divertida, como sempre. E Felipe não tira os olhos de mim.

Durante o intervalo, estou na fila da lanchonete. Felipe está no banheiro. Eu mexo em meu celular para passar o tempo, quando ouço a conversa um pouco atrás de mim.

- ei, olha o viadinho ali.

- onde?

- ali na frente.

Eu estremeço. Como é que é?

- cadê o namorado dele?

- sei lá, deve estar dando o cu por aí.

Eu quero muito me virar pra ver quem é, e talvez até começar uma briga, mas eu não consigo. Felipe chega logo em seguida.

- ei, demorei?

- não. – tento dar um sorriso, mas sinto que saiu um tanto amarelo.

- ah, tá ali. – um deles fala lá atrás.

- Felipe, vamos tomar água no bebedouro mesmo, eu perdi a fome.

- tem certeza? Tá quase chegando a sua vez.

- tenho, vamos lá.

Me viro e sigo na direção oposta. Consigo ver quem era que estava falando. Alexandre e Gabriel, da outra turma. O primeiro, alto, cabelos escuros e bem curtos. Olhos claros e lábios carnudos. O segundo, um pouco mais baixo, cabelos encaracolados e olhos castanhos. Nunca conversei com eles. Eles me olham com deboche, em um tom de desafio, mas eu simplesmente abaixo minha cabeça e sigo em silêncio. Eu não vou deixar isso me afetar.

- Edu, tá tudo bem?

Olho para Felipe e ele me observa cauteloso enquanto andamos.

- tá, por que não estaria?

- você ficou estranho de repente.

- imagina, é impressão sua.

Acho que por estar neurótico, começo a achar que todos estão me olhando diferente. De repente, eu estou muito tenso. Olho para os lados toda hora. Mas que merda Eduardo, se controla. Não foi nada demais. Ou foi. Bem, eu não sei.

O restante do dia foi afetado por causa disso. Eu não sei se foi apenas uma piada aleatória, pois eu e Felipe não nos desgrudamos, ou se eles realmente sabem de alguma coisa. Se sabem, eu não sei como descobriram.

Estou no trabalho, e minha mente ainda anda em velocidade alta. Estou ao lado de Humberto, que está no balcão do caixa, enquanto eu limpo algumas prateleiras.

- tá tudo bem edu? Você parece preocupado.

- nada não, só meu dia na escola que não foi dos melhores.

- aconteceu alguma coisa?

Sinto que preciso desabafar com alguém, e Humberto tem sido um ótimo amigo para mim desde que entrei na floricultura.

- tem dois meninos, que estavam falando de mim. Falando algumas bobagens.

- que bobagens?

- estavam me chamando de viado, tirando sarro de mim e do Felipe.

Ele parece estar desapontado.

- esse tipo de coisa é normal, Edu. Preconceito sempre existiu e sempre vai existir, com muita coisa. As pessoas não aceitam o diferente. Ainda mais aqui nessa cidade pequena. Você só não pode deixar eles te atingirem.

- eu sei, Humberto, mas eu tenho medo.

- medo de que? Do que eles falam? Eles vão falar sempre, na frente ou nas costas. Você não pode ficar preocupado com tudo o que dizem de você, menino. Se não você nunca vai ser feliz.

Solto um sorriso de agradecimento e lhe dou um abraço.

Meu estômago parece funcionar como um relógio. Já é quase meio dia, e quando começo a sentir fome, Carlos aparece na porta trazendo meu almoço.

- ei Edu!

- Carlos, quanto tempo. Como você está?

- estou bem, graças a Deus. Seu patrão tá aí?

- sim, tá lá dentro arrumando algumas coisas. Quer que eu chame ele?

- não, só pra saber.

Eu percebo que ele ruboriza, e eu já percebo o que está acontecendo.

- Carlos, posso te fazer uma pergunta?

- pode, claro.

- você...

Bem, eu não sei como formar a frase.

- eu...

- você é gay?

Ele encolhe os ombros.

- ei, não precisa ter vergonha, estamos no mesmo barco.

- eu sei, só que é embaraçoso pra mim.

- você tá afim do Humberto, né?

Ele me olha sem jeito, e eu acho melhor parar com as perguntas.

- eu acho que você deveria convidar ele pra sair. Ele é uma ótima pessoa.

Seu rosto se ilumina.

- mas ele...

- sim. Ele está no mesmo barco que a gente.

Então, nós dois rimos.

Ele me agradece e sai ainda encabulado. Eu fico um pouco chocado por descobrir isso. Eu nunca havia desconfiado dele, apesar que essas vindas diárias apenas pra me trazer confia estavam começando a ficar estranhas. A tarde passa voando. Meu humor melhora aos poucos, e quando vejo, já está na hora de ir embora.

Quando saio do trabalho, Felipe me espera na calçada.

- ei.

- ei, ta tudo bem? – meu tom de voz é claramente de surpresa.

- tá, só quis aparecer pra te ver. E te perguntar se eu posso passar a noite com você.

Meu coração acelera.

- passar a noite? Como assim?

- quero jantar com você.

- a ideia parece boa. Mas não sei se quero ficar com você.

Coço o queixo, fingindo arrogância, e ele faz beicinho. Em seguida, nós dois rimos.

- vamos lá pra casa? Lá a gente pode ficar a vontade. Minha tia está no restaurante agora.

- claro.

Andamos até um EcoSport vermelho, e Felipe destrava o alarme. Eu o olho espantado, enquanto ele sorri pra mim.

- presente de aniversario atrasado.

Eu o abraço por impulso.

- parabéns Lipe! Nossa é lindo. Seu pai te deu?

- sim, hoje de tarde. Quis vir correndo te mostrar.

- mas você ainda não...

- não, eu vou começar as aulas semana que vem. Ele nem sabe que eu peguei o carro.

- Felipe, você sabe dirigir?

- sempre pegava o carro quando ia acampar com meu pai quando eu era pequeno. Meu pai me ensinou a dirigir quando eu tinha 15 anos.

- mas e a polícia?

- Edu, relaxa. Vamos aproveitar o passeio.

Eu decido não criar caso. Mas essa é a única vez que eu quero vê-lo dirigindo sem carteira.

Seguimos para a casa da minha tia, e eu me sinto tão feliz por ele ter aparecido de surpresa. O vento batendo em meu rosto me faz ter a sensação de liberdade, andando pelas ruas da cidade ao lado de quem eu gosto. Estou tão feliz nesse momento. Olho para Felipe, que está atento à estrada. Ele realmente é um bom motorista. Toco sua mão que está no câmbio, e ele sorri em resposta.

Ao chegarmos, eu largo minha mochila no sofá, e ele já me da um beijo. Estava com muita saudade de seus beijos, de seu toque. Estou com os braços em volta de seu pescoço, o olhando.

- o que vai sair no jantar?

- é surpresa. Só vou pedir sua ajuda pra salada.

Ele me lança um olhar curioso, mas eu resisto. Não vou estragar a surpresa.

Estou na cozinha preparando o jantar. Felipe está na mesa, cortando alguns legumes pra salada. O rádio está ligado baixinho, tocando uma música lenta do pen drive de Felipe.

- meu pai esteve na floricultura ontem.

Ele fica surpreso.

- o que ele foi fazer lá?

- foi comprar flores pra minha mãe.

- e como foi quando ele te viu?

- normal, o tratei como um cliente comum. Ele até tentou puxar assunto, mas eu não de abertura.

- acho que ele tá se arrependendo, Edu.

- eu sei, mas não é assim, se arrepender e vir a hora que quer esperando que eu esteja de braços abertos disposto a esquecer o que aconteceu. Aquele soco no meu olho doeu mais por dentro do que por fora.

Eu dou uma pausa e lembro daquele dia. Uma pontada de mágoa me invade.

- se a gente não perdoa, ficamos com um nó na garganta, ressentidos pelo passado. Apesar de ser difícil, perdoe ele Edu. Ele é seu pai.

Eu fico calado por alguns instantes, refletindo. Talvez ele tenha razão, mas eu ainda não estou pronto pra perdoar.

Sem demorar muito, meu estrogonofe fica pronto. Os olhos de Felipe brilham. É sua comida preferida.

- eu tenho muita sorte de ter você. Além de tudo, você é ótimo cozinheiro. Acho que nunca vou comer um prato ruim sequer o resto da vida.

Eu coro e sorrio, lhe dando um beijo em seguida.

Após terminarmos de comer, vamos para a sala assistir televisão. Estamos sentados no sofá e eu estou aninhado em seu peito. Consigo ouvir seus batimentos cardíacos. Levanto minha cabeça e o admiro por uns instantes. Ele me olha um pouco sem jeito.

- o que foi?

- eu te amo.

Ele parece ficar sem resposta. Seus olhos brilhantes me olhando com ternura.

- eu também te amo, Edu.

Então, eu lhe beijo. Sinto sua boca molhada, e entramos em sintonia. Um beijo vagaroso, intenso, com paixão. Meu coração pula dentro do meu peito. Estar com ele desse jeito é sempre algo mágico pra mim. Sentir ele me querendo, assim como eu, é inebriante.

Eu me levanto e o puxo pra cima.

- acho que você ainda não conheceu meu quarto.

Seu sorriso é sedutor.

Entro porta adentro aos beijos com ele. Caímos na cama, e eu já sinto sua ereção roçar em mim. Nosso beijo aumenta a intensidade, enquanto eu passeio minha mão em seu corpo. Levanto sua camiseta e toco suas costas, passando por seu pescoço e descendo novamente até a bunda. Sua calça levemente apertada me deixa ainda mais louco. Finamente ele se livra da camiseta, e faz o mesmo comigo. O toque de pele a pele é enlouquecedor. Os poucos pelos de sua barriga tocam nos meus, e o vai e vem de nossos corpos me faz querer tirar o restante de nossas roupas. Começo por mim, e ele fica de pé, em minha frente, tirando peça por peça que falta, sem tirar os olhos dos meus, até ficar totalmente nu. Seu mastro está mais lindo do que nunca, brilhando e pulsando. E eu o quero agora. Ele segura meus braços pra trás e beija meu pescoço, minha orelha, e abaixa até meus mamilos. Recebo um chupão em meu peito, e isso é bom. O desejo entre nós é palpável. Meu pênis está babando feito louco. Consigo me soltar de seus braços e lhe beijo forte. Nossas línguas ferozes se disputam, e eu o quero mais e mais. Pego em seu pescoço e lhe puxo pra falar em seu ouvido.

- tem camisinha dentro do guarda roupa.

Ele me olha realizado e pula pra fora da cama, indo em direção ao roupeiro. E eu sou presenteado com uma vista e tanto. Sua bunda é um espetáculo. Os traços definidos das costas, seus braços, as pernas grossas e peludas, tudo nele é incrível. Ao chegar na cama, ele coloca a embalagem sobre o cobertor já bagunçado e me vira de costas. Eu estou tão pronto, quero isso agora. Mas ele chega em meu ouvido e fala.

- você não vai ganhar o que quer tão fácil. Hoje eu vou fazer durar.

Meu corpo todo se arrepia com sua voz grossa cochichando em meu ouvido. Sinto sua língua encostar no topo de minhas costas, fazendo seu caminho até embaixo. Meu anus se contrai. Depois ele repete o caminho, mas com sua barba. Sentir seu queixo áspero roçando todo o meu corpo me faz eu me segurar no colchão. Estou com muito tesão. Sinto ele chegar em minha bunda, e morder de leve cada um dos lados. Solto um gemido baixo. Então, ele abre o caminho e passa o dedo indicador na porta, me fazendo arrepiar.

- você gosta?

Eu mal consigo dizer que sim. Já estou sem forças, apenas com seu toque provocativo. Ele força a entrada, mas está muito seco. Sinto ele colocar saliva em seu dedo e um pouco em mim, e então sinto a ponta de seu dedo entrando. A sensação faz eu me contorcer, mas ele me deixa imóvel novamente.

- quietinho.

Eu o obedeço, reprimindo um riso.

Ele continua, enfiando mais e mais, até que sinto totalmente seu dedo dentro de mim. Eu inalo profundamente. A sensação é muito boa. Ele começa o vai e vem, aumentando a velocidade.

- é tão quentinho.

Ele parece uma criança descobrindo seu novo brinquedo. E eu gosto de ser esse brinquedo. De repente ele me coloca totalmente de quatro na cama, bunda pra cima, pernas levantadas. Sinto sua língua encostar em meu ânus, e eu protesto.

- o que foi?

- acho melhor não.

- tá limpinho, Edu. Relaxa.

Então, eu sinto tudo com gosto. Sua língua molhada e quente está brigando tentando entrar em mim. A sensação é tão boa que me faz gemer alto. É inexplicável. Sinto ela se mover freneticamente em mim, e eu reviro os olhos de desejo. Então Felipe para e escuto o barulho da embalagem rompendo. Sim, as cosias estão só melhorando. Eu estou com tanto desejo que nem preciso de lubrificante. Felipe entra em mim devagar, e eu sinto a mesma dor da primeira vez, mas não tão intensa. Ele pára por alguns instantes, imóvel, esperando eu me acostumar. E então, quando lhe dou o sinal verde, ele se afunda em mim. Dessa vez, nossos gemidos se encontram. A velocidade aumenta rapidamente, e sinto Felipe deitar-se sobre minhas costas, colocando e tirando seu monstro em mim. E que monstro. Quero sentir mais, eu não estou satisfeito ainda. Ele puxa levemente meu cabelo, fazendo minha cabeça inclinar-se pra trás, e aumenta a velocidade mais ainda. Nossas respirações ficam mais intensas, e eu estou com tanto prazer que ao colocar a mão em meu pênis para me masturbar eu já sinto a sensação de ejaculação, então paro imediatamente, pois não quero antecipar nada. Felipe está falando besteiras em meu ouvido, me deixando ainda mais louco. Eu estou suando, e ele também. Então, ele me vira de frente pra ele e me penetra novamente, sem pena. Eu solto um gemido com um misto de surpresa e prazer, e ele gosta do que vê. As estocadas aumentam ainda mais a intensidade. O desejo é tanto que começo a me masturbar com calma, pra prolongar o efeito.

- desse jeito eu vou gozar.

- espera só mais um pouco. Quero te mostrar uma coisa.

Felipe como professor é inigualável. Ele tira seu preservativo e fica em posição contrária à minha, com a cabeça na ponta da cama e os pés na cabeceira. Ele começa a lamber meu pênis, e instintivamente eu começo a fazer o mesmo com o dele. Eu empurro meu pênis pra dentro de sua boca, e ele repete comigo. Estamos em um delicioso 69, e a sensação é única. Podemos fazer a mesma coisa, saciar o desejo um do outro. Sinto que vou gozar, e o aviso. Tento tirar meu pênis de sua boca, mas ele impede. Então, eu explodo. Gozo como nunca antes, e sinto que sua boca está transbordando meu sêmen. Isso parece bom. Quero sentir a mesma coisa. Passo a língua na ponta da cabeça, ajudo com as mãos, quero que esse homem goze na minha boca agora. Começo a sentir ele ofegante. Sim, está chegando. Ele percebe o que quero, e não hesita. Então aquele líquido salgado jorra em minha boca, em fluxo contínuo. Eu me esbaldo, aproveitando e tomando cada gota. Me sinto selvagem. É surreal.

Espero nossas respirações se acalmarem e o observo, cauteloso. Ele se vira pra mim e me olha, ainda ofegante.

- não sabia desse seu lado selvagem, Edu.

- eu tenho um ótimo professor, e aprendo rápido.

Ele sorri e se aproxima de mim para me beijar na testa. Me levanto e estendo a mão para ele me acompanhar no banho.

A água desce quente em nossos corpos unidos em um abraço. Ele ensaboa meu corpo, me olhando com um olhar intenso. Depois, eu faço o mesmo. Passo minha mão em seu corpo molhado, definido, e só meu. Mas não sinto malícia nenhuma nesse momento. Admiro o corpo de meu namorado, meu melhor amigo, meu companheiro. E me sinto feliz. Deixo escapar um sorriso bobo. Felipe percebe.

- o que foi?

Eu lhe dou um beijo suave na boca.

- eu sou muito feliz com você.

Seu rosto se ilumina e ele me abraça.

- eu também sou.

Nossos corações batem no mesmo ritmo. Eu afundo meu nariz em seu ombro e fico quieto, apenas sentindo o momento.

Já são quase 22h, e Felipe está indo embora. Quero muito que ele fique, mas não quero abusar da boa vontade de Fátima. Estamos na porta, ambos relutantes em se despedir.

- obrigado pelo dia de hoje, foi incrível.

- eu que agradeço, Edu.

Ele acaricia meu rosto, e eu fecho os olhos em resposta.

- queria que você ficasse.

- eu sei, eu também queria, mas vamos com calma. Não vamos deixar sua tia em uma situação embaraçosa.

- é, eu sei.

Ele me dá seu sorriso mais perfeito e me beija.

- te vejo amanhã.

- tudo bem. Já estou com saudades. Me avisa quando chegar em casa.

Então, ele segue até o carro e o observo, querendo correr até ele e o puxar pra dentro novamente. Ele entra, liga a ignição e vai embora. Eu fecho a porta e me escoro nela, sorrindo feito um bobo. Esse dia foi incrível. Sigo até meu quarto e vejo a cama bagunçada. As lembranças recentes me fazem ficar com o coração acelerado. Tiro minha roupa e me deito, exausto. Nesse momento só preciso de uma boa noite de sono.

Acordo suando. Está fazendo um calor anormal, ainda mais a essa hora da manhã. Me levanto e começo a me arrumar vagaroso e sonolento. Queria que Felipe pudesse ter dormido aqui. Ainda sinto seu perfume em minha cama. Meu coração se aquece com a lembrança. Tiro meus cadernos e livros da mochila e coloco a roupa de educação física no lugar. O dia das interséries chegou. Tenho um bom motivo para ficar em casa, mas não posso. Vou até a cozinha e tomo um copo de leite, olhando pela janela. Meus cafés da manhã se tornaram solitários e silenciosos. Sinto falta da movimentação da casa da minha mãe. Sempre que lembro deles eu fico triste. Queria que as coisas tivessem sido diferentes.

Ao chegar na escola, vou direto para o ginásio. Muitos dos meus colegas já estão lá, juntamente com vários alunos das outras três turmas de terceiro ano. Alexandre e Gabriel também estão lá. Não sei por que mas eu os procurei logo quando cheguei. Mais um motivo pra ficar em casa. Vou até o banheiro para trocar de roupa. Estou dentro da cabine quando ouço as vozes dos dois. Fico em silêncio absoluto, mas felizmente eles não me viram. Estavam conversando assuntos banais. Quando ouço eles saírem, solto a respiração, aliviado. Eu estou ficando assustado comigo mesmo. Nunca havia sentido medo de alguém assim. Mas eles estavam começando a me afetar. Ao sair do banheiro, encontro Felipe perto da porta.

- ei, onde você tava?

- me trocando.

- tá tudo bem?

- tá, só tá muito calor.

Ele me analisa, erguendo uma sobrancelha.

- Edu?

- não aconteceu nada, Felipe.

Ele continua me olhado, e eu percebo que estou aflito e não consigo esconder nada mesmo.

- tem dois garotos, da outra sala, que estão me intimidando há alguns dias.

Sua expressão se fecha.

- desde quando?

- desde o começo das aulas.

- e quem são?

- você não conhece.

- então me mostra.

- Felipe, não precisa.

- como assim não precisa? O que eles estão fazendo? O que eles te falaram?

Ah não, eu não quero começar uma briga.

- Felipe, isso não é nada demais. Eu só fiquei chateado, mas não é grande coisa. Vamos parar com isso.

Ele bufa, mas não insiste. Acho que o venci por cansaço, por enquanto. Mas ele não vai esquecer disso. Mas eu não quero metê-lo nessa história.

Logo depois o sinal toca, e o professor chega. O terceiro ano B começa jogando com o terceiro ano D. São ótimos jogadores, e apesar de haver bastante meninas, a maioria são meninos. Estamos sentados nas arquibancadas assistindo, mas eu ainda estou tenso, porém tento disfarçar para não aborrecer Felipe, que não está conversando comigo por eu não ter contado a ele sobre Alexandre e Gabriel. Meus pensamentos são interrompidos pelo apito do professor, anunciando o final do primeiro jogo. Havia terminado rápido. Agora, somos nós contra o terceiro ano C, a turma dos dois brutamontes. Eu não estou com sorte hoje. Me levanto sem o mínimo de vontade e vou até a quadra. O professor nos coloca em lugares combinados, e nos deseja boa sorte. Depois ele vai até a outra equipe e faz o mesmo. O dia já não parece ser muito bom, e ainda Felipe está brigado comigo. Que droga. E acho que esqueci de suas instruções sobre como jogar decentemente. O apito ecoa pelo ginásio, e o jogo começa. Felipe saca a bola lá atrás, e eu a vejo voando sobre mim. A menina que está na rede no grupo adversário defende bem a jogada, amortecendo a bola. Os outros dão os toques e jogam a bola para o nosso lado novamente. Meus colegas a recebem bem, e rapidamente fazem uma jogada certeira, nos dando o primeiro ponto da partida. Começamos a comemorar, e eu relaxo um pouco. Talvez o dia não vai ser assim tão ruim. Felipe aumenta a velocidade do saque, jogando a bola pra outra extremidade do ginásio, e um garoto com traços japoneses defende, jogando a bola pra frente. Quando uma menina da o terceiro toque, a bola vem direto pra mim. Eu fico em pânico, mas meu toque responde bem, fazendo a bola ir pra cima, e meus colegas finalizam a jogada bem, mandando a bola de volta para a turma C. Mas eles defendem melhor ainda, e a bola volta pra nós. Meus colegas perto de mim dão os dois primeiros toques, e a bola vem direto em minha direção.

- vai Edu!

Mas que droga, eu não vou conseguir.

Bato na bola o mais firme possível, e de alguma forma ela atravessa a rede de forma rápida. Rápida até demais. Alexandre estava desprevenido e é atingido no rosto. Eu estremeço. Merda. Ele me olha rapidamente.

- ei seu viadinho, qual é a tua?

Todos ficam em silêncio absoluto. Ele abre os braços me intimando, mas eu não me mexo.

- to falando com você, boiola.

- cala a boca, seu bosta.

Felipe grita atrás de mim.

A plateia começa a gostar do show.

- Felipe, para.

Eu falo baixo.

- é ele? O cara que você me disse é ele? Cadê o outro?

- Felipe, chega.

Eu estou ficando enjoado. Não acredito que isso esteja acontecendo.

- se você é tão valente com a bola, vamos ver mão a mão, seu merda. – berra Alexandre, atravessando a rede ao lado do seu cão fiel Gabriel.

Alguns colegas meus tentam impedir, mas quando vejo, Alexandre está partindo pra cima de mim. Eu estou com tanta raiva, que desfiro um soco contra ele, e acerto, fazendo-o cair no chão. Ele mais que rapidamente se levanta e vem pra cima de mim e me derruba, me chutando várias vezes. Eu não consigo me levantar. Eu estou cego de raiva. Seguro sua perna e o derrubo novamente, conseguindo me levantar, e então é a minha vez de chutá-lo. Seu nariz está sangrando, e seus olhos em chamas de raiva. O professor aparta a briga, e quando paro, vejo que outros professores estavam segurando Felipe e Gabriel, que provavelmente estavam brigando também. O diretor Alvarenga chega logo em seguida, bufando de raiva.

- vocês quatro, na minha sala agora.

Comentários

Há 3 comentários.

Por Dougglas em 2015-12-25 07:17:46
Gente, que capítulo emocionante hahahha. Eu adoro esse sentimento dos dois, eh algo bem lindo, calmo, suave, tranquilo e nada forçado. E preconceito é foda mesmo. Acho que eu só sofri preconceito em casa mesmo, pq eh algo bem chato. Na rua, eh não me importo tanto quando falam algo ou tentam me intimidar. E acho que essa briga vai dar uma confusão louca
Por Niss em 2015-08-11 01:00:40
Oh merda os filhos de Lúcifer têm que estragar msm affs... Espero pelo próximo capitulo. Kisses, Niss.
Por luan silva em 2015-08-10 17:27:27
ai meu deus quero o proximo.. preciso do proximo.. a serie ta perfeita.