Ligados Ao Passado - Capitulo II - Parte I

Conto de Lohan como (Seguir)

Parte da série Ligados ao Passado

Vou estar dividindo esse capitulo em dois por ser um pouco longo. Qualquer coisa (dica, critica, elogio, xingamento nem tanto kk), que sirva para desenvolver melhor a história, é só deixar nos comentários ^^. A história também estará no blog: ligadosaopassado.blogspot.com.

Ligados Ao Passado

Capítulo II

Ligações são estabelecidas – Aquela entre o Ponto A e B

Após dois dias do acidente, Ender ainda não havia acordado, mesmo que o funcionamento de seu corpo estivesse em total sincronia. Preocupado com seu estado, Nuno havia solicitado alguns exames básicos na manhã do segundo dia, para checar melhor a saúde de Ender, finalmente, durante a tarde o resultado dos exames que havia solicitado chegaram através das mãos de Nívea, ela o encontrou em seu “cantinho particular”. Sempre que Nuno se via sobrecarregado ou preocupado com algo ele caminhava pelo jardim terapêutico¹ do Hospital, e descansava em um banco ligeiramente escondido sob um Ipê Branco², enquanto olhava as pessoas que buscavam relaxar ou forças para continuar lutando pela sua recuperação. Nívea com o passar dos anos havia adquirido uma incrível capacidade de andar fazendo o mínimo de ruídos.

- Okay! Okay! Vamos lá, me conte tudo sobre este rapaz, de onde o conhece?

Com essa pergunta, os músculos de Nuno ficaram rígidos e toda sua tensão voltou novamente, tentando disfarçar sua tensão, respondeu.

- Puta que pariu! Nunca vou me acostumar com você chegando assim do nada. Me diga. Te ensinaram técnicas ninjas também nos anos 80 ou fez algum curso extra depois?

Nívea conhecia Nuno o suficiente para saber quando ele tentava se livrar de uma situação desagradável ou não falar sobre algum assunto.

- Só pra deixar claro! Não entregarei o resultado dos exames até que me conte.

Sem muito que fazer, Nuno suspirou, buscou relaxar um pouco enquanto encarava o tapete branco (NT: referencia as flores do Ipê) estendido pelo chão sob seus pés e por uma pausa de uns 2 segundos não disse nada, somente depois, ele ergueu seus olhos fixando nos olhos incrivelmente vívidos de Nívea.

- Pode-se dizer que o conheço de uns 10 ou 12 anos atrás, bem... Éramos amigos, talvez? Não, não seria exatamente esse o caso, hmmm, deixe-me ver como posso descrever – assim que falou isso, mordeu seu lábio inferior, hábito que fazia sempre que se distraia, vendo isso, Nívea inspirou e sentou-se ao seu lado no banco, ela sabia que isso demoraria décadas.

- Ahh sim, já sei como posso descrever. Bem, imagine uma reta, em uma ponta estará o ponto A, na outra ponta, estará o ponto B. Certo?

- Cer...

- Foi uma pergunta retórica, não precisa responder! Enfim... Continuando... Se é uma reta, esses dois pontos não podem se encontrar por serem antagônicos, são opostos, portanto, mesmo que sigam nas mesmas direções, nunca se encontram. Essa é a relação que eu e ele tínhamos.

- Isso não faz o mínimo sentido, se nunca se encontram como você o conhece tão bem ao ponto de preencher quase todo o prontuário dele? – O olhar de descrença no rosto de Nívea era evidente.

- Você ignorou um detalhe simples, só existem esses dois pontos porque algo liga um ao outro. No nosso caso, o que nos liga é uma amizade em comum, ela se chama Lyan... – Nuno parou abruptamente – Puta merda! – ele exclamou, enquanto batia o punho fechado levemente na sua testa.

Nívea franziu suas sobrancelhas expressando sua confusão enquanto ainda tentava entender o raciocínio de Nuno e entender a sua reação repentina quanto ao nome que ia pronunciar.

- Nívea, desculpe, mas tenho uma ligação para realizar, já sei quem pode me dar o endereço atual dele e obrigado por me trazer os resultados – dito isso, Nuno habilmente surrupiou os papeis na mão de Nívea e sumiu de sua visão em questão de segundos.

“Humpf, quem que esta usando táticas ninjas agora hein?” Nívea pensou, enquanto aproveitava seus últimos minutos de descanso.

Nuno se encaminhou para o quarto de Ender enquanto checava o resultado dos exames. Não precisava olhar o caminho que estava percorrendo, conhecia o Hospital como a palma de sua mão.

“Bom, colesterol e triglicérides, okay, e demais taxas estão okay também, nada relacionado às suas taxas, funcionamento dos órgãos ou interações dos sistemas do seu corpo, vou encaminhá-lo para Dr. Henrique, talvez ele possa verificar seus sistemas nervosos, pode ser que tenha tido alguma lesão em alguma terminação que o colocou nesse longo período de inconsciência”.

Enquanto caminhava pelos corredores perdido em seus pensamentos, Nuno não percebeu os pequenos passos que rapidamente tentava alcançá-lo. De repente, Nuno sentiu que alguém o puxou pela manga do jaleco, ao olhar para trás, viu uma pequena figura, que mesmo com saltos incrivelmente altos, não chegava a ultrapassar seus ombros. Tratava-se de uma das interpretes do Hospital responsável por acompanhar alguns pacientes que eram surdos e uma das pessoas mais confiáveis que Nuno conhecia no ambiente de trabalho.

- Olha, não quero ser dedo duro nem nada do tipo...– Beatriz falava rapidamente, enquanto olhava de um lado para o outro e puxava a manga do jaleco de Nuno com mais força para que ele se abaixasse um pouco até seu ouvido ficar mais próximo a ela – Ouvi o Coordenador do Hospital falando com o Diretor a respeito do seu importantíssimo paciente.

Nuno não se admirou que Beatriz soubesse sobre a importância acima da média que ele havia dado a Ender, ao ponto de perder a compostura na frente de toda sua equipe, como era de costume, qualquer ação fora do comum dentro do hospital por parte de quem quer que fosse se espalhava tão rápido quanto uma gota de água caindo no oceano.

- O que falaram sobre ele? – Nuno perguntou, embora, meio que já suspeitasse sobre do que se trataria o assunto.

- Eles estavam falando sobre questões orçamentárias, se é que você me entende. Eles falaram sobre não poder manter o leito ocupado por um longo período de tempo, caso ele não acorde nos próximos dois ou três dias. Eles falavam que não tinham informações suficientes sobre ele, não conseguem achar nenhum parente, nem indício de endereço, ele não portava celular no acidente e ao que deu a entender sua documentação estava complicada por estar manchada com sangue e quanto ao seu carro, era alugado de um hotel, mas quando checaram o hotel, só obtiveram os dados que você já havia colocado no prontuário.

Nuno suspirou, ele já esperava que essas questões surgissem mais cedo ou mais tarde, porém, não esperava que fosse surgir tão cedo assim.

- Obrigado Beatriz, não quero saber como conseguiu todas essas informações, ainda tenho pesadelos com a última maneira que me contou, mas... Vou tomar alguma providência com relação a isso – Nuno sorriu e deu um beijo na bochecha de Beatriz.

- Que absurdo! Saiba que dessa vez foi por apenas uma coincidência do destino, eu estava comprando um pedaço de bolo e eles estavam sentados próximos a mim, acho que pensaram que sou surda, mas deixando isso de lado, me agradeça me levando a algum restaurante algum dia e tudo se resolve – Ela falou enquanto piscava seu olho de forma sensual. Ela era loira, com olhos azuis escondidos atrás de grandes lentes oculares, pele branca com leves tons de rosa nas bochechas, lábios rosados, um rosto infantil que não mostrava em nada o quanto sua mente era pervertida, seu corpo era bem distribuído, pequeno, porém com curvas e volumes que combinavam perfeitamente.

Nuno deu um sorriso de canto de boca e lançou para ela um olhar irônico.

- Acho que não sou exatamente a “fruta” que você gosta de comer, certo? – Nuno perguntou enquanto erguia sua sobrancelha esquerda de forma provocativa.

- Pare de ser convencido! Lógico que você não é nem um pouco a “fruta” que eu gosto. Você tem uma “banana” onde eu prefiro um “morango”. Só quero alguém pra sair e beber um pouco – Ela falou enquanto lançava um olhar de menina perdida pra Nuno e fazia um bico com a boca, parecido com quando um bebe vai começar a chorar.

- Estou com pressa, depois acertamos algo. E só pra constar seu bico e olhos doces não me convence em nada – Nuno falou enquanto imitava a mesma expressão que Beatriz havia feito – Até depois.

- Então vai se foder! – Dito isto, Beatriz deu as costas irritada e seguiu balançando seu imenso cabelo loiro enquanto dava seus pequenos passos apressados de volta à pediatria, onde estava uma das crianças que estava acompanhando como interprete.

Nuno somente riu e voltou a caminhar, expressando uma calma que era somente fachada, pois em seu interior estava terrivelmente angustiado com a notícia que recebera.

“O que faço com você, hein?”

Ao chegar ao quarto em que Ender estava, mas precisamente, no exato momento em que abriu a porta, Nuno encontrou uma das estagiárias que estava prestes a colocar uma sonda vesical³ e estava se preparando para realizar uma higienização no local. Para isso, a enfermeira estagiária havia retirado os lençóis e puxou as vestes de Ender para expor seu corpo, nesse momento, ambos haviam paralisado no tempo e ambos encaravam “certa parte” do corpo de Ender. Nuno estava tão desnorteado quanto ela com a visão que tinha, mas voltou ao normal mais rapidamente, porém, ainda assim, quando falou sua voz soou tremula.

- Hm... Olá! Oi, bem... É, o que, o que está fazendo, exatamente? – Nuno perguntou enquanto tentava manter sua atenção na jovem e não olhar para o corpo de Ender.

Ao ouvir Nuno, a enfermeira se voltou rapidamente para ele, ficando extremamente vermelha – Me pediram para que eu viesse até este quarto para colocar uma sonda vesical nesse paciente devido ele estar já há dois dias desacordado, para que a retenção da urina não viesse a causar algum dano em sua saúde – Ela falou rapidamente, diminuindo o som de sua voz a cada palavra, se tornando as ultimas, quase que sussurros.

- Ohh, sim! Muito bem, tudo bem se eu acompanhar o procedimento? – Nuno sabia que isso a deixaria extremamente nervosa, essa era sua real intenção afinal. Embora não entendesse o porquê de ter se aborrecido com um procedimento tão comum.

- Cla... Claro, seria ótimo – Não havia mais tons de vermelhos que descrevessem a pele dessa pobre moça.

Nuno ficou ao seu lado e manteve seus olhos sobre ela, quase que a esmagando com a intensidade de seu olhar, não deixando escapar nenhuma brecha. Sentindo essa pressão, as mãos da estagiária começaram a tremer, o que estava dificultando suas habilidades para higienizar o pênis de Ender, toda vez que ela tentava expor a glande, o pênis de Ender escapava de suas mãos e isso a deixava cada vez mais nervosa. Não que o problema fosse tamanho ou espessura, mas ao que Nuno observava, ela estava com receio de segurar com firmeza e aquela parte acabar “ganhando vida” em sua mão, certamente se isso acontecesse, ela teria um principio de infarto.

Imaginando a situação e desejando um pouco que a situação acontecesse, Nuno se esforçou para manter um ar sério e profissional, quando viu que a estagiária já estava nervosa ao ponto de lágrimas começarem a se formar em seus olhos, ele relaxou seu olhar e a consolou.

- Tudo bem em não conseguir, sonda vesical é algo realmente complicado, principalmente se estiver alguém presenciando e nos deixando nervosos – Ele leu o nome dela no bolso de seu jaleco – Julie? Certo? Veja, não irei dar uma avaliação ruim para seus professores, pode relaxar. Não precisa ficar nervosa, já passei por uma situação semelhante e minha orientadora fez exatamente a mesma coisa que fiz com você. Sei como se sente, mas, ela fez isso para que eu conseguisse me acalmar mesmo sobre pressão, eu não consegui e acabei saindo da sala e levando uma enorme bronca depois. Não farei isso com você, mas espero que entenda o porquê de ter feito isso com você – Nuno sorriu e lançou seu encanto sobre ela, ele reconhecia que era um homem atraente e sabia usar isso a seu favor em inúmeras ocasiões.

Julie piscou algumas vezes, limpando as lágrimas que impediam sua visão, então olhou Nuno e ao ver seu sorriso, entrou em um leve estado de letargia – Okay, obrigada, isso me acalma um pouco, não é a primeira vez que coloco sonda, mas nesta, fiquei um pouco nervosa, geralmente, os homens que coloco sonda já são idosos e ver um tão jovem... Nesse estado... Deixou-me aflita – Ela falou enquanto suspirava entre as ultimas frases e desviava o olhar rapidamente para o rosto adormecido de Ender.

“Poupe-me! Eu sei exatamente para onde você está desviando seu olhar a cada palavra que sai da sua boca, “homem jovem nesse estado” um cacete, o que você nunca viu foi um pau desse tamanho”.

Sem retirar o sorriso do rosto, Nuno colocou as mãos nos ombros de Julie – Tudo bem! Entendo você. Façamos o seguinte?! Eu coloco a sonda neste paciente, okay? E quando me pedirem para avaliar seu desempenho, eu menciono suas habilidades com base no que me disse. Estou confiando nas suas palavras, são verdadeiras, certo? – Nuno perguntou enquanto levantava levemente suas sobrancelhas.

- Sim, já realizei muitos trabalhos voluntários em um centro para idosos que foram abandonados pelas suas famílias. Mas, não sei se posso aceitar, Dra. Paola é extremamente rigorosa, tenho medo que ela descubra e...

“É sério que você pensa que me convenceu com essa história de menina boazinha que faz trabalho de caridade?” – Nuno perguntou a ela em seus pensamentos, contudo, após uma breve pausa ele disse.

- Tudo bem, se falo que não precisa se preocupar, então, você não precisa se preocupar – Nuno ainda mantinha suas mãos sobre os ombros da estagiaria e exercendo um pouco de forma foi a encaminhando para fora do quarto – Creio que tem mais uns quatro quartos que necessitam de troca de sonda, pode ir adiantando estes, aproveite e antes de ir relaxe um pouco, eu cuido desse aqui.

Dito isto, Nuno fechou a porta e seguiu para o lado de Ender, onde calçou as luvas e habilmente fez a higiene e a introdução da sonda, mesmo que seu coração estivesse disparado devido a estar lidando com o pau de Ender que era estranhamente semelhante ao seu, com diferenças somente nas veias, no de Ender eram mais proeminentes, a cor da glande que era mais vermelha, enquanto a do seu era rosa e a direção, o de Ender aparentava ser reto, já o seu tinha uma leve inclinação para a direita. Mesmo tendo que lidar com essa situação, excitante até certo ponto, Nuno se manteve impassível, mantendo sua postura profissional, mas guardando cada detalhe para quem sabe imaginar algumas coisas depois. Após terminar, ele examinou as reações das pupilas de Ender e verificou se ele respondia a algum estimulo doloroso. Para sua surpresa ao friccionar o esterno4 de Ender com o dedo, ele reagiu produzindo um leve e rouco som.

“Ótimo, finalmente está atingindo algum nível de consciência”.

Após atualizar as informações de Ender no prontuário, Nuno se encaminhou para a janela do quarto e começou a buscar em seu celular um contato que há muito, muito tempo não buscava, ao encontrar, parou um tempo encarando.

“Tomara que você não tenha alterado o seu número, mesmo após seis anos, é bom que você não tenha alterado a porra desse número”.

Reunindo um pouco mais de coragem, ele finalmente tocou na tela para realizar a chamada. Após cinco toques ele estava quase desistindo, quando afastou o celular de sua orelha e ia desligar, uma voz soou.

- Hi Baby!

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