Deu a louca no Lucas 2 - 1x09
Parte da série Perdidos na Floresta
Não sei porque mas o resto da aula foi cansativo. Eu não estava aguentando mais ficar ali, queria sair correndo eu não sei porque, eu olhava para as paredes, eram como se elas estivessem me encarando. Uma hora eu cheguei a olhar para a Lara e ela sim estava me encarando, aposto que ela estava pensando quem era o garoto que eu tinha saído e pelo que eu a conheço, com certeza ela estava pensando sobre quantos beijos havíamos trocados na noite seguinte. O que era besteira ela pensar nisso, já que não tínhamos dado nenhum.
O professor explicou matérias da prova da semana seguinte e eu não consegui prestar atenção em nada. Era como se eu tivesse desligado todos os cabos que me prendiam a realidade para ficar apenas com meus pensamentos próprios, afinal, eu tinha muita coisa para pensar.
A única coisa que me alegrou naquele dia, foi que durante a aula começou a chover. Por instantes eu consegui sorrir um pouco, mas logo lembrei que em dias de chuva o ônibus que pego para ir pra casa não passava. O jeito era chamar um táxi na hora de ir embora.
O sinal de saída tocou e como de costume ficamos conversando um pouco antes de irmos embora. O pessoal estava de boa, menos Lara que não parava de me encarar. Nanda até fez um comentário sobre o porque da Lara estar me encarando mas foi coisa passageira, nem deu para se notar muito.
Para minha infelicidade, todos foram embora de carro. A Nanda pegou carona com o Lipe, que iam para a zona leste da cidade e a Lara tinha um compromisso fora da cidade, por isso sobrou apenas eu na universidade já que o Yuri havia faltado. Então resolvi chamar um táxi para ir embora já que não haveria ônibus. Para minha maior infelicidade o sinal não estava pegando por causa da chuva, então tive que ir pedir para a secretária chamar um para mim. Para uma infelicidade maior ainda, o professor Lucas estava lá. Ele já não estava me tratando igual um lixo como no começo do ano, mas mesmo assim, tudo o que ele me fez ficou guardado e não vai ser fácil esquecer, por isso não era muito fácil dar de cara com ele por aí.
E eu achando que a infelicidade não podia ser maior, enquanto a secretária ligava para o taxista a energia acabou. O escuro tomou conta da escola inteira. O bom era que ainda era de manhã, então a luz do dia que entrava pela janela ainda clareava alguns rostos naquela sala.
- Droga. Como eu vou embora agora? - Disse olhando para a janela e vendo a chuva.
- Eu te levo. - Disse o professor Lucas.
Eu o encarei e disse "Vou acampar na escola, obrigado". Falei a ele sério e logo virando as costas e seguindo para frente a escola. Sentei em um banco em que havia lá e comecei a pensar em como iria embora. Meu celular estava sem sinal, o ônibus não passaria naquele dia e a escola estava sem energia. Tudo o que eu podia fazer era ficar esperando a chuva diminuir para seguir de apé até em casa. Enquanto eu estava ali sentado, o professor se aproximou de mim e sentou ao meu lado. Para demonstrar que eu não o queria perto me afastei sentando na outra ponta do banco. Ele soltou uma gargalhada que não pude continuar sério.
- Agora falando sério, por que você me odeia tanto? - Perguntou ele.
- Deve ser porque você me ferrou o ano inteiro e sempre me tratou como um lixo me ignorando o tempo inteiro. - Respondi quase que automático.
- Mas eu já pedi desculpas, será que você poderia parar com essas criancices? - Disse ele.
Vi que a chuva havia diminuído um pouco. Já que a chuva havia diminuído e ele estava me infernizando ali, eram dois ótimos motivos para eu ir embora. Ainda estava dando uns pingos, mas não me importei.
- Eu? Parar de ser criança? Pelo menos até uma criança sabe que só desculpas não perdoa o que você fez, e já que você é adulto deveria saber disso. - Disse e me levantei, indo embora. Ele ficou parado sem esboçar reação nenhuma e foi melhor assim.
Comecei a caminhar pela rua apenas querendo chegar em casa e chamar o Bruno para desabafar e ter a aula de espanhol com ele. Pelo menos ele entenderia como eu me sentia. Eu tinha o conhecido a pouco mais de duas semanas mas já sentia que podia confiar plenamente nele.
Enquanto eu caminhava, senti que a chuva estava ficando cada vez mais forte e nunca reparei como minha casa era longe da escola andando. Apertei o passo para que eu conseguisse parar de tomar chuva. Não estava afim de entrar em algum lugar para esperar a chuva passar, pois estava cheio de gente com essa mesma intenção, então resolvi apenas seguir reto para não ter que ficar me espremendo com elas ali. Por um segundo me descuidei da calçada e errei o passo. Acabei levando um enorme tombo e com toda aquela água ali no chão havia me molhado mais do que já estava. Agora sim o meu dia estava horrível, até que uma pessoa de bom coração me ajudou a levantar.
- Ah, obrigado. - Disse.
- De nada. - Respondeu o professor Lucas.
- Ninguém merece você. - Eu o encarei e continuei andando.
- Espera, espera garoto. - Ele gritou e me puxou pelo braço.
- Me solta.
- Não, eu vou te levar embora. E se você não entrar no carro por bem eu vou te carregar até lá. Sou mais forte que você então você sabe que eu posso fazer isso e vou.
O pior que era verdade, ele podia fazer isso facilmente. Ele tinha um corpo sarado então se eu dissesse não ele podia me levar até o carro me carregando com uma mão só.
Puxei o meu braço e o encarei. Ele abriu a porta do carro e me fez um gesto para entrar. Fiquei parado alguns instantes até que entrei. Ele fechou a porta e logo entrou pelo outro lado.
- Onde você mora? - Perguntou ele.
- Na minha casa. - Eu não aguentei, tinha que falar aquilo.
- Ha ha, que legal. Eu também - Ele riu - É sério, onde você mora?
Expliquei para ele com poucas palavras e logo depois me calei. Fiquei olhando para as gostas escorrendo na janela a meu lado. Enquanto dirigia ele fazia algumas perguntas que eu evitava responder.
- Você ta gostando da chuva? - Perguntou ele.
Confesso que essa cena foi muito Crepúsculo então sem querer eu comecei a rir sem parar dentro do carro.
- O que foi? - Perguntou ele rindo também sem entender a situação.
- Nada. - Resolvi parar um pouco de "criancice" como ele diz e resolvi então tirar satisfação.
- Porque você sempre me tratou daquele jeito e do nada mudou? - Disparei.
- Eu não sei o porque de te tratar daquele jeito. Mas sei que eu mudei o meu jeito por perceber que não era legal fazer isso com você.
- E antes você achava legal? - Perguntei.
- Me incomodava as vezes, ver você rindo com seus colegas. - Disse ele.
- Por que? Por que te incomodava ver alguém rindo? - Perguntei.
- Não era alguém, era você. Por alguma razão me incomodava e ainda incomoda.
- E por que te incomoda me ver feliz? - Perguntei.
- Acho que um dia você ainda vai saber. - Respondeu ele me olhando.
Por mais que eu tivesse uma mente completamente aberta e um raciocínio muito lógico, eu não consegui achar uma resposta para as palavras dele. Então a melhor resposta que dei, foi me calar diante daquilo tudo até que um novo assunto surgisse.
- Então, você vai mesmo pros EUA estudar? - Perguntou ele.
- Não sei. Tenho ainda que aprender outro idioma, mas não sei como fazer isso em pouco tempo.
- Você vai ter até o final do ano pra aprender o inglês e mais algum outro idioma. O melhor jeito de se fazer isso é morar fora.
- Por isso preciso conversar com meu pai, quem sabe ele consegue um intercâmbio para mim nem que pelo menos um mês.
- Um mês você não vai aprender nada. Você precisa de no mínimo quatro meses em cada país, e ainda faltam 8 meses pro ano acabar, então você ainda tem tempo. - Disse ele.
- Vou pensar melhor nisso. - Disse.
Não demorou muito e chegamos em frente ao meu prédio. Por mais que eu estivesse com ódio dele antes, naquela hora eu já não estava mais. Era como se toda aquela conversa tivesse compensando as coisas ruins que falamos um para com o outro.
- Ta entregue. - Disse ele.
- Obrigado. - Falei abrindo a porta.
- Espera - Ele me segurou pelo braço de novo.
- Para de fazer isso - Disse gritando.
- Desculpa, desculpa. Eu só... amigos? - Ele perguntou me estendendo a mão. Exitei por um momento.
- Quase... - Apertei a mão dele e deixei escapar um sorriso ao perceber outro em sua boca.
Saí do carro e vi que a chuva já havia passado. Olhei no relógio e já eram quase 15h, e nessas alturas corri para dentro com medo de que o Bruno estivesse me esperando muito tempo.
(Pessoal, comentem por favoor o que vcs estão achando do conto e assinem o meu nick pfpf ;p aaah, queria pedir também para vocês opinarem com quem vocês querem que o Beto fique, com o Bruno, com o Lucas, o André... ou com os três kkkkkkk valeu por quem ta comentando e até mais :D Obs: Talves eu publique um outro conto ainda hoje)