Episódio 02 - Beije o Garoto! (Parte Final)

Parte da série Mundo Perverso (Série Detetive J.C. Membrive)

O detetive Júlio César Membrive já viu muitos casos revoltantes em sua carreira de quase uma década. Mas jamais se sentira tão ligado a um caso como naquele. Um garoto de vinte e um anos, em sua plena juventude e gozo pleno de saúde, havia sido executado com um tiro na cabeça logo após estar desaparecido por dois dias. Sem chance alguma de defesa. Covardemente morto.

Outro garoto, da mesma idade, havia sido sequestrado pouco tempo dois, Calebe Pizarro, mas felizmente Calebe teve um final diferente: conseguiu escapar de seu algoz e lutou muito por sua vida.

Calebe havia sido encontrado na beira da estrada, próximo do local onde o corpo de Arthur Diniz havia sido encontrado. Ele foi auxiliado por pessoas que passavam em um carro pela estrada. Muito machucado, Calebe tinha sido espancado por seu algoz. Os médicos disseram que era um verdadeiro milagre ele ainda estar vivo.

Calebe era muito lindo, muito atraente, e chamara muito a atenção do detetive J.C., que também como Calebe, é homossexual. As investigações forenses levaram J.C. e sua parceira, a detetive E.E. (ou melhor, Estefani Espinosa) a crer que não conseguiriam encontrar o sequestrador e assassino. O criminoso era muito bom. Não deixava rastros, nem mesmo um fio de cabelo. A polícia procurou por toda a região onde Calebe fora encontrado, mas o local onde o garoto fora mantido em cativeiro não foi encontrado. Tudo que parecia promissor na investigação era um beco sem saída.

O detetive Júlio César Membrive só tinha Calebe como testemunha e precisava dele, mas bem de saúde, para que ele pudesse dar sequência às investigações. O garoto lindo, de cabelos longos e lisos e de olhos verdes claros era a testemunha chave de J.C e da polícia. Seu quarto era vigiado dia e noite por um policial, que estava ali para garantir sua segurança. A mãe de Calebe ficava lá com ele durante o dia, mas não aguentava dormir no hospital. Por muitas noites, J.C. pessoalmente cuidou da segurança do garoto hospitalizado.

O detetive podia passar a noite toda observando Calebe. Que garoto perfeito! Seu rosto, seu corpo, sua voz, todo o conjunto da obra, Calebe era perfeito em todos os sentidos. Júlio não conseguia não se excitar ao observar o escultural corpo de Calebe. Seu enorme cacete ficava descontrolado dentro de sua cueca e calça. Aquilo era antiprofissional, certo? Diabos, que se dane. Era o que pensava o detetive. Ele queria poder beijar aquele garoto. Beije o garoto. Era o que seus pensamentos lhe diziam. Calebe dormia tão tranquilamente. Parecia estar em paz. Ele realmente merecia estar em paz. Mas o pesadelo não havia acabado ainda. O sequestrador e assassino estava lá fora.

Beije o garoto. Mas que merda! Não deveria pensar nestas coisas. Calebe parecia melhorar a cada dia, seu rosto estava menos inchado e os hematomas começavam a desaparecer de seu belo corpo. Beije o garoto. O detetive Júlio César Membrive acabou fazendo. Curvou-se diante dele, que repousava pacificamente em seu leito, e deu-lhe um selinho na boca. Beijou o garoto. O detetive J.C. beijou Calebe. Calebe não despertou, mas de sua boca, brotou um sorriso sincero e encantador. Parecia um arco-íris depois de uma tempestade de verão.

~

Os dias se passaram. Júlio e sua parceira, Estefani, se dedicavam ao caso o máximo que podiam. Mas nenhuma pista. E o sequestrador assassino não voltara a atacar. Será que apenas Arthur e Calebe eram os alvos do sequestrador? Seria ele Rodrigo Amorim? J.C. sabia que aquele garoto escondia algo dele. Mas não tinha nada que levasse até ele. E ele tinha prometido a Calebe que pegaria o sequestrador. Era uma promessa que ele pretendia cumprir. E não descansaria até cumpri-la!

~

Finalmente Calebe tinha ganhado alta do hospital. Ele estava animado, seu rosto estampava sorrisos o tempo todo. A mãe de Calebe, naturalmente, também estava muito feliz. O detetive J.C. foi visitar Calebe em casa e levou para ele uma caixa de bombons.

- Sei que é estranho um presente assim. – O detetive sorriu – Mas eu queria que soubesse que me importo com você, Calebe.

Calebe retribuiu o sorriso.

- Obrigado detetive. – Respondeu com os olhos verdes brilhando.

- Pode me chamar de J.C. Calebe. – O detetive tentava ser o mais sensível possível, até chegar à conversa séria.

- Vou chama-lo assim quando pegar o sequestrador, detetive. – Calebe era espirituoso. E muito corajoso. Júlio se encantava cada vez mais por Calebe.

- É justo. – Respondeu o detetive, agora mais sério. – Calebe precisamos voltar a falar daquele dia. Sei que você acabou de se recuperar, e que está traumatizado com tudo que lhe aconteceu. Mas precisamos realmente de você para continuar este caso. Eu preciso de você, Calebe. De verdade. – O detetive sentou-se ao lado de Calebe, que estava sentando á sua cama.

Nas paredes do quarto de Calebe haviam pôsteres de filmes e bandas de rock, Calebe gostava muito de cinema e música. Era um garoto comum e normal. Como seu sobrinho Raphael. Um garoto que havia passado por maus momentos.

- Eu quero ajuda-lo detetive. Por favor, me diga como. – Calebe era terno, dizia com sinceridade. Seus olhos brilhavam o tempo todo.

- Como era seu relacionamento com Arthur? E com Rodrigo? Conte-me mais da sua vida. Eu preciso conhecê-lo melhor.

Calebe suspirou. Por alguns segundos manteve-se calado, até começar a contar sua história para o detetive J.C.:

- Andar na contra mão é muito difícil, detetive. Nunca quis ser gay. Eu simplesmente sou. E eu me orgulho disto. Talvez se eu pudesse escolher, nada seria diferente. Eu seria gay do mesmo jeito. A minha mãe teve dificuldade para aceitar minha condição. Mas o meu pai não. Ele nos abandonou quando descobriu. Eu nunca mais o vi. – Dizia olhando fixamente para o detetive – Mas sabe? Ele não me faz falta. Acho que ele apenas usou minha homossexualidade como desculpa para nos abandonar. Arthur e Rodrigo compartilham da mesma condição que eu. Ambos são gays. – Fez uma pequena pausa – Aliás, Arthur era, não é? Eu não pude nem ir ao seu enterro. Gostaria de ter ido me despedir dele. Nós perdemos o contato depois que o ensino médio terminou. Perdi contato com todos eles. Quando comecei a trabalhar fiz outros amigos. Na internet também conheci alguns amigos, como eu, gays também. – Dizia o garoto de belos olhos verdes.

- Você acha que algum destes seus amigos poderia querer machuca-lo? Talvez algum deles tenha alguma coisa contra você? – J.C. perguntou, mas sentia-se comovido com o relato de Calebe. Júlio admirava a coragem de Calebe, coragem que ele mesmo nunca tivera, de se assumir.

- Talvez. Eu não sei. O mais provável é que não. Os meus amigos gostam de mim. Apesar de minha condição sexual gerar muitos preconceitos, consegui construir um grupo sólido de amigos, que realmente gostam de mim. – Júlio sabia que isto era verdade. Havia investigado os amigos mais próximos de Calebe e sentira o quanto o garoto era querido por eles.

- Você é muito querido pelas pessoas, Calebe. Você é corajoso. Eu o conheço há pouco tempo, mas já o admiro muito. – O detetive sorriu. Calebe também. As mãos brancas de Calebe encontraram as mãos negras de J.C. na cama. Calebe o acariciou. E seus rostos se encontraram. O detetive Júlio César e Calebe começaram a se beijar. Os lábios finos de Calebe tocavam suavemente nos lábios de Júlio, mas logo o beijo suave tornou-se apimentado. Calebe chupava e mordia os lábios grossos do detetive. Júlio levou suas enormes mãos á cabeça de Calebe e acariciava seus cabelos longos e lisos. Suas línguas se encontravam violentamente, havia muito tesão naquele beijo. Poderia parecer depravado, mas aquele beijo tinha uma carga enorme de sentimentos. De bons sentimentos.

- Espere... – Calebe levou seus dedos aos lábios grossos do detetive J.C., que os beijou delicadamente. Calebe se levantou e trancou a porta de seu quarto. O garoto também conhecia bem a sua mãe. Sabia que ela não os incomodaria. Ela não incomodava Calebe sozinho e muito menos quando tinha visita em seu quarto. Calebe retirou sua camisa, sua bermuda e sua cueca, ficando totalmente nu a frente do detetive. Júlio contemplou o corpo escultural de Calebe. O garoto usava em seus mamilos piercing’s de argolas. O cacete de Júlio já estava completamente ereto dentro de sua cueca e calça. Calebe se jogou em Júlio, que se deitou na cama, ainda com suas pernas para fora da cama e tirou sua camisa. Voltaram a se beijar loucamente. A rola de Calebe também estava dura como uma rocha!

Calebe chupava loucamente os mamilos de J.C., mamilos negros e arrebitados, o garoto mordia e chupava um e beliscava com a mão o outro. O detetive começou a ofegar. Calebe passou a sua língua por toda a região do peito de Júlio, dos mamilos ao umbigo. Júlio levantou-se e começou a tirar sua calça e cueca, revelando sua rola enorme, dura, de vinte e três centímetros. E voltou a se deitar na cama. Calebe levou sua delicada boca ao cacete enorme do detetive e começou a chupá-lo. Vai e vem. Vai e vem. A rola do detetive J.C. já estava molhada com toda a saliva que Calebe, que engolia ferozmente aquela pica. O detetive já imagina que se alguém tirasse sua pica da boca de Calebe agora, não apenas ele, como o garoto também ficariam furiosos! Por sorte, o telefone celular do detetive continuava “calado”.

Júlio e Calebe se posicionaram em posição para um delicioso 69. Júlio também queria sentir aquela rola deliciosa de Calebe em sua boca carnuda. O cacete do garoto também era grande, não tanto quanto a do detetive, mas tranquilamente deveria ter uns vinte e um centímetros. Vinte e um. Como a idade de Calebe. Ambos saboreavam a pica um do outro, ambos sentiam o delicioso gosto de pica em suas bocas. Calebe não segurou por muito tempo, seu cacete expeliu deliciosamente um jato de muita porra grossa e quente, que começaram a escorrer pelos cantos da boca carnuda do detetive Júlio César.

O detetive se levantou e lascou outro beijo delicioso em Calebe, que agora sentia o sabor salgado de sua própria porra. Após aquele caloroso beijo de porra, Calebe ajoelhou-se em sua cama e empinou seu belo traseiro carnudo para o detetive, que continuava com seu enorme cacete ereto e duro. Júlio levou sua boca até o cuzinho de Calebe e começou a chupar loucamente o buraquinho quente e apertado do garoto.

Calebe gemia, em som moderado, de muito prazer. Júlio começou a dar uma série de tapinhas na bunda carnuda de Calebe, que gemia ainda mais a cada tapa que levava em seu traseiro. Os enormes dedos de J.C. já penetravam o cuzinho de Calebe. O detetive também lubrificava o cuzinho do garoto com diversas cuspidas. A saliva escorria pelo cuzinho de Calebe, que gemia muito de prazer. O detetive se perguntava se a mãe não poderia ouvir, mas pouco se importava, queria foder aquele garoto, queria penetrar sua rola enorme completamente dentro do cu de Calebe.

Calebe levantou-se da cama, quase pulando e se aproximou de sua escrivaninha. Na gaveta, encontrou o que procurava: um pote de creme para lubrificar. Calebe jogou para o detetive, que sem deixar cair, agarrou em suas mãos. Júlio molhou suas mãos com o creme e depois levou seus dedos novamente ao cu de Calebe. Vagarosamente, começou a penetrar todos os seus enormes dedos. Calebe se derretia de prazer, soltando gemidinhos que excitavam os ouvidos do detetive. Não apenas os dedos de J.C. estavam dentro de Calebe, sua mão estava completamente dentro do cu de Calebe. O detetive praticava deliciosamente o fisting no cuzinho de Calebe, que agora estava com seus olhos verdes cheios de lágrima, mas ao mesmo tempo com um sorriso devasso estampado no delicado rosto. Após alguns minutos, lentamente, Júlio começou a tirar sua mão de dentro do cu de Calebe, que se deitou em seguida na cama e virou seu rabo carnudo para o detetive, levantando a sua perna direita.

O detetive retirou de sua carteira uma camisinha. Não iria transar com Calebe sem proteção, como às vezes fazia com o sobrinho. E não o fez mesmo. Após vestir-se com o preservativo e lubrificar sua rola dura e grande, Júlio deitou-se atrás de Calebe e começou a penetrá-lo. Uma de suas mãos segurava o quadril de Calebe, e violentamente, Júlio socava seu cacete com toda força que tinha no cu de Calebe, que ofegava, sentindo muito prazer em ter o detetive dentro dele. As estocadas eram quase ininterruptas, J.C. tinha um gás de adolescente realmente. E seu cacete enorme não tinha dificuldades para entrar no cu de Calebe. O garoto sentia o saco de J.C. bater em sua bunda carnuda. O cacete de Júlio socava completamente dentro do cu de Calebe, e alguns segundos depois, começou a sair de dentro do cu durante as estocadas.

Calebe se deitou na cama, com sua bunda empinada para cima, e o detetive voltou a encaixar sua vara dentro de seu rabo. O detetive puxava os longos cabelos de Calebe, enquanto sem dó e nem piedade, batia cada vez mais seu cacete dentro daquele cuzinho quente. O garoto segurava na cabeceira da cama e gemia enquanto sentia a rola dura do detetive o foder cada vez mais e mais. Após alguns minutos nesta posição, Calebe se levantou e o detetive se deitou na cama. Calebe montou-se no detetive e começou a cavalgar, sentado em seu cacete enorme. A rola de Calebe já estava dura novamente, o garoto suava, estava com os seus cabelos longos já quase totalmente molhados. O detetive também suava muito. Os corpos dos dois brilhavam juntos de suor. E as bombadas continuavam intensas no cuzinho de Calebe.

Calebe voltou a se masturbar enquanto rebolava deliciosamente no cacete do detetive Júlio César. Novamente, Calebe não demorou a gozar: a sua porra se espalhou em sua barriga e em seu saco. Júlio levou suas mãos até o cacete e as bolas de Calebe e começou a limpar a porra. Seus enormes dedos, sujos de porra, foram direto para a boca suave de Calebe, que novamente voltava a sentir o gosto de seu próprio leitinho.

Os dois voltaram a se beijar de língua, ainda ali naquela posição, com Calebe sentado no cacete duro e enorme de J.C. e finalmente, o detetive sentiu a pressão de sua rola. Iria gozar. Iria gozar muito. Calebe se levantou e levou sua boca á rola do detetive, que expeliu aquele jato forte de muita porra grossa e salgada. O garoto se esbanjava com tanta porra na boca, nos lábios finos. E os dois se beijaram novamente. Violentamente, até que os beijos calorosos se tornaram apenas selinhos leves e carinhosos. Ficaram deitados na cama, abraçados agarradinhos, acariciando um ao outro. O detetive pensou que era isto que Calebe merecia. Amor. Não o que aquele maldito tinha tentado fazer. Estuprá-lo e depois tenta-lo matar. Agora mais do que nunca J.C. queria pegar aquele maldito sequestrador e assassino.

- Sabe detetive... Eu acho que te amo já. Sei reconhecer um amor quando o vejo. – Calebe sorriu. Não tinha mais um sorriso depravado, como durante o sexo, tinha um sorriso meigo. Encantador.

O detetive beijou a testa de Calebe. Após aquela tórrida transa, o detetive se levantou e se limpou com uma toalha de Calebe. Precisava tomar uma ducha, mas ali seria impossível. Vestiu-se. Calebe também fez o mesmo.

- Você vai encontra-lo detetive? – Calebe perguntou.

- Vou. Eu já lhe prometi isto, Calebe. E eu pretendo cumprir a minha promessa. – O detetive respondeu.

- Eu vou ajuda-lo, detetive. Eu também prometo isto.

J.C. queria ficar ali para sempre com Calebe, seu anjo de cabelos longos e perfeitos. Mas tinha um trabalho a fazer. Não poderia. E depois de um beijo de despedida, ele foi embora.

~

A noite mal havia começado e o detetive foi informado ao telefone por sua parceira.

- Houve outro homicídio, Júlio. Encontramos outro corpo. – Disse a detetive Estefani Espinosa.

E o detetive foi até a cena do crime para encontra-la.

O detetive Júlio César Membrive chegou à cena do crime. Ironicamente, próximo do mesmo lugar onde há algumas semanas tinha encontrado o corpo de Arthur Diniz. E onde Calebe Pizarro havia sido encontrado, espancado e quase morto. A polícia comum deveria estar policiando o lugar, mas não o fizeram. Não havia homens suficientes para isto, J.C. sabia disto. E agora outro jovem havia perdido sua vida.

- Mesmo padrão. Vários ferimentos pelo corpo. Executado com um tiro acima da têmpora. Mãos amarradas. Sem documentos. Vítima branca, também aparentava ter vinte e poucos anos. – Estefani falou para o detetive.

- Aposto que tem vinte e um anos. Há algum homossexual desaparecido? Temos alguma informação? – Perguntou J.C.

- Não que saibamos. – Estefani fez uma pausa breve – Júlio, nós sabemos quem pode nos ajudar. Calebe. A probabilidade é de quase 100% que este crime seja do nosso sequestrador assassino. E se for, ele está seguindo um padrão. Muito provavelmente Calebe irá reconhecê-lo. – Constatou a detetive, lançando um olhar desconfiado ao detetive.

- Calebe já sofreu tanto. E este pesadelo não acaba. – Júlio abaixou-se para ver o corpo da vítima e lamentou tristemente, pelo garoto morto, por Arthur e por Calebe.

~

J.C. estava novamente na casa da senhora Pizarro e Calebe, com um envelope em mãos. Deus, como Calebe estava lindo! Seus cabelos longos e lisos exalavam um perfume de shampoo que J.C. sentia de longe. Quando o abraçou, cheirou seus cabelos e ficou extasiado de tanto tesão que sentiu. Beije o garoto. E se beijaram mesmo. Um carinhoso beijo selinho que em poucos segundos se transformou em um caloroso beijo de língua. As mãos grandes de J.C. massageavam os belos cabelos lisos e cheirosos de Calebe. O caloroso beijo de língua voltou á um delicado beijo selinho e suas bocas se afastaram. Calebe e o detetive se sentaram na cama.

- É tão bom vê-lo. Você parece tão bem. – O detetive comentou sorrindo para o belo garoto.

Calebe esbanjou um sorriso, perfeito, de orelha á orelha.

- É bom vê-lo também detetive. Senti saudades. Sei que ficamos afastados por apenas algumas horas, mas para mim foi uma eternidade. – Calebe era tão sincero e seus olhos verdes claros iluminavam seu belo rosto.

O detetive não mais sorriu e abaixou a cabeça. Calebe notou que algo estava errado e não demorou muito a entender o por quê.

- O que aconteceu? – Fez uma pequena pausa e continuou – Ah meu Deus! Aconteceu de novo? – Calebe também baixou a cabeça por alguns segundos e voltou a olhar para o detetive – Quem foi desta vez? Quem o maldito matou? – Sua voz era de raiva.

- Outro garoto. Provavelmente de sua idade. Não sabemos quem é ainda e esperava que você pudesse me ajudar. Eu entendo que não é fácil para você, Calebe. E se você não quiser ver esta maldita foto, eu não lhe mostrarei. Mas mais do que nunca, eu preciso de você. – O detetive suspirou – Esse cara é muito bom. Ele não deixa pistas nenhuma, é um profissional. Alguém muito bem preparado. Talvez um mercenário.

Calebe fitou os olhos negros de jabuticaba do detetive.

- Ou talvez alguém com muito ódio, né? – Calebe suspirou também – Meu Deus como eu odeio tudo isso. Queria que essa merda acabasse logo, sabe? Queria poder voltar a viver minha vida normalmente. Mas apesar de tudo isto, eu agradeço por você estar comigo, detetive. De verdade, obrigado por estar comigo.

Calebe levou suas delicadas mãos as enormes mãos do detetive Júlio César Membrive e elas se uniram e se fecharam juntas. Os dois se beijaram delicadamente novamente.

- Eu quero ver. A foto. – Disse Calebe.

O detetive J.C. enfim abriu o envelope que carregava. E tirou de dentro dele uma fotografia do corpo encontrado na madrugada passada. E mostrou a Calebe. O garoto levou suas mãos á boca, sentira-se nauseado com toda certeza. J.C. não o culpava.

- Eu sei quem é. – Calebe enfim afirmou, se recuperando.

O detetive nada disse. Apenas fitou os olhos verdes claros do garoto. Que já não brilhavam mais.

- O nome dele é Henrique. Henrique Macedo. Também estudou comigo desde a sétima série do fundamental. Também era gay. Assim como Arthur e Rodrigo, eu já não o via há muito tempo. – Calebe revelou ao detetive.

- Meu Deus... – O detetive fez uma pequena pausa – Calebe existia mais alguém desta mesma época de sua vida, que fosse seu amigo e também fosse homossexual? – J.C. perguntou.

- Não. Éramos apenas nós. Arthur, Rodrigo, Henrique e eu.

- Vocês – O detetive fez uma nova pequena pausa entre suas palavras – se relacionavam em grupo? Tinham relações sexuais juntos?

Calebe abaixou a cabeça. Sentia-se envergonhado.

- Aconteceu apenas uma vez. Eu não me orgulho disto, detetive. Éramos crianças praticamente. Adolescentes em uma época de rebeldia. Todos éramos bons garotos, mas tínhamos desejos. Não deveríamos ter feito o que fizemos. – Calebe dizia ainda de cabeça baixa.

O detetive começou a massagear com suas enormes mãos os cabelos lisos e longos de Calebe. Queria que ele se sentisse bem. Que pudesse contar o que tinha acontecido.

- Pode me contar. Seja lá o que tiver acontecido. Está tudo bem ok? Eu estou aqui com você, Calebe. – Júlio era terno ao falar.

- Arthur, Henrique e eu pregamos uma peça em Rodrigo na época da oitava série. Naquela altura já sabíamos de nossas condições sexuais. Um dia, depois da aula, nós três levamos Rodrigo a um lugar mais afastado, com muito mato, era bem afastado de tudo mesmo. – Calebe começou a chorar. E chorar muito. As lágrimas escorriam como água em seu delicado rosto.

- O que aconteceu então? – O detetive estava curioso.

Calebe respirou fundo e voltou ao seu relato.

- Nós o pegamos á força! – Gritou Calebe chorando, se levantando da cama, desesperado, soluçando – Nós pegamos o Rodrigo á força! Tiramos a roupa dele e o estupramos! Não medimos as consequências dos nossos atos, detetive. – Calebe começou a se acalmar, mas ainda chorava muito – Eu sinto muito, muito mesmo. Na época nos orgulhamos daquilo. Fazia-nos mais homens. Nós três achávamos que não éramos tão homens por sermos homossexuais. Que idiotice. – Fez uma pausa e voltou á sentar-se na cama – E Rodrigo era mais sensível que nós. E pagou por nossas malditas idiotices. No dia que eu fui sequestrado, estava indo para casa dele pedir perdão, detetive. Finalmente, eu havia criado coragem para pedir perdão á ele. De corajoso, eu não tenho nada. – Concluiu Calebe, com as lágrimas escorrendo por seus olhos verdes, que observavam o detetive.

O detetive enxugou com suas mãos as lágrimas de Calebe.

- Vocês erraram. Mas não cabe a ninguém julgá-los desta forma. Se for Rodrigo o sequestrador e assassino, ele também vai ter que pagar por seus erros, mesmo tendo sido uma vítima no passado. Um crime não justifica o outro. Eu vou pegá-lo, Calebe. E você é corajoso sim. Por mais tempo que tenha levado para reconhecer seu erro, você reconheceu, e eu te prometo que você terá uma oportunidade para pedir perdão ao Henrique, como havia planejado. – O detetive se levantou e se preparou para sair.

- Detetive! – Calebe o chamou.

- Sim?

- Deixe-me ir com você. Por favor. Eu lhe imploro. – Calebe suplicou.

E foram. Os dois saíram juntos dali.

~

O detetive Júlio César Membrive e sua parceira, Estefani Espinosa já estavam em frente á porta do apartamento de Rodrigo Amorim. Tinham um mandado de busca e apreensão de Rodrigo Amorim, suspeito pelos assassinatos de Arthur Diniz e Henrique Macedo. E também de ter sequestrado Calebe Pizarro. Rodrigo morava sozinho em um apartamento de baixa qualidade em uma área bastante violenta da Capital.

O detetive bateu fortemente contra a porta e gritou:

- Polícia! Rodrigo Amorim?

Nada. Nenhuma resposta. O policial arrombou a porta com um forte chute e entrou com sua arma em punho. A detetive Estefani Espinosa o cobria, também com sua arma em punho. O apartamento estava revirado. Tudo fora de lugar. Havia comida espalhada na cozinha. Cadeiras jogadas no chão. Os detetives investigaram todos os cômodos do apartamento e nada encontraram. Nenhum sinal de Rodrigo. Todas as suas roupas estavam lá. Era tudo muito estranho.

Após algumas horas o detetive Júlio César Membrive desceu até a viatura que estava estacionada á frente do conjunto de apartamentos onde morava Rodrigo Amorim. Calebe Pizarro estava lá na companhia de um policial, aguardando. O detetive J.C. o viu de longe e pensou: “Deus, como Calebe pode ser tão lindo?”. Júlio queria muito ter outra trepada com Calebe, estava louco por aquele garoto.

- Rodrigo não está aqui. Provavelmente fugiu Calebe. – O detetive explicou ao garoto, que continuava sentado no banco de trás da viatura.

Calebe suspirou.

- O que vai acontecer agora? – Calebe perguntou.

- Vou continuar aqui com a polícia forense. Vamos procurar pistas que possam nos levar onde ele está. E já existe um mandado de prisão circulando pelo país. Se Rodrigo for visto, vai ser preso. Vai demorar um pouco, mas nós vamos pegá-lo. – Disse o detetive.

Calebe sorriu.

- Volte para casa, Calebe. Está anoitecendo. O soldado Gomes vai leva-lo e vai permanecer parado em frente a sua casa, vai vigiá-lo a noite toda. Nada vai acontecer com você. Nós vamos pegá-lo ok? – O detetive fez uma pausa – Lembra-se da minha promessa?

Calebe assentiu que sim com a cabeça e sorriu novamente. Como era lindo aquele sorriso. Meigo. Encantador. J.C. estava apaixonado por Calebe, e Calebe sentia o mesmo por ele. A viatura do soldado Gomes partiu com Calebe dentro, tinha como destino sua casa. Júlio César Membrive tinha um trabalho á fazer no apartamento de Rodrigo Amorim: procurar pistas que pudesse leva-lo á ele.

~

Júlio César Membrive estava do lado de fora do apartamento. Já eram quase nove horas da noite. Estava fumando um cigarro. Merda, já não fumava há anos, mas tudo aquilo que acontecia o forçara a fumar. Aquele caso era um beco sem saída. Nenhuma pista levava a nada. Nem mesmo tinha certeza que Rodrigo Amorim era mesmo o sequestrador assassino. Ele poderia estar sequestrado também. Poderia haver outra pessoa que soubesse da história daqueles garotos.

A detetive Estefani Espinosa saiu de dentro do apartamento, desesperada e foi em direção ao detetive J.C.:

- J.C.! – Gritou – Merda, precisamos correr!

- O que diabos aconteceu agora? – O detetive jogou a guimba do cigarro no chão e amassou com toda a força dos pés.

- A viatura do Soldado Gomes foi encontrada.

- Encontrada? – J.C. surpreendeu-se.

- O soldado Gomes está morto. Foi executado com um tiro na cabeça. E Calebe foi sequestrado. Uma ligação foi feita para a central da polícia comum, mas não conseguiram rastrearem-na. O criminoso disse ao telefone que agora “beijaria” todos os garotos. Que Calebe Pizarro era o último dos garotos. – Explicou Estefani.

- Maldito! Maldito! Maldito! – Gritou o detetive Júlio César Membrive com todas as forças de seus pulmões!

~

O detetive Júlio César Membrive estava na Central da Polícia Comum da Capital e ouviu a gravação da ligação feita pelo sequestrador assassino:

- 190? – Disse a telefonista da polícia.

- Vocês vão encontrar uma viatura policial. O nome do policial é soldado Gomes. Ele está morto. Eu atirei em sua cabeça. Havia com ele um garoto de vinte e um anos. Calebe Pizarro. Calebe está vivo, mas está comigo, então viverá por pouco tempo. Ele é o último dos garotos que vou beijar. Finalmente, agora beijarei todos os garotos. A viatura está na avenida central, próxima do número 1.622. – A voz esganiçada, de homem, alterada por algum aplicativo de celular falou tão rapidamente que a polícia não conseguiu rastrear o local de onde ela partia. Nem mesmo o número foi identificado.

- Alô? – Disse a telefonista da polícia. Ninguém respondeu. O criminoso desligara o telefone.

O sangue do detetive percorria quente em suas veias. Sentia um ódio profundo daquele maldito sequestrador assassino de garotos homossexuais. Queria mata-lo, queria acabar com a raça da maldito. Estefani estava na cena do crime, analisando a viatura, e J.C. tentava descobrir algo naquela gravação da ligação. O celular do detetive começou a “gritar” e rapidamente ele atendeu, mesmo não conhecendo o número.

- Membrive?

- Olá detetive Júlio César Membrive. É uma honra. – A mesma voz masculina esganiçada, mudada por aplicativo de celular.

- Quem diabos é você? – O detetive se levantou e perguntou, tentando, em vão, manter a calma.

- Ora, assim mesmo, sem preliminares? – O criminoso riu do outro lado da linha.

- Onde está Calebe? Como ele está? – J.C. perguntou.

- Vivo. Mas por pouco tempo. Estou me preparando para beijá-lo. Como ele é lindo, não é? Sei que você concorda com isto. Sei até mesmo que vocês se amam. – Voltou a rir.

- Maldito. Você é um homem morto. – J.C. o provocou.

- Quero que diga isto olhando nos meus olhos. Você sabe onde encontrou Arthur Diniz. Encontre-me lá. Sozinho. Se eu ver qualquer sinal de outra pessoa, Calebe já era, ouviu? Você não vai sacrificar a vida do homem que ama, vai? - Questionou o criminoso e desligou.

O detetive saiu correndo da central de polícia e alcançou seu Eco Sport no estacionamento. Tinha que salvar a vida de Calebe. Aquele garoto não merecia o que estava passando. Júlio César amava Calebe e precisava salvar a vida do homem que amava.

~

O lugar era muito deserto. Tinha muito mato. A estrada era muito acima daquela região matagal. Era um lugar perfeito para o criminoso. Onde estaria ele? Onde estaria preso Calebe? Seria aquele homem Rodrigo Amorim? O detetive empenhava sua arma e caminhava perto do local onde há algumas semanas tinham encontrado o corpo de Arthur. Na mesma noite que ele tinha planejado ter muito sexo com seu sobrinho Raphael, o único que tinha conhecimento de sua homossexualidade.

O seu celular tocou e prontamente o detetive atendeu:

- O que foi? – Perguntou o detetive.

- Seja bem-vindo, detetive Júlio César Membrive. Dê alguns passos para frente, há uma grande árvore, não há? Bem ao lado dela, no chão, entre o matagal você encontrara um alçapão. É incrível que os nossos celulares peguem tão bem aqui, não é? Digamos que eu mesmo implantei uma antena telefônica aqui. Estou aqui embaixo. Calebe também está aqui, estamos esperando, a nossa orgia vai começar. – E desligou.

O detetive J.C. ainda com sua arma em punho seguiu as ordens do criminoso e encontrou o alçapão. O abriu e viu uma escada. O que diabos era aquilo? Uma escotilha? Tipo a de “Lost”? Que merda. Desceu as escadas com a arma em punho. Estava nervoso e suava muito. Tinha medo de encontrar Calebe morto. Tinha muito medo. Estava escuro, como Calebe tinha dito que era. Mas ele tinha uma lanterna em seu bolso e iluminou o lugar. Era sujo, extremamente sujo. Viu uma crescente mancha de sangue no chão. Seguiu o rastro dela. Seria o sangue de Calebe? Era fresco, o sangue havia sido derramado há pouco tempo. Viu uma movimentação. Tinha alguém ali. Estava escondido atrás de uma caixas, que formavam uma parede, pois estavam empilhadas uma em cima da outra, era muito estranho. O detetive apontou sua arma e lanterna para a silhueta daquela pessoa, que se virou para ele!

- Polícia! – Gritou o detetive!

O detetive viu quem era. A pessoa carregava em suas mãos uma faca e estava machucada. Teria aquele maldito lutado novamente com Calebe? Teria Calebe conseguido fugir novamente?

- Você! – O detetive enfim falou. – Rodrigo Amorim.

- O que diabos? – Rodrigo respondeu. Suava muito. Estava com um dos braços machucados. Esfaqueado. E uma faca em uma de suas mãos.

- Onde está Calebe? – O detetive gritou, com sua arma mirada em Rodrigo. – Onde está Calebe?! – Gritou ainda mais alto.

- Como diabos eu vou saber?! – Gritou Rodrigo também. – Eu não sei como vim parar neste lugar maldito!!! Alguém me sequestrou e trouxe-me aqui. Eu fui estuprado com uma barra de ferro!!! – Gritou, cheio de ódio – Ele me esfaqueou no braço, mas eu consegui tirar a faca da mão dele e depois ele simplesmente sumiu!!! – Cuspia enquanto gritava desesperado – Foi você não foi maldito???!!! Maldito policial de merda!!! – Gritou ainda mais Rodrigo.

O detetive estava pasmo. Não sabia se acreditava ou não no que ouvia. Quando uma mancha vermelha apareceu no peito de Rodrigo, mais exatamente em seu coração. Um tiro! Um tiro silencioso. O corpo de Rodrigo caiu inerte ao chão. Morto. A lanterna do detetive J.C. iluminou a pessoa que surgia diante de seus olhos. Era um homem e estava de capuz. Nas mãos do homem havia uma Glock, com um silenciador conectado ao cano dela. O detetive Júlio César Membrive estava diante do sequestrador assassino, mas não conseguia ver o rosto dele. O sequestrador assassino estava com a cabeça baixa e o capuz tapava todos os lados de seu rosto. Mas não demorou muito para que o assassino tirasse seu capuz e levantasse seu rosto. A luz da lanterna de J.C. iluminou o rosto angelical do assassino.

- Olá detetive. – Calebe Pizarro sorriu para J.C.

- Calebe? – O coração do detetive parecia querer pular de dentro de seu peito, pois pulsava fortemente, acelerado á mil por hora.

Calebe ajeitou seus longos cabelos lisos.

- Sei que está surpreso detetive. No seu lugar eu também estaria. – Calebe sorriu. – Aliás, detetive não. J.C. será que posso te chamar assim agora? Eu disse que o chamaria pelo nome quando pegasse o criminoso. Tudo bem que você não me pegou, eu me revelei, mas eu acredito em você. Eu sabia que mais cedo ou mais tarde você acabaria descobrindo que era eu o homem que procurava. – Calebe tinha um sorriso angelical, mesmo sendo o que era. Um assassino.

O detetive continuava com sua arma apontada para Calebe. E Calebe também continuava com sua Glock apontada para o detetive.

- Posso perguntar o motivo de tudo isto? – O detetive estava visivelmente decepcionado com Calebe. Amava aquele garoto. Não amava?

- A velha e ultrapassada vingança, detetive. Arthur Diniz, Henrique Macedo e Rodrigo Amorim foram os filhos da puta mais malditos que eu já conheci em toda a minha vida. Eu os odeio com todas as minhas forças. Eu acho que ainda fui bondoso com eles, sabe? Eles mereciam sofrer eternamente e eu gostaria de ver isto acontecer. Espero que eles estejam queimando nos quintos dos infernos. E não me venha com aquela baboseira que um crime não justifica o outro, pois eu acho que justifica sim. – Calebe estava transtornado agora, dizia aquelas palavras com muito ódio.

Eles continuavam apontando as armas um para o outro.

- Nós vivemos numa maldita sociedade, detetive. Somos excluídos por que gostamos de uma rola, não é? Olha só pra você! Não conta para ninguém quem é realmente, pois tem medo de perder o seu emprego. Como podemos aceitar isto? Ser gay não lhe faz menos capaz que os outros. Tenho certeza que há muitos policiais heterossexuais que não chegam aos seus pés, detetive. E ainda sim, você precisa viver encubado, pois senão perderá seu emprego. Que merda, hein? - Calebe dizia.

- A sociedade é mesmo uma merda, Calebe. Mas nem por isto eu vou sair matando os membros dela. E além do mais de forma tão covarde. Amarrados. Pelas costas. Você não é corajoso, realmente. Você é um covarde, Calebe. – O detetive respondeu.

Calebe soltou uma gostosa gargalhada.

- Poupe-me. Você não sabe o que eu passei. Encubado sua vida toda, ninguém nem mesmo desconfia que você é homossexual. Eu não. Eu assumi minha homossexualidade na adolescência. Minha mãe se decepcionou comigo. Meu pai foi embora. E os meus amigos? Os meus “amigos” me levaram para um lugar deserto e me estupraram até não poderem mais. Aqueles filhos da puta nojentos penetraram todos juntos dentro de mim. Humilharam-me. Penetraram até uma barra de ferro no meu ânus. E eu sofri tudo isto amarrado, sem chance alguma de me defender. Com o passar dos anos, todos eles se assumiram gays também. Mas naquela época, na oitava série, ninguém sabia. Só eu era o veadinho. E por ser, eles se aproveitaram de mim. – Calebe chorava. Seus olhos derramavam lágrimas por todo seu belo rosto angelical.

- Eu sinto muito. De verdade Calebe. Mas isto não era motivo para você mata-los. Eles deveriam ser julgados pelas autoridades. – Respondeu o detetive.

- Vai tomar no cu, detetive! Você sabe melhor que eu, que adolescentes não ficam presos nesta porra de país. Esses filhos da puta não ficariam nem dois meses em uma unidade correcional de adolescentes. – Calebe fez uma pausa – Eu me preparei por muito tempo. Eu queria realmente ser bom. Ser profissional. E fui não é verdade? Vocês não chegariam a mim nunca. Aliás, neste momento, o único suspeito é o nosso amigo morto aqui, Rodrigo. Foi ele quem matou todo mundo e tentou me matar. – Calebe começou a rir, descontrolado – Aqui mesmo, neste lugar, eu mesmo comecei a me bater, a me machucar como um louco desvairado. Fui cambaleando daqui até a estrada principal. Eu acho que exagerei um pouquinho. Eu quase morri de verdade. Mas tudo bem valeu a pena. Ninguém desconfiou. Nem mesmo a perícia. A polícia, você e todos os demais acreditaram de verdade que eu fui espancado por outra pessoa. É como dizem, os policiais são muito burros. – Calebe sorriu para o detetive – Mas você não, detetive. Você é inteligente e uma hora descobriria, tenho certeza disto. E foi por isto que eu te trouxe até aqui. Eu queria ter te conhecido de outra forma. Eu realmente gosto de você. Nossa trepada foi maravilhosa! Minha rola já está dura só de imaginar sua mão novamente dentro do meu cu. As coisas poderiam ser tão diferentes, não é? – Calebe disse suspirando.

- Você é um assassino, Calebe. E eu vou prendê-lo. – O detetive respondeu, ainda com sua arma na mira de Calebe.

- Ah, qual é, detetive. Sério mesmo que acredita nisto? Eu não queria mata-lo, de verdade, mas eu não tenho alternativa. O fim acaba realmente justificando os meios. Perdoe-me detetive. Eu te amo.

Calebe se preparou para puxar o gatilho, mas o detetive Júlio César Membrive conseguiu ser mais rápido que o garoto. Calebe foi jogado violentamente para trás, sua Glock disparou, atingiu a parede e se soltou de suas mãos. Seu corpo caiu inerte ao chão. O detetive se aproximou do corpo, ainda com sua arma á punho e viu a marca da bala na testa de Calebe.

J.C. suspirou e abaixou-se. Cerrou com suas enormes mãos os olhos verdes claros de Calebe que estavam abertos. Mesmo morto, Calebe era tão lindo. Tinha sido um jovem muito belo e gostoso. Era triste. Um garoto que foi vítima de um preconceito que parece crescer a cada dia em nosso país. Fora machucado por amigos que eram como ele e que suspostamente deveriam cuidar dele.

O detetive Júlio César Membrive se aproximou dos lábios finos e perfeitos de Calebe. Beije o garoto. Foi o que J.C. fez. Deu um selinho, por uma última vez, em Calebe Pizarro. E acariciou seus longos cabelos lisos.

Aquele caso havia terminado. E da pior maneira possível. Os olhos de Júlio César Membrive se encheram de lágrimas. E ele rezou por Calebe, que Deus pudesse perdoar seus atos e que o recebesse no céu.

Comentários

Há 3 comentários.

Por em 2012-12-07 20:40:53
Lindo!
Por em 2012-12-02 21:50:17
Perfeito demais velho
Por em 2012-11-16 05:47:00
Perfeito , apenas perfeito.