Fuga não muito bem planjeda
Parte da série Triste amor
Estou correndo pelo corredor da morte. Estou fugindo de algo. Do que? Se eles descobriram eu não deveria ficar com eles? Explicar que por mesmo que eu seja assim, eu ainda sou normal? Não. Agora pode ser, mas no momento em que aconteceu, eu nao pudi ficar. Eu teria que deixar o garoto de sorriso prefeito e os outros da escola para trás. Não olhava para onde estava correndo apenas corria. Corria como se minha vida dependesse disso. E de certa forma dependia. Nao vida normal não, mas a social, sim. Ninguem iria aceitar um gay assim. Descobri isso ali mesmo. "Porque?" Pergunto a mim mesmo. "Porque no primeiro dia de aula?". As lágrimas estava descendo pelo meu rosto, elas ficavam para trás assim como os outros. Eu queria parar de correr. Queria encarar eles e falar "qual é o problema?" Mas nao conseguia.
Continuo a correr. Subo escadas. Corro pelos corredores. Passo por banheiros, bebedouros e numero incrível de pessoas. Não sabia mais aonde estava. Eu nao sabia que lugar era aquele. Só sabia que era dentro da escola por ver o símbolo dela por tudo quanto é lugar. Estava chegando a um lugar um tanto familiar. Eu havia entrado na quadra do colégio. Eu estava do outro lado dela. Olhei para o lugar de onde Allan me olhava quando estávamos ali pela primeira vez. Olho ao redor e encontro um vestiario ali perto. Corro até ele.
Lá dentro estava escuro. Havia um bebedouro ao meu lado e uma area vazia a minha frente. Tinha também uma grande area mais atras onde haviam paralelamente box's e banheiros. Ando ate uma pia próxima de mim. Lavo meu rosto. Olho me no espelho. O sol entrava pela janela so meu lado e assim era possivel ver uma grande inchaçao no meu rosto pelo reflexo do espelho. Uma pessoa entra atras de mim. Escuto o barulho dela se aproximando e corro até o banheiro. Me fecho lá dentro.
-Lucas! .gritava Allan. Ele estava me procurando. Ele repetia chamando o meu nome. -Lucas, você está ai?
Eu nao respondia. Nunca iria responder. Estava com medo. Assustado. Ele ia gritar comigo. Espero então ele sair. Assim que escuto os passos se afastarem eu sai pela porta do banheiro. Ando pelo vestiario e procuro uma saída. Eu entao penso: nao tem saída, vamos enfrentar isso" e sai pelo vestirio.
Sem sorte. Ao sair uma mão toca meu ombro. Eu sou e sempre fui medroso. Eu me assustei. Me virei gritando e cai sem querer sobre a pessoa. Era Allan. Ele ainda estava ali. Estavamos caídos no chao. Eu estava sobre seu corpo, caido. Olho para seu rosto. Ele tinha um sorriso maligno se plantando nele. Ele ia rir de novo. Antes que ele pudesse me dizer alguma coisa eu me levanto e saio pela quadra. Chegando ao meio dela eu paralizo com a voz dele:
-Você não vai fugir para sempre, você sabe né?
-Sei, mas se eu fugir agora posso encontrar coragem pra voltar.
-Porque você fugiu?
Olho increndulo a ele. Ele estava tão diferente. Tão... mais perfeito.
-Voce tem certeza que não sabe?
-Só porque você é gay. Nossa isso é ridículo.
-Não, não é. Isso não é legal. Eu me mudei de estado por causa disso. Uma vez achei que eu tinha amigos mas estava enganado. Eles mentiram para mim. Eles descobriram e logo foram falar de mim. Falaram coisas absurdas. As meninas diziam que eu tinha aids de tanto dá pra desconhecidos. Outras diziam que eu pagava pessoas para transarem comigo. Outras diziam que eu me prostituia. Os meninos, diziam de como eu dava em cima deles. De como eu os parava e pedia para chupa-los. Eu não acho isso bom. Eu fiquei em depressão. Eu passei sete meses da minha vida no centro de tratamento. Eu nao comia mais. Eu nao andava. Eu havia perdido a vontade de viver. Ninguem sabia como eu me sentia na época. Só uma pessoa me ajudou. Eu não sei mais o que fazer pra ser feliz. -Eu estava chorando. Minha cabeça explodia. Minhas pernas estavam bambas. Eu o encarava de um lado da quadra. Ele me encarava de outro.
-Não precisa ficar assim. Você é gay, e daí. Você é filho de Deus e é amado desse jeito. Eu não gostei de ter chorando lá. Eu estou confuso. Não sei se to certa mas quero estar. Eu gosto de você Lucas. Você é legal e eu quero mesmo ser seu amigo. Mas pra isso você precisa confiar em mim.
-E como eu vou saber que você não vai sair e contar a todo mundo. Como sei que vai mesmo ser meu amigo.
-Isso você precisa descobrir. -Ele estava se aproximando de mim. Meus pulmões ficaram sem ar. Minha visão falhou ao velo andando até mim com aquele sorriso safado. - Você precisa descobrir se gosta mesmo de mim. Precisa descobrir se VOCÊ é meu amigo. Eu sou eu. Eu sou seu amigo mas eu não posso ser amigo de quem não é amigo. Você precisa deixar isso escapar. Precisa deixar de ter medo do passado. Você é perfeito Lucas. Eu gosto de você. Não faça nenhuma besteira porfavor.
Ele nao para de se aproximar. Estava cada vez, tirando meu ar. Me sentia morto de amor que me levantei e perguntei : -Até quando você vai estar aqui?
-Até você me aceitar perto de você-respondeu ele me encarando. Estávamos frente a frente. Centímetros um do outro. Olho pra ele e o fito. Ele estava mais bonito que o normal. Ele estava com uma cara estranha. Como se tivesse fora de si. Como se tivesse sendo controlado. Seus olhos me causam a mesma impressão. Naquele segundo, nada mais iria acontecer. Eu nao ia mais chorar. Eu não ia mais desabar. Eu ia ficar lá.
Ele ergue o braço. Me puxa pra perto. Ele me segura com seu corpo colado ao meu. Ele puxa minha cabeça até ele e me beija. Me assusto com a reação dele. Ele não parou o beijo nem um segundo. Eu estava gostando disso. Sua língua invadiu minha boca de um jeito que me fazia perder o controle. Alguns segundos depois ele parou. Ele me olhou,. Esperava que eu dissesse algo, mas não disse. Ele queria agora se soltar. Se separar. Ele tentava se desvencilhar de mim.
-Não- falei. Ele parou, me olhou. - Eu quero ficar um pouco com você.
Ele sorriu como nunca vi antes. Ele olha pra mim e me abraça, tentando abafar toda a dor e tristeza que eu sentia.