Capítulo 6: Semente

Conto de Junior_742 como (Seguir)

Parte da série Verão Em Vermont

Quando você planta uma árvore, você espera que ela cresça e dê alguns frutos. É o que você espera quando deposita toda a sua confiança nela. Você sabe que tem que cuidar e cultivar e dessa forma você conseguira os doces frutos.

O mesmo funciona com o amor. Você cultiva e dá carinho. Você convive e espera que o tempo dure. As vezes é difícil pensar nisso, mas tudo o que precisamos é amor. Se não tivermos amor não conseguimos ficar vivos. As vezes acho que amor é o único sentimento realmente puro. Não falo de paixão, não falo de ódio. A paixão é forte, te faz sentir bem, mas é passageira. Amor é aquele sentimentos que fica assim que a paixão vai embora. Amor é o sentimentos que te faz ficar quando tudo está se despedaçando porque você sabe que o amor não desaparece.

Tobias me levou em seu carro assim que recebi alta. Com a ajuda de muletas eu consegui entrar em seu carro. É claro que com uma pequena ajuda dele. As casa não ficava tão longe da escola. Ele estacionou o carro na garagem assim que chegamos.

- lar doce lar – falou ele sorrindo.

- OK – falei nervoso – não vou mentir. Estou muito nervoso. É a primeira vez que passo a noite fora de casa.

- não se preocupe.

Ficamos em silêncio e parador por um tempo.

- não vamos sair?

- só quero que saiba que o mundo não é tão cruel quanto você acha que é. Seu pai te mostrou apenas um lado, espero que eu consiga te mostrar o outro.

- tudo bem – falei abrindo a porta do carro.

Novamente com a ajuda de Tobias eu sai do carro. Eu o segui pela porta que levou até a cozinha.

- quer te apresentar a uma pessoa – falou Tobias indo até a sala. Eu o segui.

- Harold. Chegamos – falou Tobias.

No começo não entendi. Havia um homem de olhos verdes sentado no sofá. Tobias se aproximou dele e o homem se levantou. Os dois deram um selo e eu não aguentei. Vomitei no meio da sala.

- Ollie, você está bem?

- estou sim – falei limpando a boca.

Harold desapareceu por alguns instantes e em seguida trouxe algo para limpar o chão.

- vou ajuda-lo a se instalar – falou Tobias.

- tudo bem – falou Harold – prazer em te conhecer.

- igualmente – falei subindo as escadas com ajuda de Tobias.

Ao chegarmos no quarto eu me deitei na cama.

- você está mesmo bem?

- estou – falei envergonhado.

- tem certeza? Se estiver com dor de estômago eu posso pegar uma aspirina…

- não é nada no estômago. É que… você é homossexual?

- sou. Desculpe não ter te dito antes.

- o problema não é você é que… quando completei treze anos meu pai começou a fazer terapia de aversão comigo.

- terapia de aversão? Você fala aquela terapia usada no passado para “curar os gays”? porque?

- não sei. Acho que ele tinha medo que eu me tornasse um.

- sinto muito Ollie.

- todas as noites após o jantar ele me levava ao porão onde tinha uma televisão e colocava filmes pornográficos homossexuais. Ele colocava um balde na minha frente e me dava remédios para vomitar. Geralmente durava uma hora. Depois ele colocava um filme pornográfico heterossexual e me obrigava a me masturbar. Na frente dele. Em seguida ele me batia com o bambu porque na bíblia diz que não devemos nos masturbar.

- isso é horrível. É medieval! – falou ele colocando a mão no meu ombro tentando me consolar – quanto tempo durou?

- não sei. Ele fez isso até meus dezesseis anos. Parece que ele conseguiu o que queria. Eu não queria ter vomitado, mas ao ver vocês se beijarem eu acabei me lembrando daquilo e…

- não se preocupe. Harold será legal com você. Ele também não se importa em você estar aqui. Ele vai te ajudar com o que puder. Ele trabalha o dia todo assim como eu. Ele é encarregado do departamento de trânsito.

- que bom. Espero não incomodar com todo esse lance da minha perna e tal.

- não vai – falou ele se levantando – agora precisamos pensar sobre suas roupas.

- havia me esquecido.

- acho que posso ir ao shopping comprar algumas.

- obrigado. Realmente não queria intrometer.

- não está.

- toc toc – falou Harold entrando no quarto – desculpa atrapalhar, mas Oliver tem visita.

- visita? Quem é?

- sou eu – falou Amy entrando. Ela tinha um meio sorriso em seu rosto que tentava esconder. Eu a conhecia a bastante tempo para saber que ela fingira que estava com raiva, mas a verdade é que somos grandes amigos.

- vou deixar vocês sozinhos – falou Tobias saindo do quarto com Harold.

- olá Amy.

- Oliver – falou ela se sentando na cama – Tobias me contou o que aconteceu com você.

- ele contou só o que aconteceu ou contou “o que aconteceu”?

- ele me contou o que aconteceu. Tudo. Sinto muito.

- não sinta. Eu é que peço desculpas por ter sido um babaca com você. Devia ter te tratado mal. Não devia ter falado com você daquela forma.

- a culpa não foi sua. Seu pai te fez uma lavagem cerebral. Você não tem culpa de ter sido criado desse jeito. O importante é que você tenha criado sua própria opinião. Sua própria mente.

- eu não penso como ele.

- me diga. O quão preconceituoso seu pai é?

- está vendo essas feridas nas costas? Foi graças ao beijo que você me deu.

- achei que estava te fazendo um favor – falou ela tomando minha mão – pensei que seu irmão tivesse ouvido o comentário sobre a paixão sobre o professor. Não imaginei que seu pai tivesse a mente tão pequena.

- não se preocupe com isso Amy. O importante é que consegui sair daquele lugar o difícil é me manter longe.

- como assim?

- eu estou em choque. Estou com um dilema. Eu sei que fiz a coisa certa, mas tem algo na minha cabeça que me diz que eu devia ter ficado em casa, devia respeitá-lo, devia ter honrado minha família e todo o esforço que ele fez para manter nossa família unida. Sei que é errado porque eu me lembro de tudo o que ele me fez, me lembro o que ele ia me fazer, mas mesmo assim eu tenho essa coisa no peito que me diz que eu não devia ter saído de lá.

- lavagem cerebral. Você precisa se livrar disso. Com o tempo você vai se acostumar a novos rostos, a nova rotina e a um novo tipo de tratamento.

Espero que sim.

- me desculpe, mas eu preciso voltar. Estou em horário de almoço.

- promete que vem em visitar sempre?

- todos os dias – falou ele me abraçando.

- você é uma ótima amiga.

- e você um grande amigo.

Amy se foi e depois de alguns minutos Tobias voltou ao quarto.

- então… como você está?

- estou bem, só minhas pernas que estão doendo um pouco.

- eu resolvo isso agora – falou ele sorrindo e jogando um cobertor sob minhas pernas.

- vai melhorar – falou ele se na cama outra vez.

- obrigado – falei sentindo um calafrio. Era bom estar longe de casa. Longe do meu pai.

- só quero dizer que quando você quiser conversar eu estou aqui. Sei que você tem lembranças horríveis, mas eu te garanto que os danos que elas causaram irão embora se você falar sobre.

- eu tenho mesmo muita bagagem.

- estou aqui para te ajudar a se livrar dessa bagagem. A sua viagem para o terror acabou, está na hora de embarcar em outro trem.

- OK.

- vou te contar um pouco da minha vida. Talvez eu te deixe mais a vontade para você falar sobre a sua sempre que quiser.

- estou ansioso.

- bom, vou resumir, mas a minha história é o seguinte: cresci em uma família como a sua, tradicionalmente católica, mas não era exatamente como a sua.

- eu entendo.

- meu pai e minha mãe eram muito religiosos e tudo para eles eram tabu. Como o sexo. Como eles nunca falaram sobre isso e eu estudava em um colégio católico para garotos acabei crescendo reprimido e aprendi que ser gay é errado. Acabei me casando com minha ex-esposa Zoey.

- você foi casado com mulher antes de se casar com Harold? – eu achei muito divertido o que ele tinha dito.

- claro. Isso acontece muito sabe? Muitos de nós acabam se casando com mulheres por medo, mas a maioria descobre que não vale a pena viver uma vida escondido e acabam se divorciando. Assim como eu.

- vocês terminaram bem?

- por incrível que pareça, sim. Zoey foi uma mulher compreensiva. Ela me ajudou bastante a me aceitar.

- quer dizer que é normal?

- sim. Não acontece muito, mas as vezes as esposas ajudam…

- não. Estou perguntando sobre ser gay. É normal?

- é claro. É tão normal quanto ser heterossexual. Não deixe ninguém te dizer o que deve ou não fazer. Não deixe ninguém dizer que você é menos do que você é só porque você é diferente de algum jeito.

- não vou.

- continuando – falou ele sorrindo – minha esposa me ajudou a me aceitar. Como ainda não tínhamos filhos foi fácil nos divorciar.

- vocês ainda se falam?

- claro. Somos amigos e saímos em dupla.

- é tão engraçado sabe? Fui criado sob circunstâncias tão diferentes. Se os pais de todo o mundo deixassem de ser ignorantes e conversassem com seus filhos ao invés de infectar as mentes delas com preconceito, talvez o mundo se tornasse um lugar melhor no futuro.

- você é um garoto bem inteligente sabia?

- obrigado.

- quando você quiser conversar comigo ou estiver com algo te incomodando pode me chamar OK? Pode ser Harold ou se quiser falar com Amy é só pedir.

- obrigado.

- bom, se você me permite eu vou dar uma pulo na delegacia.

- na delegacia? O que vai fazer?

- vou exigir que eles coloquem outro detetive o seu caso.

- Sabe, eu andei pensando sobre isso e… decidi não dar queixa contra meu pai.

- o que? você não pode fazer isso.

- você viu o que aconteceu comigo. A metade da cidade conhece e confia meu pai. Se eu levar isso a público só vou arranjar mais problemas para minha mente e para a de vocês.

- não me conformo com isso.

- por favor. Eu peço de todo o coração que respeite minha decisão.

Ele hesitou por um momento, mas acabou por ceder.

- tudo bem, mas eu espero que você mude de ideia. Ele não pode fazer tudo isso com você e sair ileso. Imagina o que ele não deve ter feito com seu irmão.

- tudo bem. vou pensar.

- perfeito – falou ele se levantando – preciso que se prepare para hoje a noite. Sei que é segunda-feira, mas vamos receber alguns amigos para o jantar e preciso que esteja preparado.

- eu prefiro ficar aqui. É sério.

- tem certeza? Eles adorariam te conhecer.

- é sério. Vai ficar tudo bem. vocês podem se divertir e eu estarei aqui.

- se você prefere – falou ele indo até a televisão e pegando o controle remoto e me entregando – isso é um…

- controle remoto. Eu sei – falei rindo – meu pai não nos deixava assistir televisão, mas eu sei o que é.

- desculpa.

- não se desculpe.

- vou trazer seu almoço.

- obrigado.

Tobias saiu do quarto e eu liguei a televisão. Era a primeira vez que podia assisti-la sem ter meu pai ao meu lado censurando tudo oque eu via. Parecia bobeira, mas era bom. Senti uma pontada de felicidade. No momento em que pulei a janela do meu quarto plantei uma semente no chão. A árvore estava plantada, tudo o que tinha que fazer era cultiva-la.

***

obrigado por estarem acompanhando e comentando. Deixem a opinião sincera de vocês sobre o que estão achando. Críticas construtivas serão bem vindas.

Comentários

Há 6 comentários.

Por AnônimoFf_FFf em 2014-11-07 00:15:34
Porcaria. Sinceramente não sei porque você ainda insiste em continuar. Ninguém gostava de paixão secreta, um personagem que tranza com vários homens é sempre odiado. Em paixão secreta todo era gay. sua cavbeça é de gente doente e precisa de tratamento. Esse conto de verão em vermont tá tão chato. o personagem se faz de vitima o tempo todo. quer meu conselho? pare de escrever. chega dessa bosta, chega dessas histórias flopadas e ruins. Não sou só eu. Todo mundo aqui do site ta comentando que ta ruim e TODO MUNDO DO SEU GRUPO também. Isso mesmo, eu estou no grupo do whatsapp. Estou lá de olho em tudo. Sinceramente, pare de passar vergonha, pare de escrever e publicar assim todo mundo fica mais feliz. exclui logo esse grupo no whats que tá uma tristeza só. você é patético
Por dfc em 2014-10-22 10:39:39
Posta mais pfv
Por Nicksme em 2014-10-22 00:40:43
Verdade, o que vai acontecer com Jake e a mae dele? Esse David é um monstro mesmo. Mata logo ele hehe =D
Por fran em 2014-10-21 23:48:32
está otimo. continue. criticas? não tenho nenhuma objeção até agora. só fico pensando o que ira acontecer com Jake? e sua mãe?
Por BielRock em 2014-10-21 23:43:55
Amei . espero por mais , mais e mais...
Por NewDoctor em 2014-10-21 23:00:34
Meu comentário: você sabe que eu tô curtindo o conto. Hahaha. :*