Capítulo XVI - Mudanças

Conto de Lopesmoc como (Seguir)

Parte da série O Anjo & O Ateu

- Está tudo bem? - Perguntou Andrew.

- Claro "Mor"! Seu padrinho parece ser muito legal, apesar das circunstâncias, ele até que reagiu bem- Falei rindo.

- Ele é como um pai pra mim e além de ser o melhor amigo dos meus pais, sempre esteve presente na minha vida. Ele morou por um tempo em São Paulo, não tive tempo de avisá-lo da faculdade, da capital, de você... - disse ele

- Ele me pareceu meio surpreso, Drew. E o que ele quis dizer com "E a Lexi"? - Perguntei

- Sabia que você ia perceber. Bem... Eu sei que ainda não te contei, mas antes da Lexi vir morar aqui na capital a gente namorava, na verdade sempre fomos muito próximos.

- E o que aconteceu com vocês?

- Ela teve a oportunidade de vir para Belo Horizonte, e digamos que preferiu começar tudo do zero: nova cidade, nova escola, novas pessoas, novas amizades e novo amor.

A forma como ele disse aquilo fazia parecer correta a egoísta atitude de Lexi.

- Ainda bem que ela insistiu pra que eu viesse pra cá também, porque se não eu não teria conhecido meu mozão.

- Você é sempre assim? - Perguntei

- Lindo e sedutor? Só as vezes, mas sai naturalmente,  não consigo controlar - Disse ele rindo.

- Convencido também neh!

- Não é isso que quero dizer, Drew. Você me lembra muito a minha mãe. Ela tinha esse mesmo dom, sempre conseguia ver o melhor nas pessoas, mesmo ela demonstrando o pior. Eu fico imaginando o que você viu em mim, eu não sou quem você pensa, não mereço você. E a Lexi tem razão em me querer longe de você.

- Como assim? A Lexi falou com você?

- Relaxa! Ela estava apenas te protegendo Drew, ela ainda te ama. Talvez você devesse pensar melhor em relação a isso.

- Pode ir parando Vincent! - Disse ele, parecia meio bravo.

- Olha! Eu sei que a gente está indo muito rápido, faz apenas alguns dias que estamos namorando, mas o que sinto por você, Vince, é real! A Lexi é passado. Ela está apenas confusa porque acabou de terminar um relacionamento. E você, meu amor, merece tudo de mim; não são as pessoas que precisam dar uma chance para você, é você que precisar dar uma chance a você mesmo, você não precisa ficar com medo, eu sempre vou estar aqui com você.

- Está parecendo o Solano agora - Disse rindo.

- Sabe, tem uma frase que meu padrinho me disse uma vez, que se enquadra perfeitamente nesse momento:

"O verdadeiro amor não está no tempo que se dura, mas na intensidade com que acontece, por isso existem sentimentos inexplicáveis e momentos inesquecíveis".  Os meus são com você Vince.

- Que lindo, Drew!

- Bem, agora vamos descansar, porque amanhã eu vou sair com o sogrão. Disse ele

- Falando nisso, o que você vai fazer com meu pai amanhã? Perguntei curioso.

- Ele vai me levar na empresa de seu avô, conseguiu um estágio pra mim.

- Que Bom Drew! Sabe... Meu pai está bem diferente esses dias. Ele não é tão "aberto" com as pessoas, como está sendo com você. Hoje ele esteve no meu quarto, conversando comigo.  É como se ele estivesse mais presente.

- Talvez fosse apenas uma fase Vince. Ele perdeu o irmão, logo depois a mulher. As vezes a gente precisa de um tempo para superar tudo.

- Ele te falou algo sobre isso?

- Ele falou mais do irmão. Disse que Michael e o filho morreram num acidente de carro há 18 anos.  Falou da minha semelhança com o Michael, e que Dona Vivian também reparou na semelhança, por isso reagiu daquela maneira, quando me viu.

- Bem... parece que você sabe mais do meu pai que eu mesmo. Talvez você consiga falar com ele sobre nós. - Disse rindo.

- Eu não acredito que ele reagiria tão mal assim Vince.

- Nem pense nisso, Andrew. Meu pai e meu avô têm horror a homossexuais. Meu avô então, principalmente. Enquanto estiver no estágio ou lá em casa. Tome cuidado com o que diz, OK?

- Tudo bem!

No dia seguinte, acordamos cedo. Andrew me deixou em casa e seguiu para a empresa do meu avô, ele parecia ansioso pelo primeiro dia no estágio. Em casa, abri o portão e subi as escadas bem devagar, sem fazer barulho, não queria acordar ninguém, principalmente, meu pai, que resolveu agora dormir em casa todas as noites. Abri a porta do meu quarto lentamente...

- Bom dia filho, chegou cedo! Por que está abrindo a porta desse jeito?

- Pai!? O que faz aqui no meu quarto tão cedo?

- Bem... meu chuveiro queimou, a água está muito gelada, vim usar sua suíte.

- Ah... sim... entendi.

- Como foi a noite ontem? Se divertiu?

- Claro pai. A mulher acabou me prendendo a noite toda na cama, sabe como é, neh? Só consegui sair agora de manhã. - Disse com a cara mais cínica do mundo.

- Imagino... Só não se atrase para faculdade. O Andrew falou com você?- Perguntou

- Quem? Falou o que?

- O estágio! Andrew começa hoje na empresa de seu avô. Está tudo certo, hoje vou levá-lo para fazer alguns exames de rotina, antes da aula.

- Que bom pai! - Disse me fazendo de desinteressado.

- Vince... você anda meio estranho, aflito. Tem algo que você queira me dizer?

- Claro que não pai, é só a faculdade. Essa semana tem prova e trabalhos, só tô um pouco ansioso, só isso.

- OK! Vou indo, o Andrew deve estar me esperando.  Fica com Deus meu filho.

- Claro, deus...

Os dias foram se passando , eu e Andrew nos tornávamos cada vez mais íntimos a cada dia que se passava, descobrindo detalhes um do outro. Tudo estava tão perfeito, que era até difícil acreditar, ficava sempre aquela espera pelo pior, que nunca veio. Andrew estava super feliz com o estágio na empresa de meu avô.  Eu o admirava muito, mas também tinha um pouco de medo. Na faculdade a gente era bastante discreto, apresentei Andrew para alguns de meus amigos.

Era domingo, acordei meio assustado com os berros de Solano, lá embaixo, na sala. Levantei, fiz minha higiene e desci para ver o que estava acontecendo com nossa "donzela saltitante".

- Bom dia Sol, bom dia Becca?

- Bom dia, Sol? Quem é você e o que fez com o Vincent?- Disse Solano.

- Que mau humor é esse, hora dessa?- Perguntei

- O meu pai! Aquela criatura homofóbica, está me chantageando. Tomou meu carro e confiscou meu cartão de crédito. Você acredita que peguei ônibus para vir aqui hoje? Ônibus!

- Que tragédia! O que aconteceu no ônibus? O trocador não deu em cima de você? - Perguntei rindo.

- Meu querido, na sua terra de índio, eu sou o cacique - Respondeu ele.

- Acredito em você! - Disse

- Deixa o Solano, Vince - Disse a Rebecca rindo

- Cadê o papai Rebecca? - Perguntei

- Ele saiu cedo, não falou para onde ia, parecia que precisava fazer algo muito importante. — Disse.

- Que estranho! O que será que meu pai precisava tanto fazer. Pensei comigo

Continua...

Comentários

Há 3 comentários.

Por Olivier em 2015-04-27 11:32:26
Cade o proximoooo!!!!!!
Por edward em 2015-04-16 16:25:40
Pubicla logooo
Por kewlopez em 2015-04-14 21:55:55
Amei esperando ansiosamente o próximo!!!