Primeiro dia de aula

Parte da série Triste amor

Andar pelos corredores da nova escola é dificil. Todos olham para mim como se eu fosse um estranho, e na verdade, eu era. Ninguem ali me conhecia. Ninguem sabia meu nome. Eu estava fugindo de uma das coisas que eu queria evitar. Eu estava sentindo sozinho. No correndo, com minha mochila nas costas, andando vagamente, meu celular toca no bolsa. Levo minha mãe até ele e quando vejo quem estaria me chamando. Era Martin, meu "padrinho de recuperação". Acontece que enquanto estava na recuperação da depressao, ele me ajudava pessoalmente, todo o dia, toda a noite, quando me sentia mal, sabia que podia contar com ele. Levo o celular até o ouvido e respondo, esquecendo de todos ao meu redor.

-Martin, oi! - exclamo de um jeito muito estranho a todos, agora ainda mai pessoas estavam me olhando. Ando na procura de um banheiro para poder conversar melhor com ele.

-Oi Lucas, como você está? Fiei sabendo. Se mudou.

-Sim, me mudei. E estou bem, obrigado pro perguntar.

-Aonde você está, cara?

-Eu vim para o Rio de Janeiro. Lembra que você me disse pra recomeçar. Então, minha mãe disse que aqui seria bom.

-Bom, estou torcendo por voce. Agora tenho que desligar, mas outro dia eu te ligo. Se cuida Lucas.

-Adeus.

Eu desligo o telefonema. Estava feliz por falar com alguém que conheci, mesmo que por telefone. Ainda andando a procura do banheiro, olho para um rapaz de cabelos negros do outro lado do corredor. O garoto que estava cercado por meninas, fitou-me vagamente. Não posso dizer que foi bom. Nos meus primeiros minutos tentando parecer hetero já estava dando moles como esse. O garoto era lindo. Ele tinha em torno minha idade e mais ou menos o meu tamanho, podia ser mais velho e maior. Não pude prestar muita atenção nele. Continuo andando até que encontro a sala do diretor da escola. Aquilo me acalmou muito. Bato três vezes na porta. Ele pede pra eu entrar.

Entrando, vejo que o diretor parecia ser muito legal. Ele nao usava uniformes de trabalho ou roupa social. Ele estava na verdade com uma camiseta polo verde e usava um relógio dourado, bastante chamativo.

- Você deve se o Lucas? -disse ele me surpreendendo. Solto um sorriso desaforado.

-Prazer diretor. Estou para saber sobre o que deveria saber ou fazer para as aulas.

- A, não se preocupe. Se está interessado em saber sua sala ou aula que fará, você só precisa esperar um pouco.

Concordo com a cabeça enquanto ele sorri para mim e se levanta. Ele anda pela sala até um armário atras dele e pega uma pasta verde grossa.

-Bom, Lucas, essa é sua pasta. Tudo seu estará anotado aqui. Notas, comportamento, participação. Os professores estão prestando atenção em tudo isso. Acredito que queria saber su horário de aula né? É este. Agora você terá aula de Gramática até o meio dia e depois terá aula de Historia.

-A matéria... está muito adiantada?- pergunto com certa duvida.

-Nada que deva se preocupar. Acredito e queira sair daqui conhecendo alguem.

Ao ouvir as palavras dele, meu coração para. O que será que ele iria faze agora?

-Vou chamar meu filho aqui. Antes das aulas começarem ele vai te mostrar a escola e vai te apresentar aos professores. Espere um pouco.

O diretor se levanta e sai da sala. Olho ele saindo. Assim que sai' suspiro alto como tivesse prendido todo o ar nos meus pulmões desde que havia entrado. Pego meu celular. Vou até as chamadas. E leio "Martin". Martin... eu iris com certeza sentir muita saudade dele. Ele foi meu amigo de verdade. Ele sempre me ajudou muito desde que fui para a recuperação. Olho em volta. A sala do diretor era bastante bonitos. Os moveis eram de madeiras maciça e bastante marrons e brilhantes. Meus olhos se perdiam em tanta beleza. Só de falar em beleza lembrei do menino do corredor. Aqueles cabelos negros eram lindos, sinto vontade de passar meus dedos por eles. Seus olhos negros e fundos me deixaram perdidos, como se eu estivesse cego, e no escuro. Sua pele branca e rosada me deixava maluco. Ele era lindo. Ele era perfeito.

O diretor entra novamente na sala. Estou sentado na cadeira como se nada tivesse passado por minha cabeça. Quando me viro, meus olhos simplesmente visualizam a figura mais perfeita de todas. O garoto do corredor estava ali parado olhando e sorrindo para mim.

-Lucas, este é meu filho, Allan. Allan, esse é o aluno novo, Lucas.

-Prazer.

Allan estava agora com a mão estendida em minha direção. Me levanto para ser gentil. Aperto sua mão. Sua mão leve e macia que parecia ser de veludo. Sorrio atentamente perdido em seus olhos.

-O prazer é todo meu-respondo sem pensar.

Allan ri.

-É melhor vocês se apressarem. As aulas vão começar logo. Allan, ele estará nas mesmas turmas que você. Apresente-o para os professores. Você também o levará para o intervalo, você mostrará a escola para ele, para que ele possa começar a se virar nela. Agora vão.

O Allan virou para mim. Ele fez um movimento com a cabeça apontando para a porta e saiu andando. Agradeço ao diretor e sigo Allan.

Ele andava como um ri. Ele era linda. Sua voz entrava em meus ouvidos e fazia com que meu estômago rangesse. Eu ria mesmo era pular nos braços dele e beija-lo, mas não ia fazer. Eu não iria sofrer bullying de novo.

Andavamos pelo corredor e me sentis protegido de perigos que nunca pensei e ter.

-Bom, nossa primeira aula é de Gramatica. A professora, o nome dela é Marina. Ela é muito chata então cuidado. Depois será hora do intervalo. No intervalo vou te mostrar a escola. Na sala você costumava sentar aonde?

-Na frente. -respondi com um tom meio desodernado.

-Ótimo. Você pode sentar do meu lado. Assim terá alguem para conversar ou pedir algo caso precise.

Andamos até a sala. Alguns alunos ja estavam lá. Ele me leva até onde eu precisaria me sentar. Agora era só esperar pela professora na sala.