Hormônios a flor da pele - 1x09

Parte da série Os altos e baixos de um adolescente.

Ficou parado enquanto olhava. A cena era muito chocante para que pudesse pensar em fazer ou dizer alguma coisa. Sentiu um pequeno tremor em sua panturrilha esquerda e acordou de novo.

Jason ainda estava surpreso com a cena. Lucas apalpava os seios de Amanda e esta correspondia com beijos mais quentes e demorados, eles não tinham percebido a presença de mais alguém ali.

Jason saiu daquele lugar bem rápido e com passadas leves, ele não queria chamar a atenção do casal.

Andou com a cabeça baixa e a sua mente mergulhava em turbilhão de pensamentos. Queria saber quando Amanda começara a sair com Lucas, será que já estavam juntos quando Jason virou amigo dela?

Estava ficando perdido em tantos pensamentos, mas não ficou assim por muito tempo, ele foi interrompido por uma bolada na cara.

Caiu no chão e pôs a mão no rosto com cuidado, a bola acertou o mesmo lugar em que Arthur havia lhe dado o soco. Doía, mas a lembrança era ainda mais dolorosa. Não ficou muito irritado, era comum acontecer aquilo quando ficava a sós com outros da escola.

Jason ouviu algumas risadinhas no ar, levantou-se e viu três garotos da sua sala entrando pelo portão. Dois estavam olhando para Jason e rindo, enquanto o outro exibia certa preocupação no olhar. Este último andou em direção até a bola e a pegou, mas não voltou antes de olhar para Jason e lançar um olhar de “sinto muito”.

Eles nem se conheciam, mas Jason ficou grato e sentiu sinceridade no gesto do garoto. Ele balançou a cabeça positivamente para o garoto e andou em direção a porta da escola que já estava aberta.

Chegou à sua sala e deixou a mochila lá enquanto ia ao banheiro.

O banheiro estava sempre limpo e com um cheiro doce no começo do dia, mas os alunos faziam questão de mudar a situação quando chegavam.

Jason olhou para o espelho mais próximo e viu seu reflexo abatido, ele estava horrível. Estava meio pálido e os cabelos com uma cor fraca. No rosto, uma marca vermelha próxima a boca chamava certa atenção.

Ele abriu a torneira e deixou a água fria correr, molhou as mãos e massageou com cuidado a marca no rosto.

Parado ali, ele voltou a pensar em Amanda e a cena que viu no pátio. Como ela podia ter ficado com Lucas depois do que ele fez com Jason? Não conseguia entender, mas resolveu aguardar até poder ficar com ela cara-a-cara.

Fechou a torneira e saiu dali.

Pegou o celular e já ia colocando os fones no ouvido antes mesmo de entrar na sala. Quando chegou lá, levantou os olhos em direção a sua banca e viu o mesmo menino da entrada parado olhando pela janela que estava perto da cadeira.

O garoto só percebeu a presença de Jason porque este bateu a porta ao entrar, causando um ruído de leve.

• Oi – disse o garoto sem perder tempo

• Oi

• Olha, eu sinto muito pelo o aconteceu lá – disse o menino exibindo sua tristeza

• Tudo bem, eu já estou acostumado com esse tipo de coisa – disse Jason sinceramente mas sem emoção

• Não! É sério...

• Eu já disse que está tudo bem – falou Jason

Pode até ter sido uma coisa rude, mas ele não queria lidar com mais nada naquele momento.

• Tudo bem... – disse o menino antes de sair da sala

Jason se sentou e colocou a primeira música que viu. Abaixou a cabeça e ficou ali tentando não pensar em nada.

Bac!

Esse foi o som do professor ao bater com o livro na sua mesa e fazer Jason acordar com medo do que tinha acabado de acontecer.

Olhou para os lados e viu que a sala já estava cheia e todos riam da sua cara. Nem todos, Amanda estava lá atrás com Arthur e os dois olhavam fixamente para Jason, pareciam que tinham algo para lhe contar. O menino da entrada também estava olhando para Jason sem rir, mas exibia um sorriso quando os amigos dele o fitavam.

Será que tinha dormido? Ou simplesmente ficou ali perdido por muitos minutos? Ele não sabia ao certo.

• Todos quietos – falou o professor – E você, não pediria que tire os fones de novo – falou olhando para Jason com um sorriso sarcástico

Jason corou um pouco, ser alvo de risadas da sala já estava ficando muito humilhante.

A tensão foi quebrada com a porta se abrindo rapidamente e um menino colocando a cabeça para dentro, ele estava com um sorriso sapeca e os cabelos um pouco desarrumados. Jason viu o garoto e ficou ainda mais corado.

• Posso entrar? – falou Victor ao perceber que todos olhavam para ele

Todos riram de novo.

O professor pediu silencia e pediu para que Victor entrasse logo e se sentasse sem demoras.

Jason reparou que o único lugar restante era ao seu lado, ninguém queria sentar perto dele, mas ele também queria se sentar perto de Victor.

Jason tirou os fones e colocou na bolsa e ainda a tempo de ver que Victor piscou para ele descaradamente.

Tentou se controlar para não ficar vermelho de novo, um pouco pela raiva, mas a maior parte é porque ele era muito bonito e estava afim de Jason, era como um sonho.

Victor se sentou e ficou encarando Jason pelo resto das aulas, este percebia mas virava o rosto ao perceber os olhares.

Jason estava nervoso, ele olhava para Arthur e o via como no dia em que o conhecera. Forte e másculo sem deixar de ser simpático. Não podia negar que ainda sentia o coração pesar ao ver a distância posta entre ele e aquele que já fora o único grande amor que tivera até agora.

Do outro lado tinha Victor, um garoto lindo que podia fazer qualquer derreter com seu olhar. Aqueles olhos castanhos eram como um buraco negro, você poderia se perder se olhasse demais. Jason sentia alguma coisa por ele, não sabia se era paixão ou simplesmente tesão, mas queria descobrir o que era exatamente.

Pensou por alguns minutos, sem prestar atenção à aula, até receber uma bolinha de papel que caiu logo do lado da sua banca.

Abriu e leu o que estava escrito.

“Precisamos conversar” pela letra forte e meio torta, Jason percebeu que foi Arthur quem escreveu.

J - “Pode dizer”

A - “Eu não queria fazer aquilo”

J - “Mas... ?”

A - “Mas você me pegou de surpresa, não sabia que gostava de garotos e muito menos que gostava de mim! Podia ter tentando falar comigo ou sei lá”

J – “É...Talvez tenha razão...”

A – “Eu realmente quero me desculpar, fui totalmente insensível quando você estava na pior. Sou um péssimo amigo”

J – “Não, não é. Eu agradeço ao que você tem feito por mim e peço desculpas por não ter te respeitado”

A – “Eu entendo...”

Depois disso, o assunto morreu. Arthur ainda tentou falar com Jason, mas este tinha seu coração partido. Queria chorar, mas não faria isso ali. Ele tinha perdoado Arthur, mas é difícil não pensar em alguém que chega à sua vida e muda ela em questão de poucos dias.

As aulas custaram a passar, parecia que o tempo estava brincando com ele. Ficou satisfeito ao ouvir que a próxima professora havia faltado e que o horário seria vago.

Jason pegou suas coisas e saiu primeiro, não queria falar com ninguém ainda. Apenas desejava chegar em casa e se deitar em sua cama e ficar lá pelo resto do dia.

Ainda olhou para trás e viu que seus amigos levantavam as cabeças para procurá-lo em meio a multidão, mas Jason já sabia como ficar invisível meio a tanta gente, afinal tivera anos de prática.

Saiu da escola e foi para a casa o mais rápido que podia. Desta vez não se importou em passar pela Rua Pinheiro.

Passou pelo pinheiro velho e este soltou algumas folhas, como se tomasse as dores pelo aconteceu com Jason. Sentiu seu rosto doer novamente ao olhar para a árvore, as lágrimas já voltavam a ocupar seus olhos.

Chegou em casa e estava preste a abrir a porta, mas sentiu o braço ser puxado.

• Você não pode sair assim! Tem gente que se importa com você, sabia?! – disse Victor

Jason não disse nada, apenas chorou como uma criança e ficou parado enquanto Victor o olhava surpreso.

Victor abriu e porta da casa de Jason e o conduziu para dentro, ele andou logo em direção a sala e sentou Jason em um sofá.

Abraçou Jason e sentiu sua camisa umedecer aos poucos. Ficou calado e deixou que ele chorasse até que não sentisse mais vontade.

Não demorou muito, logo Jason já estava limpando os olhos e olhava para Victor com um pouco de vergonha.

• Olha, eu não... – disse Jason

• Aw! Não fala nada – disse Victor o interrompendo com um beijo

Jason ficou chocado com a ação, mas retribuiu o beijo com vontade. Sentiu seus cabelos ficando arrepiados ao tocarem na pele de Victor. Com uma mão acariciava o rosto de Victor e com a outro segurava a mão dele.

Ficaram com os rostos colados por algum tempo até Jason começar a tirar o cinto de Victor, este começou a tirar a camisa de Jason e dar leves mordidas na sua orelha.

Jason estava ficando totalmente excitado. Era um sentimento novo e que o ajudou a esquecer tudo que atormentava sua cabeça.

Ele tirou a camisa de Victor e viu que ele era ainda mais branco embaixo das roupas. Apenas sorriu e começou a lamber seus mamilos.

Não demorou muito para espalharem as roupas pela sala. Estavam apenas de cueca e estavam pedindo por sexo.

Victor parou por um momento e olhou para Jason com uma cara de pidão, era a mesma expressão de alguém que pedia para chupar um picolé (se é que me entendem).

Jason olhou fundo nos seus olhos e o puxou pela cintura até o seu quarto. Eles foram batendo pelos móveis que tinham pelo caminho até encontrar a porta que tanto desejavam.

Abriram a porta sem demora e Jason jogou Victor na cama. Jason pulou em cima dele e sua mão já foi em direção a cueca dele, queria arranca-la de uma só vez.

No entanto, ele foi interrompido com o som da porta da entrada batendo, alguém havia chegado. Jason gritou em silêncio e começou a suar quase que imediatamente.

Os passos estavam vindo em direção ao seu quarto. Victor também já tinha parado e olhava para ele em busca de uma resposta, mas os dois estavam assustados demais para pensar em alguma coisa.

Por que ele não trancou a porta? Ora, seu pai sempre achou que seria medica de segurança caso fossem assaltados. Era difícil compreender.

Muitos palavrões passaram pela cabeça de Jason no momento em que a porta estava se abrindo, mas não teve coragem de dizer nenhum deles.

Continua...