[1x2] O Pedido e o Sim

Conto de Lincon como (Seguir)

Parte da série Dança Comigo

NOTA DO AUTOR: Olá pessoas. Esta é a primeira vez que eu escrevo aqui para o site, espero que estejam gostando da série, ainda tem muita coisa para acontecer. Agradeço a todos os comentários, saibam que são muito importantes para mim. E daqui um tempo passarei a responder a todos no final de cada capítulo.

Mas hoje o recado principal que eu queria já deixar é que, referente a frequência em que postarei capítulos, estes serão postados TODOS os domingos. Estou tentando meu máximo para postar também as quartas, pois assim como vocês devem estar ansiosos para ler também estou ansioso para escrever. Acreditem até eu me surpreendo com os rumos que essa história pode tomar. Então já deixando o recado, capítulos TODOS os domingos e muito possivelmente também as quartas. Obrigado pelo tempo que gastam lendo minha história. E sem mais enrolacões, vamos ao capítulo.

***

Maus hábitos.

Encostado na minha janela dei um último trago puxando toda aquela fumaça e assim jogo fora a gimba de Lucky Strike. Passei por entre todos aqueles lenços jogados no chão e enrolado em meu cobertor desci as escadas. Quando cheguei na cozinha me aproximei da pia onde minha mãe pegava uma tigela.

- Sente-se que vou te servir.

Puxei uma cadeira e me sentei apoiando minha cabeça sobre a mesa. Quando me levantei minha mãe põe a mão em minha testa.

- Ainda com febre. Tome sua sopa que você vai se sentir melhor.

Ela parou por um instante e ficou me olhando.

- Você estava fumando de novo Lucas?

Não respondi, apenas acenti lentamente.

- Já te disse que isso faz mal.

Ela dá volta na mesa e guarda algumas coisas na geladeira. Enquanto isso eu tentava pensar em uma resposta útil.

- Muitas coisas nos fazem mal, mas não paramos de fazê-las.

Retruco. Ela se mantém em silêncio.

- Quantas vezes já falei para levar um guarda-chuva, mas parece que você não ouve né?! Tome sua sopa. Estou indo trabalhar.

Ela pegou a bolsa na cadeira ao lado e se dirigiu a porta.

- Quando acabar vá se deitar. Tome seu analgésico e se precisar me ligue.

Dizendo isso ela abre a porta e sai. Voltei-me para minha sopa de batatas com pedaços de frango que só minha mãe sabe fazer. O vapor quente fazia minhas narinas dilatarem e eu me sentir melhor.

Depois de tomar a sopa subo as escadas de volta para o meu quarto. Quando estava no corredor meu pai sai do banheiro. Ele trajava uma camisa social branca e uma gravata azul escura que lhe caia bem, como sempre.

- Se sente melhor rapaz?

Me escoro na parede e fecho os olhos com cara de desaprovação. Isso já dizia tudo.

- Deite-se um pouco e...

- Tomar meu analgésico, se eu não melhorar é para ligar para o senhor ou para a mamãe. Sim, já estou sabendo. E os projetos lá da empresa, terminou?

Na noite passada ele chegara tão tarde em casa que até perdeu o jantar, isso tudo por tanto trabalho a fazer.

- Quase, falta pouco.

- O povo está realmente precisando daquela ponte né?!

- Sim, então é por isso que já vou indo, a ponte não vai terminar de se projetar sozinha. Melhoras meu filho. Qualquer coisa não se esqueça de me ligar.

Ele diz isso se aproximando e beijando minha testa.

- Você está realmente com febre.

- Tá bom pai, ligo sim. Beijo, até a noite.

Meu pai desceu as escadas e eu entrei no meu quarto, uma completa escuridão, a única claridade ali eram os feixes de luz que entravam pela fresta da cortina. Me jogo na cama e fico imóvel por vários segundos. Logo hoje. Eu tinha tantos planos, tinha que pegar equipamentos na oficina do Isaac e mais tarde ia sair com Olivia. A semana não admitia um resfriado. Não sei se culpava Martin por me fazer pegar um ônibus ou se me culpava por não ter levado um bendito guarda-chuva. Em minha mente maquinava um jeito de adiantar minhas tarefas me esforçando o mínimo possível. Talvez se seu já reunisse minhas idéias e fizesse um esboço da minha pintura eu já estaria me livrando de uma boa parte do serviço. O problema é que eu estava completamente sem idéias para criar quadros surreais. Abri a janela e me sentei na cama, embora sentisse frio toda aquela escuridão no quarto fazia meu corpo pesar. Peguei as pastilhas de analgésico na cômoda e as engoli, havia ao lado da cama uma garrafa com água que eu havia colocado ali na noite passada. Estava viajando em pensamentos quando meu celular vibra. Ao abrir a tela vejo que era uma mensagem de Olivia.

"O que aconteceu? Ainda não te vi na escola hoje."

"Resfriado, adivinha de quem é a culpa?!"

"Claro que da prima da Elena. HAHAHA. Melhoras, talvez passe aí mais tarde."

Não demorou muito para a manhã passar e eu já estava deitado na rede da varanda tomando ar fresco. Minha febre havia passado, mas ainda me sentia fraco. Minhas narinas estavam irritadas e úmidas. Estava com meus fones ouvindo minha lista de reprodução para dias animados quando bem baixo ouço alguém buzinar. Quando me viro e olho por sobre o cercado da varanda vejo um volvo prata parado na rua e meu irmão falando algo.

- Estou indo pra casa da Elena, talvez volte só a noite, avise que não precisam me esperar para o jantar.

Não respondo nada, apenas levanto o braço e faço um sinal de jóia com a mão. Decido entrar para casa pois o sono estava me puxando e já que eu não poderia fazer nada dormiria mais um pouco e tentaria recuperar parte da minha vitalidade.

A campainha tocava e o som se assimilava a marteladas próximas ao meus ouvidos. Sem muito ânimo desço as escadas e abro a porta, provavelmente era Olivia.

Não, não era Olivia, mas Eduardo. O que o quarterback fazia aqui? Antes que ele dissesse algo reparei que ele olhava como eu estava vestido. Eu estava de moletons e camiseta. Meus cabelos então não se comentava, totalmente desgrenhados. Olhos fundos e nariz vermelho.

- O Martin está?

Estes dois não se desgrudam?

- Não, ele está na Elena, só volta após o jantar.

Ele fez uma cara infeliz, como a de alguém de precisava urgentemente de alguma coisa. Olhou para os dois lados e finalmente disse.

- Ele ficou de me emprestar o capacete de futebol dele, é que eu tenho um treino em quarenta minutos.

Eu não fazia ideia de onde esse capacete poderia estar. Talvez no meio da bagunça que é o quarto de Martin, mas eu não me atrevia a tocar em qualquer coisa naquele monte de sujeira do quarto dele. Porém o garoto parecia tão necessitado que sem pensar acabei dizendo.

- Deve estar em algum lugar no quarto dele, entre, vou procurar para você.

Digo isso abrindo passagem para Eduardo. Fechei a porta atrás de mim e subi as escadas, ele veio logo atrás. Quando entrei no quarto de Martin o lugar não estava assim tão bagunçado, havia apenas um monte de calçados jogados em um canto e algumas camisas amontoadas sobre a poltrona.

- Bom, se tiver coragem, pode se sentar aí enquanto procuro este capacete em algum lugar.

Abri as portas da cômoda e ele não estava ali, puxei o banquinho amarelo e subi nele para que pudesse ver por cima do guarda-roupas, consegui ver a ponta vermelha do capacete, então puxei mais para perto para que pudesse pegá-lo.

- Bem, aqui está. Um pouco empoeirado, mas ao menos achamos.

O garoto deu um meio sorriso e isso fez com que a busca valesse a pena. Desci do banquinho e saí do quarto indo rumo a cozinha, do lado contrário a porta de saída da casa havia a porta para a área de lavar, entrei para que pudesse dar uma limpada no capacete. Eduardo se aproximou e enquanto eu procurava um pano começou a falar.

- Poxa cara, resfriado?

- Tomei chuva ontem, na volta para casa.

Joguei um olhar no qual ele já entendeu.

- Desculpe, se eu não tivesse inventado de ir conhecer a prima da Elena, tu não teria tomado chuva.

Minha intenção não era de culpar ninguém então desconversei.

- Que isso? Tá ficando maluco? Não é culpa sua. Eu peguei uma chuva danada e foi só isso. Mas diz ai, ao menos pegou a menina?

Na verdade eu não estava muito interessado em saber, mas antes uma conversa qualquer do que um silêncio que causasse um clima pesado.

- Peguei sim, como seu irmão disse, ela é a maior gata.

Ele parou de falar e fez se um breve silêncio. Alguma coisa sempre me incomodava nesses breves silêncios, pois eles indicavam que sempre vinha uma bomba depois.

- Aliás, falando nisso, eu queria te pedir um grande favor.

Droga. Olhei para ele. Não disse nada só esperei que ele continuasse.

- É que eu chamei ela para o baile da escola, mas tem um problema...

- Ahh cara, acho que não vai rolar.

- Poxa Lucas, você ia me quebrar maior galho.

- Não um galho, uma árvore toda. Não sei se estou com tempo. Tenho provas finais em três semanas e um trabalho de belas artes para entregar. Trabalho este que aliás ainda nem comecei. Hoje eu tinha que ter ido no galpão do Isaac pegar algumas coisas, mas estou impossibilitado.

O garoto se calou. O longo silêncio que se seguiu depois disso foi pior do que o breve silêncio que acontecera anteriormente. Eu não estava sendo rude, mas é que o cara mal me conhecia - mesmo tendo tantos anos de amizade com meu irmão - e agora vinha me pedir aulas de dança? Não, desta vez teria que passar.

Terminei de limpar o capacete e o entreguei. Antes de soltar o capacete olhei bem em seus olhos. Não cara, eu não poderia ser assim, ceder para qualquer olhar triste. Mas meu estômago revirou e sem pensar acabei dizendo.

- Estou livre todos os dias após as sete. Mas aqui em casa não tem espaço, então trate de arrumar um lugar.

Ele sorriu. Colocou o capacete sobre a máquina de lavar e me deu um forte abraço.

- Valeu Lucas, tu está me salvando esses dias.

- Sou um coração de ouro mesmo.

Digo em um tom de brincadeira. Quando passamos pela porta para a cozinha, de alguma forma eu acabo me atrapalhando no tapete da área e me desequilibrando. Ia tomar um tombo feio. Esbarrei em Eduardo que vendo minha queda, rapidamente passa o braço por minha cintura e me segura.

- Calma cara, sossega estes pés aí, a aula é só amanhã.

Ele diz rindo. Novamente nossos olhares se cruzam, por um breve momento meu estômago revirou, mas era uma sensação boa, eu dou um meio sorriso para disfarçar a situação constrangedora. Depois de me recompor sigo para a cozinha e abro a geladeira.

- Quer um suco?

- Olha, acho que aceito sim, de que?

- Abacaxi.

- Claro, quero sim.

Pego os copos no armário e sirvo o suco, aponto para a cadeira então ele se senta. Na parte inferior do armário havia um pacote de bisnagas, pego o pacote e a bandeja de presunto e mussarela da geladeira. Eu acabará de notar que a última coisa que havia comido hoje era aquela sopa da manhã.

- Vamos ligar e já tomar um lanche da tarde?

Neste momento ele já bebia o suco e apenas assente. Me sento na mesa de frente para ele, encho meu copo e como que para puxar assunto pergunto.

- Então, me conte como é essa tal de Dafine...

- Lucas, de novo, agradeço por tudo. Desculpe o incômodo cara. Qualquer coisa depois te mando então a mensagem falando se consegui um lugar, pode ser?

- Ok, pode ser. Até mais bom treino.

Ele então se vira e segue caminhada, quando já estava a uns bons passos de distância da meia volta em minha direção.

- Ah, e outra coisa, melhoras. Espero te ver amanhã na aula do Senhor Walter.

Apenas sorrio. E desta vez ele realmente vai embora, desaparecendo pela calçada.

Quando minha mãe chegou eu estava novamente deitado, mas ao menos meu quarto estava todo arrumado. Depois de ter tomado um banho bem demorado meu resfriado já tinha desaparecido em 70%. E eu estava feliz pois isso indicava que amanhã eu já poderia retomar minhas atividades usuais. Mais tarde meu celular volta a vibrar e Olivia havia me mandado uma outra mensagem. Sobre um assunto que eu até tinha me esquecido.

"Desculpa, não deu pra mim ir te ver Lu. A Mariana cismou de ir lá em casa ver o portfólio no qual estou trabalhando aí acabei tendo que adiar minha visita. Mas amanhã espero te ver na escola, caso não, aí eu vou te visitar. Ta bom?

PS:. Você perdeu, hoje o Marc levou bolo de banana!!!"

Ótimo, perdi o bolo dá avó do Marc que eu sempre quis provar. Sabe-se lá quando vai haver essa oportunidade de novo. Mas mantenho meu ânimo e respondo.

"Ahh, sério isso? Meu deus, manda ele levar amanhã, porque amanhã com certeza vou estar lá. Boa noite Olivia."

Desci para o jantar e desta vez meu pai estava em casa, seria finalmente um jantar em família se Martin não tivesse saído pra casa da namorada. Meu pai estava sentado no sofá assistindo TV e minha mãe acabara de tirar o frango do forno.

- Nossa, isso cheira bem. Precisa de ajuda?

- Na verdade se você quiser colocar os pratos na mesa isso seria ótimo.

Corri e tirei os pratos na parte de cima do armário. Essa fora a louça de casamento da minha mãe e era mais velha do que eu e meu irmão.

- Está se sentindo melhor filho?

- Estou sim. Acho que o banho e os analgésicos ajudaram bastante.

- Que bom. Jonas! - ela grita - Venha, o jantar está pronto.

Após o jantar todos nos sentamos para assistir TV, meu pai só fazia companhia pois na verdade lia o jornal. Era de se esperar já que eu e minha mãe optamos por assistir a novela. Ele detestava, achava os enredos "extremamente banais". Então ouvimos o barulho do meu irmão chegar de carro na garagem. Meu celular vibra no meu bolso e eu desbloqueio a tela para ver quem era. O visor mostrava a seguinte mensagem.

"Espero que tenha mandado tudo o que você precisa. Amanhã, sete horas no anfiteatro da escola.

De Eduardo."

Não havia entendido a primeira parte da mensagem até que meu irmão entra em casa e traz consigo uma caixa cheia de coisas.

- Lucas, nunca vou entender porque você precisa de tanta coisa. Aqui estão suas tralhas.

Tralhas?

Quando me aproximo para ver o que tinha na caixa eu mal podia acreditar. Lá estavam, espátulas, pincéis, palheta, o cavalete desmontado, uma tela, diluentes, tintas e até mesmo um godê. O quarterback acabara de me surpreender. Ele havia enviado todos os materiais para o meu trabalho de pintura.

Comentários

Há 4 comentários.

Por Sammy Fox em 2016-03-26 15:51:21
Começou muito bem essa série, não demora muito para o próximo :3
Por stanley em 2016-03-25 01:45:19
O quarterback ate agora esta mostrando ser legal espero que seja assim para sempre... amando a sua serie esta muito legal
Por Fla Morenna em 2016-03-23 14:57:44
Show. Acho q o Eduardo ja ta interesado no Lucas....kk Que venha o próximo capitulo
Por Nicolas2 em 2016-03-23 13:11:52
Oonnwww adorei o fato dele ser tão atencioso. Gente até eu já estou desejando o bolo de banana da avó do Marc. Sua historia é muito boa, até Domingo. Bjs