Capítulo 4: Doce Bruto

Conto de Junior_742 como (Seguir)

Parte da série Verão Em Vermont

Imagina que você tenha sete anos de idade. No colégio você recebe a melhor noticia de todas. Vocês irão a fábrica de doces no dia seguinte, mas você, assim como todos os estudantes, precisam que seus pais autorizem. Você chega em casa conta o que aconteceu e naturalmente seus pais dão a assinatura.

No dia seguinte você vai á loja de doces. Você e todas as crianças estão animadas porque vocês sabem que durante a visita ganharão muitos doces. A maioria ficaria hiperativa, outros já não gostam tanto e provam apenas um sabor. Isso já é suficiente. Eu sou a criança que está no meio de todas, loucas para provar as inúmeras guloseimas, mas não posso.

É assim que me sinto no dia-a-dia sob o olhar vigilante de meu pai. O mundo é uma enorme fábrica de doces, mas eu não posso provar nenhum sabor. O único sabor ao qual posso provar é o dele. Tentar descobrir quem é David Carpenter Maxfield e porque ele se tornou esse homem amargurado e raivoso que odeia a todos. Meu pai era um osso duro de doce, um doce bruto.

Claro que eu sei as consequências. Quem brinca com fogo amanhece queimado. Amanhecerei grudento e pegajoso porque é isso o que acontece quando você come doces.

Naquela manhã meu pai insistiu dezenas de vezes para me levar a escola, mas eu decidi contradizê-lo. Disse que era melhor ir sozinho porque se eles estavam desconfiando de algo, ele ir comigo seria pior. Prometi que não demoraria mais do que uma hora.

Achei muito estranho ele ter aceitado. Ele parecia ansioso aquela manhã. Não sei porque, mas por algum motivo ele havia me deixado ir sozinho.

Sai de casa logo cedo e subi a minha rua até que chegue ao ponto de ônibus. Estávamos todos agasalhados. Pra mim era perfeito. Não tinha chances de ninguém ver minhas feridas afinal a única parte descoberta do meu corpo era meu rosto.

- bom dia – falei ao motorista ao entrar e me sentar o mais próximo da porta que pude.

Não demorou muito. Vinte minutos depois, no máximo eu já estava em frente ao colégio. Desci do ônibus e caminhei até a entrada. Era quase nove, então os alunos já estavam estudando a muito tempo.

Atravessei o corredor para ir até a sala da diretoria. Esperei não ser visto por ninguém, especialmente por…

- Ollie?

Reconheceria aquela voz em qualquer lugar. Parei e olhei para trás.

- oi Amy.

- Oliver? O que está acontecendo? – perguntou ela vindo até mim.

- Nada.

- o diretor veio me dizer que vou ter que treinar outra pessoa para estar em seu lugar.

- é verdade. Vou começar a trabalhar com meu pai na próxima semana.

- me diz o que está acontecendo.

- já disse. Não é nada.

- você disse que nunca trabalharia com seu pai.

- as coisas mudam.

- te conheço a muito tempo.

- por favor Amy. Já tomei minha decisão e agradeceria se parasse de mandar a policia até lá em casa.

Continuei andando e deixei ela. Fiz pelo próprio bem. Quanto antes ela me esquecesse melhor.

Fui até a sala do diretor e bati na porta.

- pode entrar.

- sou eu – falei me sentando de frente a ele.

- bom dia Oliver – falou ele com um sorriso se levantando e pegando algo na gaveta - tudo bem com você?

- estou sim.

- seu pai te contou que fomos até lá na semana passada?

- contou.

- desculpa se causei algum transtorno. Ele deve ter mencionado que levei um detetive junto.

- mencionou.

- eu me desculpo, mas você também me deve desculpas.

- porque?

- porque? Você não veio trabalhar por duas semanas. Você faz parte do quadro de funcionário dessa escola a quase dois anos. Somos todos aqui mais do que funcionários. Acho que você devia uma explicação.

- eu sei.

- sabe oque eu diria se me perguntassem?

- o que?

- que algo está acontecendo com você.

- porque todo mundo fica dizendo isso – falei sem graça.

- talvez porque seja verdade.

Ficamos em silêncio por alguns minutos.

- Ollie, você pode se abrir comigo ou com qualquer um aqui. Está acontecendo alguma coisa com você?

- não – falei sem olhar para ele.

- você pode ser sincero. Não precisa ter vergonha. tudo o que disser ficará só entre nós dois.

Respirei fundo e não respondi nada.

- está com algum problema em casa?

Por alguns segundos hesitei. Pensei em abrir a boca, mas senti uma pontada nas costas. A dor dos machucados me lembrava a quem pertencia. Ao Nosso Senhor.

- eu estou bem diretor Spinney.

- tudo bem. Se você está dizendo eu acredito.

Ele imprimiu alguns papéis e depois de assinar ele me entregou e eu fiz o mesmo.

- então é isso – falei me levantando.

- foi bom trabalhar com você, se precisar de indicação futuramente. Eu estou aqui – falou ele apertando minha mão. Os olhos azuis dele eram do mesmo tom do meu pai. O sorriso dele era bonito. Mais uma vez as cicatrizes doeram.

- obrigado – falei me virando.

- Oliver… você está indo embora agora?

- estou sim.

- eu posso te dar uma carona. Vou passar em frente sua casa. Vou precisar ir até o sul da cidade.

- não precisa.

- deixa de bobeira. Eu te levo.

- pode ir. Eu vou de ônibus.

- vou passar bem frente a sua casa.

- realmente não…

- chega. É isso. Vamos indo – falou ele pegando a chave do carro e saindo.

Passamos de volta pelo corredor e eu passei em frente a sala onde costumava trabalhar. Amy olhou para mim parecendo decepcionada. Era uma amiga que deixava para trás. A única que tive.

Entrei no carro de Tobias e ele seguiu caminho. Ele iria até South Burlington. Minha casa ficava no caminho entre os dois lados da cidade.

O caminho toso ficamos em silêncio. A minha sorte é que meu pai não estava em casa e muito menos Jake. Apenas minha mãe.

Finalmente chegamos na porta da minha casa e ele desligou o carro.

- está entregue.

- obrigado pela carona.

- por nada – falou ele sorrindo.

Sai do carro e ele foi embora. Andei em direção até em casa e ao entrar chamei por minha mãe, mas ninguém respondeu.

- tem alguém aqui?

- tem – falou meu pai da janela. Eu nem o tinha visto.

- o senhor está aqui?

- o que eu te disse sobre pegar caronas Oliver…

- era o diretor da escola. Ele passaria por aqui e resolveu me trazer pai.

- isso é carona.

- o que tem demais pai? É apenas um amigo fazendo um favor.

- começa com um favor. Logo ele vai querer te sodomizar. É isso o que acontece. Vai enfiar coisas na sua bunda. O órgão excretor não foi feito para ter prazer, nem pra procriação.

- porque o senhor é obcecado isso pai? Eu não vou enfiar nada no ânus. Foi só uma carona. Supere.

Me cansei dessas brigas. As pessoas viviam uma vida aparentemente normal e eu precisava medir minhas palavras e não desrespeitá-lo a todo o momento. O problema é que me arrependi do que disse assim que falei.

- de onde tirou tanta petulância? Foi dele – falou meu pai segurando meu braço forte.

- desculpa pai.

Meu pai me empurrou na parede fazendo com que as feridas nas costas doessem. Eu gemi de dor.

- vai pro seu quarto.

- não. Por favor.

- pro quarto – falou ele apertando tão forte meu pulso que começou a doer. Ele me jogou no chão e eu me levantei rapidamente. Fui para o quarto e retirei o agasalho. Não aguentava mais tudo aquilo.

Tira a roupa – falou ele tirando a fivela do cinto. Eu me virei com as calças abaixadas e me debrucei sob a cama.

Ele começou a me bater. A fivela era minha amiga mais íntima naquele momento. O barulho ecoou pelo quarto. Dessa vez não havia durado tanto.

- não saia dai – falou ele saindo do quarto.

Eu continuei lá debruçado. Com minhas nádegas ardendo. Por sorte dessa vez não haveria marcas como as das costas. Ele demorou um pouco, mas eu não me atrevi a levantar. Ouvi meu pai entrando no quarto outra vez.

- pai nosso que estais no céu…

Quando ele começou a rezar eu olhei para trás e vi que ele estava com uma vassoura na mão. Ele segurava do lado das cerdas. Olhei na ponta do cabo e notei que ele havia derretido no fogo para que se formassem pontas. Eu fechei os olhos na hora e agarrei o colchão. Pedi forças para que pudesse aguentar minha punição.

O desespero tomou conta de mim ao ver os pés dele se aproximando de mim. Minhas pernas tremeram.

- abra – falou meu pai.

- por favor.

- FAÇA O QUE EU MANDEI! – gritou ele.

Eu levei minhas mãos para trás e abri deixando minha bunda á mostra. Ele colocou a ponta na entrada.

- ore meu filho. Ore pelo perdão do nosso senhor – falou meu pai segurando firme a vassoura.

Alguém bateu lá em baixo antes que ele finalmente fizesse o movimento que me destruiria.

- quem será – falou meu pai largando a vassoura. Eu trouxe minhas mãos de volta para o colchão. Eu respirei fundo e limpei os olhos que estavam húmidos. Meu coração estava acelerado.

- fique aqui e ore. Volto assim que terminar lá em baixo.

Assim que meu pai saiu do quarto e fechou a porta eu me levantei e subi as calças. Fui até a janela e vi o carro de Tobias.

- bom dia Sr. Maxfield. Desculpem incomodá-lo é que seu filho deixou a carteira no meu carro. Deve ter caído do bolso.

- sem problemas eu entrego a ele.

Eu senti vontade de dizer algo. Vontade de gritar, mas não conseguia me mover. Senti uma forte dor do estômago. Aquela que sentimos quando queremos fazer algo que não temos coragem. Minhas mãos tremeram.

- obrigado – falou o diretor Tobias se afastando e indo até seu carro.

Não sabia o que fazer. Na verdade acho que sabia. Por isso era tão difícil. Era uma tortura psicológica. Eu tentavam e mover, mas eu tinha lembranças demais.

Ouvi meu pai subindo as escadas e resolvi pela primeira vez fazer o que tive vontade. A janela do meu quarto era emperrada, mas consegui abrir fazendo muita força. Coloquei uma perna para fora e quando estava prestes a sair meu pai entrou no quarto.

- o que está fazendo?

Não respondi e tentei sair, mas meu pai agarrou minha perna e me puxou pra dentro.

- você precisa ser reeducado – falou meu pai dando um chute na minha perna. Na mesma hora ouvi o barulho do osso se quebrando. A dor foi intensa, mas pelo menos eu consegui passas pela janela. Eu cai no telhado e escorreguei até cair no chão com um bocado de neve.

Tobias olhou para trás e me viu caído no chão. Ele veio até mim.

- Oliver, o que aconteceu?

Eu não respondi nada, mas sabia que agora estava em segurança. Tobias passou o braço por trás de mim e levantou meu rosto. Com a outra mão ele ligou para a emergência.

Me atrevi a fechar os olhos. Pela primeira vez na vida eu me senti livre.

Comentários

Há 5 comentários.

Por AnônimoFf_FFf em 2014-11-07 00:15:50
Porcaria. Sinceramente não sei porque você ainda insiste em continuar. Ninguém gostava de paixão secreta, um personagem que tranza com vários homens é sempre odiado. Em paixão secreta todo era gay. sua cavbeça é de gente doente e precisa de tratamento. Esse conto de verão em vermont tá tão chato. o personagem se faz de vitima o tempo todo. quer meu conselho? pare de escrever. chega dessa bosta, chega dessas histórias flopadas e ruins. Não sou só eu. Todo mundo aqui do site ta comentando que ta ruim e TODO MUNDO DO SEU GRUPO também. Isso mesmo, eu estou no grupo do whatsapp. Estou lá de olho em tudo. Sinceramente, pare de passar vergonha, pare de escrever e publicar assim todo mundo fica mais feliz. exclui logo esse grupo no whats que tá uma tristeza só. você é patético
Por dfc em 2014-10-22 10:12:02
Parece q esse pai dele é apaixonado por ele parece ciumento d+
Por Nicksme em 2014-10-22 00:20:08
Que atitudes pavorosas essas do pai dele, isso nunca que é religião.
Por ell em 2014-10-21 00:52:34
Caramba.. tomara que enfiem um ferrao de arraia no anus de maluco.. ta otimo o conto.. Parabens!
Por fran em 2014-10-20 19:32:56
wow... isso é chocante. cara não sei o que te ispira para um estrito destes. gosto da forma como descreve a situação de Oliver perante o pai, mesmo sendo submisso. mais isso mostra que só sofremos por medo. estou ansioso pelo proximo. ha nao veja meu comentario como uma forma de apreciação ao modo de vista do pai de Oliver.