Ligados Ao Passado - Capítulo IX

Conto de Lohan como (Seguir)

Parte da série Ligados ao Passado

Olá, desculpem o atraso de duas semanas na atualização da história. Mesmo sendo dois escritores, nossos horários infelizmente se sobrecarregaram e ambos ficamos com indisponibilidade de tempo para atualizar aqui e no blogger: https://ligadosaopassado.blogspot.com.br/. Vou deixar aqui o e-mail, caso aconteça de nos atrasar novamente, só mandar um e-mail que enviaremos uma previsão de postagem. E-mail: caiolohan11@gmail.com

Neste cap. a história se voltará para a Lyandriam e alguns problemas que estarão por vir. Não foca e nada em especial, mas traz detalhes que serão cruciais posteriormente.

Ligados Ao Passado

Capítulo IX

Uma Última Canção Antes de se Reunir!

Lyandriam Jayus sempre foi uma menina atrapalhada. De dez a cada nove vezes que algo de ruim acontecia, ela era a escolhida. Ela sempre estava no lugar errado, na hora errada, com a pessoa errada, com a roupa errada, com a atitude errada e com as palavras erradas... Se a palavra azar fosse uma pessoa, certamente, seria ela.

Em seu passado ela já esteve em diversas situações não convencionais, mas ela sempre perseverou e atravessou seus desafios. Ela sempre foi uma mulher baseada entre os extremos da ingenuidade e da sensualidade. Devido a isso, ela foi a que sempre manteve os “outros dois” sempre unidos quando eram crianças. O jeito despreocupado e infantil de Ender contrastava com o jeito perfeccionista e autoritário de Nuno, e em meio a essas duas forças explosivas, ela que era a brisa que os conduzia no mesmo caminho. Como? Ninguém sabe! Mas, era somente ela que fazia os dois pararem e ouvirem alguém que não fosse eles mesmos.

Após falar com Nuno, ela já começou os preparativos para sua viagem. Não que precisasse de muito planejamento. Somente ajustes. Ela já estava com a viagem marcada antes mesmo de receber a ligação de Nuno falando sobre a situação de Ender. Talvez por obra do destino ou talvez não, desde que Ender havia voltado ao Brasil que ela sentia uma enorme vontade de retornar também. Diferente de Nuno, ela era extremamente ligada a sua família e após 2 anos e alguns dias, finalmente o peso da saudade começou a esmagar seu coração, principalmente, nos últimos 8 meses em que esteve morando sozinha.

Era inevitável pensar em um, sem que pensasse no outro e consequentemente se lembrasse dos três juntos. Ela passou certo tempo após a ligação sentada no sofá da sala, terminando a garrafa de vinho que estava tomando mais cedo, enquanto ainda estava com alguma expectativa de que sua vida sexual desse certo, pelo menos uma vez. Não que ela particularmente gostasse do sabor do vinho, para ela o gosto amargo e meio cítrico da bebida a deixava enjoada, preferia bebidas mais fortes e doces, mas ela precisava abafar a ansiedade que sentia em voltar o quanto antes para a “reunião”.

Mais cedo naquele dia, havia marcado “uma noite” de despedida com suas amigas em um bar que oferecia música ao vivo no estilo karaokê. Sem Ender para fazê-la companhia em casa, essa tinha se tornado sua nova rotina diária, acordar de ressaca, correr para o trabalho em uma clínica pediátrica, comprar alguma porcaria para comer no caminho, cumprir seu horário, sair, ir para a academia gastar toda a caloria que acumulou durante o dia, voltar para casa, tomar um banho, sair novamente, se divertir até dizer chega, voltar destruída para casa carregada pelas amigas, apagar e repetir todo o ciclo novamente. E claro! Se de alguma forma surgisse uma oportunidade com algum cara, não tentar estragar tudo com seu azar logo na primeira noite.

Ao finalmente decidir aprontar-se. Ela seguiu os movimentos que seu corpo já havia memorizado após tanto repeti-los, vestiu um vestido preto colado ao seu corpo, ele ficava no meio de suas coxas e em seus seios, havia um decote que os deixavam aparentemente maiores do que eram e nas costas ele era aberto. Para complementar o visual, ela colocou uma meia calça de renda preta e uma bota de cano alto com salto fino e deixou uma jaqueta na cama esperando para quando terminasse a maquiagem. Ela sabia valorizar seus atributos, principalmente, seus olhos verde-escuros, que contrastavam com o escuro de suas roupas. Sempre procurava priorizar algo leve em seu rosto, diferente de suas amigas que na opinião dela, tentavam competir com o coringa. Quanto ao seu cabelo, não havia absolutamente nada para fazer com ele, como era comprido e liso, chegando a bater na polpa da bunda, ela optava por deixa-lo solto. Segundo ela, “era trabalhoso demais fazer diversos penteados toda vez que fosse sair”, logo, ela só fazia algo diferente, se fosse uma ocasião especial.

Quando terminou de se aprontar, ficou se encarando por um tempo em frente ao espelho. Era uma visão a ser admirada, mas não inesquecível. E isso a frustrou. Hoje. Ela queria ser o centro de todas as atenções. Então mesmo sabendo que se atrasaria ela voltou para o banheiro e lavou o rosto, desfazendo toda a sua maquiagem. Pegou um de seus celulares e começou a percorrer suas playlists. Ela sempre tinha uma música para qualquer situação, qualquer pessoa, qualquer sentimento, para qualquer coisa.

“O que necessito?... Preciso de algo que me de destaque, mas que não me faça parecer uma louca desesperada... Vejamos... Se juntar o fato de ser abandonada há poucos minutos atrás, juntar a ligação do Rey, saber que ele está com o End, à saudade de casa e meu desejo de ser um grande destaque naquele bar hoje para manter minha imagem viva até o meu retorno... Então terei... Essas duas aqui¹!”

Ela apertou o play e ficou escutando e cantarolando um pouco, até que os sentimentos que a música passava a alcançasse e crescesse dentro de si. Quando isso finalmente aconteceu, ela recomeçou sua maquiagem. Quando terminou e se olhou novamente no espelho, ela sorriu aprovando o que via. Olhos que se antes transpassavam doçura, agora passavam, em uma palavra singular “PERIGO”.

Pegou sua jaqueta e saiu do quarto enquanto ligava para dizer que já estava a caminho.

Ao chegar ao bar foi recebida pelas suas duas amigas, que conheceu no intercâmbio e chamavam-se Clara e Clarice. Elas contavam basicamente como uma só, as duas eram irmãs gêmeas idênticas, e mesmo após um ano e meio, ela evitava as chamar pelo nome diretamente em um comprimento, só dizendo coisas como “Hey!” ou “Olá garotas!”.

- Hey, garotas! Prontas para terem uma noite inesquecível?

- Sempre! Mas, antes disso... Quem é você mesmo? – Clarice falou. Ela era a mais “solta” das três.

- Gostou? – Lyan deu uma volta, fazendo seu imenso cabelo balançar com o vento, despertando a atenção de algumas pessoas que passavam.

- Você está incrível... Pelo visto a noite de hoje deu certo pra você hein? Quero todos os detalhes!

- Queremos! – Clara era a típica quieta que só demonstra suas garras ao falar de “certos assuntos”.

- Ele foi incrível... Nunca me senti tão excitada... – Ela começou com um sorriso duro em seu rosto.

- Pelo sorriso forçado... Não deu em nada. O que houve dessa vez? – Clarice era expert em análise corporal. Sua formação consistia em linguagem corporal no uso de diagnósticos preventivos voltados a sanidade mental. Em resumo, Lyan era uma de suas “cobaias” de estudo constante.

- Ah! – Ela suspirou – Estava tudo indo muito bem... Até eu receber uma ligação no meu celular da família... E passar certo tempo conversando com meu primo Rey e depois...

- Wow! Wow! Wow! – Clara a interrompeu – Rey? Esse não é “O Primo que nunca deve ser mencionado”, é?

- Sim é ele... Mas...

- Que história de “primo sem nome” é essa gente? – Clarice que interrompeu dessa vez - Vocês sabem que não gosto de ficar de fora das conversas. Anda logo, conta a história. Agora! – Ela falou olhando para Lyan e logo após olhou para sua irmã – Clara, já que você ouviu a história... Desaparece! Vai procurar um bom lugar para nós lá dentro enquanto eu fumo um cigarro e escuto essa história.

- Ai! Como você é chata hein Clarice! Só vou por que da última vez ficamos naquela mesa perto ao banheiro masculino e presenciei cenas que me dão náuseas até hoje.

- Agora você sabe o que passo todo dia quando tenho que ver uma pessoa com uma personalidade tão sem graça quanto a sua, tendo a mesma fisionomia que eu – Clarice retrucou e logo após sorriu.

- Juro que se vocês não fossem minhas únicas amigas aqui... Eu mataria vocês! Só avisando... Se me interromperem de novo vou socar a cara de vadia de vocês.

- Você fica tão nervosa quando não transa amiga! Relaxa! – Clarice retirou um cigarro e o acendeu – Então... Quem é esse primo que não conheço?

- O nome dele é Nuno Reynard...

- Esse não é o nome do um aluno preferido de um dos professores que tivemos? Como ele o chamava mesmo? O futuro “médico prodígio”? Acho que esse seu primo devia ser um puta puxa saco desse professor – Clarice após uma tragada olhou para Lyan – Desculpa, te interrompi sem querer – Ela sorriu – Só pensei alto.

- Sim – Ela inspirou buscando manter a paciência – É ele, mas está errada quando a ele ser um “puxa saco”, geralmente, ele costuma ser aquele tipo de pessoa que quase todos odeiam, mas que não podem falar nada devido a ele ser bem competente no que faz. Até onde sei... Nenhum dos pacientes que chegou até ele, chegou a óbito estando aos cuidados dele.

- Menina, como você tem um primo desse nível e não apresenta as amigas? – Clarice estava indignada.

- Acontece... Querida! Que eu não falava com ele há seis anos. Lembra-se do que o End falou uma vez? Sobre haver duas pessoas que o ódio dele nunca teria um limite? – Clarice assentiu – Então... Uma dessas pessoas é meu primo. Há 10 anos eles brigaram e pararam de se falar... O motivo eu não sei de certeza, só suspeito... E antes que me peça para falar sobre isso... Eu não falarei! Demorou muito tempo para que eu superasse a cena que vi. Mas depois dessa briga, os dois mudaram muito, inclusive comigo. Mantive-me no limiar entre um e outro. Até o Rey sumir da face da terra e eu, ficar ao lado daquele que me permitiu continuar na vida dele, no caso, o End. Então, esses anos se passaram sem que eu falasse com ele, somente ouvindo uma coisa ou outra da minha Tia ou quando aquele professor mencionava algum exemplo das habilidades dele em sala.

- Caramba! Bastante tempo pra alimentar rancor, não?

- Ele é complicado... Ele e o End são como água e óleo às vezes, mas... Em certos aspectos são extremamente parecidos. A teimosia e o orgulho são exemplos disso. Enfim... Resumindo a história é isso. Uma briga de melhores amigos, que passaram a serem arqui-inimigos pelo resto da vida deles.

- Entendo o jeito de Aiyra... E como entendo... Já tem mais de sete meses que ele não me liga, e quando eu ligo minhas ligações nunca completam... Mas deixando meus problemas de lado, então... E essa ligação que ele te fez? Por que disso agora? Ele quer fazer as pazes ou o quê? – Clarice encostou-se à parede enquanto afiava seus ouvidos para as respostas. Algo nessa história a deixava intrigada, principalmente por envolver seu namorado extremamente calado que nunca havia dito nada com relação a esse ódio pelo primo da Lyan.

- Não... – Lyan desviou o olhar – “Puta merda! Não posso jogar a bomba do acidente de End assim do nada. Na correria que foi tudo isso. Acabei por me esquecer de falar para ela sobre ele. Mas também não posso hesitar na resposta, ela já deve estar contando quantos milésimos de segundo estou demorando em responder, já deve estar olhando meu corpo, as alterações do meu comportamento... Calma! Se mantenha! Não se apavore e vai dar tudo...”.

- Sua hesitação e desespero em disfarçar para que eu não perceba que está omitindo algo chega a ser cômica Ly – Clarice sorriu.

- Okay. Está bem! Nuno me ligou para solicitar o endereço do End... Ele sofreu um acidente de carro e acabou parando nos cuidados do meu primo. O hospital que ele trabalha é bem... Rígido... Quanto a sua funcionalidade. E após dois dias ou foram três dias, não me recordo direito... Enfim, após esse tempo com ele desacordado e ocupando um leito que não estava rendendo “lucro” para o hospital. Começaram a pressionar para que meu primo aprovasse a transferência para outra unidade, como é o comum de acontecer.

- Pelo que ouvi... Isso teria sido bem mais simples para o seu primo. Não? – Clarice mantinha uma calma com a notícia que chegava a perturbar qualquer um.

- Sim... Mas ele é muito... Como posso dizer... Não sei... Ele só queria assegurar que o End fosse para um local de qualidade eu acho, sobretudo, devido ao quadro em que ele estava. Mesmo não sendo minha área... Estados longos de inconsciência nunca é um bom sinal.

- Isso é verdade... – Clarice continuou tragando seu cigarro até terminá-lo. Quando terminou usou a ponta dos dedos para apagá-los e depois os jogou no lixo.

- Isso sempre me surpreende. Como não queima seus dedos fazendo isso? – Lyan enrugou a testa expressando sua curiosidade e confusão.

- Hahahaha! – A risada de Clarice de alguma forma tinha um tom obscuro nela – Ai Ly! Vou te contar uma coisa. Quem aguenta a temperatura do End, suporta qualquer fogo.

- Hahahaha! Por essa eu não esperava – Lyan sorriu, mas sem humor, somente para preencher o vazio.

- Então? Como ele está agora? Para onde ele foi encaminhado? – O riso de Clarice sumiu tão rápido quanto surgiu.

- Eu depositei na conta do meu primo o valor das despesas que o hospital teve e um acréscimo para medicamentos. Segundo meu primo ele está “estável”, e quanto ao lugar em que ele está, é no Espírito Santo, provavelmente, na casa do meu primo sob os cuidados direto dele – Lyan após falar isso, começou a dar a se virar para entrar no bar, mas foi impedida rapidamente.

- Ele o quê? – Clarice pegou no braço de Lyan e a puxou para trás. Não era comum ver Clarice nervosa.

- Clarice. Calma. Ele está bem. Nuno é um ótimo profissional. Estarei me reunindo com eles e tudo ficará bem. Eu mesma cuidarei do End...

Clarice a encarou e ficou em silêncio, enquanto ainda a segurava, quando por fim resolveu soltá-la, ela estava com um olhar duro e perspicaz, mostrando que tinha tomado uma decisão - Isso não será necessário.

- Hãn?

- Não será necessário! Eu estarei lá com vocês e Eu mesma cuidarei do meu namorado. Então... Quando iremos?

“PUTA QUE ME PARIU! COMO VOU FAZER OS DOIS SE ENTENDEREM COM ELA LÁ? AI MEU DEUS! SOCORRO! O QUE EU FAÇO?”

- Clarice. Estou indo daqui a dois ou três dias. Como acha que conseguirá uma passagem em tão pouco tempo?

- Lyan... Em 1 ano e meio que nos conhecemos... Alguma vez já tive algum desejo ou objetivo não realizado? – Ela cruzou os braços e esperou pela resposta.

- Não... – Lyan suspirou.

- Então linda... Dessa vez não será diferente. Agora vamos lá dentro começar NOSSA “noite de despedida”. – Clarice passou como um raio ao lado de Lyan, entrando no bar e procurando a mesa em que sua irmã estava esperando.

Lyan permaneceu do lado de fora ainda pensando nas consequências que essa reviravolta pode acarretar nos planejamentos dela. Frustrada, ela andou um pouco na calçada para se acalmar. Quando passou em frente a uma vitrine de uma loja de bijuteria, um colar chamou sua atenção. Era uma réplica do símbolo das relíquias da morte feito de prata. Automaticamente, ela soube que havia achado o presente certo para certa pessoa. Ela se inclinou para olhar melhor. De repente seu corpo enrijeceu com uma voz que surgiu de trás de si. Uma voz estranhamente familiar...

- Lyandriam... Como é possível que apenas 10 anos tenham transformado aquela menina em uma mulher tão poderosa assim? Sabia que me irmão estava perdendo uma mulher valiosa no momento em que o vi recusar seu beijo...

Ela ficou ereta e virou rapidamente, dando de cara com um rosto que não havia mudado em nada com o passar dos anos. A única diferença da pessoa que ela viu há 10 anos, e essa, era a frieza nos olhos... Que agora estava bem mais forte e acentuada.

- Enzo? – Ela estava surpresa, e um pouco amedrontada com a presença opressora que ele transmitia. Sobretudo, quando ele sorria.

- Não é possível que eu tenha mudado tanto assim. Então, qual é? Não me trate como um completo estranho.

- Não... Não é isso... É só que... Pegou-me de surpresa – Ela tentou sorrir – Mas... É... O que. O que faz aqui?

- Estou procurando meu irmão... Sabe, tem algum tempo que não tenho contato com ele e o processo sobre as empresas está estacionado porque ele simplesmente resolveu sumir. Achei que o encontraria por aqui...

- Sim, mas o que faz... Exatamente aqui? – Ela o interrompeu e indicou os arredores, querendo mostrar para ele que estava falando no sentido de “Como você me achou aqui?”.

- Ohh! Sim! Fui ao seu apartamento e o porteiro disse que você havia saído. Perguntei se ele tinha alguma ideia de para onde você tivesse ido e ele disse que provavelmente você tinha saído com suas amigas para um bar que vocês sempre frequentavam. Perguntei se ele sabia mais ou menos o lugar e ele me disse as ruas...

- Okay...

- Então... Onde está o meu irmão? Sabe de alguma coisa? – Enzo perguntou com um olhar de ansiedade crescente.

- Enzo, então... Sobre o seu irmão... – Por um momento Lyan quase disse sobre tudo o que aconteceu com Ender, contudo, por algum motivo, ao olhar nos olhos de Enzo, suas palavras sucumbiram em meio à desconfiança – Eu... Realmente não sei onde ele está. A última vez que falei com ele foi cerca de oito meses atrás. Após isso, não falei com ele e...

- Lyan, não vai entrar nessa porcaria de bar? Estamos esperando... – Clarice a interrompeu enquanto se aproximava. Quando visualizou Enzo, ela parou abruptamente – Ender?

“FODEU DE VEZ AGORA! Puta merda! Tem como piorar essa porra?” – Lyan só podia pensar em como contornar a catástrofe que estava se formando em sua frente.

Enzo olhou para Clarice com seu habitual olhar de indiferença.

- Não! Sou irmão dele na realidade. Prazer em conhecê-la! Chamo-me Enzo Ayira. E já sei – Ele sorriu – Nossa semelhança física é assustadora. E você quem é?

- Ohh! Sim! É... Eu sou Clarice Louíse... E nossa – Ela sorriu enquanto se aproximava devagar – Vocês realmente são bem parecidos. Sempre tive curiosidade em conhecer meu cunhado, mas Ender não fala muito sobre a família de vocês. Na realidade, ele não fala muito com relação a nada – Ela sorriu novamente.

Enzo apenas sorriu para Clarice.

- É! Então, Enzo. Como estava te dizendo eu realmente não sei onde ele se encontra, lamento você ter viajado até aqui para nada. Se nos der licença, temos um “pequeno show” para dar – Lyan começou a empurrar Clarice em direção à porta do bar.

Clarice estava hipnotizada com a semelhança de Enzo e Ender, contudo, ainda assim, ela foi capaz de perceber que Lyan, por algum motivo estava escondendo as informações sobre onde Ender estava e com quem estava.

“Esse comportamento da Lyan não é comum. É a segunda vez que ela tenta guardar essas informações somente para ela. O que será que ela quer com isso?” – Se tinha uma coisa que Clarice era mestre, era em virar qualquer situação ao seu favor, e desta vez, não seria diferente. Sendo assim, ela forçou-se a ficar no lugar, resistindo aos empurrões de Lyan.

- Como assim não sabe onde ele está? Você me disse hoje que havia recebido uma ligação do seu primo, informando que Ender havia sofrido um acidente de carro e que ele ficaria na casa desse seu primo lá no Espírito Santo. Está com perca de memória recente Ly? – Clarice deu seu sorriso travesso e a cutucou, forçando Lyan a expressar um sorriso.

- Wow! Estou surpreso. Não imaginava que meu irmão ainda tinha contato com o seu primo. E por que estava escondendo isso de mim? – Enzo olhou para Lyan, perfurando-a com seus olhos castanho-escuros. Ele havia percebido que Clarice estava “jogando” com a situação e, portanto, ele jogaria também.

- Bem... Desculpe Enzo... Mas... Acontece que...

- Certamente ela deve ter tentado fazer o mesmo que tentou comigo. Ela optou por não me contar e ir até ele para cuidar e trazê-lo de volta. Certo? – Clarice falou olhando diretamente para ela.

- Sim... É justamente isso, eu não queria preocupá-los. Sinto muito! – Lyan sentia-se como se dois abutres estivessem encarando uma carcaça prestes a ser devorada, com seus olhos cravados no exato local onde atacariam primeiro. Ela não tinha as habilidades necessárias para enfrentar e se defender das investidas dos dois ao mesmo tempo. Clarice ela já a conhecia e sabia muito bem que era impossível ganhar dela em argumentos e manipulações, quanto a Enzo... Somente a aura obscura que ele emitia, já mostrava a ela que ele era tão perigoso, quanto Clarice em seus piores acessos de egocentrismo.

- Que gentil de sua parte. Mas... Ele é meu irmão. É um direito meu saber sobre o estado de saúde dele, certo?

- Sim... Você está certo. Lamento pelo que fiz. Aos dois – “Cheguei a um ponto sem volta”.

- Bem... A forma de se redimir é fácil, não é? – Mais uma vez, Clarice cutucou Lyan.

“Pelo amor de Deus Clarice, não diga o que estou pensando o que irá dizer. Qualquer coisa menos isso!” – Lyan implorava em silêncio, olhando para Clarice em súplica.

- Qual seria? – Enzo perguntou a Clarice, que havia deixado a pergunta solta no ar para causar impacto em Lyan.

- Simples! Você irá conosco quando formos para o Brasil daqui a poucos dias. Já imaginou a felicidade que o End ficará ao ver nos três de uma única vez?

- Certamente ele irá morrer de tanta felicidade – Enzo sorriu.

Para Clarice parecia ser um sorriso de quem a compreendia e sabia das intenções dela, e isso, deixava-a estranhamente contente, já para Lyan, parecia o sorriso que o demônio dava toda vez que ganhava uma nova alma no inferno.

“Lamento Rey! Parece que as coisas ficaram complicadas para vocês se entenderem com esses dois agregados as minhas costas. Não conseguirei ajudar você e o End a se entenderem. Só espero que esses dias que consegui com vocês dois juntos acabem modificando alguma coisa entre vocês” – Lyan sorriu em conjunto com as duas pessoas a sua frente, mas logo ela encerrou aquele momento. Já estava farta, de mais uma vez seu azar atrapalhar seus planos – Enzo sinta-se convidado para se reunir conosco e nos ouvir cantar.

- Wow! Vocês cantam? Estou surpreso. Não me recordo de meu irmão mencionar que tinha esse talento somente recordo-me dele mencionar seus atributos.

- Hahaha! – Lyan sorriu de forma constrangida – Bem... eu...

- Sim, todas nós cantamos nesse bar às vezes. Minha irmã e a Ly são meus apoios vocais. Sempre arrasamos – Clarice interrompeu Lyan.

- Então você é a estrela do trio, hãn? Meu irmão sempre mira alto, certo? – Enzo começou a provocar Clarice, que demonstrou ser tão provocativa quanto ele.

- Se ele é mais novo que você e mira tão alto assim. Só posso imaginar a altura que você alcança. – Ela sorriu enquanto encarava Enzo.

Vendo toda essa cena se desenvolver em sua frente, Lyandriam estava começando a sentir-se enjoada com tamanha falta de decência em ambas as pessoas a sua frente. Provavelmente, se não fosse por Clara, Lyan e Clarice nem seriam “amigas” e quanto a Enzo, desde a primeira vez que ela o havia visto que não gostou dele.

- Okay! Okay! Já chega de conversar, vocês dois! Vamos lá! Vamos ter nossa última canção, antes de nos reunirmos – Sem mais nenhuma palavra, Lyan saiu andando entrando no bar, deixando os dois para trás.

“Desculpe Clarice, mas hoje somente uma estrela irá brilhar. E não será você! Hoje! É a minha última canção, antes da minha reunião com meus amores. Não terá espaço para seu humor ácido e para a sombra escura de seu novo amigo”.

Lyan viu Clara sentada em uma mesa em frente ao pequeno palco, onde já havia uma pessoa cantando alguma música country que ela desconhecia, e que também não estava interessada em conhecer.

Assim que ela chegou à base do palco, a música acabou e ela subiu, passando na frente de algumas pessoas que haviam se inscrito primeiro que ela. Caminhou até onde o dono do bar estava segurando o microfone e com um piscar de olho e um sorriso, arrebatou o microfone da mão dele.

- Olá! Desculpem-me por estar passando na frente de vocês. Mas só cantarei esta música antes de ir embora, após isso, garanto que não pegarei nesse microfone nem tão cedo novamente – Clara a olhava de forma confusa sem entender o que estava acontecendo. Clarice tinha a mesma expressão que sua irmã da porta do bar, ela não conseguia acreditar que seu posto estava sendo arrebatado dessa forma. Já Enzo, caminhou até ficar próximo ao centro do bar, deixando Clarice plantada na porta.

- Bem... A música que irei cantar é uma despedida, e também, uma promessa de reencontro com a minha felicidade e com pessoas muito especiais para mim. Espero que gostem e se identifiquem. A música é If Today Was Your Last Day do Nickelback²…

Respondendo o comentário do capitulo VIII.

Lukinha: Obrigado ^^, é sempre bom ver que há pessoas que gostam daquilo que você escreve. espero que continue acompanhando e gostando da história.

Informações;

¹ - As músicas selecionadas na playlist são de uma Série chamada “Star Cast”. As músicas são: I Bring Me ( https://youtu.be/g5Z904AccvM ) e Man ( https://youtu.be/wy2MFbomVTU ).

² - https://youtu.be/lrXIQQ8PeRs

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