A hora em que tudo desmorona Parte 1 - 1x06
Parte da série Os altos e baixos de um adolescente.
Jason dormiu por algumas horas, estava em um sono profundo. O quarto estava bem silencioso, nada se ouvia através das paredes. O momento foi interrompido por Júlia entrando no quarto mais que depressa, ela estava visivelmente aflita, além de ter lágrimas escorrendo pelo seu rosto.
• Jason, acorde – disse ela movendo o braço do seu irmão
Jason demorou alguns segundos para acordar. Quando abriu os olhos, viu apenas traços brilhantes descendo pelo rosto da sua irmã, o único feixe de luz estava iluminando o rosto dela.
• O que houve? - perguntou ele se aproximando dela
Jason já começava a se sentir mal, outra tragédia?
• É...É a Jheniffer – respondeu Júlia
De repente, memórias começaram a girar em volta da sua cabeça.
“Jheniffer? Quem é Jheniffer?”
Foi aí que se lembrou, Jheniffer era a garota que havia engravidado do seu irmão. Ficou quieto até lembrar que não sabia o que tinha acontecido.
• Mas o que houve? - perguntou ele
Júlia deixou mais lágrimas caírem, a situação estava ficando cada vez mais impactante.
• Ela teve uma overdose – respondeu ela rapidamente
Foi naquele momento que o mundo de Jason caiu. Foram poucas palavras, mas a força que elas tinham conseguiram lhe derrubar.
• Ela andava brigando muito com os seus pais, ninguém percebeu como isso estava lhe atingindo... – disse Júlia – Até que ela pegou um frasco com remédios muito fortes e tomou todos de uma vez – completou ela forçosamente depois de uma pausa
• Ela não morreu, não é?! Por favor, diga-me que ela não está morta!!! – disse Jason aumentando o tom de sua voz
• Eu...eu sinto muito – disse ela chorando mais do que antes
Não! Aquilo não podia estar acontecendo, tinha que ser um sonho! Jason tentava desesperadamente acordar, mas nada acontecia.
Ficou alguns momentos ali parado, sentia muita dor, mas não chorava. Tinha que ser forte pelo seu irmão.
• -Onde está o Jackson? - perguntou ele depois de muito tempo
• -Ele está em estado de choque, está em seu sua cama. Papai não saiu do seu lado nem por um segundo – disse Júlia se recompondo
Jason se levantou e andou em direção ao quarto do seu irmão, era fácil vê-lo, tinha uma grande placa na porta dizendo “Não entre”.
A porta estava aberta, entrou e viu seu pai sentando em uma cadeira ao lado da cama do seu irmão, Jackson estava completamente imóvel, os olhos estavam com uma aparência triste.
Não conseguia imaginar a dor que seu pai passava, ter um filho naquela situação e perder um sobrinho... Era uma situação delicada, mas ela ficava ainda pior com o estado psicológico do seu pai.
Jason nada disse, apenas sentou na cama e colocou a mão sobre o ombro do pai. Ele tentou ser forte, mas não conseguiu. As lágrimas vieram com uma força que ele não pôde controlar.
Passaram-se três dias e todos ainda estavam muito frágeis. Jason não foi para a escola durante esses dias, de vez em quando ouvia o celular tocar, eram seus amigos ligando, mas não importava, queria apenas ficar sozinho por enquanto.
Ele foi ao quarto do irmão diversas vezes para conversar, as vezes lia um livro para ele ou apenas se deitava junto a ele para dividirem suas mágoas.
Júlia era a mais otimista, tentava levantar o astral de todos, cozinhava a comida preferida de todos, mas até o seu bolo de banana parecia vazio e sem vida diante daquela situação.
Júlio era o pior, tentava ser forte na frente dos filhos, mas na solidão do seu quarto chorava durante horas.
Jason desceu as escadas naquele dia, foi a cozinha beber um pouco de água.
Entrou lá e sentiu um cheiro forte e doce, olhou para o lado e viu um jarro com rosas. Eram as flores que sua mãe costumava colocar ali, Júlia realmente fazia uma diferença enorme na casa.
Ver isso de novo foi como um tapa, sua mãe já não estava ali para segurar seus braços quando se sentia triste e sem rumo, exatamente como naquela situação.
A vontade de chorar voltou, mas foi logo interrompida pelo som da campainha.
Ele correu para abrir a porta.
Era Amanda, ela estava com uma aparência preocupada.
• Onde você esteve?! Estou ligando para o seu celular há três dias! – disse ela
• Olha, não é um bom momento agora – disse Jason sem esconder a tristeza
• O que aconteceu? - perguntou ela ao perceber que havia algo errado
• Aqui não, falar disso neste lugar dói muito – disse ele segurando as lágrimas
• Eu sei onde podemos ir – disse ela
• Então vamos – falou ele saindo de casa
• hum, Jason? - perguntou ela
• O que?
• Você está de pijama
Olhou para si mesmo e ficou envergonhado, correu para o seu quarto e se trocou rapidamente.
• -Vamos! – disse ele voltando
Eles andaram em direção pela rua pinheiro, Jason sabia exatamente onde estavam indo.
Chegaram ao May’s e ele abriu a porta sem muito esforço.
Aquele lugar era bastante agradável e confortável, era como um remédio para alguma doença.
Jason passou por algumas mesas e se se sentou na mesa mais afastada possível.
• Fique aqui, vou pedir alguma coisa – disse Amanda
Amanda se afastou deixando-o ali sozinho. Ele começou a pensar no ocorrido e as lágrimas voltavam a pesar. Tentou olhar para o local e esquecer o que estava acontecendo.
Inspecionou cada elemento daquele lugar para evitar seus pensamentos, isso deu certo até ver que Arthur se aproximava da sua mesa.
Jason o olhou nos olhos naquele momento, pouco a pouco, sua dor ia ficando mais suave.
• Oi – disse Arthur se sentando
• Oi
• O que houve? - perguntou Arthur sem demoras
Já ia começar a falar, mas Amanda o interrompeu, ele nem percebeu como ela estava ali.
• Ele vai falar sim, mas vai comer antes. Veja como ele está pálido! – disse ela colocando um pedaço de pizza na frente dele
Jason estava horrível, não comeu muito durantes os dias que passaram, devia estar pior que a encomenda.
Comeu um pedaço e percebeu como estava com fome, não se importou com a presença dos seus amigos, apenas comeu até acabar com sua vontade.
• Então...Pode nos dizer – disse Amanda ao vê-lo terminar
Jason suspirou por alguns segundos, mas resolveu contar toda a história. Ele hesitou algumas vezes por tristeza, mas logo voltava a si.
• Nossa! – disse Arthur
• Eu sinto muito – disse Amanda colocando a mão dela sobre a de Jason
• Como você está? - perguntou Arthur
• Muito mal, não consigo pensar nisso durante dois segundos que já começo a chorar – respondeu ele
• Eu entendo como é, quando minha avó se foi, pensei que iria morrer - disse Arthur
Eles conversaram sobre aquilo durante muitos minutos, mas Jason falava muito pouco. Tentou mudar de assunto para fugir daquela situação.
• Amanda, por que você estava tão estranha naquele dia¿ - disse ele disfarçando
Arthur olhou para Jason e logo após para ela, isso significava que ele também não sabia.
Ela assumiu logo uma expressão de tristeza.
• É que meu avô estava muito doente, eu estava muito preocupada – disse ela mentindo
Ele percebeu a mentira, mas não queria perguntar mais, pois todos haviam se calaram depois disso.
Ela olhou para o relógio do celular e disse:
• Olha a hora! Tenho que ir, meus avós me matam se eu chegar tarde – disse ela se despedindo
Antes que pudessem dizer adeus, ela já tinha saído.
• Ela está agindo desde aquele dia, isso está muito estranho – disse Arthur
Jason não tinha ouvido, tinha se perdido nos seus pensamentos, as lágrimas voltavam mais uma vez com força total. Ele se levantou e disse:
• Eu também tenho que ir! – falou tentando cobrir o rosto
Saiu de lá sem ouvir uma resposta, estava com passos firmes e rápidos.
As lágrimas iam marcando o caminho por onde passava. Continuou rapidamente até chegar ao velho pinheiro. Lá, ele se sentou sem forças para continuar andando.
• Jason!!! – gritou Arthur correndo em sua direção
Ele se sentou ao lado dele e colocou a mão sobre o seu ombro, aquele gesto foi como milhões de palavras ditas de uma vez. Jason olhou para o rosto vermelho de Arthur, ele já estava atrás dele há um bom tempo.
• Não precisa se preocupar, eu estou aqui com você – disse Arthur
Era esse o momento, ele o amava e diria naquele instante.
Tentou em vão dizer alguma coisa, mas as palavras eram pesadas demais para sair de sua boca. Não pensou em nada, apenas se aproximou rapidamente de Arthur e o beijou. Borboletas voavam pelo seu estômago, parecia que nada acontecia a sua volta.
O cheiro de Arthur foi impactante, era como comer sua comida predileta.
Os seus rostos se afastaram e Jason fitou Arthur, queria lhe dizer muitas coisas naquele instante.
Continua....
Eu peço que comentem ao terminar de ler, é um grande incentivo! :D