No Campo - 06
Parte da série Amor por acaso
Terça feira, o dia de eu ir encontrar o Dudu no campo. Tudo bem que ele iria apenas me ensinar futebol, mas saber que eu estaria com ele já me fazia sentir aquele friozinho na barriga. Nada podia dar errado, era a minha chance de descobrir se eu realmente tinha alguma esperança com ele ou se ele apenas me queria como amigo.
Não conseguia nem mesmo me concentrar durante a aula pensando em como iria ser me encontrar com ele. Os professores me chamaram atenção algumas vezes mas mesmo assim, continuei pensando nele.
Soa o sinal para o intervalo.
- E então Gabriel, agora não adianta negar hem! Você realmente ta apaixonado! - Disse Sara.
- Ai, como você é persistente garota. - Respondi.
- Sou mesmo, ainda mais você com essa cara de cachorro arrependido.
- Conta pra gente Gabriel, quem ta te deixando assim? - Disse Malu.
- Ninguém, oras! Eu só estou... um pouco...
- Apaixonado. - Disse Malu.
- TA BOM! Eu estou... não apaixonado, mas... uma pessoa mexeu muito comigo.
- Quem? - Perguntou Sara.
- Isso eu não posso dizer. - Respondi.
- Por favor? - Implorou Malu.
Quando eu ia negar Malu, o sinal tocou novamente e, tivemos de voltar para a sala de aula. Foi um alívio não ter que dizer quem era para Sara e para Malu, nem para elas eu podia dizer, afinal de contas eu não era assumido, muito menos Elisa ou outros dos meus amigos sabiam.
Mais 3 aulas super chatas, tive que aturá-las, mas como eu estava com a cabeça em outro planeta, não demorou muito para que desse a hora da saída. Eu sabia que as duas iam voltar a me procurar de novo e me perguntar quem era a pessoa que mexeu comigo, então por isso, saí da escola correndo, para que elas não pudessem me pressionar novamente.
A minha surpresa, foi que quando eu estava me afastando da escola, alguém me chamou; era o Hugo. Ele estava sozinho e, correu até mim.
- Gabriel! Eu precisava falar com você! - Disse ele.
- Oi, o que aconteceu? - Perguntei.
- Não aconteceu nada, eu só queria falar que, gostei bastante de ficar com a sua amiga no outro dia.
- Que bom. - Respondi tentando ser educado.
- Você e ela se conhecem a muito tempo? - Perguntou ele.
- Nos conhecemos este ano na escola mesmo.
- Hum, legal. E ela tem namorado?
- Não né, se ela ficou com você. - Respondi.
- Ah, mas sei lá, do jeito que esse mundo está.
- A Sara não é dessas, não precisa se preocupar, se quiser namorar ela, ela não vai te trair, acredite.
- Bom, se você está dizendo... - Disse ele.
- Tenho que ir. Até qualquer hora. - Me despedi.
- Tudo bem então, até mais.
- Até.
- Espera!
- O que foi de novo? - Perguntei.
- Você vai vir à escola amanhã?
- Vou! - Respondi.
- Então a gente se vê amanhã. - Se despediu ele.
- Posso ir agora?
- Pode.
O Hugo era muito estranho. Ele chegava a me dar raiva com algumas perguntas e conversas idiotas que ele fazia. Não sabia como a Sara tinha conseguido ficar com ele, e como... aquela "coisa" conseguia beijar bem sendo daquele jeito. Mas tudo bem, aquilo não me importava, eu só queria chegar em casa, tomar um banho, me trocar e esperar a hora de ir no Campo.
O Dudu me mandou uma mensagem, avisando que queria me encontrar no campo por volta das 16h, eu aceitei.
16:00 horas. Hora de ir no Campo encontrar o Dudu. Eu estava em perfeito estado de conservação para encontra-lo.
Cheguei no campo. Não havia ninguém por lá, o jeito era esperar pelo Dudu. Ia marcando no relógio 16:20 quando ele chegou. Foi incrível ver ele entrando no campo, pois finalmente eu estava vendo ele novamente.
- Oi. - Disse o Dudu com um sorriso.
- Oi. - Respondi alegre.
- Está me esperando a muito tempo? - Perguntou ele.
- Não, só a alguns minutos.
- Me atrasei limpando o carro do meu pai, ainda teria que lavar ele, mas vou deixar para outro dia.
- Legal. Qual é o carro do seu pai? - Não sabia o que perguntar pra ele.
- Um Honda branco. Imagina o trabalho para limpar aquilo hem. - Disse ele rindo.
- Deve ser difícil. - Respondi forçando uma risada.
- É sim. Mas viemos aqui pra mim te ensinar futebol certo?
- Sim.
- Tudo bem, então...
Ele começou a falar várias coisas, me dizendo que um time era formado por 11 jogadores, qual a função de cada, a posição onde ficam, alguns jogadores famosos e até mesmo alguns jogos que marcaram a história do mundo. Eu não entendia nada daquilo, mas concordava com tudo o que ele falava pra não dar a parecer que eu estava entediado com aquela conversa e, realmente estava. Eu estava super entediado com o assunto, mas não queria que ele percebesse, e o que eu não sabia, era que aquilo era a parte fácil do futebol, ele ainda iria me ensinar a jogar. Ele me pediu para tentar tirar a bola dele, colocou-a no pé e começou a fazer embaixadinha enquanto me chamava. Já da para ter uma ideia do que aconteceu né? Ele me deu 14 olés e me deixou com cara de bobo. Até que ele percebeu que eu não estava conseguindo nada com nada e disse que iria me deixar tirar a bola dele agora. Quando fui tentar tirar, acabei tropeçando e caí. Ralei todo o meu joelho, meu cotovelo, doía muito, mas não era isso que mais me incomodava, o pior foi a vergonha de ter caído na frente dele. Achei que ele iria começar a tirar muito sarro de mim e começar a me zoar, como a maioria dos garotos fariam, mas por alguma razão ele não fez, ao contrário. Cuidadosamente me ajudou a levantar e, me ajudou a sentar num banco ali ao lado.
- Você ta bem? - Perguntou ele.
- Sim, apenas uns machucados, nada sério. - Respondi.
- A queda foi feia, você não deve estar nada bem. A culpa foi minha, desculpa por favor, se eu soubesse disso eu iria te segurar, é sério, me desculpa...
- Calma, calma. Não foi culpa sua.
Ele estava super preocupado por eu ter caído. Estava sendo super atencioso comigo, estava estranhando aquilo.
- Foi sim, me desculpa. - Implorava ele.
- Para, por favor, não foi culpa sua.
- Ai, se eu soubesse disso, taria ali pra te segurar. - Disse ele.
- Dudu, já falei, para! Se continuar eu vou embora.
- Tudo bem. Eu só queria que fosse divertido, mas não saiu como eu planejei.
- E como você tinha planejado? - Perguntei.
- Ah... em eu e você... a tarde inteira, jogando futebol e dando risadas...
Enquanto ele falava, foi chegando cada vez mais perto de mim e, cada vez mais perto. Minha boca estava a menos de 3 centímetros da dele e...