Capitulo X - Michael?
Parte da série O Anjo & O Ateu
Eu te amo.
O que eu estava pensando? Só depois caiu a ficha do que havia falado. Como eu sou idiota, provavelmente o assustei, forcei a barra. Como pode em tão pouco tempo, praticamente no segundo encontro, eu jogar isso pra cima dele, falando que..
- Eu também te amo, Vince! - Disse ele, interrompendo meus pensamentos.
Eu corei na mesma hora que falou; e ouvi-lo falar que me amava foi como se o vazio que eu sentia tivesse sido preenchido. Eu me senti tão feliz. É como se o Andrew me completasse, meio brega o que eu disse, eu sei, mas não havia outras palavras para demonstrar o que estava sentindo. Eu falei que o amava por impulso, sem pensar, talvez; mas na verdade eu estava realmente apaixonado por ele.
- Aew Vince!... O que vamos fazer hoje? Estou por sua conta. - Perguntou ele com um imenso sorriso.
Pensei em perguntar se não ia para o aniversário da Lexi, mas achei melhor não. Não queria perder a oportunidade de passar o dia todo com o Andrew. O meu pai, como sempre, estava viajando, a Rebecca estava no aniversário. A casa era toda nossa.
- Vamos dar um pulo na piscina? -Falei.
- Opa! Só se você me emprestar alguma roupa de banho.
- Eu te empresto, mas se preferir pode ir sem roupa mesmo - Falei olhando para ele com um sorrisinho malicioso.
- Olha que eu vou mesmo, hein! E se sua irmã chegar, eu quero ver a desculpa que você vai arrumar para ela - Disse ele rindo.
- Drew... meio que a Rebecca já sabe da gente, pra falar a verdade, ela me deu a maior força - Falei.
- Tudo bem - Disse ele.
- Mas somente a Rebecca que sabe. E prefiro que permaneça assim, porque se um dia meus amigos ou pior meu pai sonhar que seu filho é na verdade um ... prefiro nem pensar nisso!
Andrew olhou pra mim, agora meio sério e disse:
-Vince, você tem uma visão muito rudimentar do que seja um gay. Só porque "mudou" sua opção sexual não significa que você precisa mudar seu jeito de pensar, de vestir, de escolher um filme, de comer, de viver. Quem realmente for seu amigo vai continuar sendo; e seu pai, de uma maneira ou de outra, vai acabar aceitando. Você não precisa divulgar na rádio, mas também não precisa agir como se estivesse fazendo algo errado, apenas aja naturalmente, seja você. Então se você realmente está disposto e preparado para viver um relacionamento, eu te pergunto: você quer namorar comigo!?
Eu gelei. Suas palavras foram bem diretas. Não estava confuso; quando decidi chamá-lo pra sair, planejava algo sério com ele, mas tudo aconteceu tão rápido, a gente se conheceu em um dia, saiu em outro, fizemos amor e agora ele está aqui na minha frente, detalhe: somente de cueca, me pedindo em namoro. O Andrew não é como o Solano, que age como uma "donzela" que acabou de sair do armário e necessita urgentemente de um homem; nem como o Carlos, que age pelo desejo do momento e depois finge que nada aconteceu, ele é "Normal", discreto, gostoso pra "caralho" e me ama, é perfeito pra mim, digo, ninguém iria parar a gente e perguntar: Vocês são namorados?, podemos ser apenas grandes amigos na visão das pessoas, e amantes entre quatro paredes.
- Quero Drew, é o que mais quero! - respondi dando um beijo.
Estávamos começando a esquentar o clima novamente, o Andrew tem uma pegada, uma energia. Mas de repente ouço uma voz na sala:
- Meninos, Cheguei, desçam, sua avó está aqui também.
- É o meu pai! E agora!? - Gritei espantado empurrando o Andrew na cama.
- Vamos nos trancar no banheiro e falar que a porta estava emperrada - disse ele ironicamente.
- É serio Andrew. - falei.
- Vince... relaxe, aja naturalmente, lembra? E para todos os efeitos, eu sou seu amigo e estou lhe fazendo uma simples visita - disse ele vestindo a roupa, me tranquilizando.
- É... tem razão, agir naturalmente. Eu irei descer, você termina de se vestir e desce logo depois - falei .
Aja naturalmente, repetia constantemente em meus pensamentos. Estava nervoso, precisava inventar uma desculpa melhor. Meu pai era um grande advogado, ele pegava a mentira pelo cheiro.
Descia as escadas, meu pai Victor e minha avó Vivian estavam sentados no sofá da sala.
- Oi meu amor, que saudades de você, como está alto e bonito! - disse minha avó.
- Oi vó, também estava com saudades - falei.
- Cadê sua irmã, Vincent? disse meu pai.
- A Rebecca... bem, ela...
Enquanto arrumava uma bela desculpa para meu pai, o Andrew descia as escadas, ele estava vestido, menos mal. Mas o estranho é que minha avó o observava como se o conhecesse.
- Mi-Chael!? - Disse minha avó, colocando sua mão sobre o peito, parecia que estava prestes a ter um ataque cardíaco.
O meu pai também o observava, parecia meio assustado também. Minha avó chamava o Andrew de Michael, esse também era o nome do meu tio, mas eu não cheguei a conhecê-lo. Para falar a verdade, nunca vi sequer uma foto, ele morreu em um acidente de carro há mais de 20 anos. Meu pai falava pouco dele, o que sei, é que minha avó sofre muito até hoje pela sua trágica morte. Acredito que seja porque o Michael era seu filho verdadeiro, isto é, biológico, o meu pai é filho de criação, ele foi adotado pela Vivian quando tinha 5 anos.
- Está tudo bem senhora!? Está meio pálida, é melhor chamar um médico, Vince? - disse o Andrew segurando o braço da minha avó.
- Quem é ele, Vincent? - disse meu pai.
- Bem... Ele é o Andrew, colega da Rebecca. Ele veio fazer um trabalho com ela, mas ela saiu...
- Ela foi buscar o Solano, outro colega nosso, senhor. Prazer, eu sou o Andrew! - Interrompeu ele, apertando a mão de meu pai.
- Eh... Des-cul-pa minha mãe. É que você se parece muito com meu falecido irmão, Michael. E logo hoje, no dia que seria seu aniversário, você aparece de repente para nós. - disse meu pai.
- Tudo bem, eu que peço desculpa por aparecer assim de repente - disse Andrew.
Minha avó, olhava para o Andrew atentamente, chegou um momento em que ela tocou seu rosto, ela estava realmente fora de si.
- Vó, está tudo bem? Quer uma água? - falei.
- Você é idêntico ao meu Michael. De onde você é meu jovem? - disse minha avó, recuperando a realidade.
- Eu sou de Capelinha, uma cidade do interior - disse o Andrew.
Falava com tanto orgulho, provavelmente gostava muito de sua cidade natal.
- Quantos anos você tem? -disse meu pai.
- Tenho 20 anos, senhor- disse ele.
O mais estranho foi que meu pai nunca foi de dar muita atenção pra alguém, nem mesmo para seus clientes, mas com o Andrew foi diferente. Ele realmente estava interessado em saber quem era o Andrew.
Continua ...