Momentos 2.0 - 1x10

Parte da série Os altos e baixos de um adolescente.

• Aaaaw...Não gosto dessa parte – disse Paulo escondendo a raiva

• Não, Teeeermina! Você disse que ia contar – Diego diz em seguida

“Bem feito” - pensei. Paulo que tocou no assunto, agora teria que contar tudo para Diego, eu sabia que ele ia acabar se arrependendo. Embora quisesse vê-lo naquela situação, era desconfortável lembrar daquelas coisas do passado.

• Isso é injusto, não se conta uma história pela metade! E você parou logo em uma parte emocionante – chorou Diego

• Acho que o Paulo tem razão, a história é muito longa – falei logo – melhor deixar para outro dia – completei

• Eu conheço o seu “outro dia”! Quero saber agora – protestou Diego

Paulo me encarou com um olhar que dizia “Faz isso por mim”. Aquelas olhos verdes eram tão fofinhos, tão brilhantes quanto no dia que eu o conheci, não consegui resistir ao pedido.

• Tudo bem! Eu falo – disse rindo

• Aw... Já que você quer... – disse Paulo sem conter o sorriso

Ele se levantou da cadeira onde estava e sentou ao meu lado no sofá. Me deu um beijinho na bochecha e pousou a cabeça nas minhas coxas, não sei o porquê, mas ele adorava fazer aquilo.

Afaguei os cabelos dele com cuidado e evitei olhar para o seu rosto, não queria beijá-lo, caso contrário, não pararia mais.

Infelizmente ele sabia mexer comigo. Olhou para mim e moveu os lábios como se dissesse “eu te amo”. Nem respondi, mas notei que fiquei um pouco vermelho.

• Vai logo, Jay! Estou ansioso – disse Diego impaciente

Aquilo me trouxe de volta a realidade.

• Onde parou mesmo? – perguntei para disfarçar

• Você estava no quarto com Victor...

• Sim, sim. Agora eu lembrei

Suspirei e continuei a contar a história.

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Eu estava super excitado, via apenas a cueca de Victor e nada mais. Ele me tinha olhar muito malicioso no rosto.

Quase não ouvi o som da porta, mas levei um grande susto ao ouviu passos na escada. Comecei a suar frio e pensar em um meio de explicar a situação.

Passou tanta coisa pela minha cabeça, no entanto, nada útil veio ao meu encontro. As minhas pernas perderam o controle quando a maçaneta começou a girar.

• PUTA QUE PARIU! O QUE ESTÁ.... – disse meu irmão olhando para Victor

• Eu..é...Não... – a boca de Victor tremia

Ele apontou o dedo para Victor e disse:

• CALADO! FALO COM VOCÊ DEPOIS

Fiquei paralisado. Jackson me olhou da cabeça aos pés em tom de reprovação. Eu estava ferrado e totalmente envergonhado.

Ele me puxou para fora do quarto e fechou a porta. Ficou me encarando por alguns segundos sem dizer nada, apenas me fuzilava com o olhar.

• Pode me dizer o que significa isso? – disse ele mais calmo

• Eu não sei o que dizer, eu...eu...não estava pensando... – eu disse me perdendo entre as palavras

Ele bateu a mão na mesa que estava ao lado e voltou a gritar.

• VOCÊ É IDIOTA? SABE O QUE ACONTECERIA SE FOSSE A JÚLIA OU O PAI? ! – disse ele vermelho

As palavras me atingiram com força, só consegui perceber a gravidade da situação depois que ele disse aquilo. Fiquei mais envergonhado ainda. Já era ruim ser pego em situação dessas por alguém, pior quando é sua família quem flagra.

• NÃO TEM NADA A DIZER? – disse ele impaciente

• Me desculpe! Eu juro que não farei mais isso! – disse logo

Ele continuou a me encarar, devia estar decidindo se eu realmente merecia sua confiança.

• Não conta para o pai, por favor! – eu disse sem pensar

Ele simplesmente me ignorou e abriu a porta. Fez sinal com a cabeça para que eu não entrasse e fechou a porta. Fiquei de boca aberta, estava com medo só em pensar no que ele faria. Meu irmão é muito instável.

Olhei para baixo e percebi que estava apenas com minha velha cueca box, lembrei de súbito que as roupas ainda estavam na sala.

Desci rápido para recolher tudo antes que mais alguém chegasse e começasse mais um escândalo. Depois de recolher tudo, voltei a porta do meu quarto e montei barraca esperando que que os dois saíssem.

Ouvi gritos abafados e, talvez, o barulho de algo quebrando. Estava assustado, mas não entrei. A expressão do meu irmão sempre voltava a minha mente quando colocava a mão sobre a maçaneta.

Depois de ter roído todas as minhas unhas e esperando um certo tempo, eles saíram do quarto.

Victor saiu com uma marca feia e roxa no rosto, mas exibia um sorriso de satisfação. Ele mandou um beijo para mim assim que Jack olhou para mim. Meu irmão suspirou e meu puxou novamente para outro lugar.

• Olha, eu falei com ele e parece que ele quer algo sério – disse ele sem mudar sua expressão

Olhei um pouco desconfiado para ele.

• E.... ?

• E eu vou ajuda-los, pois você é meu irmãozinho – falou ele exibindo um sorriso no canto da boca

Sorri também e o abracei. Eu estava feliz por ele me apoiar, ainda não estava certo sobre Victor.

Subi as escadas animado e meus olhos logo encontraram os de Victor. Ele veio em minha direção e meu deu um abraço profundo e sincero. Apoiei meu peso sobre os seus braços e deixei que ele me segurasse, não demorou muito até ele procurar pelos meus lábios.

Ele me deu um beijo molhado e animador. Senti sua respiração no meu rosto, ainda dava para sentir o cheiro de sexo que pairava no ar. Sua língua começou a abrir espaço na minha e boca e se enrolar com a minha. Eu nem me importei com a possibilidade de meu irmão estar olhando.

Infelizmente eu não poderia ficar assim para sempre, meu irmão não poderia me encobrir sempre. Me separei dele e ele me olhou com uma tristeza nos olhos.

Eu sou muito fraco com sentimentos, levei minha boca ou ouvido dele sem pensar e disse:

• Hoje não deu, mas te recompenso amanhã – eu disse em sussurro

Sua expressão mudou em frações de segundos, sua boca exibia um sorriso enorme que parecia querer sair do seu rosto.

Ele vestiu suas roupas e eu o levei até a porta.

• Até amanhã

• Até amanhã, amor – disse ele

“Amor? Tão rápido?” – pensei nervoso.

Não pude correspondê-lo, apenas fechei a porta esperando que ele não tivesse ficado triste.

Corri para o meu quarto e vi, logo de cara, me espelho quebrado. A conversa tinha sido meio intensa. Praguejei por um tempo e limpei a bagunça, coloquei em lugar fundo no guarda-roupa para ninguém achá-lo por enquanto.

Mal me deitei na cama e meu celular toca. Já imaginei quem era e atendi sem olhar para a tela.

• Fala, vaca

• Eu queria falar com você! Por que saiu tão rápido? – perguntou Amanda ignorando meu comentário

• Eu não queria conversar

• Mas nos PRECISAMOS conversar

• Contanto que você não esteja com a língua na boca do Lucas – falei sem pensar

• O que...O que? – perguntou ela engasgando

• Eu vi vocês hoje quase se comendo na laranjeira

Ouvi ela reclamar no outro lado.

• Não é o que você está pensando... – disse ela

• E eu deveria pensar o que? Já está bem claro – falei sem esconder a raiva

Ela não disse nada, então eu continuei.

• Logo com ele? Você sabe muito bem o que ele fez comigo e ainda teve coragem de ficar com ele?

• Ele não é do jeito que você pensa, ele... – ela tentou dizer

• ELE É APENAS UM MALUCO QUE TENTOU ME ESPANCAR – disse já sem paciência

• QUEM É VOCÊ PARA ME JULGAR? EU JÁ SEI QUE VOCÊ TENTOU AGARRAR O ARTHUR – ela rebateu com força

Aquilo foi uma alfinetada bem no peito. Fiquei sem palavras para me defender, ela atingiu o alvo direitinho.

• ISSO NÃO MUDA EM NADA O FATO QUE VOCÊ ESTÁ COM A PESSOA QUE MAIS ME ODEIA NO MUNDO – tentei não parecer abalado

• EU NÃO TENHO CULPA! NÃO ESCOLHEMOS A PESSOA QUE GOSTAMOS. VOCÊ SABE BEM DISSO

Não adiantava nada tentar conversar com ela daquele jeito, então eu disse calmamente:

• Olha, vamos falar disso amanhã, ok? Não adiante gritar e gritar sem chegar a uma solução – falei tentando manter a calma

Ela demorou um pouco, mas disse “Tudo bem” e desligou em seguida.

Fiquei pensando nas palavras que diria para ela amanhã, eu não queria mais brigar com ela. Resolvi não pensar nisso.

Ouvi a voz alta da Júlia na sala e logo desci para ver o que acontecia.

Ela estava segurando uma roupa rosa de ursinho nas mãos, seus olhos brilhavam ao passar pelas pequenas partes da roupa. Na parte de trás estava bordado o nome “Júlia Júnia”.

Fiquei um pouco espantado com a situação e tentei imaginar a garotinha com aquele pequeno moletom. É, era uma cena horrível.

• Você vai chamar a garota de Júlia? Coitada! – disse em tom de deboche

• Jason, xau – disse ela ao me ver

A menina que estava dentro do cesto já pedia por socorro. Fiquei com pena dela, a minha irmã gostava muito de coisas fofinhas, principalmente ursinhos de pelúcia.

• Cadê o pai? – perguntei ao notar usa ausência

• Está lá tirando o resto das roupas que pedi – disse Júlia sorrindo

Outro coitado. Meu pai agora era capacho daquela louca. Não pude conter o sorriso.

Ela andou em direção a uma bolsa e tirou alguns novelos de lã de várias cores, parou e olhou para mim e soltou uma gargalhada que encheu a casa.

• Hora de tricotar – disse ela

Eu até pensei em fugir, no entanto, ela me prendeu. Quando meu pai entrou, ele foi “escravizado” também. É, ia ser uma longa tarde de tricô. Sentei no chão e tentei em vão começar algumas peças. Júlia fazia aquilo com naturalidade, eu não sabia quando ela aprendeu a fazer aquilo.

Às vezes aparecia uma mensagem de Victor no celular com corações e sorrisos. Ele devia ter pegado meu número com Amanda, isso me fez pensar em como eles deviam ter se conhecido. Eu respondia quando minha irmã se distraia, quanto mais eu respondia, mais ele mandava.

Já ia desistir, mas ouvi o som da campainha.

Me dirigi até a porta e tive uma pequena surpresa.

Continua...

Comentários

Há 3 comentários.

Por fozzi em 2013-09-04 15:02:51
por que vc fica deixando a gente curioso seu contos são muito bom...mais posta logo a continuação
Por Kaka em 2013-09-01 04:52:13
Posta logo a continuação!!! ^^
Por Jason_ em 2013-08-31 03:45:21
Não demore a publicar por favor, quero saber logo quem a tal pessoa na porta... bjs :-*