"Capítulo 3 – Vampira"

Conto de Kaon como (Seguir)

Parte da série Paula - Passado, Presente e... quem sabe...

Segunda-feira chegou, corre-corre de manhã para se arrumar para ir pra escola, e pega o uniforme, a mochila largada no canto do quarto, confere os cadernos das matérias do dia, joga dentro da mochila um quadrinho pra ler no intervalo e bora que já está quase na hora que as meninas passarão pela esquina da minha rua.

Quase chegando na esquina já dá para ver três gurias descendo a rua – Letícia, Mariana e Tamires. Nós morávamos todas “no caminho” pra escola, sendo que a Letícia chamava a Tamires, que depois encontravam com a Mariana e por último eu. Assim que as três chegaram onde eu estava parada as esperando, me cumprimentaram com um beijo no rosto, Tamys sempre se destacando, além do beijo me deu um abraço e fomos as quatro pra escola.

- Você não sente calor não, é? – me perguntou Tamires, reparando que eu estava usando a calça do uniforme da escola, enquanto as três usavam a bermuda.

- As vezes, mas por enquanto não - respondi.

- E por que você está levando a mochila? – perguntou a Mariana.

Nisso olhei para as três, que estavam com apenas um caderno nas mãos... oh droga, esqueci o dia de palestras! Chegando na escola fiquei aliviada, eu não fui a única retardada a esquecer sobre as palestras! Para iniciar o dia chato de aula nós tivemos palestra sobre drogas e na sequencia um trabalho que envolveu a sala inteira. Logo veio a hora do intervalo, se juntaram com nós quatro mais duas gurias, a Paulla e Jaqueline, elas eram de outra sala. Eu não ia muito com a cara da Paulla, ela era repetente da sétima série, só sabia falar de pagode, dos meninos da oitava série e de uma coleção ridícula que ela mantinha escondida da revista G Magazine.

Faltavam alguns minutos para terminar o intervalo, porém Tamires agitou entre as meninas pra gente subir mais cedo para a sala, pra sentarmos no fundão. Ela foi logo se sentando na cadeira colada na parede, eu sentei na cadeira a sua esquerda, à minha esquerda sentou Mariana, e em seguida não interessa mais rs. O tema daquela palestra era sobre Doenças Sexualmente Transmissíveis, ou seja, chata pra caramba! Como o sol fora da sala era um por volta das 10h, todas as cortinas da sala foram fechadas, deixando a sala escura para facilitar o uso do retroprojetor. Depois que todos já estavam em sala, a professora de Ciências começou a palestra. Enquanto ela falava da doença, mostrava fotos, uma mais nojenta que a outra, foi quando eu desviei os olhos de uma delas e percebi que Tamys estava me olhando. Eu não cheguei a virar o rosto todo de lado, pra olhá-la de frente, fiquei meio que de ladinho. Ela me olhava com um olhar meigo, sei lá, a direção de seus olhos era como se estivessem olhando para os meus cabelos e depois os olhos baixaram para o meu pescoço, quando os olhos voltaram a se levantar indo para a direção da minha orelha, Tamys ergueu as sobrancelhas, arregalando um pouco os olhos demonstrando espanto por ter percebido que eu a estava observando. Eu dei um sorrisinho de canto de boca, achando graça da cara de surpresa dela, nisso seu olhar mudou totalmente, agora tinha algo perverso neles... ela fez um gesto de quando se pede silêncio, colocando o indicador sobre os lábios e foi se aproximando de mim... ela foi em direção ao meu pescoço e começou a roçar o nariz e parte de sua boca, desde a gola da camisa da escola até aquela curvinha do fim do maxilar e ponta da orelha... seu nariz ficou na direção dos meus cabelos, nisso ouvi o som da respiração funda dela cheirando minha pele e cabelos e o som dela soltando o ar bem devagar... sentir e ouvir sua respiração foi como uma onda de choque percorrendo o meu corpo, o coração acelerou, sentia todos os pelinhos dos meus braços em pé e um calafrio que percorreu minha coluna toda... ela então pressionou seus lábios em minha pele, me dando um selinho, porém sem desencostá-los ao parar de pressioná-los... o selinho foi se transformando em beijos lentos no meu pescoço, que passaram a descer em direção aos meus ombros e quando chegou perto da gola da camisa, Tamys a puxou para baixo e me beijou com força, dava pra sentir um pouco seus dentes no meu pescoço... eu fechei os olhos com força, respirei fundo, fechei ambas as mãos no tecido tactel da calça da escola, eu comecei a sentir um pouco de dor e como algo automático forcei minha cabeça em direção ao meu ombro direito, forçando ela a sair dali. Antes dela se afastar, seus lábios fizeram um som alto de beijo, ela então se endireitou na cadeira, sentando olhando para frente e cruzando as pernas, como se nada tivesse acontecido. Eu fiquei praticamente na mesma posição, exceto o cruzar das pernas, mantive minhas mãos fechadas apertando o tecido da calça, eu as sentia suando e como se fosse possível segurar os batimentos do meu coração em ambas as mãos. Em poucos minutos a professora terminou de falar sobre as doenças, nos mandou fazer um trabalho para entregar na próxima aula com todas as doenças ditas e dispensou a sala.

Antes que qualquer um da nossa fileira pudesse se mexer, Tamires já estava em pé, atropelando todos no caminho, saindo dali pulando todo mundo. Mariana e eu tentamos acompanhar a saída da Tamires, porém a guria sumiu num piscar de olhos! Saindo da sala encontramos a Letícia nos esperando no corredor e ela falou para irmos andando, que Tamires esbarrou nela na saída e disse que precisava ir correndo, que um dos irmãos dela a estava esperando no portão para irem embora. Na saída Letícia foi andando na frente de mim e Mariana, enquanto conversava com um garoto que morava perto da casa dela e Mari e eu sem muito o que falar. Quando foi chegando perto da esquina da minha rua, Mariana se virou para mim para dar tchau e disse:

- Paula, acho que um bicho picou seu pescoço, tá um pouco vermelho aqui! – e foi apontando para onde estava dolorido da mordida da Tamires.

- Deve ter sido! – eu respondi e pensando em seguida “daqueles carnívoros!”.

Nós nos despedimos e eu fui para a minha casa. Chegando lá fui direto para o espelho do banheiro para ver o quanto meu pescoço estava vermelho... aquilo NUNCA poderia se passar por uma picada de inseto, mesmo para aquelas pessoas com reações alérgicas ao extremo!!! Estava mais pra uma marca de mordida de vampiro! Ao trocar de roupa tentei usar uma das minhas camisetas com a gola justa no pescoço e passei o resto do dia falando com as pessoas mantendo-as a minha esquerda!

(CONTINUA)

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