"Capítulo 5 – Maldita pontualidade"
Parte da série Paula - Passado, Presente e... quem sabe...
Os dias foram passando, a marca do chupão no pescoço foi mudando de cor – do roxo pro verde, do verde pro amarelo estranho - e Tamires se distanciando... Nós quatro, Mari, Lele, Tamys e eu havíamos combinado de fazer juntas a porcaria do trabalho sobre drogas, então marcamos de no sábado nos encontrarmos na casa da Tamys. Marcamos para as 14h, porém às 12h eu já estava subindo a rua para a casa dela, eu precisava conversar com ela, entender o motivo dela ficar me evitando durante as aulas e horários de intervalo. Nem meus abraços e beijinhos de “oi” estavam rolando mais.
Chegando na casa dela, os irmãos dela estavam na calçada junto com uns amigos. Ao me verem mandaram eu subir, que Tamys estava no quarto dela e provavelmente não ouviria eu chamando-a, devido ao som alto do carro do Matheus.
Entrando pelo corredor do primeiro andar, vi que a porta do quarto dela estava um tantinho aberta e dava para ver que ela estava deitada de bruços, agarrando o travesseiro de olhos fechados. Eu entrei devagarinho, evitando ao máximo de fazer qualquer barulho, larguei minhas coisas na cadeira do computador e me aproximei da cama dela. Ela estava num sono, não sei dizer se profundo, mas existia um princípio de boca aberta! Eu me ajoelhei no chão, ficando de frente ao rosto dela... seus cabelos loiros e lisos estavam meio jogados sobre o rosto dela, eu os afastei com a mão, levando-os para trás da orelha esquerda dela... sua pele era branquinha, suas sobrancelhas eram finas e bem feitas, ela tem um nariz pequeno e delicado e uma boca... (pausa pra engolida e mirando a boca da guria) sua boca é rosada, nem carnuda nem fininha, pode se chamar de normal? Quem sabe! Enfim... eu me aproximei um pouco mais de seu rosto, tão perto que detalhes como cor dos cílios e cravinhos no nariz passaram a ser perceptíveis. Eu levantei minha mão e com o dedo indicador o deixei bem próximo a tocar seus lábios e fui fazendo o desenho da boca dela, meio que contornando-a. Ela então se moveu como quem estivesse acordando, então recolhi minha mão e me sentei sobre minhas pernas, passando a olha-la despertando.
Tamys abriu os olhos devagar, lá pela terceira piscada ela percebeu que eu estava sentada a frente dela.
- Que horas são? – ela perguntou com voz rouca.
- 12:20 – ao ouvir a hora ela fez cara de “ah não” e virou o rosto para o outro lado, de frente pra parede.
Nisso eu me levantei e resolvi me sentar na beirada da cama. Como eu sou de poucas palavras, comecei a mexer nos cabelos dela, sem nada dizer, só o cafuné. Em poucos segundos a feição dela de brava com a hora foi mudando, ficando mais suave, um pouco de sobrancelhas erguidas e logo algo como quem tivesse pego no sono. Nisso eu parei de mexer minha mão e ela soltou um som tipo “hum?” naquelas “cadê o cafuné?” e virou o rosto pro meu lado. Eu dei risada, segurei os cabelos dela com minha mão direita na altura da nuca e fui até a orelha dela e falei “sua coisa!” baixinho. Em reação ela encolheu o pescoço nos ombros e fez aquele som de respirando fundo de boca aberta... depois que ouvi o som dela respirando, eu não me afastei, fiquei ali perto do ouvido dela... ela manteve um respirar meio com ruídos, não sei o que me deu pois eu dei um beijinho na orelha dela, naquela parte que põe o brinco e em seguida mordidinhas percorrendo a orelha dela para cima, eu abri bem os meus dedos entre os cabelos dela e voltei a fechar a mão, ela soltou um gemidinho e então nós ouvimos o som de alguém entrando pelo corredor. Eu meio que pulei onde eu estava sentada, voltando a sentar ereta e largando os cabelos dela, já Tamys afundou o rosto no travesseiro. Ouvimos sei lá quem entrando na porta ao lado da porta do quarto dela, derrubando algo e saindo novamente. Eu esperei mais alguns segundos, nós duas em silêncio, quando resolvi falar:
- Por que você não está conversando comigo? Desde o dia da palestra, que você pagou de louca saindo correndo, você não fala nada, nem chega perto de mim!
Tamys continuou sem mover um músculo com a cara enfiada no travesseiro. Depois de um minuto, eu já tinha desistido de olhar pra ela esperando resposta e estava com o olhar para fora da janela do quarto, ela resolveu responder:
- Por vergonha... (ela começou a falar deixando só uma parte do rosto pra fora do travesseiro. Ela deu uma pausa e como ela me conhece muito bem e já sabia que viria outra pergunta, continuou) eu não quis deixar o seu pescoço marcado... todo mundo perguntando quem fez aquilo em você, você ficando em silêncio, roxa de vergonha...
- Esquece isso, Tamys... já deixou de ficar verde rs.
- Besta! rs
Voltamos a ficar em silêncio, porém com clima bem humorado. Do nada Tamires se levantou, sentando na cama com as pernas esticadas sobre ela, ficando praticamente na mesma posição de quando ficou com acesso ao meu pescoço durante a palestra, porém estando atrás de mim. Pelo espelho no canto do quarto consegui ver ela olhando para o meu pescoço...
- Você não está pensando em me morder de novo, né? – eu perguntei para ela.
- Não rs – ela respondeu entre risos e continuou – Eu só queria saber... (nisso ela olhou pra mim pelo reflexo do espelho) o que você sentiu quando eu te beijei na palestra? – e ficou olhando sem desviar os olhos dos meus. Eu sem desviar os olhos dos dela, relembrei os detalhes da palestra, o frio no estômago, o choque pelo corpo... então eu virei um pouco meu rosto na direção do dela, olhando fixamente para sua boca, dei aquela piscada em câmera lenta olhando da boca para os olhos dela e ela olhando para a minha boca...
“Tamiiiiiiiiiires” nós ouvimos vindo de fora da casa...
- Já são 14h? – Tamys perguntou para mim sem parar de olhar para meus lábios. Eu levantei meus olhos para olhar um relógio de parede que ela tinha bem acima da cama e marcava 13:59, respondi “uhum!” e fazendo “sim” com a cabeça e voltando a olhar pra ela, que ainda mirava minha boca. Ela então olhou da boca para meus olhos, a sobrancelhas caíram em desaprovação e disse “Por que vocês são tão pontuais, eim?”.
Estão levantamos da cama e fomos encontrar as meninas no portão ¬¬
(CONTINUA)