Meu novo amigo (parte 1)
Parte da série Meu novo amigo
Ola, pessoal. Meu nome é Felipe, esta é minha primeira série por aqui, espero que gostem do que vou contar.
Bem, primeiro, vamos me conhecer melhor, kkk. Eu sou alto, loiro, olhos verdes, encorpado, mesmo sem frequentar academia consigo ter um corpo definido e tal, uso o cabelo jogado pra frente, meio bagunçado, nem sei explicar. Bom, já houveram várias vezes em que alguma menina tentou alguma coisa comigo, uma vez uma delas até passou do limite, mas eu sempre contornei a situação e nunca fiquei com nenhuma delas. Eu sempre amei outros garotos em segredo, ficava observando de longe, olhando fotos em redes sociais e tal. Mas nunca me relacionei com nenhum garoto também, até pouco tempo atrás.
Ano passado, com 17 anos, eu comecei um curso técnico em desenvolvimento de software logo no primeiro semestre do ano. O que me fez ter que dividir meu dia entre o ensino médio e o curso técnico, o que, por sua vez, ocupavam todo o meu dia e eu ficava apenas com o período da noite livre.
Pois bem, como todo começo de curso, houve aquela pessoa que me chamou a atenção logo de cara.
No primeiro dia de aula, eu estava sentado em uma certeira da sala esperando o começo da aula quando um garoto entrou sozinho na sala. Poxa, foi difícil desviar o olhar dele, tinha o cabelo preto, arrepiado, mas não tinha aquela aparência molhada e dura de quando passamos gel. Um rosto perfeito, traços bonitos, não vi a cor dos seus olhos de tão longe que eu estava, corpo no mesmo tipo que o meu. Ele só era um pouco mais baixo do que eu.
De início ele nem olhou pra mim, sentou do outro lado da sala, sozinho, e ficou quieto ali. Seu rosto tinha uma expressão séria, sua boca tinha um formato "atraente", rs.
Em nenhum momento ele olhou pra mim, e conforme outras pessoas foram chegando, as carteiras ao redor dele foram sendo ocupadas por meninas e meninos (mais meninas) e o mesmo aconteceu ao meu redor, porém, nenhuma menina sentou perto de mim.
Logo na primeira aula, o professor fez uma apresentação de si mesmo e sugeriu uma dinâmica. Ele retirou da sua mochila uma bolinha de borracha azul. O nome do professor era Roberto, e ele propôs a seguinte dinâmica:
Roberto: Eu vou escolher um aluno e jogar essa bolinha para ele. Esse aluno deve falar seu nome, idade, e tudo o que quiser sobre si mesmo. Depois deve passar a bolinha para um outro colega de sala, que também deve falar sobre si mesmo e seguiremos assim até que todos tenham se apresentado. A bolinha representa que a atenção de todos na sala deve estar junto com o portador dessa bolinha, ok?
A sala concordou, e ele jogou a bolinha pra uma menina sentada no fundo da sala. Ela se apresentou, e passou a bolinha pra outra menina. A bolinha seguiu por 10 ou 11 alunos, até que uma menina sentada na primeira carteira me passou a bolinha. Todos os olhares da sala se voltaram para mim, inclusive o do garoto que eu tinha gostado.
Felipe: Bom, meu nome é Felipe. Eu tenho 17 anos. Gosto da área de informática, acho que vou me dar bem nesse curso e por isso resolvi fazer. Não tenho muito pra falar sobre mim, acho que só convivendo pra me conhecer bem.
Depois de me apresentar, não tive dúvida, olhei pro garoto e antes que eu jogasse a bolinha, alguma menina perguntou: "Você namora?". O professor e mais alguns alunos riram, e eu respondi: "Não. Eu não namoro!".
Enfim joguei a bolinha pro garoto, que sorriu pra mim e começou a falar: "Meu nome é Matheus, eu tenho 17 anos. Não tenho muito o que falar, assim como o Felipe. Eu também espero me dar bem nesse curso, mesmo não tendo ideia de como é o desenvolvimento de um software. Antes que alguém pergunte, eu não namoro.". Houve mais risos e ele passou a bolinha adiante. Depois me olhou mais uma vez e enfim olhou pra pro aluno que estava falando.
Bom, eu já sabia que seu nome era Matheus, ,as ainda queria entender a expressão no rosto dele quando me olhou pela última vez. Ele não estava sério e nem sorridente. Era diferente. Mas mesmo com tudo isso ele não se interessou em vir conversar comigo em nenhum momento!
A aula daquele dia acabou, e no dia seguinte, terça feira, um professor diferente pediu pra que todos os alunos se apresentassem de novo. Mas não teve a coisa da bolinha nem nada, o professou seguiu a ordem das fileiras de carteiras, do primeiro ao último aluno. O Matheus falou a mesma coisa que no dia anterior, e eu também.
A semana passou, e eu comecei a me chatear porque não conseguia me aproximar dele. Ele fez as amizades dele e eu fiz as minhas, e acabamos ficando em "grupinhos" separados.
Conforme os dias passavam, o curso se tornava mais e mais cansativo e exigia mais dos alunos. Me surpreendi comigo mesmo porque eu não tinha nenhuma dificuldade, na verdade, tinha muita facilidade em todas as matérias, e isso me tornou popular, de certa forma, pois quando alguém precisava de ajuda, era pra mim que vinha pedir. Mas o Matheus, nunca vinha pedir minha ajuda. Eu achava que ele tinha facilidade, assim como eu, mas vi que não quando recebemos a nota da primeira prova que tivemos. Eu tirei 10; ele, 3.5
Mais uma vez eu fiquei com raiva, se ele não estava se dando bem, por que não vinha me pedir ajuda? Será que ele era tão exibido assim a ponto de se negar a pedir ajuda pra alguém que ele não tinha amizade?
Bem, mais provas vieram naquele bimestre. Minhas notas foram todas entre 8 e 10. Tirando inglês, que eu tirei 6.
As notas dele não passaram de 5 em nenhuma matéria. Só que eu percebia que ele estava se esforçando, pois vivia fazendo perguntas aos professores, e quando a aula acabava, ele ficava mais alguns minutos na sala tirando dúvidas.
Nunca tentei oferecer ajuda para ele, às vezes cruzávamos olhares durante a aula. O que eu achava estranho olhar pra ele e ver que ele já estava me olhando, mas desviava o olhar quando eu o olhava.
No começo do segundo bimestre, ele me adicionou no facebook, mas nunca conversou comigo. Ele postava pouca coisa e raramente estava online. Claro que eu olhei todos os seus albuns de fotos. Uma foto mais linda que a outra. Ali ele não era aquele garoto sério que eu via na sala de aula. Estava sempre sorrindo muito, um sorriso contagiante. *-*
Um tempo depois, me surpreendi mais, pois em uma tarde de sábado ele começou a curtir fotos minhas. Não e lembro bem, mas ele deve ter curtido umas 13 ou 14 fotos. Estranhei aquilo, tentei chama-lo no bate-papo mas ele não respondeu. Comecei a ficar com raiva, qual era o problema daquele garoto?
Poucos dias depois, estávamos durante uma aula de lógica de programação, o Matheus tinha faltado naquele dia, assim como em todos os outros dias daquela semana. Alguém bateu na porta, o professor parou a aula,, suspirou e foi até a porta.
Percebi que era apenas a coordenadora do nosso curso, ela conversou bastante com ele, mostrou algo em uma lista e depois de um tempo percebi que tinha mais uma mulher ali, eu nunca tinha visto ela na vida, mesmo assim alguma coisa nela me pareceu familiar.
Os três conversaram bastante, eu não conseguia ouvir a conversa porque vários alunos já tinham começado a conversar uns com os outros. Mas um tempo depois, a segunda mulher perguntou algo pro professor. Ele mordeu o lábio inferior como quem está pensando bastante, olhou na folha de papel que a coordenadora tinha lhe entregue e logo em seguida ergueu os olhos e olhou direto pra mim. Meu coração gelou, pensei: "pronto, fudeu pro meu lado". Já comecei a me perguntar o que eu tinha a ver com aquilo.
Depois de me olhar por alguns segundos, ele virou pra coordenadora, fez que sim com e cabeça, apontou algo no papel e depois apontou direto pra mim na sala. As duas mulheres colocaram a cabeça pra dentro da sala e olharam pra mim também.
Muitos alunos já tinham se silenciado, prestando atenção na porta, olhando o professor e depois olhando pra mim.
Logo a coordenadora do curso entrou na sala e falou: "Felipe, pode vir comigo?".
Ok, comecei a ficar nervoso.
Felipe: Claro.
Levantei e fui até a porta com a coordenadora. Cumprimentei a outra mulher, e a coordenadora do curso disse ao professor: "Roberto, posso tirar ele da sua aula por alguns minutos?".
Roberto: Claro, Angélica.
A coordenadora me levou até a sala dela, junto com a outra mulher. Me pediu pra sentar e começou a falar:
Angélica: Felipe, é o seguinte. Seu professor tem me falado muito bem sobre você. Ele disse que você até tem ajudado os outros alunos com o que eles não entendem.
Felipe: É verdade.
Angélica: Essa é a Luciana. Mão de um dos seus companheiros de sala.
A mulher me cumprimentou, e falou: Bom te conhecer. Meu filho já comentou sobre você.
Felipe: Hãã. Quem é seu filho?
Luciana: O Matheus. Vocês não são muito amigos, né?
Felipe: Não. Ele me evita.
Ok, talvez eu não devesse ter dito aquilo. Mas falei sem pensar.
Angélica: Felipe, é o seguinte. Alguns cursos dessa ETEC tem o que a gente chama de alunos monitores, que ficam disponíveis em alguns horários aqui pra tirar dúvidas de outros alunos.
Felipe: Eu sei.
Angélica: O seu curso é um problema, porque quase ninguém gosta de pegar monitoramento. Esse semestre mesmo nós estamos sem alunos monitores pro seu curso.
Felipe: E o que querem de mim?
Angélica: Não precisa pegar o monitoramento oficialmente. Mas a Luciana me procurou hoje me falando que o filho dela está com muita dificuldade no curso...
Luciana: O Matheus começou todo animado pra esse curso, Felipe. E ele continua animado, mas tá revoltado porque não consegue entender as coisas. Ele não tá vindo porque decidiu desistir. Só que ele mesmo diz que não queria desistir.
Felipe: Posso ser sincero? Ele tá assim porque quer! Porque eu sempre ajudei todos os alunos que vinham me pedir ajuda, mas ele nunca se deu ao trabalho de vir me pedir ajuda.
Luciana: Eu sei. Mas eu to pedindo pra você tentar se aproximar dele e ajudar. Ele não sabe que eu to pedindo isso, então, mantenha em segredo.
Felipe: Se eu virar um aluno monitor, você acha que seria mais fácil ele me procurar?
Luciana: Não sei. Acho que sim.
Angélica: Então, você pega monitoramento?
Felipe: Pego. Mas você fica responsável por fazer ele me procurar. - falei para a Luciana.
Luciana: Tudo bem.
Angélica: Tudo bem então. Eu vou te colocar como aluno monitor de uma matéria. É o máximo que eu posso fazer.
Felipe: Eu ajudo o Matheus no que ele precisar.
Angélica: Ok. Desculpe por ter feito todo esse movimento pra te pedir isso.
Felipe: Tudo bem.
A Luciana sorriu. Me agradeceu e a coordenadora me dispensou.
Voltei pra sala de aula. E assim que entrei, o professor me olhou e perguntou: "Deu certo?".
Felipe: Sim.
Ele só fez que sim com a cabeça e continuou sua aula.
Eu fiquei tão, sei lá. kkkk.
Imaginei que não ia ser fácil fazer amizade com o Matheus, já que ele vivia me ignorando. Só que eu mau sabia que tudo ia ser bem diferente do que eu imaginei.
Pessoal, me desculpem se não tiver bom. É meu primeiro conto. Então, peguem leve nas críticas. Rs.