Traição - 1x13
Parte da série Os altos e baixos de um adolescente.
---Jason---
Fiquei surpreso ao abrir a porta, eu vi o garoto que me ajudou durante a manhã, mas não foi ele que chamou atenção, foi um garoto que lindo que tinha acabado de esbarrar com ele. O que mais chamou atenção foram os seus olhos, eles eram verdes e serenos. O cabelo dele era espetado e castanho avermelhado, nariz delicado que era justo ao corpo.
Fiquei levemente corado e, por impulso, ofereci minha mão para ajuda-lo. Ele soltou o sorriso mais lindo que eu já tinha visto e tudo ficou mais iluminado, ao menos para mim. Foi só por um segundo, mas senti um choque percorrer minha espinha. Ainda bem que os garotos começaram a conversar, caso contrário, eles teriam visto meu rosto imitando um pimentão.
Eu não entendi muita coisa, mas pude entender que o nome do galã dos olhos verdes era Paulo e o mais ruivo, Neto. Ente último pediu para conversarmos sozinhos, eu cedi sem demoras. Paulo se afastou um pouco e eu me voltei para o garoto.
Ele falava muito rápido, eu nem prestei atenção, tive a impressão de ouvir um barulho, mesmo que pequeno, de uma câmera.
No final das contas, a única coisa que tinha entendido era: “Desculpe-me”, “Sair hoje” e “Me redimir”. Vi que Neto estava à espera de uma resposta, eu assenti, mesmo sem entender. Ele agradeceu e pediu meu número, ele me ligaria para confirmar os detalhes.
Ele foi ao encontro do primo e os dois acenaram e seguiram seu caminho, não pude deixar de perceber que a bunda de Paulo era bem redondinha.
“Se toca, você tem namorado” – eu tentei afastar o Paulo da minha mente. Eu gostaria muito de negar que rolou um clima entre a gente. Eu queria acreditar que tinha um namorado de que realmente gostava, mas estava começando a acreditar que só sentia aquele “desejo” por Victor, mais nada.
Entrei de volta na casa e subi as escadas sem esperar que a Júlia viesse me chamar novamente. Mal me deitei na cama e comecei a sentir meus olhos pesarem, eles se fecharam e minha respiração começou a ficar mais lenta.
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Abri os olhos e estava no campo florido que senhora da primeira vez. Era estranho, as flores estavam mais vivas e eu podia ver os sapos desta vez. O engraçado era que Arthur estava ali, um pouco distante.
Me aproximei dele e toquei seu ombro levemente, ele se virou. Pude vê-lo sorrir novamente e, de alguma forma, sabia que era para mim.
Eu fiquei calado, não sabia o que pensar, mas resolvi aproveitar o momento. Eu não sabia se o sentimento valia ou não, mas resolvi fazer aquilo de qualquer jeito.
Eu inclinei a minha cabeça e nossas bocas se encontraram, eu o beijei com muita vontade, ele não resistiu nem por um segundo, pousou os braços sobre a minha cintura e retribuía cada beijo que eu dava. Eu respirava bem ofegante, mas não senti o mesmo que na primeira vez. Eu me afastei dele e vi que sal expressão era confusa, como se esperasse que algo acontecesse.
Eu não sabia explicar, mas tinha certeza que comecei a me desprender dele a partir dali. Sei que o beijo não foi real, mas com certeza foi o último e, também, minha despedida do nosso amor.
Fui me afastando dele e, aos poucos, o sonho ia se desfazendo.
Acordei meio assustado com o toque do celular. Peguei o aparelho e vi que era um número desconhecido. Atendi na hora e pude ouvir a voz de Neto.
• Iaê!
• Oi!
• Eu queria saber onde vamos nos encontrar... – ele disse
Pensei um pouco, eu nem conhecia muitos lugar, mas sabia de um que seria ideal.
• No May’s em frente à escola de seis e meia, pode ser?
• Claro! E a propósito, eu posso levar meu primo também?
Meu coração bateu forte. Eu iria me reencontrar com Paulo, mal podia esperar para vê-lo de novo.
• Sem problemas – eu disse tentando soar indiferente
• Até lá, falow! – ele disse e desligou em seguida
Meus olhos brilharam, eu tinha que me produzir todo para o Paulo. Eu já ia pensando em todos os detalhes, mas o celular tocou de novo. Estava tão animado que nem vi quem era.
• Aaaaaaaaalô – falei sem esconder a felicidade
• Nossa! Que animação é essa? – disse Victor
Foi aí que a ficha caiu. Droga, droga, droga! Eu já tinha alguma coisa com Victor e com certeza ele esperava mais depois do que eu disse, eu fiquei sem saber o que dizer.
• Você está aí? – ele disse ao perceber minha demora
• Sim, sim! Pode falar
• O que acha de sairmos hoje?
Eu comecei a suar, não queria mentir, mas também não queria falar a verdade.
• Eu já tenho compromisso
• Vai fazer o que?! – ele perguntou com certa alteração
• Sair com uns amigos
Não era mentira, mas também não era totalmente verdade.
• Logo hoje? Não pode ser outro dia? – ele cismou
Eu fiquei assustado na hora, não sabia que veria Paulo novamente, então disse o que me veio primeiro à cabeça.
• Você também pode vir
Eu xinguei a mim mesmo em silêncio.
• Vai ser ótimo, depois manda uma mensagem, ok?
• Tudo bem! – tentei soar animado
Desliguei o celular com certa violência. Eu ia terminar com ele no dia seguinte, já estava decidido.
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Eu já estava pronto, mas o meu cabelo insistia em continuar rebelde, desisti de tentar arrumá-lo.
A campainha tocou e voei até a porta para atender. Abrir a porta e me decepcionei, era Victor.
• Oi, amor – ele disse
Ele veio e tentou me beijar, mas eu o empurrei com um pouco de força.
• Aqui não! – tentei amenizar
Ele deu um sorriso fraco e eu fechei a porta. Andamos em silêncio até o May’s. Ele até tentou falar, mas eu cortava logo. Sei que estava sendo duro, mas eu não conseguia fingir que sentia algo por ele.
Finalmente chegamos e eu olhei cada mesa à procura de Paulo, já estava começando a ficar desesperado em ficar sozinho com Victor, no entanto, logo avistei os meninos próximo ao canto da parede. Suspirei baixinho.
Me apressei e sentei ao lado de Paulo. Ele ficou olhando para mim, mas mudou a expressão ao ver Victor sentando na minha frente. Os dois olhavam para ele como se esperassem uma explicação, eu me apressei.
• Este é Victor, meu amigo – disse nervoso
• Oi – Victor disse com um sorrisinho
Eles se apresentaram e, após isso, todos ficaram em silêncio. Eu já começava a ficar nervoso de novo. Quando meu lanche chegou, puxei um sachê de ketchup e tentei, sem sucesso, abri-lo. Derramei por toda a minha calça.
• Droga! – eu disse me levantando
• Eita! – Neto se assustou
• Rápido! Se você lavar, acho que não ficará marcado – Paulo sugeriu
Era só o que faltava. A noite estava em queda.
Entrei no banheiro e comecei a limpar, me sujei um pouco, no entanto, consegui tirar as manchas. Já estava saindo do banheiro quando, de repente, Paulo entra.
Eu paro os passos e olho para ele. Não demorou para que nossos olhos se encontrassem e eu sentisse um choque na minha espinha. Eu ia me perdendo naquele verde profundo, mas acordei logo.
• Eu consegui tirar... – ele me calou com um beijo
Ele me empurrou na parede e começou a colocar a língua dentro da minha boca. Eu fiquei surpreso, minhas bochechas ficaram rosadas imediatamente, não fechei os olhos, queria saber que aquilo realmente estava acontecido. Ele segurou na minha nuca e pressionou o corpo dele contra o meu, eu senti o volume aumentando em sua calça.
• Eu estava com vontade de fazer isso desde a primeira vez que te vi – ele disse me fazendo voltar à realidade
• E...eu...tam....também! – falei gaguejando envergonhado
Ele sorriu e começou a beijar o meu pescoço, às vezes dando pequenas mordidas que faziam meus pelos ficarem arrepiados.
Ele parou por um segundo e trancou a porta.
Ele se voltou para mim com um sorriso malicioso, eu até pensei em parar antes que me desse mal, mas não parei, apenas voltei a beijá-lo e nós já nos dirigíamos para um box.
Continua...