O Primeiro Filho - Capítulo Um

Parte da série O Primeiro Filho

Tristan Crawford, 17 anos.

É um bom garoto, responsável e dedicado.

Tem uma vida de luxos, mas não é feliz.

Sua vida é visada por todos - e invejada por muitos.

Sua mãe é a Presidente dos Estados Unidos.

Tristan Crawford é o Primeiro Filho dos Estados Unidos.

~

Timothy Cooper, 17 anos.

É um garoto rebelde, mas com uma inteligência acima da média.

Ganhou uma bolsa de estudos para um dos melhores colégios da capital americana.

Quer ser o que o pai nunca foi.

Sua mãe é uma simples atendente de lanchonete.

Timothy Cooper é só mais um cidadão americano.

~

Homens diferentes.

Juntos descobrem a paixão, o amor e o sexo.

~

Timidamente, o sol começava aparecer nos céus de Washington DC, a capital dos Estados Unidos da América.

Lá, na casa mais famosa de DC – e talvez a casa mais importante do mundo – seus olhos começaram a se abrir com

a claridade que vinha das janelas. Seu quarto era uma bagunça só, coisa típica de adolescente? É, acho que sim.

Na parede havia pôsteres de bandas de rock. Sua favorita? “Alice Cooper”. Tristan adorava o roqueiro.

Seus grandes olhos verdes – cheios de remelas no momento – miraram a parede de seu quarto.

Tristan começou a se lembrar de seus antigos quartos, de suas antigas casas. Seu atual quarto era mesmo idêntico ao anterior. Tristan lembrou-se do dia da mudança – há pouco mais de uma semana – e como havia ficado surpreso ao ver que

seu novo quarto era exatamente igual ao antigo quarto. Os quartos de seus irmãos também eram idênticos aos antigos.

Até mesmo as roupas íntimas da irmã – também adolescente – Evelyn, foram deixadas espalhadas, conforme eram no quarto antigo dela da casa antiga. Não era hora para nostalgia. E isso foi confirmado, quando Tristan ouviu o duplo “toque” a porta de seu quarto. “Toque, toque”.

- Ah... – Tristan estava sonolento – Sim? – Perguntou, levantando-se de sua cama.

- Bom dia! Está na hora de acordar. Prepare-se para o café da manhã, sim? – Respondeu uma voz masculina,

do outro lado da porta.

- Está bem. – Tristan respondeu, levantando-se vagarosamente de sua confortável cama de casal.

Ele não precisava de uma cama de casal. Poderia usar uma cama de solteiro. Afinal, ele não era casado.

E nem seria casado um dia. Ao menos era o que ele sempre pensava. Tristan estava sem camisa.

Uma onda de calor assolava a capital americana. E claro, o aquecedor de seu quarto estava sempre ativo, pois Tristan adorava dormir sem camisa. Sentia-se mais livre. Pelo menos em seu leito ele poderia sentir-se assim.

Seu corpo era muito belo. Tristan era um adolescente muito atraente: tinha belos olhos verdes, cabelos castanhos claros muito lisos, lábios grossos e rosados e ainda uma pequena pintinha de nascença, pouco acima de sua boca,

que destacava seu belo rosto, criando um charme gracioso em sua pessoa. Tinha traços delicados, mas suas sobrancelhas

eram muito grossas e tinha muitos pelos em seus antebraços.

Tristan tinha um enorme banheiro em seu quarto. Tão grande quanto seu próprio quarto. O banheiro era impecavelmente limpo e tinha um cheiro agradável e perfumado. Lá havia uma ducha simples também, mas o que mais chamava a atenção em seu banheiro particular era a banheira “jacuzzi”. A “jacuzzi” de seu banheiro era italiana autêntica, hidromassagem para duas pessoas. Algumas vezes Tristan chegara a se perguntar se os antigos residentes daquele quarto já haveriam tê-la usado na companhia de outra pessoa. Será? Aquilo não era importante.

Tristan despiu-se completamente. Não iria usar a “jacuzzi”. Iria tomar banho na simples ducha mesmo. O corpo de Tristan era tão belo quanto seu rosto. Não era magro e nem forte, mas tinha sim alguns músculos na região peitoral.

Tinha o que se podia chamar de um belo “tanquinho”. Tinha também belas nádegas carnudas. Tristan virou-se para a torneira da ducha e a girou. A água quente começou a percorrer seu corpo todo. Tristan fechou seus grandes olhos verdes e respirou fundo. Um longo dia o esperava. Aquele seria um dia importante para ele. Um dia importante para seus irmãos também. Após uma relaxante ducha, Tristan voltou para seu quarto e se vestiu. Não gostava do uniforme que era obrigado a usar. Era tão “almofadinha”. Quisera ele usar uma de suas camisas de bandas de rock. Usar uma camisa de “Alice Cooper” quem sabe. Mas não permitiram nunca. Tristan era obrigado obedecer a um sistema. Um sistema ainda mais rigoroso que pessoas “normais” obedeciam.

Tristan saiu de seu quarto com sua mochila nas costas. Jamais se adaptaria aquela gigantesca mansão. Disto Tristan tinha certeza. Imaginava que um dia ainda se perderia lá dentro. Não conhecia nem 40% da casa. Disto ele também tinha certeza. Ao menos já sabia onde ficava a sala de jantar. Sua mãe insistia que todos fizessem a primeira refeição lá, como uma família. Era isto que a mãe acreditava? Que formavam uma família? Tristan tinha suas dúvidas. Finalmente, o adolescente chegou à sala de jantar, que ficava localizada no segundo andar da mansão. Seus irmãos estavam lá, aproveitando o farto café da manhã já servido.

- “Buenos dia” dorminhoco! – Alegremente, Evelyn Crawford, sua irmã de quinze anos, o saudou. Evelyn era uma adolescente extremamente alegre, esbanjava carisma por onde passava. Completamente diferente de Tristan. Muitas vezes ele se perguntava se eram mesmo irmãos de sangue. Talvez ele tivesse sido adotado. Ou talvez ela. Não tinha certeza.

- Bom dia. – Respondeu Tristan, apático.

- Uau, mas que bom dia desanimado é este, irmãozinho? Alegre-se, pois a vida é muita bela. Um dia muito quente e muito lindo nos espera do lado de fora. Claro, sei que também uma comitiva de fãs nos aguarda do lado de fora, ansiosos para

nos ver. Hoje caprichei em meu visual, sabe? Quero aparecer linda em todas as fotos. Embora falar isto seja desnecessário. Eu jamais saí feia em qualquer foto, pois eu sou linda, né? Você concorda comigo, Tris? – Evelyn realmente era uma graça de pessoa. Seus enormes cabelos, tão lisos e pretos, chamavam a atenção em seu pequeno rosto. Seus olhos eram também de uma tonalidade de verde única, eram marcantes também. Evelyn era uma adolescente maravilhosa, não apenas fisicamente, mas como pessoa também. E falava muito. Ah, como falava!

- Você é sim perfeita, Evy. – “Tris” respondeu, beijando a irmã na testa e sentando-se á mesa logo em seguida. “Tris” e “Evy” realmente formavam uma família juntos. Ah, o pequeno Camden também estava lá, ocupado com suas rosquinhas açucaradas. Tristan acariciou os cabelos dele, “bagunçando-o”. O irmãozinho esbanjou um sorriso cheio de comida nos pequenos dentes.

O irmão mais novo de Tristan, Camden, tem apenas seis anos. Atualmente, ele só queria se parecer com o “Ben 10”. E ele realmente parecia, com seus cabelos castanhos lisos e seus enormes olhos negros como jabuticaba, além de um relógio – igual ao do personagem, feito por encomenda – em seu pulso. Camden foi o único a herdar os olhos do pai, diferentemente

de Tristan e Evelyn, que haviam herdado os olhos da mãe. A família Crawford era realmente uma bela família. Uma bela família para os outros. Para eles...

- Onde estão o papai e a mamãe? – Tristan quis saber.

- Aonde mais poderiam estar? Na Ala Oeste. Na Sala da Situação talvez? Deus sabe lá aonde. – Evy respondeu, lamentando, mas ainda sim sem perder o bom humor.

Tristan lamentou com um profundo suspiro. Observou o pequeno Camden que se divertia com as rosquinhas açucaradas. Talvez por enquanto fosse o necessário para a alegria do pequeno irmãozinho. Mas e depois? Quando ele crescesse? Tristan

admirava a irmã, que apesar da ausência dos pais, conseguia ainda ser tão feliz. Tristan tinha muitas dúvidas, mas havia algo que ele tinha certeza sobre si mesmo. E que ninguém nunca iria aceitar. Além do mais agora que eles viviam ali – na Avenida Pensilvânia, no número 1.600.

Um casal surpreendeu Tristan e seus irmãos ao adentrarem á sala de jantar. Por meio segundo, talvez menos, os olhos de Tristan, Evelyn e até do pequeno Camden se iluminaram. Mas a chama em seus olhos logo se apagou. Não eram o Senhor e a Senhora Crawford, seus pais. Eram Blake e Kim.

Robert Blake era o agente do Serviço Secreto responsável pela proteção pessoal de “Monroe”. E Kimberly Whitney era a responsável pela proteção pessoal de “Eagle”. “Monroe” e “Eagle” eram os codinomes usados pelo Serviço Secreto dos

Estados Unidos para descrever os primeiros filhos dos Estados Unidos, respectivamente Tristan e Evelyn.

- Estão prontos? Precisamos ir agora. – Comunicou Blake.

Blake e Kim eram o que os filhos Crawford tinham mais próximo de “pais”. Naquele momento, o Senhor e a Senhora Crawford não eram os seus pais. Naquele momento, o Senhor e a Senhora Crawford eram respectivamente o Primeiro Cavalheiro e a Presidente dos Estados Unidos da América.

E a Casa Branca era o lar deles agora.

Após alguns minutos, Tristan, Evelyn e Camden estavam se preparando para entrar no carro oficial – um Cadillac preto –

que os levaria ao Externato Ronald Reagan. Aquele dia, já de muito calor, seria o primeiro dia de aula deles como “primeiros filhos”. O esquema de segurança seria muito forte, pelo menos nos primeiros dias de aula, já que eles eram “notícias” novas. Com certeza a imprensa e uma comitiva de curiosos estariam nos arredores do Externato Ronald Reagan á espera dos filhos da presidente Crawford.

Dentro do Cadillac, Camden se deliciava com um copo de sorvete. Os primeiros filhos tinham também cinco chefs de

cozinha a tempo integral, que estavam dispostos às lhe servir o que quisessem.

- Ei, pequeno Ben Tennyson, o que há com sua barriga? De certa há um alienígena dentro dela. Como pode comer tanto? – Observou Evelyn, coçando a barriga do irmãozinho, que ria com a brincadeira.

- Para Evy! – Dizia o pequeno “Ben 10”, rindo com a brincadeira da irmã.

Tristan esboçou um sorriso ao ver a brincadeira da irmã. Ele realmente agradecia a Deus por tê-la ao seu lado. Ela era a única que conseguia tirar-lhe alguns sorrisos, a única que o fazia não sentir-se tão só. Os agentes Blake, Kim e também Martha Horton – a valete das crianças, a babá que cuidava de Camden – entraram no Cadillac, preparados para a viagem

até o Externato.

- Todos preparados? – O agente Blake quis saber.

- Siiiiiimmmmm!!! – Gritou o pequeno Camden, saltitante.

- Siiiiiimmmmm!!! – Gritou Evelyn também, imitando o irmãozinho. Todos esboçaram um sorriso com a palhaçada de Evelyn.

Após os procedimentos padrões, o Cadillac deu partida e ganhou as ruas de Washington. Os filhos da Presidente estavam

indo para o colégio. Durante alguns instantes, a viagem percorreu em silêncio. Foi Tristan que acabou quebrando o silêncio.

- O que houve essa manhã com nossos pai, Blake? – Tristan queria saber. Era bem verdade que a mãe só estivera presente no café da manhã um único dia desde que se haviam se mudado para a Casa Branca. Mas o pai estivera em praticamente todos. Hoje havia sido uma rara exceção. Evelyn lançou um olhar ao agente. Também queria saber.

- A Presidente e o Primeiro Cavalheiro pediram desculpas. Uma questão urgente pediu a atenção dos dois esta manhã e por isto não puderam participar do café da manhã. Mas ambos prometeram recebe-los no horário do almoço, quando retornarem do Externato. – Respondeu Blake, sempre muito mecânico, apesar de ter conquistado a simpatia de Tristan há muito tempo.

Blake protegia Tristan desde seus treze anos de idade, quando a mãe ainda era Vice Presidente.

“Mas ambos prometeram recebe-los no horário do almoço...” Tristan logo pensou que o tempo em que precisariam marcar horário para passar um tempo com eles chegaria e logo.

O Cadillac se aproximava cada vez mais do Externato Ronald Reagan. Haviam dois carros á frente e dois atrás do Cadillac onde se encontravam os primeiros filhos. Havia também um helicóptero sobrevoando o carro. Tristan e Evelyn já estudavam

há muito tempo no Reagan. Camden estava começando, seria seu primeiro ano. Mesmo já sendo sênior no Reagan, Tristan

estava nervoso, muito apreensivo. Além de ser o primeiro dia de aula do novo ano, era também o primeiro dia como

“Primeiro Filho”. E agora seria também seu último ano antes de ir para a faculdade. Ele não sabia ainda nem qual

faculdade queria ir. E também não queria pensar nisto agora.

A entrada do Externato Ronald Reagan estava lotada de pessoas. A imprensa estava em peso lá. “Por que diabos era importante para a imprensa que os filhos da Presidente iam estudar?” Tristan começou a se perguntar.

- Uau! Nosso fã clube é maior do que imaginei! – Comentou Evelyn, com seus olhos verdes brilhando. Camden também

observava pelas janelas, ouriçado com a confusão que se instalava do lado de fora. O Cadillac diminuía sua velocidade

e os paparazzi já começavam a rondear através das janelas os filhos da Presidente Crawford – embora não pudessem vê-los, já que os vidros das janelas eram fumê. Tristan já se sentia incomodado, ainda sem sequer ter saído do carro oficial.

- Eu não entendo o porquê disto. – Observou o filho mais velho da Presidente dos Estados Unidos.

- Nem eu, mas Deus me disse: “Evelyn, desça e arrase!”. E como sou obediente, é isto que vou fazer! – Evelyn esbanjou um sorriso e levou seus óculos escuros Ray-ban aos olhos.

- “Yeeeah”! Vou me transformar no “Quatro Braços”, Evy! – Gritou o pequeno Camden, mais eufórico ainda.

- Sim, mas pela sua altura você se parece mais com “Massa Cinzenta”. – Brincou Evelyn novamente. Camden abraçou a irmã, todo dengoso. Evelyn realmente era a verdadeira “união” dos irmãos Crawford. Talvez a “verdadeira mãe” de Tristan e Camden. A outra mãe não tinha tempo. Só tinha tempo para governar o país.

O Cadillac havia parado e um forte esquema de segurança já estava montado na entrada do Externato Ronald Reagan. O helicóptero do Serviço Secreto continuava sobrevoando – agora bem mais baixo – o Externato. O primeiro a sair do carro

foi o agente Blake. O agente Blake teve a confirmação através de seus fones de ouvido que o ambiente estava seguro e permitiu que os filhos da Presidente Crawford saíssem do carro. A agente Kimberly Whitney foi a primeira a sair do Cadillac depois de Blake. Em seguida, Evelyn e Camden, de mãos dadas, saíram. A irmã de Tristan acenou, mandou beijos e sorriu o tempo todo, enquanto caminhava sob a proteção da agente Whitney. A valete de Camden, Senhora Horton também saiu logo em seguida e caminhou logo atrás de Whitney, Evelyn e Camden. O agente Blake continuava na porta do Cadillac, acompanhando tudo e aguardando Tristan. Mas ele não saíra do carro. O agente Blake comunicou aos demais agentes através

de seus fones de ouvido e entrou novamente ao carro, sentando-se ao lado de Tristan e fechando as portas do carro.

Blake não era muito velho. Tristan não sabia a idade certa do agente, mas imaginava que ele era bem mais novo que o pai. Talvez tivesse uns trinta anos. Era um bom agente, e acima de tudo, uma ótima pessoa.

- O que aconteceu Tristan? – O agente Blake perguntou preocupado.

Tristan suspirou. Podia-se sentir tristeza e nervosismo em seu suspirar. O filho mais velho da Presidente Crawford manteve-se calado por um minuto, até finalmente conseguir responder a pergunta do agente.

- Eu estou com medo. – Tristan respondeu esboçando um sorriso.

- Sei que as coisas não estão fáceis para você, Tristan. Principalmente agora, que sua mãe é a Presidente. – O agente Blake também sabia ser mais humano, Tristan não conhecia esta faceta do agente, que na maior parte do tempo era sempre muito robótico.

- Você nem imagina como. – Tristan respondeu seriamente. – Blake. Posso... – Tristan fez uma pequena pausa – Posso lhe fazer uma pergunta? Tipo sei lá, extraoficial?

O agente Blake não respondeu com palavras, mas assentiu com a cabeça.

- Você sabe tudo o que eu faço, não sabe? Sabe onde eu estou a cada minuto do dia. Sabe quem são meus amigos e o

passado e presente de suas famílias. Sabe quais são minhas notas no colégio. Sabe inclusive quais tipos de site eu acesso na internet, não sabe? – Tristan perguntou, mas mais em um tom de desabafo.

O agente Blake não respondeu, mas esbanjou um sorriso tímido, afirmando que de fato ele sabia de tudo que acontecia com o Primeiro Filho.

- É eu sabia que sim. Meus pais não sabem. Eles só sabem o que você coloca no registro. Talvez nem isto. Acho que eles

não leem o registro. Ou talvez só leiam o final, que diz que “Monroe” está em casa, são e salvo. – Desabafava.

- Eu sei também que você é um garoto corajoso, Tristan. – O agente Blake queria animá-lo.

- Não, eu não sou. – Tristan fez uma pausa. Seus grandes olhos verdes lacrimejavam. Mas as lágrimas ainda não escorriam por seu rosto delicado. – Você sabe então que eu sou gay, não sabe? – Agora sim seu rosto era coberto por suas lágrimas.

O agente Blake nada falou. A expressão do agente era de pena. O agente parecia sofrer também. As lágrimas do Primeiro Filho atingiam seu coração. Tristan não tinha idade para ser seu filho, mas o agente Blake o tinha como tal. Ele conhecia aquele garoto, humilde e triste, desde seus treze anos.

Tristan voltou a perguntar ao agente. Com as lágrimas ainda escorrendo por seu delicado e belo rosto.

- Você sabe, não é? Por favor, agente Blake, me responda. – Era uma súplica. Tristan precisava ouvir a resposta.

- Sim, Tristan. Eu sei. Mas eu sou o único que sei. Eu jamais revelei nos registros quaisquer coisas a respeito de sua sexualidade. Nunca incluí nada no registro que você acessa sites homossexuais. Eu sou o único agente que tem acesso a estas informações, e esta é uma medida para proteger sua integridade física e moral, Tristan. – O agente Blake respondeu

e justificou-se, agora mais da forma “Agente Blake”, mais robótico.

Tristan esboçou um sorriso, um tanto quanto irônico.

- Obrigado, eu acho. – Tristan enxugou as lágrimas. – Meus pais jamais imaginaram que eu sou homossexual. Disto eu tenho certeza. Minha mãe sempre esteve muito ocupada. Primeiro congressista. Depois governadora. Vice Presidente. Primeira mulher Presidente. Hilary Clinton odeia minha mãe. – Tristan esboça uma risada – Eu admito que votei na Hilary.

O agente Blake também ri do comentário de Tristan

.

- Do que eu tenho medo? Tenho medo desse mundo que está aí fora. Desta constante pressão. Eu sou o filho mais velho da Presidente dos Estados Unidos. Samantha Crawford é a mulher mais poderosa do mundo! Ela não pode errar. Eu como filho

dela também não posso.

- E quem disse que ser homossexual é um erro? Você não escolheu Tristan. Aliás, você não escolheu ser filho de Samantha Crawford. Você também não escolheu a profissão de sua mãe. Não se torture tanto. O mundo é cruel, eu concordo. E todos estão esperando um erro da Presidente. Principalmente os inimigos dela. Washington não é uma cidade para pessoas inocentes, esta é a triste verdade. Você provavelmente vai cometer muitos erros ainda. Todos nós cometemos. Mas não tenha medo de errar. E não tenho medo de ser quem você é por causa de sua mãe. Sei que sua mãe tem costumes religiosos que desaprovam sua condição. Não será fácil remar, no que dizem ser, “a contra mão”. Mas você é um bom garoto, Tristan. Por mais difícil que seja, vai valer a pena você lutar para ser quem é. – Aconselhou o agente Blake, em uma das conversas

mais humanas que Tristan tivera com ele. – Não viva de aparências. – Concluiu.

Tristan sorriu para o amigo. Para o “pai”. Levou seus óculos escuros ao belo rosto. O agente Blake finalmente anunciou pelos fones de ouvido:

- Atenção, “Monroe” prepara-se para sair. Copiado?

O agente Blake saiu do Cadillac. E em seguida foi à vez de Tristan, o filho mais velho da Presidente Samantha Crawford.

Os paparazzi começaram a fotografar o adolescente, que olhava para frente apenas, tentando fingir que não havia ninguém ali para observá-lo. O adolescente seguiu até o enorme portão do Externato Ronald Reagan. Haviam muitas tietes também, Tristan era praticamente um “John John”. As meninas escandalosas gritavam o nome de Tristan. Algumas até mesmo estavam vestindo camisas com o rosto dele estampado. Outras carregavam faixas nas mãos com diversos dizeres:

“Tristan, eu ♥ você”, “Tristan, case-se comigo” e “Tristan Crawford é muito gostoso”. Tristan nada leu.

Ele apenas caminhou, o mais rápido possível, para as dependências do Externato Ronald Reagan.

Comentários

Há 1 comentários.

Por em 2012-11-01 18:16:57
bom conto