11. Relações tóxicas

Conto de Luã como (Seguir)

Parte da série Dia a dia, lado a lado

Já fazem dois dias desde que Gustavo me falou aquelas coisas e desde então não nos falamos mais. Eu evito ao máximo chegar perto dele, seja para deixar algum documento em sua mesa ou passar pelo corredor na hora do intervalo. Preciso admitir que isso dói muito, pois Gustavo foi o primeiro homem pelo qual eu acabei me apegando sentimentalmente. Foi tudo tão rápido, estávamos tão bem, dando indícios de que estávamos namorando, mas aí chegou a festa de Diego, a confusão com aquela mulher e então as verdades sobre Gustavo foram jogadas para mim de uma só vez. Eu pensei que seria nesse ponto em que nos fortaleceríamos, mas eu me enganei; foi justo aí que enfraquecemos e Gustavo preferiu se afastar ao deixar eu entrar completamente em sua vida. Agora eu estou sentado na minha mesa, tendo que aturar um dia chuvoso de começo de mês, onde a pressão e a cobrança é alta e estressante, enquanto organizo alguns contratos habitacionais que serão assinados pelos clientes mais tarde em uma reunião. Mais ao fundo, alguns colegas meus seguem falando entusiasmados de como os valores da bolsa aumentaram instantaneamente com as deduções sobre a saída de grande parte dos representantes do governo que estão sob investigação, o que para a economia é algo fantástico. Eu sinceramente não consigo me animar nem com isso. Penso apenas em minha cama e no pote enorme de brigadeiro que eu deixei na geladeira e que eu espero que ainda esteja lá, caso contrário Samuel vai ter grandes problemas.

- Arthur? Tá me ouvindo?

- ah, oi Melissa. - falo vagamente, voltando ao aqui e ao agora enquanto eu olho pra ela e desejo vigorosamente que ela não esteja prestes a me pedir para ir até à mesa de Gustavo.

- vem, vamos para o refeitório comer bolo! - ela não consegue esconder sua animação em relação a isso.

- bolo? Por que?

- pra dar as boas vindas ao novo gerente de atendimento e cantar parabéns pro Gustavo.

- ah sim. - eu engulo em seco. Parabéns? Claro, eu havia esquecido que seu aniversario era essa semana. Quer dizer, eu tentei tanto esquecer que acabei conseguindo, pelo menos de ontem pra hoje. Porém é só eu lembrar do seu presente que eu deixei guardado dentro da minha gaveta que eu sinto meu coração se apertar. Havia comprado pra ele alguns dias antes da festa, em uma das minhas idas mais recentes ao shopping com Samuel. Abro a terceira gaveta e olho a pequena caixa decorada, então em um gesto simultâneo de raiva, penso que talvez eu deva jogar fora, já que não vou dar para ele mesmo. Dentro dela há um porta retrato com o molde de um Maverick, com uma foto nossa no dia em que fomos até Visconde de Mauá. Eu preciso admitir que sou péssimo com presentes, então eu fiz isso como algo mais sentimental. Junto do retrato há um frasco de Intenso, da Dolce & Gabana, seu perfume preferido e uma cópia do 21 importado, seu álbum preferido onde tem sua música preferida. Fecho a gaveta e sigo Melissa, que acabara de levantar e seguir em direção ao refeitório. Chegando lá, trato de ficar bem ao lado dela, quietinho e esperando que essa palhaçada não demore muito e que eu possa logo voltar para a mesa e não ter que ficar tão próximo de Gustavo como agora, onde eu não consigo deixar de olhar pra ele e ver como ele está bonito, tão bonito quanto aparentemente triste. Nossos olhares se cruzam por um instante e então eu desvio dele, olhando para fora da janela, o coração batendo a mil. Por quanto tempo mais eu vou conseguir ficar assim? Eu não sei ao certo, mas estar tão perto de Gustavo está se tornando prejudicial pra mim mesmo. Eu o desejo tanto e ao mesmo tempo tenho tanta magoa pelo que ele me disse que isso já é o suficiente pra ferrar com a minha cabeça. Soraia, nossa supervisora de caixa, começa a falar do motivo pelo qual estamos aqui, como se ninguém soubesse. Todos olham e estampam sorrisos tão largos que chegam a soar falsos, enquanto ela dá as boas vindas ao nosso novo colega, que não me parece ser uma pessoa muito amistosa, mas que cumprimenta a todos de maneira cordial. Em seguida, Duda aparece com uma cesta grande com chocolates, vinho e outras coisas mais que eu não consigo ver, ao mesmo tempo em que Soraia continua explicando que estamos aqui comemorando o aniversário de Gustavo, enquanto solta um monte de elogios e de puxa saquismos que me causam náusea. Mas a maior surpresa do meu dia ainda estava por vir. Duda chega em pé ao meu lado e me alcança a cesta, enquanto eu por reflexo a pego, a olhando sem saber o motivo daquilo.

- vai lá, você é o preferido dele, nada mais justo que você dar o presente! - ela me lança um sorriso falso, fingindo entusiasmo e inocência, mas eu sei bem o joguinho sujo que ela está fazendo. Olho para Amanda, que estava mais ao longe, perto da porta e ela também parece ter entendido a intenção maldosa de Duda.

Eu fico completamente sem reação, enquanto assimilo a situação e preciso forçar um sorriso enquanto caminho em direção dele e o alcanço o presente. Ele parece tão sem reação quanto eu, até que eu o alcanço a cesta um tanto sem jeito e o lhe dou um aperto de mão formal, sentindo uma corrente elétrica percorrer meu corpo ao sentir sua pele tocar a minha.

- parabéns, Gustavo. - falo com a voz baixa e forçada, sabendo o quanto aquilo estava sendo difícil pra mim.

- obrigado.

Volto ao meu lugar e tento não ficar encabulado de vergonha e nem de raiva, ou até mesmo não deixar transparecer que eu estou querendo sair correndo daqui e me enfiar em qualquer lugar que ninguém possa me olhar. Todos cantam parabéns e Gustavo não para de olhar pra mim, mas dessa vez eu sustento seu olhar. Quero que ele veja o quanto ele me machucou, o quanto ele foi cruel ao querer ser honesto comigo, falando aquilo na casa dele, falando tudo aquilo pra alguém que só queria ver ele bem. Depois de comer meu pedaço de bolo, sou obviamente o primeiro a sair de lá, indo em direção ao banheiro e fechando os punhos em cima da pia de mármore, deixando que a raiva emanasse de mim afinal. De cabeça baixa e com as mãos pressionadas contra a superfície gelada de pedra, eu penso em como eu posso tentar amenizar todo esse turbilhão de sentimentos que eu acabei criando por esse cretino, se quiser preservar meu emprego aqui na agência. Preciso fazer com que ele volte a ser apenas meu chefe, o tratando com naturalidade e passando a não dar mais importância pra ele. Mas é aí que eu me lembro que eu nunca o tratei apenas como meu chefe. Desde o primeiro dia eu senti algo a mais por ele. Então como voltar a tratar normalmente uma pessoa que você nunca tratou dessa maneira? Eu terei que reaprender a lidar com a droga do meu sentimentalismo, já que depois de adulto eu ainda estou me portando feito um adolescente apaixonado por seu colega de turma. A porta se abre e Gustavo entra, fazendo eu pensar que isso fosse um tipo de alucinação, mas não era. Gustavo tinha essa manja de me seguir em banheiros e isso me faz lembrar da festa da empresa, onde nos beijamos pela primeira vez. Ele me olha em estado de alerta e eu já me ponho ereto e fico na defensiva, pensando em um jeito de sair daqui. Começo a andar em direção a ele, em direção à porta, então quando eu estou em sua frente sinto ele me parando com seu braço, cautelosamente.

- a gente precisa conversar.

- não, não precisa. - eu rebato, ouriçado.

- eu não quero ficar nesse clima chato, Arthur. Eu sei que eu fiz besteira, me desculpa.

- ah, não esquenta, Gustavo. Acontece, né? Você disse o que você queria, eu entendi e agora tá tudo esclarecido. Posso ir? - eu o olho fixamente e com meu olhar e minhas palavras carregadas de ódio, então ele solta meu braço e eu tenho o caminho livre para a porta. Saindo dali eu caminho apressado pelo corredor, viro a esquina e, chegando na parte das escadas, encontro Duda, que me olha e parece estar com o olhar aceso, esperando eu falar algo.

- com pressa, Arthur?

- você nem imagina o quanto. - eu definitivamente não estou com paciência pra nada hoje, muito menos para ela.

- deu pra notar que o Gustavo adorou quando você deu o presente pra ele. Ele parece gostar muito de você, não é?

- me erra, Duda. Eu não vou cair nesse teu joguinho. Você é só uma mal amada que quer tentar me intimidar, mas não vai. Pode ficar com o Gustavo só pra você, se é que você não percebeu, eu e ele não temos nada. Mas se ele vai te querer ou não, aí é outra coisa. Com licença. - passo por ela e desço as escadas sentindo que ela está a ponto de querer voar em cima de mim e me bater, então eu torço pra que eu possa enfim chegar no meu pavimento e voltar para a minha segura e confortável mesa, onde a pilha de documentos me espera e parece ser uma ótima coisa para me distrair a cabeça.

No fim do dia, sigo meu rumo pra casa ainda com raiva por Duda e com a conversa breve e ríspida que eu tive com Gustavo no banheiro. Estou parado no sinal e com minhas maos firmes no volante, como forma de descarregar um pouco todo o estresse que eu estou tendo ultimamente. No rádio do carro, o modo USB começa a tocar Fool for you, do Zayn, então como se isso já não bastasse, meu celular toca e a imagem de Gustavo aparece no visor. Seu sorriso, seus olhos brilhantes, seu cabelo castanho, tudo aquilo que eu sentia falta nele combinando justo na hora que uma das músicas que mais mexem com o meu emocional está tocando. Eu pego o telefone e por um segundo eu quase atendo, de guarda baixa, querendo, precisando voltar a falar com ele e a te-lo pra mim, porém é só eu lembrar das coisas que ele me disse que eu volto a largar o celular e me mantenho firme no meu propósito de tentar esquecer ele, pro meu próprio bem.

"Era só sexo." - a frase ecoa na minha mente e faz eu me sentir um completo idiota ao cair nessa de achar que existe romance perfeito. Mas eu fiz tudo certo, sabe? Eu não sei em qual parte a gente acabou se atrapalhando e deixando tudo virar nisso. E por mais que eu queira entender isso, não quero isso agora; tudo o que eu quero é ir pra casa.

Ao girar a chave no miolo, eu suspiro fundo ao ter que explicar minha cara de desânimo pra Samuel mais um dia. Toda manhã eu falo pra ele que vou tentar ficar bem e tentar esquecer isso, mas todo final de tarde eu recebo seu olhar de desaprovação por ter falhado na minha meta. E hoje não seria diferente. Encontro ele mexendo em seu notebook na mesa da cozinha, logo após largar minha pasta no sofá e tirar meus sapatos e meias, ficando de pés descalços pela casa e sentindo o piso frio me causar uma enorme satisfação.

- e aí. - ele já me cumprimenta me analisando, os olhos curiosos em cima de mim.

- e aí.

- ah, hum hum. - ele solta em desaprovação, vendo que eu estou igual aos outros dias. Tem como escapar dos olhos críticos do delegado aqui?

- Samuel, eu não consigo. Ver ele todos os dias e ficar aborrecido vai ser minha sina por um bom tempo. Esquecer o Gustavo não vai ser assim do dia pra noite.

- é por isso que existem melhores amigos fantásticos e maravilhosos feito eu, que levam os amigos pra distrair a cabeça e sair da fossa.

- sair?

- é, sair, dar uma volta, sacudir o esqueleto, tomar ar puro, ver os boys, você pode chamar do que quiser, só bora se arrumar que nossa noite vai ser longa.

Vendo que eu não teria outra alternativa, até mesmo porque é sexta feira de noite e Samuel não me deixaria ficar em casa por nada nesse mundo, eu acabo revirando os olhos e indo para o meu quarto escolher uma roupa e depois tomo um banho rápido. Não são nem 21h da noite e nós já estamos na noite paulistana, mais precisamente em um pub aconhegante na Oscar Freire, nos aquecendo para mais ir mais tarde até alguma boate, se eu bem conheço Samuca. Eu bebo um refrigerante, enquanto Samuel já começa na cerveja, então eu já sei que vou ser o motorista da rodada. Beliscamos algumas porções de aperitivos e então, chegando perto da meia noite, vamos até a D-Edge. É minha primeira vez aqui e o ambiente é bem convidativo, com todas essas luzes coloridas formando linhas e figuras geométricas no chão, nas paredes e no teto, além da música eletrônica que me faz querer dançar e esquecer todos os meus aborrecimentos. Samuel vai até o bar e como ele me conhece bem, além de trazer seu copo com energético e vodka, ele me traz uma garrafa de água, então eu já tenho algo pra me refrescar enquanto danço ao som das batidas frenéticas e envolventes, fazendo com que eu feche os olhos e sinta o momento. De repente as preocupações parecem perder importância; eu finalmente estou tendo um tempo de paz pra minha mente. Acho engraçado quando abro os olhos e vejo que Samuel já está investindo em um cara, isso realmente é um recorde de tempo, já que chegamos não faz nem dez minutos. O tempo passa e eu alterno entre garrafas de água, energético e um copo de cerveja, mas fico apenas nisso, já que eu estou dirigindo. Agora eu volto do bar e entro de volta na pista, gostando muito da música que está tocando e voltando a fechar os olhos enquanto tombo a cabeça pra trás e jogo a mão pra cima, erguendo o copo de energético e me sentindo mais do que bem. Bom, isso até Samuel me cutucar e me tirar da minha paz interior para me dar uma notícia que eu não gostaria de escutar.

- Arthur, olha quem tá ali.

Olho pra direção que ele também está olhando e lá está Gustavo, tão previsivelmente bonito e rodeado com alguns outros caras, certamente amigos ou um novo grupo de suruba que ele deva estar participando, eu não sei e também não ligo pra isso.

- deixa ele lá.

Para a surpresa de Samuel e talvez até para minha própria, eu volto a fechar os olhos e danço como se nada tivesse acontecido, como se a pessoa que estava fodendo com o meu psicológico nos últimos dias não tivesse escolhido a mesma boate, na mesma hora e no mesmo dia que eu pra vir, mesmo com tantas outras opções na cidade. A verdade é que eu estou quase me deixando afetar pela presença dele, mas eu vou me manter firme e não vou me deixar atingir por nada. Porém, como eu planejava meus olhos parecem não responder mais aos meus comandos e se abrem, olhando diretamente pra ele, que também está olhando ora mim e aparentemente surpreso por eu também estar no mesmo lugar que ele. Sinto que eu não vou conseguir ficar assim, olhando pra ele sem começar a ficar triste e ou com vontade de ir embora, dando o decreto de fim da minha noite, então eu dou meia volta e vou até o bar pegar mais bebida, dessa vez alcoólica. Dane-se o carro, a gente deixa travado e vai de taxi, amanhã a gente busca, agora eu só preciso beber. Então, ainda estando sob os constantes olhares do meu chefe arrogante e intimidante, eu decido olhar para um cara que não parava de me olhar e decido dar um voto de confiança pra ele, dando abertura para ele chegar em mim e dançar na minha frente. Eu sorrio e acho ele realmente bonito e simpático, então chego mais perto e danço em sintonia com ele, bebendo goles largos de vodka com energético e sentindo minha garganta arder. Vez ou outra eu olho para Gustavo, que agora está visivelmente irritado e eu me divirto com isso, chegando mais perto do meu parceiro de dança e pegando em sua cintura, comandando o ritmo da música e apenas desejando que Gustavo estivesse vendo tudo. Claro que eu não faria nada com o cara, não passaria de uma dança, mas eu precisava fazer Gustavo sofrer um pouco, se é que ele se importava comigo. Mas se eu só servia pra sexo, certamente ele não se importa e esse pensamento me deixa um pouco revoltado por um instante, mas logo sou interrompido de meus pensamentos filosóficos quando sou pego de surpresa com Gustavo afastando o homem de perto de mim.

- cai fora, ele tá acompanhado.

- tá?

- não, não to. - eu olho firme pra Gustavo e espero que ele dê o fora daqui agora mesmo.

- sim Arthur, você tá. - ele rebate, implacável. Seu olhar de desaprovação sobre mim é unânime e a atitude dele me deixa com um frio no estômago de felicidade por poucos segundos, mas logo eu volto a mim e fico com raiva.

- cara, vai procurar outro. Esse aqui já é meu. - o moreno entra na briga e eu me sinto uma peça de leilão, sendo disputado em plena pista de dança. Gustavo olha para o lado sorrindo sarcástico e então, em menos de um milésimo eu vejo o cara cair no chão por causa do soco que ele leva no rosto.

- Gustavo! Que droga!

- não era isso que você queria? Me deixar com ciúmes? Tá feito.

Então, antes que o pobre coitado do cara se levantasse do chão e tentasse partir pra cima de Gustavo, eu já estou no meio dos dois e a boate inteira parou para ver a confusão. Como era de se esperar, o segurança chega até nós e nos expulsa da festa, nos acompanhado até a saída e me deixando com raiva.

Por sorte, o moreno que eu nem sei o nome e que já apanhou por minha causa acaba indo pra outro lado e evita uma briga maior na calçada, parecendo ser alguém que não é muito fã de sair no soco com alguém, diferente de Gustavo, que mais parece um ogro do que qualquer ser humano normal. Gustavo está parado na minha frente, me olhando sem deixar transparecer nenhuma emoção. Eu sinto cada músculo do meu corpo ficar tenso e meu coração está palpitando fervorosamente, não sabendo o que pensar ou fazer.

- que cena ridícula, Gustavo!

- foi você quem pediu, Arthur. Você quis me provocar, me deixar com ciúmes.

- eu não queria te deixar com ciúmes! - é claro que eu queria. - eu nem sabia que você viria pra cá, do contrário eu teria escolhido ir em outro lugar pra ir. Já não basta ter que te ver todos os dias no trabalho.

Ele me encara por alguns segundos pressionando a mandíbula de modo tão intenso que ele parece querer avançar e me beijar ou me bater, ou talvez os dois. Logo depois, finalmente ele solta:

- vamos embora.

O que? Vamos? Nós dois? Qual o problema dele?

- eu não vou embora com você.

- deixa eu te levar pra casa.

- eu to com o Samuel.

- to vendo que ele tá bastante preocupado com você, lá dentro sem nem ter aparecido pra saber se você tá bem.

- pode ter certeza que ele se importa comigo mais do que qualquer pessoa no momento, já que ele não me faz ficar... Deixa pra lá. - acho melhor eu não terminar a frase, não quero parecer frágil na frente dele. E aí que eu me pergunto qual o problema dele, sabe? Uma hora ele diz que eu só fui sexo pra ele, na outra ele tá comprando briga por ciúmes meus. Gustavo é muito instável e isso me deixa sem saber o que pensar e como agir. Estamos os dois parados um de frente para o outro na calçada, até que ele se vira e vai embora, sem falar mais nada e me deixando ainda mais confuso. Então, logo depois Samuel vem atrás de mim e parece estar atônito pelo que aconteceu, enquanto eu observo Gustavo ao longe, fazendo meu coração se apertar.

- o que foi aquilo la dentro? - Samuel não consegue disfarçar a surpresa é uma certa euforia em sua voz.

- eu também não sei, amigo, eu só preciso ir embora.

__

A segunda amanhece chuvosa novamente e eu sigo até o banco decidido a acabar com toda essa confusão na minha vida. Assim que eu passo pela porta giratória, carregou o olhar curioso de Amanda por me ver chegar mais tarde e não usando minhas roupas habituais do trabalho. Entro no elevador pensando no jeito mais direto e fácil de falar com Gustavo, então eu logo vou estar me sentindo mais leve. Já havia ficado o final de semana todo pensando sobre toda a loucura que se tornou minha vida desde que eu conheci Gustavo e eu sei que enquanto eu não cortar nosso convívio por completo, vai continuar me intoxicando todos os dias e me fazendo sofrer cada dia mais. Chego em sua sala e vejo sua cara de surpresa ao me ver chegar tarde e então ele assume a tradicional postura de gerente, mascarando toda a situação tensa entre nós por trás da nossa relação de patrão e funcionário.

- bom dia Arthur, aconteceu alguma coisa?

- eu vim pedir demissão, Gustavo.

- o que? - minha frase direta o pega de surpresa, fazendo ele se remexer na cadeira e me olhar aflito.

- eu estou me demitindo. - falo calmamente, repetindo com mais força e autoridade em minha voz, mesmo que uma boa parte de mim não queira isso. Porém, ficar dia a dia, lado a lado com Gustavo e ter que sofrer em silêncio por gostar de alguém que supostamente só me queria pra ter uma companhia na cama é algo que eu não posso e nem quero aguentar.

Comentários

Há 4 comentários.

Por Luã em 2016-04-05 00:19:16
Oi gente! Tudo bom com vocês? Obrigado pelos comentários. A história tá tomando um rumo diferente em um curto espaço de tempo e isso pode parecer um tanto corrido, mas é justamente a intenção de mostrar a relação intensa e instável dos dois se desenrolando em meio a tantos conflitos. Não posso falar muito porque se não perde a graça, afinal spoilers não são nada legais kkkk. E pê, eu to bem sim, amigo! Só bastante ocupado com a faculdade, semana de provas já tá chegando e eu to quase desesperado kkkk Mas tirando isso tá tudo bem sim, é com você? Até mais, galera! Abraços ;)
Por Sirferrow em 2016-04-02 17:29:01
Que reviravolta!!!!! E eu estou simplesmente amandoo!!! Isso aí, Arthur tem que se valorizar. Quero o próximo bem rápido, por favorrr!
Por drim_ura em 2016-04-01 00:19:29
Luã meu querido, como você tá? Espero que esteja bem e saudável para continuar escrevendo esse conto ótimo! Mil beijos e pelo amor de Nossa Senhora dos Desesperados não demore muito pra postar o próximo!
Por Niss em 2016-03-31 18:42:24
Wow! Sinceramente adorei a cena que ele sambou na cara da Duda hahaha. Eu não concordo com o que o Gustavo falou pra ele, então eu neste momento apoio esse gelo que ele tá dando nele, e com essa demissão, quem sabe ele não consiga encontrar um bom emprego e que ou o Gustavo de valor ao Arthur ou esse parta pra próxima... Essa briga eu achei de última... Mas parece que o Gustavo tá vendo a dimensão da merda que ele fez... Espero pelo próximo. E pela felicidade do Arthur. Kisses, Mana Nissan Spears.