"Capítulo 6 – ‘Tamiiiiiiiires!’ "

Conto de Kaon como (Seguir)

Parte da série Paula - Passado, Presente e... quem sabe...

Os dias foram passando e minha vergonha por ter marcado a Paulinha aumentando. Paulinha no dia seguinte à palestra até tentou esconder a marca que eu deixei no pescoço dela, ao ir para a escola com uma blusa com capuz, mas não funcionou, estávamos em uma semana muito quente. A Paulla perturbou tanto a Paulinha dizendo que ela era anormal por estar de blusa em um dia de 30º C, então eu chamei Paulinha de canto e pedi para ela tirar a blusa... só não imaginei que a zuação iria aumentar... As garotas da turma perguntando quem foi que a tinha marcado, eu olhei para a Mari, que me olhou na mesma hora, ela sabia que tinha sido eu, não tinha como ela não saber... Paulinha nada dizia, apenas ficava com o rosto todo roxo, sabe se Deus se por vergonha ou raiva. Nós tentamos fazer com que acreditassem que ela havia batido em algum lugar, mas a Paulla tinha o prazer de ser desprezível e insistir na história do chupão. Ela acompanhava a mudança de cor da marca melhor que a própria Paulinha.

Houveram momentos em que Paulinha e eu ficávamos na companhia uma da outra pela escola, mas vira e mexe eu percebia o olhar da Mari nos acompanhando, então eu dava um jeito de arrumar algo pra fazer, me afastando dela. Quase no fim da semana as meninas lembraram que tínhamos o trabalho sobre drogas para entregar na próxima aula, então combinamos de nos encontrarmos em minha casa no fim de semana. Era, das quatro garotas, a casa mais tranquila de se fazer qualquer coisa, já que minha família mau parava em casa aos sábados. Marcamos pra começar o trabalho na parte da tarde, Paulinha e Mari tinham compromisso na igreja todos os sábados de manhã, Lele ficou responsável por ir na biblioteca pegar alguns livros pra gente pesquisar e eu de arrumar a casa pra quando elas viessem.

No sábado acordei cedo, aproveitei a hora que meus irmãos levantaram pra ir levar o carro pra instalar o som, nisso minha mãe iria fazer umas entregas para as clientes dela e depois meus pais viajariam para outra cidade para visitar meu tio que estava internado e voltariam apenas no domingo. Eu limpei a casa rápido, já havíamos limpado algumas coisas durante a semana, então um pouco antes das 11h já havia terminado a limpeza e fui para o meu quarto descansar até a hora das meninas aparecerem pro trabalho. O dia estava tão quente que deixei a porta-janela toda aberta, ventilador ligado e mesmo assim eu estava derretendo! Aquele calor estava me deixando tão mole que acabei adormecendo.

Durante o sono eu senti algo no meu rosto, eu tentava abrir os olhos, mas a moleza era mais forte que eu. Depois de bastante esforço, consegui abrir os olhos e vejo Paulinha sentada no chão bem de frente.

- Que horas são?

- 12:20 – Paulinha respondeu olhando para o seu relógio de pulso.

“12:20 ainda???” eu pensei e virei meu rosto pro lado da parede. Do nada sinto uma bunda sentando no colchão e uma mão começando a mexer em meus cabelos. Os carinhos da Paulinha eram muito bons! Ela mexia nos cabelos de um jeito, que se ela fosse cabeleireira iria fazer várias clientes dormir ao lavar os cabelos! Enquanto ela me fazia cafuné, eu só pensava “huumm, muito bom!”. Os movimentos dos dedos dela começaram a diminuir a frequência que se moviam em meus cabelos, ela então parou o cafuné e eu fiz “hum?” e virando meu rosto pro lado dela, pra ela saber que eu estava acordada e que não era pra parar.

Nisso ouvi o som da risada dela, logo em seguida um agarrão na minha nuca e o movimento do corpo dela vindo encostar no meu e então ouvi um “sua coisa!” baixinho no meu ouvido. Só pelo agarrão nos meus cabelos eu senti um arrepio percorrendo minha coluna inteira, daqueles que faz até empinar o bumbum! A safada ainda me fica respirando no meu ouvido, assim não dá! Foi quando eu quase entrei em choque, senti parte da minha orelha sendo beijada e Paulinha respirou em meu ouvido e em seguida veio uma mordidinha na curva da minha orelha. Acho que até os pelos da minha alma estavam em pé naquela hora! Ela foi mordiscando minha orelha toda, ela então mexeu os dedos entre os meus cabelos de um jeito, que me fez soltar um gemido involuntário.

Pra atrapalhar nós ouvimos o som de alguém entrando pelo corredor, Paulinha deu um pulo na cama, largou meus cabelos, eu enfiei a cara no travesseiro com vontade de gritar! Pelo jeito da pisada deve ser o Cainan, meu irmão mais velho... entrou na porta do meio, então era o Cainan mesmo, mas devia estar com pressa, pegou algo e logo saiu.

Nós ficamos em silêncio, ouvindo meu irmão indo embora, foi quando Paulinha falou:

- Por que você não está conversando comigo? Desde o dia da palestra, que você pagou de louca saindo correndo, você não fala nada, nem chega perto de mim!

“Ai meu Deus, sério mesmo que temos que falar sobre isso?” eu pensei. Eu fiquei parada decidindo se ignorava aquela pergunta, até que...

- Por vergonha...- eu disse virando um pouco o rosto pra ela poder ouvir minha voz. Paulinha era cheia dos “por ques”, então resolvi falar tudo logo - eu não quis deixar o seu pescoço marcado... todo mundo perguntando quem fez aquilo em você, você ficando em silêncio, roxa de vergonha...

- Esquece isso, Tamys... já deixou de ficar verde – ela falou num tom engraçado.

- Besta! rs

Voltamos a ficar em silêncio... já que aquela era a hora da verdade, então era a minha vez de ter respostas. Eu me levantei, sentando na cama logo atrás de Paulinha. Eu olhei para o pescoço dela procurando a marca, mas no lugar estava um tom estranho da pele em recuperação.

- Você não está pensando em me morder de novo, né? – ela me perguntou. Aí eu reparei pelo reflexo do espelho que ela estava me observando, ela fez uma cara de preocupada, estava muito engraçada.

- Não rs – eu respondi tentando não cair na risada – Eu só queria saber... o que você sentiu quando eu te beijei na palestra? – e fiquei olhando pra ela pelo reflexo, o olhar dela ficou um pouco longe, ela deve estar pensando no que me responder. Paulinha desviou o olhar do reflexo e começou a virar um pouco o rosto para o meu lado e a direção dos seus olhos estavam em minha boca. Aquilo foi como um imã me chamando para olhar para a boca dela também.

“Tamiiiiiiiiiires” nós ouvimos vindo do portão...

- Já são 14h? – eu perguntei para ela, sem me mexer um centímetro, o ódio já se apoderando de mim.

- Uhum! – ela respondeu e mexendo com a cabeça.

Meu coração já era ódio pura naquela hora...

- Por que vocês são tão pontuais, eim? – eu fiz uma daquelas perguntas que não precisam de resposta.

Estão levantamos da cama e pelo jeito do “Tamiiiiires” devia ser a Lele chamando no portão.

(CONTINUA)

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