Capítulo 01 - Primeiro Ano Parte 1
Parte da série Poderia Ser
Oi, gente. Estou começando a escrever essa série que é inspirada no grande amor da minha vida do qual nunca esqueci. Os personagens são verdadeiros, mas grande parte dos fatos são fictícios, de acordo com o que eu queria que tivesse acontecido e queria que acontecesse daqui pra frente.
_____________________________________________________________________________________________________________________
Era a primeira vez que eu sentia o toque das mãos de um homem pelo corpo. Na verdade, a primeira vez que qualquer pessoa me tocava. Eu me sentia um pouco nervoso, mas o toque firme das mãos quentes dele me acalmavam. Ele não parava de me olhar nos olhos e de sorrir para mim e ali, naquele momento, eu não poderia estar mais feliz. Seus lábios se aproximaram dos meus com gentileza, porém com firmeza e paixão. Eu podia senti-lo, podia sentir sua alma ligando-se à minha. Éramos um só. E o calor dos nossos corpos nus parecia incendiar tudo ao nosso redor. Ele foi descendo a mão dele lentamente pelas minhas costas e, antes que pudesse chegar na minha bunda, eu acordei.
O sorriso em meu rosto logo se esvaiu e lágrimas brotaram. Havia sido apenas um sonho. Mais um maldito sonho com aquele menino de 17 anos (que aos meus olhos era um homem), seus olhos verdes cristalinos e seu cabelo loiro acinzentado que modelavam um rosto perfeito, quase angelical, acompanhando de um corpo com certeza criado cuidadosamente pelos deuses. Ele se chama, Daniel, e desde que o conheci, ao entrar naquele colégio para começar o ensino médio, havia me apaixonado por ele. Mas é claro que, como em todas os amores da minha vida, aquele também não era possível. Primeiro, eu tinha 13 anos. Segundo, ele era hétero, com certeza. Eu que era estúpido o suficiente de me iludir achando que ele poderia sentir algo por mim, por mais que soubesse de inúmeras histórias dele com várias meninas do colégio. E terceiro, eu estava no 1º ano e ele no 3º. Ele nunca olharia para mim, mesmo que fosse gay.
Eu nunca disse a ele nem a ninguém o que sentia. Na verdade, pretendia passar o resto da minha vida negando a minha própria homossexualidade (como se não fosse óbvio demais). Fora que eu não falava com ele. Eu sempre fui muito tímido por tudo que passei no colégio com colegas nada agradáveis, então nunca consegui me aproximar dele. O ano já estava praticamente terminando e se troquei mais de duas palavras com ele foi muito. Em pouco tempo, ele terminaria o ensino médio e, talvez, eu nunca mais o visse.
Eu sei, é realmente estúpido eu nutrir um sentimento tão forte por ele uma vez que nem o conheço direito, mas, com 13 anos, eu não tinha muita consciência que aquilo era uma estupidez e que tudo que eu amava nele foi a imagem que eu criei, que provavelmente era completamente diferente da realidade.
Eu continuei mantendo a minha distância e continuaria assim até que eu não o visse mais e conseguisse começar a esquecê-lo. Eu contava as vezes por dia que nos cruzávamos pelos corredores, mas não passava disso. Era assim a cada manhã, nada acontecia, até que uma manhã acabou sendo diferente. Eu estava andando pelo corredor, carregando livros que me impediam de prestar atenção em qualquer coisa além deles, quando me esbarrei em alguém.
"Desculpe." Eu disse automaticamente, abaixando-me logo em seguida.
A pessoa, que eu não tinha visto ainda quem era, também se abaixou para me ajudar.
"Sem problemas." Ele disse quando, por acidente, nossas mãos se tocaram.
Quando olhei para cima, era ele. Daniel. Eu congelei naquele exato segundo. Ele me olhava sorrindo gentilmente, mas eu estava paralisado apenas. O Daniel pegou os últimos livros que estavam no chão e, quando os colocou sobre os que eu segurava, voltei novamente para a realidade.
"Obrigada, Daniel." Sorri timidamente, levantando o mais rápido que pude para sair dali.
"Espera. Você sabe meu nome?"
"Todo mundo sabe."
"Ah, achei que te conhecia."
"Temos amigos em comum e conversamos algumas vezes, mas apenas isso."
"Nossa, então espera. Tenho que lembrar seu nome." Ele parou, sinceramente pensativo, por um momento. "É... Júlio!"
Não me surpreendia que ele tivesse se esquecido de mim, mas definitivamente era surpreendente que ele fosse capaz de lembrar do meu nome.
"Isso." Confirmei.
"Desculpa, sou péssimo com rostos e nomes. Mas agora eu não esqueço mais."
"Não tem problema."
Eu ia saindo, mas ele me tocou no ombro para que eu olhasse novamente para ele, e comecei a sentir arrepios que começaram no lugar onde ele tocou e se espalharam por todo o corpo, como eletricidade.
"Então, você vai pra festa da Ana, né?" Ele perguntou.
"Ah, sim. Eu vou me apresentar com ela no dia e vamos todos juntos depois disso."
"Ah, legal. Nos vemos lá, então."
Eu não acreditava que aquilo tinha acabado de acontecer. Podem me chamar de idiota, o que eu realmente era por achar que aquilo podia significar alguma coisa, mas, no final das contas, eu tinha apenas 13 anos. De qualquer forma, a partir daquele instante, tudo o que eu mais desejava era que chegasse logo o dia da festa.
________________________________________________________________________________________________
Então, eis o primeiro capítulo. Espero que tenham lido e gostado. Para que compreendam o que pretendo fazer, a história vai se desenrolar ao longo de vários anos. O Júlio narra essa primeira parte como se fosse uma espécie de lembrança.
É isso. Por favor, comentem para eu saber que leram e o que acharam. Quanto aos dias de postagem, não vou estipular um. Vou postando sempre que der. Creio que posto o segundo capítulo ainda hoje. Até ele. ;)