Rebeldia
Parte da série Non autem omne id reale!
- Está errado! Não sinto nada por ele.
- Mano aceite. Não terá como fugir ou esconder isso! Você sabe que não pode.
- Como sabe?
- Por que eu tentei. Ou não se lembra?
- Não me faça lembrar que esse sentimento estupido e sem logica causou sua morte! Acha que não me lembro? Se pensa que estou apaixonado por alguém que acabei de conhecer é por que deixou que esse "amor" afetasse sua cabeça a tal ponto de imaginar coisas.
- Deveria pensar antes de falar as vezes!
- Serio? Não imaginei que ainda sentisse algo depois de tudo. Não vou ser como você que se deixou levar pela ilusão e por mentiras. Não me diga que foi amor! Você deixou que isso acontecesse e vejá o que aconteceu. VOCÊ MORREU! E POR QUE? POR AMOR? NÃO, VOCÊ MORREU POR ILUSÃO.
- Não sabe o que está dizendo.
- Filho!- Minha mãe bate a porta.- Você está bem?
- Estou bem mãe!- Falo sentado na cama olhando a porta. Francys sumiu de novo. Idiota.- Só estou cansado.
- Com que estava falando? Escutei você gritar!
- Estava falando com um amigo pelo celular. Não é nada.- Percebi que ela tentava abrir a porta.
- Por que a porta está trancada? Quem está no quarto Francisco?
- Eu estou sozinho. Não posso? Me deixa dormir! Droga.
- Filho não é assim que se fala com sua mãe!Abre a porta, agora!- Agora meu pai com sermão. O que preciso fazer pra conseguir ficar sozinho?- Abre a porta ou fica sem ela.- Me levantei a força e destravei a porcaria da porta, voltei para a cama e me deitei cobrindo o rosto.
- Filho estamos preocupados com você. Não conversa mais conosco e fica falando sozinho no quarto.
- Mãe... Para. Essa melancolia não funciona comigo ta legal. Só estou cansado e quero dormir. Posso?
- Por que está assim? Você não costuma ser arrogante com a gente. Tem matado aulas, ignora as consultas com a psicologa, sai pra beber com seus amigos todas as noites. Por que esse comportamento filho? Sou seu pai e estou preocupado assim como sua mãe.
- Só me deixem dormir.- Continuei deitado até que eles fechassem a porta. Tiro o lençol da cabeça e fico olhando o teto. - Não estou apaixonado. Isso é ridículo.- Vou até a janela e ascendo um cigarro, coloco os fones pra escutar musica. A brisa da noite me deixa mais relaxado e calmo. Até que meu celular toca.
- E ai garoto fazendo o que?
- Curtindo um pouco de musica. Qual a boa pra hoje?
- To indo me encontrar com uns amigos na praça e pensei que queria ir já que é perto da sua casa. Olha pra baixo!- Lá estava ele sentado na causada vizinha.- Então vai curtir ou ficar nessa depre?
- Depre?
- Tu não engana nem o papa muleke. Anda logo que hoje é dia de zoar.
- Beleza cara. Me dá um minuto.- Dormir? Dane-se o cansaço. A vida é curta de mais pra isso. coloquei uma roupa básica e sai de fininho pelos corredores da casa. por sorte meus pais estavam no quarto deles, não foi difícil sair.- Marcos! Vamos sair daqui antes que eles percebam que sai.
- Ha muleke. Ainda vai me ensinar a sair assim. Sempre tem uma discussão antes de eu sair a noite. Não aguento mais meus pais.
- Espere eles acharem que esta dormindo e saia em silencio. quando forem ver se está tudo bem ligam pra primeira pessoa que tiver na cabeça. por isso deixei o celular desligado em casa.
- Não consigo cara. Meu pai tirou a porta do quarto semana passada. A Jeovana teve que sair pela janela. Por isso ela não ta falando comigo.- Altas risadas.
- Cara tu é louco. Agora sei por que ela fica te fuzilando no intervalo. Vamos curtir com quem hoje?- Já dava pra ver a praça e não havia ninguém lá.
- Sobre isso...- Ele é interrompido por alguém que aparece feito fumaça atras de nós o jogando ao chão.
- Vai pra casa agora! Não deveria estar aqui.
- Francys o que está fazendo aqui? Por que fez isso?
- Achei que não iria aparecer?- Marcos se levanta a nossa frente com um sorriso meio sinistro de satisfação.- Já estava pensando no plano "B".
- Você não sabe no que está se metendo. Deixe-o em paz ou...
- Ou o que? Vai me matar? Isso aqui não é pra você. Me deixe fazer o que vim fazer e tudo acaba.
- Do que você está falando? Que porra tá rolando aqui? Francys, mano o ...
- Não é hora pra perguntas. Vai pra casa Nossa mãe já sabe que você saiu e ligou pra policia.
- O que? Ela...
- Que lindo. Um protegendo o outro. Amor de irmão chega a ser comovente!
- Engraçado pensei que não conhecesse tal palavra ainda mais seu significado.- Francys parecia concentrado em Marcos e não me olhava diretamente. Com o braça a minha frente tentava me impedir de seguir adiante.- Vai logo pra casa. depois te explico. E não olha pra traz.
- Não adianta. Só está adiando o inevitável. Sabe o que vai acontecer. Eles não conseguiram.
- Se tem tanta certeza por que está aqui? Por que quer impedir que tentem?- Eu estava ficando confuso a cada palavra.
- Você já o avisou e isso não poderia ter acontecido. Sabe que deve ocorrer sem interrupções e ao meu ver você já se intrometeu de mais.
- Dá pra me explicar o que ta rolando? Não sou surdo.- Um carro apareceu no final da rua e parecia ser a policia. O farol parecia mais forte que o normal e num piscar de olhos Marcos havia sumido. Francys no entanto ainda estava serio até a viatura se aproximar mais e sumiu. Um dos policiais veio até mim perguntando o que eu fazia ali tão tarde. Não respondi. O outro pareceu me conhecer e ao se aproximar teve certeza de quem eu era. Me colocaram no carro e tão logo cheguei em casa como passei por meus pais e fui direto para meu quarto. Após alguns minutos vi a viatura se afastar e meus pais entraram no quarto. Não dei bola para o que falavam, minha mente estava em outro lugar. A conversa de Francys e Marcos não sai de minha cabeça.
- Mais que droga você estava fazendo perto daquela praça ha essa hora?- Meu pai me balançou apertando meus braços, o que me fez escutar o que diziam.- RESPONDE FRANCISCO O QUE FAZIA LÁ?- Em seu olhar havia preocupação, raiva, lamentação e lagrimas. Sua voz denuncia o choro controlado.
- Ia me encontrar com um amigo que me ligou antes de eu sair. Não foi nada de mais. Não teriam me deixado sair se pedisse.
- É claro que não. Já é mais de meia noite e você tem aula amanhã. Ficar fugindo assim não nos faz confiar em você filho.- Minha mãe me abraça chorando.
- Me dá seu celular!- Disse meu pai olhando para mim com expressão séria. Não dificultei. peguei o aparelho embaixo do colchão e entreguei.- Vai ficar sem celular por uma semana. E não me faça tirar seu computador também.- Enfim saíram e meu pai retirou a chave da porta.- Não terá privacidade. Amanhã quero que de a senha do seu celular para sua mãe.- Não demostrei expressão.
Fui para o banheiro e deixei que a água gelada escorresse por meu corpo enquanto aquelas palavras ecoavam em minha mente "... Não adianta. Só está adiando o inevitável. Sabe o que vai acontecer. Eles não conseguiram..."
- Ele só pode estar brincando com minha cara. Primeiro me diz que estou apaixonado por alguém que acabei de conhecer depois aparece o Marcos e ele me impede de ter uma noite divertida. O que eles falavam? Melhor eu ir dormir...- Sai do banho e coloquei uma roupa leve e já que não tinha celular que escutem meu computador. Nada melhor pra dormir depois disso que Sr. Manson
"Doces sonhos são feitos disto
Quem sou eu pra discordar?
Viajando o mundo e os sete mares
Todo mundo está a procura de algo
Alguns deles querem te usar
Alguns deles querem ser usados por você
Alguns deles querem abusar de você
Alguns deles querem ser abusados
Doces sonhos são feitos disto
Quem sou eu pra discordar?
Viajando o mundo e os sete mares
Todo mundo está a procura de algo..."