A Verdade - 13
Parte da série Amor por acaso
Não demorou mais que 15 minutos, Elisa já estava tocando a campainha de casa. Quem atendeu foi a minha mãe, porque ela pensou que eu ainda estava dormindo.
- Oi Elisa. - Falou a minha mãe.
- Oi senhora Correa, o Gabriel está? - Disse a Elisa.
- Sim, mas ele ainda está dormindo...
- Pode subir Lisaa - Gritei do meu quarto interrompendo a minha mãe.
- Parece que não - Ela disse pra minha mãe - Licença. - Pediu ela.
- Pode ir.
Elisa chegou no meu quarto e me encarou da porta. Eu ainda estava deitado na cama, coberto, pois a dor de cabeça só aumentava. A Elisa não perdeu tempo, trancou a porta, mandou eu chegar pro outro lado da cama, sentou do meu lado e já foi direto no assunto.
- Me explica! - Disse ela.
- O que? - Perguntei.
- Não se faça de besta, sobre o que tava rolando ontem no estacionamento.
- Bem, mas o que você quer saber?
- Primeiro: Por que vocês estavam se beijando?
- Ele me agarrou lá fora, eu não tive culpa, ele me surpreendeu naquela hora.
- E você deixou ele te surpreender?
- Eu não fazia a mínima ideia de que aquilo iria rolar.
- E você gostou?
- O que? - Questionei assustado com o que a Elisa havia falado.
- Você gostou... do beijo? - Repetiu.
- Lógico que não - Menti - Senti vontade de vomitar naquela hora.
- Pois pareceu que você tava gostando.
- Pareceu errado então. Olha, eu não to muito bem, to morrendo de dor de cabeça e com muita fome, então para de falar besteira e pergunta logo o que você quer saber que eu preciso comer e tomar algum remédio. - Disse
- Você é gay? - Caramba, nunca imaginei que ela fosse me perguntar isso tão direto.
- O que? - Me assustei.
- Você ta surdo hoje hem!! Quero saber se você é gay?
- Não... - Falei sem colocar firmeza na voz.
- Gabriel, é o seguinte colega. Te conheço faz 500 anos, e sei que você nunca ficou com nenhuma menina. Já te peguei olhando pra outros caras e também algumas fotos incriminatórias no seu celular, então é melhor tu falar a verdade. Pode confiar, eu não vou te julgar.
- A verdade? - Perguntei.
- A verdade verdadeira!
- Sim. - Respondi.
- Sabia!! Sempre desconfiei de ti mas nunca te falei nada.
- E agora que você sabe vai fazer o que? Espalhar pra todo mundo, não vai mais falar comigo?
- Não... só tenho mais uma pergunta. Posso fazer?
- Pode né, o pior já passou. - Disse.
- O que tem entre você e o Hugo?
- Nada, por que?
- Sei lá, achei que ontem tava rolando um super clima entre vocês. - Disse ela abaixando a cabeça.
- Bobagem... Ah, também tenho uma pergunta. De onde você conhece o Hugo?
- Hã? - Disse ela se fazendo de boba.
- Depois eu que to surdo né - Falei rindo - de onde você conhece o Hugo? Ele é da minha escola, e você gritou o nome dele na hora que você viu... aquilo. Ele é meu amigo, mas eu nunca apresentei ele pra você.
- Ah... Bem, ele... - Ela começou a gaguejar.
- Gabriel, tem um garoto lá fora de moto querendo falar com você. - Disse a minha mãe nos interrompendo.
- Ui, que garoto é esse Gabriel? - Perguntei a Elisa me constrangendo.
- Também não sei.
- Aposto que é um ficante seu hem. - Disse a Elisa saindo correndo do meu quarto.
- Não, espera aí...
Tentei segui-lá, mas tava quase me arrastando pra poder apenas me levantar. Saí com tanta pressa que acabei esquecendo de colocar a roupa, por isso desci a escada usando uma camiseta branca e uma cueca box branca também. Cheguei perto do portão e a Elisa estava meio que paralisada, como se tivesse visto um fantasma. Saí pra fora de casa para ver quem era e, era o Dudu, segurando dois capacetes.
- Dudu, o que você ta fazendo aqui? - Perguntou a Elisa.
- Eu... vim... - Ele gaguejou sem saber o que falar. Logo que percebi que ele não tinha nenhuma desculpa pra dar, resolvi inventar alguma coisa.
- Ele veio te buscar, Elisa. - Disse.
- Me buscar? Pra que? E como ele sabia que eu tava aqui? - Disse ela.
- Eu chamei ele aqui pra vocês irem tomar um sorvete, ou alguma coisa assim. Aproveita Elisa - Falei piscando pra ela.
- É, isso mesmo! vamos? - Disse o Dudu.
- Mas...mas... - A Elisa estava um tomate de vermelha, por isso eu empurrei ela até ela pegar o capacete da mão do Dudu e subir na moto dele.
- Então depois eu te ligo Gabriel. - Disse ela me olhando com um olhar "Você não deveria ter feito isso, mas ainda bem que fez".
Fiquei triste dela ter ido com o Dudu, eu sabia que ele tinha vindo pra falar comigo, mas não podia deixar ela desconfiar de nada entre a gente, então o melhor era fingir pra ela que eu estava ajudando os dois. E sem a Elisa pra ficar me atormentando com mais perguntas, já que eu já estava em pé mesmo, resolvi ir para a cozinha tomar algum remédio e comer alguma coisa.
Tomei alguns remédios, comi o que tinha sobrado do almoço e voltei para o quarto, depois de uma breve discussão com a minha irmã e perguntas da minha mãe. Voltei para o quarto, deitei na cama e logo adormeci de novo. A dor tinha passado um pouco, mas eu ainda me sentia com uma enorme preguiça... bem, isso era normal em mim. Depois de algumas horas, fui acordado com o toque do meu celular. Era o Dudu me ligando, e sem perder tempo, atendi.
- Oi amor. - Disse.
- Oi, to morrendo de saudades de você. Você sabe que hoje eu só fui aí pra sair com você não sabe? - Disse ele.
- Sim, mas a Elisa tava aqui. Afinal, o que vocês fizeram?
- Levei ela pra tomar um sorvete e ficamos conversando por umas 2h, depois levei ela pra casa e ela me deu um beijo no rosto. Olha, eu não quero magoar ela, por isso, acho melhor contarmos sobre o que rola entre a gente.
- Awn que fofo. - Falei rindo - Então é melhor contarmos, porque agora ela já sabe que eu sou gay. - Disse.
- O que? Você contou? - Ele perguntou meio assustado.
- Eu tive que dizer depois que ela viu... É, ela meio que me colocou contra a parede. - Disse percebendo que eu ia falar besteira.
- Viu o que? - Perguntou ele desconfiado.
- Viu fotos de alguns caras no meu celular - Menti.
- Você tem foto de caras do seu celular?
- Esqueça. Quem vai contar pra ela, eu ou você? - Perguntei.
- Acho melhor você contar já que você é mais íntimo dela.
- Tudo bem então, qualquer dia desses eu conto pra ela.
- Rápido hem. Quero muito poder te chamar de amor na frente de todo mundo. - Disse ele.
- E eu te amo, e quero muito mesmo poder ouvir você falar isso na frente dos outros.
- Tudo bem. Então até mais e... te amo - Disse ele.
- Também te amo.
Desliguei o meu celular e fui tomar um banho pensando no Dudu. Eu realmente tava apaixonado por ele e não queria mais esconder isso de ninguém, principalmente do meu pai e da Elisa. A Malu e a Sara já sabiam, então eu podia contar com elas para o que precisasse.