Episódio 01 - Beije o Garoto! (Parte 1)

Parte da série Mundo Perverso (Série Detetive J.C. Membrive)

Como ele se deliciava com aquilo! Júlio César estava chegando aos trinta anos, mas tinha a energia de um adolescente. Também parecia ter menos idade do que realmente tinha. Moreno, mais para negro, Júlio César – ou como era conhecido por todos, J.C. – era alto, tinha entre 1,85 e 1,90 de altura. Nem ele tinha muita certeza. Seus olhos pareciam jabuticabas, grandes e pretas, caracterizavam a beleza em seu rosto. Além disto, era forte, pois assim seu trabalho pedia. Precisava estar sempre em forma. Júlio penetrava fortemente sua rola dotada – algo em torno de 23 centímetros – no cuzinho apertado de Raphael, seu sobrinho de apenas vinte aninhos.

Raphael parecia um modelo – de fato ele poderia trabalhar como modelo, mas estava mais interessado em se tornar advogado, o que J.C. sempre achou estranho, não o via como “doutor” – seu corpo era escultural e extremamente delicioso. Raphael gemia de prazer com J.C. dando fortes estocadas em seu cuzinho apertado, e este prazer era evidente para J.C., pois o cacete de Raphael – tão grande quanto o do tio – estava duro como pedra! E eles já estavam transando há mais dez minutos naquela posição de franguinho assado.

A noite era uma criança. Ao menos J.C. tinha imaginado que seria. O relógio não marcava nem meia-noite ainda. E aquela deliciosa trepada foi interrompida pelo celular de J.C., jogado á mesinha de cabeceira da cama.

- Não atende porra. Continua metendo, enterra mais esse caralho dentro do meu cu! – Gritava Raphael, louco para ter mais pica no rabo.

J.C. nada respondeu, mas seus olhos já não mais se dedicavam ao sobrinho e sim ao celular, “gritando” desesperadamente ao seu lado.

- Porra! Goza na minha cara então! – Raphael voltou a gritar, visivelmente decepcionado. J.C. retirou seu dote enorme de dentro do sobrinho – sem camisinha, estavam fazendo sexo “bareback” – e Raphael se levantou, levando sua boca de lábios grossos ao cacete do tio. E enquanto isto, o telefone insistia em tocar.

A rola de J.C. expeliu aquele jato de porra, com muita pressão, fazendo a sua porra grossa e volumosa se espalhar por toda a boca de lábios grossos do sobrinho safado. Raphael, ainda que decepcionado com o fim precoce daquela trepada, se deliciou com tanta porra que o tio lhe presenteara. J.C. beijou o sobrinho e tirou uma casquinha rápida daquele leite grosso que acabara de expelir. E com suas enormes mãos, alcançou o celular, que havia parado de tocar por poucos segundos, mas já tinha recomeçado a “berrar”.

- Membrive. – Disse ao atender o celular.

- Oi J.C. sou eu. Atrapalhei alguma coisa? – “Imagina” pensou J.C. A voz era de mulher, inconfundível.

- Não, tudo bem. O que é E.E.? – “E.E.” era o apelido de Estefani Espinosa, uma mulher da sua idade, que trabalhava com ele.

- Houve um assassinato terrível. E o chefe nos quer neste caso. Estou na cena. Pode me encontrar aqui? Tem caneta para anotar o endereço? – Estefani respondeu, e J.C. abriu a gaveta da mesinha e pegou papel e caneta, anotando em seguida os dados que a mulher lhe fornecia.

- Já estou a caminho. Isole o local. Não quero ninguém perambulando pela cena do crime até eu chegar. Em vinte minutos ou menos estarei ai. – Respondeu J.C.

- Entendido. Estou te esperando. – Estefani respondeu, desligando em seguida.

J.C. estava com sua rola grande e mole balançando. Toda suja de porra. Olhou para o sobrinho, que no exato momento estava se masturbando e gozando. J.C. nada falou e apenas voltou a beijar sobrinho, deliciosamente com muita língua, saliva e porra.

- Sinto muito. Eu tenho que ir. Me desculpe mesmo por isto, Rapha. Prometo te recompensar depois. – Disse J.C.

- Tudo bem tio. Vai lá. Sei que você tem que trabalhar. Será que eu encontro alguma pizzaria aberta ainda? – Perguntou Raphael. O tio sorriu e respondeu:

- Sim. Na agenda há uma pizzaria ótima que entrega aqui. Sabe como é, né? Policiais são fregueses de lá e pedem pizzas nas horas mais inapropriadas. – Explicou J.C. ao sobrinho e se encaminhou ao banheiro para uma ducha rápida. Precisava voltar ao trabalho.

Júlio César Membrive, de vinte e nove anos, era um detetive de homicídios da Polícia Metropolitana da Capital. E tinha um crime para investigar, por falta de sorte naquela noite, a qual havia planejado ter muito sexo com seu sobrinho safado de vinte anos, Raphael.

~

J.C. chegou à cena dezenove minutos depois do telefonema de Estefani. O detetive era um homem que honrava seus compromissos. Queria ter conseguido honrar o compromisso com o sobrinho. Mas o trabalho voltara a atrapalhá-lo.

O local já estava cercado por faixas amarelas, que indicavam que a polícia estava ali, e que ninguém poderia passar. Muitos policiais fardados estavam no local, mas fora da área cercada pelas faixas amarelas. Sua parceira, a detetive Estefani Espinosa era uma mulher de estatura baixa, loira e usava um penteado de rabo de cavalo. Era muito mais forte do que parecia. Era uma boa detetive, disto J.C. tinha certeza. Lá estava ela, o esperando, próxima do cordão de isolamento.

- O que temos? – J.C. se perguntou se aproximando.

- Oi J.C. Desculpe incomodá-lo esta noite. Mas as ordens vieram lá de cima, então já viu né? – A detetive tentou explicar-se, logo respondendo a pergunta de seu parceiro – Bem, a vítima é um jovem caucasiano, não portava documentos, mas deve ter entre vinte e vinte cinco anos no máximo. Vários ferimentos pelo corpo, mas ferimentos leves. Estava com as mão amarradas. Um único ferimento à bala: bem acima da têmpora. Foi executado com um tiro só. – Explicou a detetive.

Antes de dizer qualquer coisa, J.C. atravessou o cordão de isolamento e foi observar o corpo. Teve dó daquele garoto. Era muito jovem, realmente. E havia sido um garoto bonito, com um corpo bonito, mas agora não era mais nada. Estava morto. Assassinado covardemente, sem nenhuma chance de defesa.

- Encontrou alguma cápsula? – Perguntou J.C., enfim quebrando seu silêncio.

- Não. A Polícia Técnica vai chegar a qualquer momento, Júlio, mas procurei por evidências e não as encontrei. Eu analisei por alto, diria que a arma usada foi uma Glock. Mas não tenho certeza. Há algumas marcas de pisadas, que vão daqui – a detetive apontou para o local – até ali, sugerindo que o executor saiu desta área de matagal e alcançou a pista principal da estrada. – Explicou Estefani. – Mas são poucas pegadas. Dificilmente teremos algum progresso com elas.

J.C. já era detetive há quase dez anos, já havia visto muitas cenas de crime como aquela. Mas toda vez que se deparava com um cadáver de um jovem, sentia-se arrasado. Poderia ter sido Raphael. Poderia ter sido seu sobrinho. Aquela era uma cidade muito violenta, mas ele jamais se acostumaria com o que as pessoas faziam umas as outras. Jamais mesmo.

~

Na mesma madrugada, os detetives J.C. e E.E. descobriram quem era o garoto executado encontrado na área do matagal: Arthur Diniz tinha vinte e um anos e estava desaparecido há dois dias. Sua família já havia dado queixa do sumiço, mas a polícia ainda não estava trabalhando no caso. Burocracia.

J.C. e E.E. foram até a casa da vítima e encontraram uma mãe desolada, abatida e com os olhos extremamente vermelhos de tanto chorar. Arthur era um bom garoto. Nascido em uma família de classe média alta, estudava e havia desaparecido a caminho do cursinho que fazia na parte da noite. Era mesmo um jovem bonito. J.C. teria pagado uma cerveja para um cara como ele e teria investido nele, se o tivesse conhecido antes daquela tragédia.

Nada foi encontrado em seu quarto. Nenhuma pista sequer. Seu computador foi analisado pela perícia, mas também não revelou nenhuma pista concreta. Arthur havia sumido há dois dias e ninguém vira nada. Nenhum amigo, nem um vizinho, nem ninguém, embora ele fosse um jovem muito sociável.

J.C. havia descoberto muitas coisas sobre aquele garoto. Mas o que mais mexera com o detetive era o fato de que Arthur Diniz também era homossexual. Assim como ele. Mas estava morto. Teria sido sequestrado por alguma gangue homo fóbica? Havia muitas naquela cidade.

O detetive passou o dia seguinte inteiro, extremamente cansado e sem dormir ainda, procurando pistas nos locais que normalmente Arthur passava para ir para o cursinho, buscando descobrir se naquelas regiões os grupos homo fóbicos agiam. De fato, alguns agiam, mas J.C. não conseguiu nada que ligasse o garoto morto aos grupos. E aquele também era um terreno perigoso, difícil de penetrar, além do mais sendo detetive de polícia.

Foi para seu apartamento e se jogou em sua cama. Seu sobrinho, Raphael, havia a arrumado. Estava impecavelmente limpa. Ele também havia deixado um bilhete em sua mesinha: “Tio, quando tiver uma oportunidade, me ligue, vamos terminar a nossa noite. Beijão do Rapha”. J.C. tinha sorte de ter aquele sobrinho, era seu fiel amigo, e também seu fiel amante. Era uma das poucas pessoas que o conhecia completamente.

Mas o garoto Arthur Diniz era quem estava em seus pensamentos agora. Precisava encontrar o maldito assassino daquele bom garoto.

~

A manhã estava quente e J.C. já estava em seu Eco Sport, tentando dirigir naquele trânsito infernal de sexta-feira. Seu telefone celular começou a vibrar, e como estava conectado ao carro, atendeu e passou a ouvir em alto e bom som a voz de sua parceira, E.E.

- J.C. aconteceu algo. Está a caminho?

- Sim estou. Mas me diga o que aconteceu. – J.C. perguntou.

- Uma mulher registrou um boletim de ocorrência em uma delegacia de pessoas desaparecidas. Seu filho, Calebe Pizarro de vinte e um anos, está desaparecido desde a noite passada. Ele saiu para ir à casa de um amigo, mas nunca chegou lá. E não voltou para casa. – Informou a detetive.

- Mas ele não poderia estar em algum outro lugar? – Perguntou o detetive sem entender bem. – E o que isto tem haver conosco? Somos a homicídios e não desaparecidos.

- A Divisão de desaparecidos encontrou uma conexão e nos informou Júlio. Calebe Pizarro também é homossexual, assim como Arthur Diniz. E o conhecia. Estudaram juntos desde a sétima série do ensino fundamental. Por isto a mãe está tão desesperada. Eles são gays e se conheciam. Não acha que o assassino pode atacar novamente?

- Meu Deus do céu. – J.C. suspirou e socou o volante da Eco – Tem razão, não podemos ignorar essa conexão. Você tem um endereço? O endereço de Calebe Pizarro?

- Sim. Você vai pra lá? – Perguntou a detetive Estefani Espinosa.

- Sim. Vou procurar a mãe e investigar o quarto do garoto. Me encontra lá, Estefani. Nós precisamos impedir a morte deste garoto.

E foi o que o detetive Júlio César Membrive fez. Era uma questão de vida ou morte. J.C. não iria deixar Calebe Pizarro ter o mesmo destino de Arthur Diniz.

O detetive Júlio César Membrive, da Polícia Metropolitana da Capital tinha nas mãos um caso extremamente delicado – e que pessoalmente lhe revoltava – a execução cruel de um jovem de vinte e um anos, homossexual, assim como o detetive também era.

Outro garoto estava desaparecido: Calebe Pizarro tinha a mesma idade que Arthur Diniz – a primeira vítima – e também era homossexual. O que diabos estava acontecendo naquela porra de cidade? Era o que J.C. pensava enquanto dirigia seu Eco Sport a caminho da casa do jovem desaparecido. Há algumas noites atrás, J.C. estava desfrutando de uma deliciosa trepada com seu sobrinho de vinte anos, e agora tinha “nas mãos” – ou melhor, fora delas – um sequestrador e assassino de homossexuais. Que cidade maldita!

Quando J.C. chegou ao apartamento de Calebe Pizarro não demorou a constatar que se tratava do mesmo sequestrador. E que a cada minuto que se passava, Calebe estava mais próximo da morte. Calebe, assim como Arthur também era um bom garoto, um bom filho, respeitado pela família e pelos amigos. Na noite de seu desaparecimento, Calebe avisou a mãe que iria para casa de um amigo, mas nunca chegou lá. A mãe de Calebe entregou ao detetive J.C. uma foto do filho.

Calebe era tão lindo quanto Arthur. Aliás, não. O detetive J.C. observou por vários minutos a foto de Calebe, ele é – ou era – ainda mais lindo que Arthur. Branco, alto, corpo definido e dono de belos cabelos muito lisos e longos. Os olhos de Calebe eram verdes claros. Lindos. Perfeito. O detetive sentiu sua rola enorme crescer dentro de sua calça jeans. Estava excitado com Calebe. O desejava. Gostaria de conhecê-lo. Mas agora Calebe já poderia estar morto.

~

Rodrigo Amorim tinha vinte e um anos também. Assim como Arthur e Calebe. E também era lindo como eles. E ele conhecia ambos os garotos desaparecidos. O detetive J.C. começou a questioná-lo na sala de interrogatórios da Polícia Metropolitana da Capital:

- Você conhecia Arthur Diniz? – Perguntou.

- Sim, eu o conhecia. – Rodrigo respondeu.

- Onde você o conheceu?

- Na escola. Sétima série do fundamental. – Respondeu. Parecia nervoso. Também quem não estaria naquele lugar?

- E Calebe Pizarro? – O detetive continuava a interrogar o garoto, que era tão belo quanto seus amigos.

- Também. Conheci o Calebe na mesma época. Eu era novato na escola e os dois também. Por isto logo fizemos amizade.

- Você é homossexual, Rodrigo? – Enfim perguntou. Júlio estava curioso, queria saber, mas Rodrigo pareceu não gostar muito da pergunta.

- Isso é relevante detetive? Minha sexualidade? Eu deveria chamar meu advogado? – Rodrigo parecia irritado.

- Eu não sei. Você deveria? – J.C. sabia ser muito firme com suas perguntas.

Rodrigo cedeu.

- Sim, eu sou homossexual. Assim como Arthur e Calebe. – Suspirou.

- Você tinha um relacionamento homo afetivo com Arthur? Ou com Calebe? Ou com os dois? – Perguntou o detetive.

- Não. – Rodrigo estava irritado definitivamente. O detetive J.C. o fitou nos olhos e Rodrigo abaixou o volume e a rispidez de sua voz – Escute detetive, está me perguntando se eu já trepei com os dois? Sim, já trepei com Arthur e com Calebe, mas já faz tempos! Eu quase não tinha mais contato com Arthur, já não o via desde o último ano do ensino médio. E quanto a Calebe, como eu já lhe disse, ele me mandou uma mensagem de texto ontem, dizendo que estava a caminho de minha casa. Que estava com saudades de mim. Nós também já não nos víamos há algum tempo. Só que ele não veio ok? Calebe não apareceu. – Concluiu Rodrigo, visivelmente ainda bastante alterado.

J.C. achava que Rodrigo escondia algo dele. Ele não sabia o que. Mas ele iria descobrir. As horas daquela sexta-feira quente passavam e as chances de Calebe eram cada vez menores. O detetive J.C. estava terminando de assinar os papéis do depoimento de Rodrigo, quando foi informado pela parceira Estefani Espinosa:

- Hei J.C. encontramos Calebe. – Afirmou a detetive.

O detetive suspirou. Havia falhado. O garoto devia estar morto.

- Onde encontraram o corpo? – Perguntou em um tom de tristeza.

- Não Júlio. Graças a Deus Calebe não está morto. Ele foi encontrado próximo do local que encontramos o corpo de Arthur. Está muito ferido e desidratado. Foi levado ao Hospital Comunitário da Capital. – Explicou sua parceira.

Deus existia. Calebe estava vivo! Era um milagre! E o detetive Júlio César Membrive e sua parceira foram correndo para o Hospital Comunitário da Capital para encontrarem Calebe Pizarro.

~

Calebe estava deitado naquela cama de hospital. Estava muito machucado. Havia diversos hematomas espalhados pelo seu corpo. Seus olhos estavam inchados. Ele havia levado uma surra. Mas ele poderia contar aos detetives se de fato havia sido agredido pelo assassino de Arthur.

Nossa Calebe era muito lindo, mesmo daquele jeito. Que cabelos lisos e compridos eram aqueles? Apesar do mau trato, da situação que Calebe se encontrava, J.C. não conseguiu se controlar, sua rola subiu instantaneamente ao observar o corpo do jovem naquela roupa branca de hospital. Como podiam fazer aquilo com Calebe? Um homem como aquele merecia carinho, merecia ser tratado como um príncipe. Merecia ter o mesmo tratamento que ele dava sempre que podia ao sobrinho. A triste realidade de nossos tempos modernos, as pessoas não conseguiam aceitar as diferenças. As diferenças de raça. As diferenças de sexo. As diferentes escolhas. As diferentes condições. O detetive escolheu a carreira de investigador. Mas não havia escolhido ser gay. Simplesmente tinha atração sexual por pessoas do mesmo sexo que ele. Mas o mundo é tão covarde e hipócrita, que jamais iriam aceita-lo como era. Talvez se contasse a todos que era homossexual, nem emprego na Polícia Metropolitana teria. Raphael, seu sobrinho, filho de sua irmã mais velha era o único que sabia. Era o único que entendia. Ele também era homossexual. Júlio e o sobrinho Raphael também eram amantes. O detetive não tinha certeza se amava o sobrinho como homem, mas tinha certeza que o amava como sobrinho. Ver aquele garoto, de vinte e um anos, Calebe ali tão machucado o fazia se sentir mal. Maldito seja quem fez aquilo com ele e com Arthur!

Calebe mal conseguia abrir os olhos, mas viu que o detetive estava ali, próximo dele, se aproximando do leito. Com dificuldade, Calebe sussurrou. Estava muito fraco.

- Onde – fez uma pausa – onde estou? – Calebe sussurrava.

- No hospital. Está a salvo. – J.C. respondeu.

Calebe respirou fundo, tentou abrir mais os olhos.

- Quem é você? – Enfim perguntou ao detetive.

- Eu sou o detetive Júlio César Membrive, divisão de homicídios da Polícia Metropolitana da Capital. – Se identificou.

- Homicídios? – Calebe estava confuso. Mas até confuso era muito lindo! O detetive J.C. tinha dificuldades até de se concentrar. Estava surpreso que mesmo tão machucado, Calebe conseguia ser tão atraente. Tinha um corpo definido apesar de magro. Júlio esperava ter a oportunidade de pagar uma bebida para ele e conhece-lo melhor. Depois, claro, de pegar o maldito assassino. Ou não.

- Sim Calebe. Sei que está muito ferido. E muito cansado. O médico inclusive não queria que eu lhe fizesse perguntas agora. Mas eu preciso muito de sua ajuda. Há um sequestrador assassino de homossexuais lá fora e eu preciso pegar este maldito. Talvez você possa me ajudar.

Calebe tentou se ajeitar na cama. O detetive J.C. fez um movimento, como se fosse ajuda-lo a se ajeitar na cama, mas não foi preciso. Calebe era um garoto forte. E corajoso. Disto o detetive já tinha certeza.

- Por favor, tente se lembrar do que aconteceu. Qualquer coisa que se lembrar. Não quero pressioná-lo. – Explicou-se J.C. tentando não abusar da condição de Calebe, mas muito ansioso em ouvir suas respostas.

- Eu saí de casa para ir encontrar um amigo meu... – Calebe respondia com sua voz baixa, sensível, debilitada.

- Sim. Rodrigo Amorim. Certo? – O detetive tentava ajuda-lo.

Calebe tentou confirmar com a cabeça. Sua cabeça doeu. Muito.

- Ai como dói a minha cabeça. – Disse Calebe, logo continuando o seu relato ao detetive – Eu estava indo para a casa do Rodrigo. Eu cheguei até a entrada do prédio dele. Estava deserto, como sempre aquele lugar. – O local onde Rodrigo morava era realmente deserto e perigoso, J.C. sabia disto. Calebe continuou. – Quando cheguei lá alguém me pegou por trás, eu não vi quem era. As mãos daquela pessoa cobriram minha boca e depois, acho que apaguei não me lembro de como saí de lá e nem de como fui parar naquele outro lugar. – Disse Calebe, visivelmente abalado, como alguém que tivera acabado de acordar de um pesadelo agoniante.

- Que outro lugar Calebe? – Perguntou o detetive.

- Não me lembro. Era um lugar escuro. Muito escuro. Eu estava deitado. Eu acordei grogue. Tonto. Tudo girava ao meu redor. – Continuava dizendo Calebe, seus olhos lacrimejavam. Era terrível o relato daquele garoto. O detetive J.C. sentia pena dele. Que momentos de horror aquele garoto tão lindo havia passado. Um garoto que merecia ser bem cuidado. Ter seu belo corpo acariciado. Beijado. O garoto merecia ser amado e não ser torturado.

- O que aconteceu quando acordou Calebe? O homem estava lá? Você se lembra do que aconteceu depois? – O detetive tentava ser sensível, mas era difícil, ele tinha sido treinado a questionar de forma intimidadora, e agora ele tentava não ser.

- Eu o vi novamente. O homem. Não consegui ver seu rosto. Estava coberto com um capuz. E estava muito escuro aquele lugar. Ele se aproximou de mim. – As lágrimas agora escorriam o belo e machucado rosto de Calebe – E tentou me estuprar. Ele tirou o maldito pênis da calça e abaixou a minha calça! O maldito tentou me estuprar!!! – A voz de Calebe agora já não era mais baixa, aumentava a cada palavra, o detetive sentia o ódio que Calebe tinha pelo seu algoz – Mas ele não conseguiu. Eu vi uma pedra no chão e consegui atingir na cabeça daquele maldito!!! Consegui me levantar, me arrastei e corri. Corri mais. E mais. Não sabia para onde eu ia, não sabia aonde eu ia chegar. Não sabia onde eu estava. Mas ele me alcançou. E começou a me bater. Muito. Eu sentia tanta dor que parecia que os ossos do meu corpo estavam se quebrando. E acho que apaguei de novo. Acordei aqui. Acordei agora, detetive. – As lágrimas caiam do rosto lindo de Calebe. O detetive sentia uma raiva profunda do sequestrador e assassino. Queria pegá-lo! Queria pegá-lo por ferir aquele garoto tão bonito e tão atraente que não merecia ter passado o que passou.

O detetive J.C. sorriu para Calebe e sem perceber levou uma de suas mãos nos longos cabelos de Calebe, acariciando-os.

- Fique calmo, Calebe. Você me ajudou. Muito. Agora descanse. – O detetive tentava ser mais humano possível. Queria que Calebe confiasse nele e que se acalmasse. Que pudesse se recuperar deste pesadelo e pudesse voltar a viver novamente.

Calebe retribuiu o sorriso. Seus lábios estavam feridos. Confiava no detetive Júlio.

- Detetive? – Calebe chamou por J.C. que já se preparava para sair do quarto de hospital.

- Sim Calebe?

- Pegue-o. Por favor. Pegue esse maldito! – Suplicou sinceramente.

- Eu prometo. Prometo que vou pegar esse desgraçado. Ou ele vai apodrecer em uma cela suja pelo resto da miserável vida dele ou eu mesmo vou manda-lo para os quintos dos infernos. Prometo Calebe.

E o detetive saiu para que Calebe, o corajoso garoto, pudesse descansar e se recuperar de seus ferimentos.

Comentários

Há 2 comentários.

Por em 2012-12-02 21:08:32
Perfeito
Por em 2012-11-15 21:22:58
oi