Surpresas - 1x07

Parte da série Perdidos na Floresta

Não estava acreditando. Das duas uma; Ou o Tonto ta louco... Ou ta louco!! Não tinha outra opção, ele só podia ter ficado louco pra me dar uma oportunidade dessas. Fui pra casa cabisbaixo mas não triste, apenas pensativo, querendo entender o poque dele ter feito isso e o que a Lara queria dizer com "Você boia". Cheguei no prédio e dei de cara com o Bruno. Fazia um tempo que eu não via ele, na verdade fazia um dia e meio, não sei se ele estava no prédio ou se tinha saído. Logo que o avistei na portaria ele veio falar comigo.

- Oi - Disse ele.

- Oi - Respondi sem jeito.

- Tudo bem? Não te vi o dia inteiro ontem - Perguntou ele.

- Tudo, to bem sim. Você estava no prédio ontem? - Perguntei enquanto entrava no elevador com ele.

- Sim, mas é que eu estava ajudando a minha mãe a arrumar a casa. Ela é bem rígida nesses pontos.

- Ah... - Não tinha o que dizer.

Ficamos em silêncio o tempo inteiro. O perfume dele se destacava no elevador e era tão bom sentir aquilo, até mesmo me excitava, mas fiz de tudo para disfarçar. Acho que ele nem percebeu minha excitação.

Quando a porta do elevador se abriu, demos de cara com aquela mulher infernal que implicava comigo toda vez que nos víamos.

- Ah - Disse ela me olhando por inteiro e depois revirando os olhos para cima.

- Ai, ninguém merece. Vem bruno - Disse saindo do elevador e puxando o Bruno pelo braço.

- Hei Hei, onde pensa que vai com o meu filhinho seu selvagem?

Eu não estava acreditando naquilo, o Bruno era filho daquela jibóia? Como assim? Só podia ser brincadeira, custei a acreditar no que tinha ouvido mas eu tinha que confirmar aquilo.

- Filhinho? - Perguntei encarando os dois.

- Mamãe... - Disse o Bruno olhando pra ela com um olhar sério - Desculpa Beto pelo jeito que a minha mãe falou contigo, ela é meio maluca as vezes.

- Beto, essa é a minha mãe Tereza, mãe, esse é o meu amigo; Beto.

- Amigo? Amigo? Como assim você é amigo desse infeliz? - Disse ela.

- E como assim você é filho dessa coruja? - Disse.

- Parem vocês dois, o que está acontecendo aqui? Vocês já se conhecem?

- Esse infeliz vive brigando comigo filhinho - Disse a mulher... Tereza, fazendo cara de coitadinha.

- Eu? Eu implico com você? Não fui eu que puxei briga aquele dia em que você esbarrou em mim... - Disse.

- Chega os dois. Mamãe, onde você ia?

- No mercado comprar...

- Então vai e chega de briga - Disse o Bruno interrompendo-a e a empurrando para dentro do elevador.

- Mas filhinho...

- Tchau mãe.

A porta se fechou e a ultima coisa que a mulher fez, foi me dar um olhar de "você vai se arrepender". Logo o Bruno voltou a conversar comigo.

- Vocês se conhecem? - Perguntou o Bruno.

- Um dia sem querer eu esbarrei nela no estacionamento, e ela começou a me xingar e como eu não consigo ficar quieto, xinguei ela também, e ficamos nessa rixa desde então. Foi ela quem me ensopou aquele outro dia e você me emprestou a camiseta.

- Ah, não to acreditando. Preciso ter uma conversa séria com ela. Ela sempre tenta me estragar na frente dos meus namora... Amigos. E a nossa amizade só ta começando, não quero te perder - Ele disse isso olhando nos meus olhos no meio do corredor.

- Bem... então é só não deixar a nossa amizade morrer - Disse forçando um sorriso.

- Então... ta afim de ir jantar comigo hoje? - Perguntou ele - Pra gente se conhecer melhor, sei lá.

- Sim, to sim.

- Então posso bater no seu apê as 19h?

- Sim, vou estar pronto.

- Então até mais tarde.

- Até.

Nos despedimos depois de nos encarar por alguns segundos. Entrei no meu apê e fiquei super feliz por ele ter me chamado pra sair. Tudo o que eu poderia fazer agora era esperar até de tarde, coisa que na maioria das vezes eu fazia dormindo e agora não iria ser diferente. Apenas me joguei na cama. Encarei as paredes do meu quarto e imaginei estarem precisando de uma outra mão de tinta. Mas resolvi deixar isso pra amanhã, já que hoje eu tinha outros pensamentos; qual era a do Lucas, qual era a do Bruno, e como eu iria aprender outro idioma em tão pouco tempo. Eu tinha uma pequena noção do francês, mas não sei se seria o suficiente. Precisava falar com o meu pai, pra ver se ele podia me ajudar em alguma coisa, então antes de dormir, resolvi ligar pra ele, antes que eu esquecesse.

- Alô? Pai?

- Fala filho, tudo bem?

- Sim, e com o senhor?

- Bem também. Pai, preciso conversar com você.

- Ta tudo bem? Aconteceu alguma coisa?

- Ta, tudo bem sim. Só preciso conversar com você sobre a escola.

- Pode falar.

- Não, prefiro cara a cara, é mais fácil.

- Tudo bem então, pode sair hoje a noite? A gente janta e daí você me conta.

- Hoje não dá, já tenho um compromisso - Disse.

- Compromisso? - Perguntou ele.

- É, vou sair com... um amigo.

- Onde vocês vão?

- Jantar... - Me arrependi de ter falado a verdade.

- Você + Amigo + Jantar à noite... Hum Hum, camisinha hem.

- Pai, por favor, a gente nem se conhece direito - Meu pai não viu, mas eu estava um tomate do outro lado da linha.

- Só to fazendo a minha parte, que era avisar.

Nunca contei ao meu pai que eu era gay, mas sempre deixe bem claro a ele que eu nunca me interessei por mulheres. Então acho que por isso ele sabia que eu era gay. O melhor de tudo era que ele me aceitava, não me ignorava, nunca me fez nada. Acho que enquanto eu crescia, meu pai ia se acostumando com o fato de eu ser gay, por isso não pega no meu pai hoje.

Meu pai concordou em almoçar novamente comigo naquele mesmo restaurante no dia seguinte para conversarmos.

A tarde passa rápido quando você dorme, e quando acordei, já estava na hora de sair com o Bruno. Como sempre, tive que me arrumar as pressas.

(Como estou escrevendo pelo celular, esse conto vai ser pequeno, e então no outro eu posto o jantar do Bruno e do Beto, o almoço do Beto com o pai, sobre a parada do Lucas hahaha ;p e mais algumas coisinhas, até o próximo conto, e deixem seus comentários a respeito do conto hem :D)