Impressões - 1x12
Parte da série Os altos e baixos de um adolescente.
~~~~~~Para aqueles que não entenderam, Jason e Paulo narram a história de como se conheceram para Diego(melhor amigo de Jason, eu chego lá). A partir de agora os contos serão divididos entre PAULO e JASON.~~~~~~
---Paulo---
Essa mudança seria um saco. Além de ter que aturar meus pais falando das coisas que eu poderia fazer em uma cidade mais tranquila, eu ainda tinha que lidar com meu primo machista que, sem dúvidas, faria de tudo para me “mudar”.
Foram quase quatro horas de uma incansável viagem até a cidade do meu tio, o lugar era horrível, muito parado e as amigas com certeza não apareceriam por ali. Passei por uma rua grande que tinha uma árvore grande e velha, devia ser um pinheiro. Mais a frente tinha um restaurante chamado May’s ou algo do tipo, mas parecia ser um lugar agradável.
O carro deu mais algumas voltas e chego ao destino. A casa do meu tio não era extravagante, era bem simples.
O carro parou e minha mãe olhou para mim exibindo um sorriso enorme (e falso). Não pude deixar de desejar o mal para ela naquele instante.
• Chegamos a nossa nova casa – disse ela
• Você vai gostar muito daqui, eu me divertia muito aqui quando era criança! – meu pai ajudou
Eu ignorei os dois. Aquilo só fazia parte do planinho deles para vingarem-se de mim, já começava a duvidar se eles realmente me amavam.
A porta da casa do meu tio abriu e ele saiu. Ele era um homem velho com 50 e poucos anos, além de ter uma barriga farta e a cabeça cheia de fios grisalhos, mas parecia ser alguém simpático.
• Demoraram! Pensei que não vinham mais – disse ele ao nos ver
• Irmão – falou meu pai
Meu pai o abraçou e logo introduziu a mim e a minha mãe em uma rápida apresentação.
• Daniela, há quanto tempo! – ele falou ao abraçar minha mãe – E como vai meu sobrinho preferido? – ele disse colocando a mão na minha cabeça
Eu soltei um sorriso fraco, eu era o único sobrinho dele.
• Venham, entrem – ele disse convidando-nos
Eu demorei um pouco para entrar, fiquei observando o local a procura de um refúgio para escapar dos meus pais. Infelizmente não tive sucesso.
• Paulo, você não vem? – meu tio perguntou visivelmente preocupado
• Dê tempo a ele, Elias – disse minha mãe – Que tal você conhecer seu primo? Vocês nunca se viram – ela disse voltando-se para mim
Eu demorei muito para responder isso, mas acabei concordando, era melhor que ficar aturando aqueles três, e eu ainda poderia ligar para a Vanessa e a Carol.
• Tudo bem, onde ele está? – perguntei sem ânimo
Meu tio coçou a cabeça em um gesto para se lembrar e disse:
• Foi visitar um amigo, ele está a uns dois quarteirões daqui – ele falou apontando para frente
Eu agradeci e sai de lá sem perder tempo.
Logo depois de virar a esquina, peguei o celular e disquei o número da Vanessa.
• Alô, bê – falou ela depois de três chamadas
• Vanessa! Queria falar contigo
• Eu também! Por que não veio para a escola hoje?
• Pera, deixa eu colocar a Carol na linha também
Não demorou muito e a Carol já estava dando mais detalhes para nós de como tinha sido seu encontro.
Eu a cortei logo e contei o que havia acontecido comigo.
• Ai, bê! Tô pasma! – disse Carol
• Perai, quer dizer que não vamos mais nos ver? – perguntou Vanessa
• Claro que vamos, eu irei visitá-las assim que puder e ligarei sempre que possível . Carol disse:
• Não diz isso! Eu quero você aqui! Como vamos fofocar sem você?
Eu não respondi, já estava com vontade de chorar de novo. Tudo aquilo que eu fazia antes ia fazer muita falta, seriam, talvez, amigos novos e uma escola totalmente diferente. Seriam muitos rostos estranhos.
Eu ainda pensei em dizer alguma coisa, mas eu vi um garoto que só podia ser meu primo. Aparentava ter 15 anos como eu e tinha o cabelo ruivinho.
• Eu tenho que desligar agora, se não meu primo me denuncia – eu disse segurando as lágrimas – Xau, até a próxima – falei e desliguei logo em seguida
Eu não sabia muito sobre ele, apenas que tínhamos a mesma idade e que ele jogava em um time de futebol, só. Limpei as lágrimas e andei em sua direção.
Ele estava de pé esperando em uma porta, apressei o passo para encontrá-lo antes da porta abrir.
Eu já estava a centímetros dele, minha mão quase alcançava seu ombro. Eu quase consegui tirar ele de lá, mas a porta abriu antes e saiu um garoto lindo de lá. Ele tinha olhos bem profundos e um cabelo castanho muito bonito, ele devia ter, no máximo, 1,80 de altura.
Eu fitei o garoto e não percebi que continuava correndo, foi nesse meio tempo que acabei esbarrando com o Neto, meu primo.
Nós dois caímos, ele gritou de dor.
• Aii – disse ele
Eu fiquei um pouco zonzo, mas pude perceber que o menino da porta estava oferecendo a mão para me ajudar. Eu a segurei e senti um leve arrepio pelo meu corpo.
• Tudo bem? – ele disse
• Tu..tu..tudo – gaguejei e não pude evitar a vergonha
Ele olhou para mim com olhos acolhedores, eu senti um certo clima no ar, acho que eu estava babando.
• Qual é a sua, cara? – Neto disse já na minha direção
• Não, não! Meu nome é Paulo, sou seu primo – eu tentei protestar
Ele parou por um segundo e baixou os braços, eu suspirei aliviado.
• Eu peço desculpas por... por isso – eu disse meio envergonhado
Ele me encarou em dúvida, mas disse:
• Tudo bem! Meu pai disse que vocês vinham, eu não sabia que tinham chegado – Neto disse estendendo a mão
Eu apertei sua mão firmemente e percebi que o garoto estava nos observado confuso.
• Aw, desculpe-me – falou neto – Jason, este é meu primo, Paulo – ele disse apontando para mim
O tal Jason ofereceu um aperto de mão e eu cedi sem pensar, senti um leve choque novamente.
• É...Eu ainda não sei o que vocês estão fazendo aqui – Jason disse
• Eu vim falar com você sobre o que aconteceu na escola... – disse Neto com um ar sério
Ele fez sinal com a cabeça para que eu me afastasse. Eu fui em direção a uma árvore que estava ali perto para me proteger do sol.
Eu os observei e não parei de olhar para a boca de Jason, os movimentos dela paralisaram meus olhos. Houve um momento em que resolvi tirar uma foto dele, peguei o celular e tirei uma linda fotografia em que os olhos dele estavam brilhando. Ele percebeu isso e olhou em minha direção, mas eu fingi olhando para a tela do celular e comecei a mexer no meu cabelo com se estivesse vendo o meu reflexo. Ele apenas deu de ombros e voltou a sua conversa.
Ele era tão bonito, fazia com que os caras que eu já tinha ficado fossem nada. Não pude negar que senti um desejo enorme de tirar suas roupas ali mesmo. Eu até teria dado em cima dele se meu primo não estivesse ali.
Depois de algum tempo, Neto deu tchau para o garoto e este acenou para mim. Fiquei meio corado e devolvi o gesto. Jason deu sorriso lindo que deixou minhas pernas bambas e fechou a porta.
• Você viu um fantasma? – perguntou Neto estalando os dedos na minha cara
• Mais ou menos... – respondi com um sorrisinho – Do que falavam? Era algo sério? – eu perguntei
• Digamos que eu não fui “bonzinho” com ele e pensei em fazer as pazes – Neto respondeu – Vamos sair hoje à noite! Quer vir?
Não pensei duas vezes.
• Sim – respondei com uma alegria enorme dentro de mim
• É, mas correm uns boatos de que ele é gay. Eu não pensaria em ficar tão amigo dele! Vai que pega... – Neto disse meio atordoado
Eu estava estourando de alegria depois dessa, mas tentei fingir indiferença para não dar bandeira. Todos sabiam de mim na outra cidade, mas eu não queria chegar em outro lugar dando uma má impressão, além de ter que esconder do meu primo homofóbico.
• Vamos voltar, os velhos já devem estar preocupados – disse Neto
Eu assenti e nós voltamos calados. Dentro da minha cabeça eu pensava em como me vestir, eu tinha que comprar uma roupa de qualquer forma, queria impressionar Jason naquela noite.
Tive medo de ter dado muita bola pro cara, mas a minha só pensava “Jason, Jason, Jason”.
Eu ia ficar com ele naquela noite de qualquer jeito.
Continua...
~~~~Amo quando vocês comentam! :D~~~~