Episódio 5 - Mudanças
Parte da série Bandido
- Eu preciso de você. – disse Caio novamente, parado na porta.
- Entra. – pediu Henrique e ele o fez. – O que aconteceu?
- Eu... – Caio andava de um lado para o outro. – Eu traí a Alice.
- Nossa Caio, você está desse jeito por causa disso? – questionou Henrique, se sentando no sofá.
- Cara você achar que eu deveria estar como?
- Sendo fiel primeiramente, você não veio na minha casa no meio da madrugada esperando que eu passasse a mão na sua cabeça, não é?
- Mas... – Henrique continuou.
- O erro foi totalmente seu e é preciso saber conviver com ele para que não ajam futuros erros.
- Eu vim aqui precisando de ajuda, de um ombro amigo e é assim que você me trata?
- Desculpe Caio, mas essa é a realidade. – Henrique acendeu um cigarro. – É assim que a sociedade tem que lhe dar com homens que são infiéis.
- E você quem é Uma grande e nobre mulher que foi traída?
- Não, eu fui quem traiu quem mentia quase todas as noites para me divertir na noitada com diversos caras, com pessoas diferentes e veja o que eu consegui? Absolutamente uma vida inteira de solidão.
- Hum.
- Enfim, se você veio até aqui para fumar um bom cigarro e beber uma boa bebida, aqui você vai ter de sobra, mas se você veio até aqui me pedir conselhos amorosos é bom repensar, posso falar o que você não quer ouvir.
- Tudo bem, me dê um cigarro. – Henrique passou o maço para Caio e ele acendeu um cigarro.
- Quer beber alguma coisa?
- Não, quero só descansar.
- Tudo bem, vou pegar um colchão.
- Henrique?
- Sim Caio.
- Posso dormir no seu quarto?
- No meu quarto? – Henrique estranhou e ficou encarando Caio durante um tempo. – Ah, pode.
- Valeu!
Rapidamente Henrique arrumou um colchão e o colocou do lado da sua cama para Caio, ele sabia que se o convidasse para dormir junto poderia causar mais uma vez um mal estar e isso ele não queria novamente. Caio subiu as escadas em direção ao quarto de Henrique e viu ele arrumando um canto para ele dormir, ele imaginou que dormiria com ele na cama e não conseguiu disfarçar a cara de desapontamento.
- É aconchegante. – disse Henrique. – Você já quer se deitar?
- Por mim pode ser.
- Então, vou apagar as luzes.
- Tudo bem.
Henrique foi em direção do botão e apagou as luzes, Caio tirou sua calça e ficou apenas de cueca para dormir.
- Bem, acho que isso é um boa noite. – disse Henrique enquanto se deitava.
- Não quer conversar?
- Sobre o que você quer conversar?
- Quantos relacionamentos com homens você teve?
- Oi? HA HÁ HÁ. Como assim Caio?
- Ah, quantos relacionamentos, tipo namoros com homens você teve na sua vida?
- Não sei Caio, acredito que uns dois, dois realmente sérios.
- E eles eram legais?
- Sim, eles foram bacanas, não tenho o que reclamar deles, foi um momento especial que tive na minha vida com os dois.
- Entendo.
- Qual o motivo da sua pergunta?
- Ah. – Caio virou-se para o outro lado do colchão. – Apenas curiosidade, você tem cara de galinha.
- Com certeza eu já fui, mas acho que estou numa fase de querer encontrar meu príncipe encantado.
- Tomara que não encontre, eles não existem.
- Para você ogro não, para eu acredito que eles existam sim.
- Não sou um ogro.
- Você é sim, não parece amar sua namorada de verdade e fica brincando com a coitada.
- Não é bem assim Henrique, você sempre acha as coisas e fala sem tem certeza ou é só comigo?
- Não, eu acho que isso realmente seja verdade, falta você apenas admitir.
- Tá bom Senhor Sabe Tudo. Boa noite.
- Não fique bravo Caio, eu apenas disse o que eu penso sobre o seu relacionamento.
Caio não respondeu e logo tentou pegar no sono, ao perceber que Henrique estava dormindo profundamente ele se levantou para fumar um cigarro, ao voltar, Henrique estava numa posição diferente e descoberto, Caio generosamente o cobriu e o ficou observando por um tempo. Henrique se mexeu fazendo menção que iria acordar Caio rapidamente voltou ao seu colchão e deitou-se. Ao amanhecer o despertador de Henrique tocou pela primeira vez, de cara o rapaz não acordou e depois de quinze minutos ele voltou a tocar.
- Henrique. – disse Caio, ainda deitado no colchão.
O despertador novamente tocava.
- HENRIQUE. – Caio chamou o rapaz sem sucesso, ele se levanta e vai desligar. Novamente, Caio o observa e não resiste e deita atrás de Henrique o abraçando. Os dois dormem até as 09h da manhã.
- Que horas são? – dizia Henrique com uma voz sonolenta.
- Deve ser uma 10h. – respondeu Caio ainda o abraçando.
- CAIOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO.
Henrique se assustou ao perceber que estava dormindo agarrado com Caio e os dois se olharam.
- O que você fez? – perguntou Henrique.
- Nada cara, eu estava com frio e eu quis me deitar aqui com você. Acho que por estar acostumado a dormir com a Alice desse jeito, eu te abracei sem perceber, desculpa.
- Que susto! Mano, não faz mais isso.
- Calma Henrique, não estou bravo e nem nada, eu quis dormir com você.
- Tudo bem... Tudo bem.
Henrique foi até o banheiro lavar o rosto e escovar os dentes, enquanto Caio observava a vista da Avenida Paulista da sacada do quarto.
- Desculpa, desculpa mesmo se assustei. – pediu Caio.
- Não, tudo bem. É que eu achei que eu, você, bebemos e não lembrava.
- Não, não fizemos nada, na verdade nem bebemos.
- Ah, menos mal, tudo bem.
Caio colocou sua calça e Henrique uma roupa esportiva e os dois desceram para tomar um café, jogando conversa fora e logo Caio decidiu ir embora.
- Obrigado pela madrugada.
- Não precisa agradecer, vamos jantar hoje?
- Por mim tudo bem, aonde?
- Na sua casa Caio você faz o jantar.
- Na minha casa? – ele riu. – Você sabe que lá não é muito grande não é?
- Não tem problema, qual vai ser o cardápio?
- Deixa eu ver, umas porções, uns filmes e cerveja.
- Adorei!
- Às 21h e não atrase.
- Tudo bem.
Caio saiu do prédio de Henrique e foi fotografado por uma pessoa num carro de luxo, era Júlia Beatriz.
- Segue esse garoto Orlando.
- E se ele entrar num ônibus? – questionou.
- Nós o seguimos.
Caio entrou no ônibus e Júlia e Orlando o seguiram até a entrada do restaurante Life.
- Não acredito que esse verme trabalha aqui. – murmurou Júlia. – Voltamos outro dia Orlando, vamos embora.
O dia passou rápido para Caio e muito mais para Henrique, ele encontrou Alexia para um breve bate papo e contar como a ideia de forjar o exame de Bianca deu tão certo que ele não estava acreditando que tudo aquilo era real. Logo anoiteceu e Henrique foi até o apartamento de Caio.
- Bem vindo! – saudou Caio.
- Eu já vim aqui palhaço, sei como é.
- Tudo bem então, vamos para cozinha, acabei de terminar.
- Ótimo, estou com muita fome.
O cardápio de Caio era bem menos refinado do que Henrique está acostumado, uma porção de batatas fritas com cheddar, uma calabresa acebolada e uns pãezinhos com vinagrete e claro, uma cerveja super gelada para os dois brindarem.
- Falou com a Alice? – perguntou Henrique.
- Não, ela não me atendeu o dia todo, devia estar trabalhando, mandei uma mensagem para ela dizendo que eu não estaria em casa, ele deve ter recebido.
- Entendi. E a menina que você pegou? Era bonita?
- Menina? Que menina?
- A menina Caio a menina que você pegou ontem de madrugada... Espera? Não é uma menina.
- É...
- NÃO ACREDITO CAIO. – Henrique deu pulo da cadeira.
- Calma caralho, eu não disse se era menino.
- Não precisa dizer, olha essa sua cara de safado.
Caio estava realmente sem graça e não teve saída.
- Sim, foi um menino.
- MEU DEUS! Que momento épico.
- Para mano, senta aí e come os negócio de boa.
Henrique se sentou e Caio contou como foi a primeira vez dele com um homem, Henrique não conseguia parar de rir ao imaginar. Os dois conversaram sobre tudo naquela noite, a família de Caio, os problemas dele, foi realmente uma noite muito proveitosa para ambos se conhecerem e mudarem o pensavam um do outro, ao irem dormir, eles colocaram dois colchões na sala e deitaram.
- Vamos dormir? – perguntou Caio.
- Sim. Está tarde.
- Beleza. – Caio desligou a TV.
- Caio?
- Sim.
- Posso me deitar perto de você?
- Vem...
Henrique se deitou no peito de Caio e ele ficou fazendo carinho nos cabelos dele até ele adormecer de verdade. Ao acordar no meio da noite, Henrique virou para o outro lado e Caio o abraçou novamente, sentindo seu cheiro, sentindo seu corpo.
(Música do Episódio, Whatever It Takes, Lifehouse).