A festa - 1x03

Parte da série Perdidos na Floresta

A semana passou rápido e logo sábado chegou. Era o dia da festa na casa da Carol, e ainda era de manhã, eu iria ter que arrumar uma desculpa até de tarde para não ir na tal festa. Eu tinha certeza de que se eu fosse, eu ficaria bêbado, e com certeza faria alguma burrada, então eu não podia ir. Ainda eram 8h mas logo cedo, a Nanda me acordou batendo no meu apê.

- Beto, abre a porta, anda - gritava a Nanda batendo na porta.

- Já vou, já vou - Disse me levantando e colocando roupa, pois um costume muito ruim que eu adquiri morando sozinho era dormir pelado. Abri a porta e a Nanda estava com o Lipe.

- Oi Nanda - Disse dando um beijo no rosto dela - Oi Lipe - Disse abraçando ele - Entrem.

- Você ainda tava dormindo? Você sabe que hoje é a festa da Carol né? - Disse a Nanda.

- Sei... - Respondi coçando a cabeça.

- E você vai né?! - Disse ela.

- Ai, olha o meu estado - Falei apontando para a minha cara - Acabei de acordar e estou pior que lixo, não to com cabeça pra ir em festas hoje.

- Cara, você tem que ir, vai ter stripers lá - Disse o Lipe se jogando no meu sofá e colocando o pé na mesinha.

- Olha só, eu tenho uma ideia melhor, chama o Yuri e a Lara aqui em casa e a gente trás dois stripers aqui. O que acham?

- Não. Você vai na festa com a gente - Disse a Nanda.

- Até que é uma boa ideia - Disse o Lipe sorrindo - Duas stripers, só pra gente...

- Felipe, se controla aí - Disse a Nanda rindo - Anda Beto, por favor, vai na festa, preciso de você lá.

- Tudo bem, mas como eu vou, to sem roupa pra ir.

- Vamos comprar agora. Vamos aproveitar que eu to aqui, e entendo de moda, e vamos no shopping dar uma geral em você.

- Isso mesmo, vão lá que eu fico aqui cuidando do apê do Beto - Disse o Lipe abrindo a geladeira e procurando alguma coisa.

- Ha ha, ir eu até posso pra comprar as roupas, mas o Lipe não fica aqui sozinho no meu apê nem fudendo - Disse.

- Então o Lipe vem com a gente. Anda Lipe, vamos - Disse a Nanda me puxando pelo braço e chamando o Felipe.

Acabou que fomos todos pro shopping comprar algumas coisas. Por mais que eu ame um shopping, odeio ir com mulheres lá, não podem ver vitrines que já param, olham, olham, olham, perguntam o preço, veem se tem o tamanho delas, pedem outra cor, fazem a vendedora tirar o estoque inteiro pra depois olharem na cara da atendente e dizer que não vai comprar nada e ainda por cima vir com aquela desculpinha esfarrapada "Vou andar por aí, qualquer coisa eu volto"... Tudo bem, confesso que eu vivo fazendo isso, mas nunca paro mais de 5 minutos em uma loja.

Entramos em umas 20 lojas. A Nanda me fez comprar umas mil coisas, entre elas apenas uma camiseta, muito linda por sinal, blusa, calça, tênis, óculos de sol e alguns acessórios que eu nem fazia a ideia de que existiam. Apesar de eu ser gay, nunca liguei pra moda, nunca fui de ficar admirando essas coisas, sempre fui um gay mais humorístico e romântico, que vivia meio que fazendo piada da vida pra ela não parecer tão chata.

A Nanda comprou umas 3 sacolas a mais que eu. O Lipe tava com umas 15 sacolas na mão, 14 sacolas eram de video games, CDs, jogos, bola de futebol, chuteiras e essas coisas, e só tinha uma sacola com uma camiseta pra ele ir na festa da Carol.

Paramos pra comer algum lanche no Burger King, e como o Lipe é super morto de fome, pediu 3 sanduíches, e quando terminou ainda perguntou se eu ia comer o meu. A Nanda, delicada como sempre, pediu um, comeu a metade e deu a outra para o Lipe. Eu comi só um lanche e tomei uma coca, não tava afim de muita coisa.

Quando eles me trouxeram em casa já eram umas 16h, então faltavam poucas horas para a festa que iria começar as 22h. Eu resolvi dormir um pouco para depois eu começar a me arrumar para ir para a festa.

Quando acordei, faltava uma hora para a festa. Tomei banho e me arrumei, passei perfume. Até que eu tinha ficado bem nas roupas em que a Nanda havia me escolhido. A Lara me ligou dizendo que passaria em casa com o pessoal para me buscar e irmos para a festa, então resolvi ficar esperando por ela no estacionamento. Quando saí do elevador, dei de cara com a mesma senhora que briguei outro dia, ela estava com uma garrafinha de água na mão e como não podia ser diferente, começamos a brigar novamente.

- Olha quem está aí, é o mal-educado de novo - Disse ela.

- Olha, não quero brigar com a senhora hoje, to indo pra uma festa então passa reto e não olha na minha cara - Respondi.

- Escuta aqui, eu vou falar com o dono do prédio se você não criar jeito comigo, entendeu moleque? - Disse ela me apontando.

- Late mais baixo, por favor - Disse.

- Garoto ridículo - Disse ela me tacando a água da garrafinha.

- Mas... sua recaldada, olha o que você me fez - Disse com a roupa encharcada.

- Ai, desculpa, estraguei sua roupinha querido?! Da próxima vez eu taco fogo... - Disse ela rindo e saindo.

Eu estava completamente perdido no estacionamento sem saber o que fazer, só ficava me olhando molhado ali sem reação nenhuma. De repente sai correndo e entrei no elevador, e quando eu entrei, encontrei aquele garoto de novo. O garoto estava com a camiseta no ombro, e tava com aquele tanquinho a mostra e todo aquele peitoral bronzeado com poucos pelos. Quando entrei no elevador, a primeira coisa que fiz foi olhar ele de baixo pra cima, inteirinho. Depois, pra ele não perceber, fiquei olhando pra frente, até ele começar a falar comigo.

- Nossa, você parece ter levado um banho - Ele disse com um lindo sorriso.

- Ah... Sim, infelizmente sim - Respondi meio gaguejando.

- Você devia estar indo em algum lugar, não é? - Perguntou ele.

- Sim, eu tava indo pra uma festa. A calça e o tênis não tem problema molharem, mas a camiseta era a única que eu tinha comprado pra ir nessa festa hoje - Disse olhando pro chão.

- Você deve ter outra no seu apê - Disse ele enquanto a porta do elevador abria e ele sai andando comigo.

- Na verdade tenho, mas todas já estão usadas. Eu sou daqueles que usa todas e deixa pra lavar tudo quando eu precisar. Então agora to sem roupa pra ir.

- Se quiser, te empresto uma... - Disse ele.

- Mas... a gente nem se conhece - Falei olhando pra ele.

- Tudo bem, eu sei que você mora aqui nesse prédio, então posso te emprestar e depois quando você voltar eu pego de volta.

- Ah, se tiver tudo bem pra você... - Falei.

- Vem comigo - Disse ele fazendo sinal com a cabeça.

Entrei no apê dele. Era simplesmente incrível. Bem organizado, sem nada fora do lugar, cores combinando. Ele me disse para esperar na sala, e foi no quarto pegar uma camiseta pra mim. Ele trouxe uma camiseta linda, branca com o desenho da Marilyn Monroe, eu agradeci e vesti.

- Valeu hem, depois eu te devolvo. Agora tenho que ir, e obrigado de novo - Falei saindo do apê dele enquanto recebia uma ligação da Lara dizendo que já estava a minha espera na parte de fora do prédio.

- Tudo bem, até mais então...

Cheguei, entrei no carro e fomos para a festa. Já era bem de noite, passava das 22:30h mas logo que chegamos fomos bem recebidos pela Carol. Já tinha muitas pessoas na casa e pelo jeito só tava faltando a gente.

- Nossa, vocês demoraram hem - Disse a Carol

- O Beto levou um banho de uma mulher e teve que subir trocar de roupa - Disse a Nanda.

- E aí, cadê as stripers? - Perguntou o Lipe.

- Ai Lipe, como você é tarado - Falou a Nanda.

- Ué, só quero vê-las...

- As stripers? Como assim? - Disse a Carol.

- Que você falou que ia ter - Disse o Lipe.

- Ah, não tem "as" stripers, são "os" stripers - Disse ela.

- O que? Como assim? - Disseram o Lipe e o Yuri juntos.

- Olha só o que eu to vendo daqui - Disse a Lara.

Eram 3 homens gostosos e musculosos vestidos de marinheiro, outro de policial e um de garçom. Não posso negar, aquilo era o paraíso, tudo o que eu sonhei, eles estavam dançando e vieram na nossa direção quando a Carol chamou. Eu queria muito fazer igual a Lara, a Nanda e Carol; ficar passando a mão no peito deles que estavam suados. Mas ao invés disso, fiquei junto ao Yuri e ao Lipe olhando as 3 se divertirem. Eu não sabia o que fazer, estava paralisado e não queria ir embora.

- Sério, vamos embora? - Disse o Yuri olhando pra mim e o Lipe.

- Vamos! - Respondeu o Lipe.

- Ah, vamos na cozinha beber alguma coisa e ignorar esses 3 - Falei na tentativa de fazer eles ficaram pra poder aproveitar mais aqueles gostosos.

- Tudo bem, é melhor mesmo. Viemos até aqui, temos que arranjar alguma coisa pra nos divertir - Disse o Lipe.

- Ta bom - Concordou o Yuri.

Fomos para a cozinha, e estava cheio de caras lá, porque todas as meninas estavam curtindo os 3 stripers na sala. Logo nos ofereceram bebidas. Começaram a beber, menos eu. Já que tive que vir para a festa, a única coisa que eu não queria era beber, porque se eu bebesse, com certeza ia perder o juízo e ia correndo lamber aqueles stripers. Na verdade, bebi um pouco, mas o suficiente para continuar sóbrio e não fazer besteira.

O irmão da Carol veio conversar com a gente. O nome dele era Rodrigo, mas todo mundo chamava ele de Moreno, eu nunca soube porque, tanto é que ele era super branco. Ele era lindo, não muito musculoso, mas tinha um belo tanquinho. Ele estava usando uma camiseta vermelha bem apertada.

- Eae caras, beleza? - Ele cumprimentou cada um com um aperto de mão.

- Não muito beleza depois de descobrir que não tinha stripers mulheres na casa - Respondeu o Yuri.

- Pois é, a minha irmã me enganou e também me disse que haveria stripers mulheres na casa.

- Mas vamos continuar bebendo, pra esquecer - Completou o Rodrigo.

- O que vamos fazer o resto da noite? - Perguntou o Lipe.

- Vocês eu não sei, mas eu vou no banheiro - Falei deixando os 3 ali.

Minha ideia era passar pelo corredor e ver novamente aqueles lindos dançando suados na sala, mas quando eu passei não dava pra ver nada, tinham muitas meninas em cima deles, então tive que passar reto para o banheiro. Chegando lá, tranquei a porta, sentei no chão e apenas fiquei mexendo na internet do meu celular, não tinha nada para fazer e eu estava entediado com aquilo tudo, com 3 gatos sem camisa e suados na casa, e eu sem poder ver e tocar nenhum. Então fazer o que além de ficar ali.

Fiquei uma hora trancado no banheiro, quando saí, dei de cara com o Moreno. Eu pedi desculpas por quase ter dado de cara com ele e logo saí. Quando ia saindo, ele me segurou pelo braço e disse que queria conversar comigo. Eu disse tudo bem, e fomos para o quarto dele, onde não tinha ninguém. Eu entrei no quarto e ele trancou a porta, parecia que ele estava meio bêbado.

- Então, sobre o que você quer conversar? - Perguntei.

- Nada, você gosta de animes não gosta? - Ele me perguntou

- Sim, gosto muito.

- Tenho uma coleção ali do lado do balcão que eu ia jogar fora, mas se você quiser pode pegar pra você.

- Nossa, quantos - Falei indo ver os DVDs. Eram temporadas inteiras de animes que eu adorava e colecionava. A Carol devia ter contado pra ele que eu gostava de animes.

- São muito show de bola, eu adoro todos, posso levar? - Perguntei abraçando alguns.

- Claro, eu já não coleciono mais e nem tenho mais interesse.

Realmente, eram muitos DVDs, tínhamos que fazer umas duas viagens para levá-los todos para o carro, por isso, ele sugeriu que eu voltasse na casa dele outro dia para pegar os DVDs. Eu aceitei.

- Então, vamos voltar para a festa? - Perguntei.

- Espera, tem mais uma coisa... - Ele disse.

- O que?

- Isso - Respondeu ele me beijando.