Capítulo 3: Quadra De Tênis

Conto de Junior_742 como (Seguir)

Parte da série Verão Em Vermont

É engraçado quando estamos em uma quadra de tênis. Gosto de pensar que as raquetes se tornam nossas mãos e a bola representam uma bomba. Aquele que deixa cair recebe a punição. As vezes fazemos os mesmos com os problemas Muitas vezes apenas passamos ele adiante e não procuramos resolvê-los. Muitas vezes somos egoístas demais e ao invés de desativar uma bomba para evitar que exploda, nós apenas passamos ela para o próximo e nós torcemos para que exploda na mão do próximo.

Apenas uma desculpa que nós arranjamos para tentar deixar nossa consciência livre. Para que não nos sintamos culpados quando a bomba finalmente cai no chão e explode na cara do próximo. Talvez seja por isso que meu irmão Jake tenha aberto sua boca. Melhor que seja eu do que ele. Porque eu sei o seu segredo: Jake é apaixonado por Amy. Mesmo assim não disse nada e não vou dizer. Não quero que ele passe pelo o que passei.

Os primeiros dias haviam sido bem mais difíceis. Dormia de bruços ou de lado. As feridas ardiam. A verdade é que não dormi na primeira noite. Passei em claro pensando em tudo o que tinha acontecido. As surras do meu pai haviam se tornado mais e mais violentas, mas acho que os tempos estão difíceis.

Ele diz que o mundo está caminhando para um abismo moral. Temos gays e negros na televisão se relacionando como se fosse normal. Sexo e violência em cada canal. Na minha casa a televisão já não era mais ligada a muito tempo. Era ligada apenas nos canais religiosos, mas não muito.

Muitos dos religiosos e padres faziam pregações falando em como o mundo está moderno e os gays deviam ser mais aceitos e é claro que meu pai não concorda. Típico.

Levantei-me naquela quinta-feira e fui até o banheiro. Os machucados começavam cicatrizar. Estava quase inteirando duas semanas. Era difícil contar o tempo levando em consideração que eu só ficava em casa. Já não ia mais para o trabalho. Já não trabalhava mais no Colégio de St. Louis.

Eu não havia ido até lá para pedir demissão. Meu pai não deixou. Ele foi no meu lugar e disse que estava tudo resolvido. Daqui uma semana eu começaria a trabalhar com ele em sua pequena firma no centro.

- bom dia meu filho – falou minha mãe na cozinha. Ela já não olhava para mim do mesmo jeito desde aquele dia. Acho que meu pai acabou fazendo alguma coisa com ela. O brilho em seus olhos haviam desaparecido.

- bom dia mãe – falei me sentando a mesa.

- bom dia – falou Jake chegando a cozinha e dando um tapa nas minhas costas.

Eu resmunguei porque doeu, mas não disse nada. Jake riu de mim. Ele achava graça em me ver daquele jeito.

- o café da manhã está pronto? Eu não quero me atrasar – falou meu pai chegando a cozinha.

- está sim David – falou minha mãe colocando as panquecas e o mel por cima.

- você está melhor Ollie?

- sim senhor.

- você sabe que o que fiz, fiz por amor né? Sabe que se não o fizesse você seria corrompido?

- sim senhor.

- não foi de tudo ruim não é mesmo? Afinal daqui uma semana você vai estar trabalhando com seu velho.

- vou sim senhor.

- estou muito orgulhoso de você meu filho.

Eu vi como Jake olhou para mim. Ele odiava toda vez que meu pai dizia que me amava. Odiava toda vez que meu pai conversava comigo. Comecei a pensar que talvez tudo não passasse de inveja, afinal meu pai era mais próximo de mim. Imagina se não fosse. Eu estaria morto a uma hora dessas.

- sim senhor. Estou ansioso.

- com licença – falou Jake se levantando.

- não vai terminar seu café da manhã? Sua mãe fez com muito carinho.

- estou sem fome.

- sente-se Jake – falou meu pai, mas Jake saiu pela porta. Logo ouvimos o barulho de sua moto saindo a toda velocidade.

- não sei o que fazer com esse garoto.

- ele já tem trinta anos David. Você não pode controlá-lo para sempre – falou minha mãe.

- por favor Stella, não venha me dizer como devo criar meu filho.

Minha mãe não disse nada e ficamos em silêncio.

- por isso que gosto de você Oliver. Você é mais parecido comigo. Jake puxou sua mãe, por isso é tão rebelde.

Eu apenas balancei a cabeça confirmando.

Depois que tomamos o café da manhã eu fui ajudar minha mãe a organizar a cozinha. Meu pai subiu as escadas para poder se arrumar.

- não precisa Oliver – falou ela olhando para mim forçando um sorriso – eu arrumo tudo sozinha, vá se deitar. Depois vou passar uma pomada em suas feridas.

- tudo bem mãe. Eu ajudo.

- não precisa é sério.

- as feridas da minhas pernas já se cicatrizaram quase que tudo. Apenas minhas costas doem um pouco. Eu vou ajudar a senhor em casa. Eu vou arrumar a cozinha e se a senhora quiser ir ao mercado pode ir.

- tem certeza? – perguntou ela insegura.

- pode ir – falei cochichando – eu cuido do papai.

- obrigado – falou ela beijando minha bochecha.

Ela pegou o agasalho e colocou e em seguida pegou a chave de seu carro.

- dirija com cuidado a neve mãe.

- tudo bem – falou ela saindo pela porta.

Assim que ouviu o barulho do carro meu pai desceu as escadas.

- quem está saindo?

- a mamãe. Foi até o marcado fazer compras.

- você vai arrumar a cozinha?

- sim senhor. Vou ajuda-la.

- não vai. Isso é coisa de mulher. Larga isso e vai pro seu quarto.

- eu não me importo pai.

- eu me importo – falou ele arrumando a gravata. Hoje você lava a louça, amanhã está enfiando coisas no ânus.

- sim senhor – falei deixando tudo exatamente como estava e subindo as escadas.

Fui direto para a minha cama e me deitei. Respirei fundo e fiquei lá deitado tentando ouvir a hora em que ele saísse com seu carro para o trabalho. Não demorou para que eu ouvisse a porta da frente se batendo. Me levantei e fui até a janela e procurei um ângulo atrás da cortina em que ele não me visse.

Meu pai andou em direção ao seu carro e com as luvas já na mão passou a mão no capô e no para-brisa tirando um pouco da neve que havia caído. Quando ele dava a volta para entrar no carro eu percebi que um carro da policia vinha em direção a nossa casa. No começo achei estranho afinal o que eles estariam fazendo visitando meu pai? Ele é um “homem santo”.

Foi quando o carro parou que eu vi quem era. Saíram dois homens do carro e mesmo de longe eu reconheci Tobias. Ele era o diretor da escola onde trabalhava.

- bom dia – falou ele e o outro homem se aproximando.

- bom dia – falou meu pai com a expressão que sempre tinha em seu rosto.

Eles apertaram a mão.

- sou David Maxfield.

- sou Tobias Spinney, diretor do Colégio St. Louis.

- prazer – falou meu pai apertando a mão dele.

- igualmente – falou o diretor olhando para o homem que o acompanhava – esse daqui é o detetive Leon Holloway.

- muito prazer – falou meu pai parecendo assustado – o que posso fazer pelo o senhor detetive?

- será que podíamos falar dentro de casa? Está um frio mortal aqui fora.

- tudo bem – falou meu pai se virando para entrar. Seu olhar veio exatamente até onde estava. Ele me olhou com raiva. Eu sabia o que significava. Se eu fizesse algum barulho ou desse algum sinal de vida eu seria punido.

Meu pai, o diretor Tobias e o detetive Leon entraram em casa. Eu fiquei muito curioso e decidi tentar ouvir o que eles conversariam. Abri a porta do meu quarto lentamente e sai pelo corredor e desci até a metade da escadaria. De lá eu conseguiria ouvir toda a conversa e como eles estavam na cozinha, não corriam o risco de me ver.

- gostariam de beber algo? – falou meu pai chegando a cozinha.

- porcaria - falei me lembrando que a cozinha estava bagunçada. Meu pai era sistemático. Pra ele era como se cortassem toda a masculinidade e jogassem fora. Eu tentei ajudar minha mãe, mas acabei piorando a situação dela.

- apenas um café – falaram os dois.

Meu pai serviu café e assim que todos estavam tomando goles meu pai decidiu agilizar a conversa.

- então… como posso ajudar os senhores?

- estou preocupado Sr. Maxfield. Seu filho trabalha na minha escola a mais de dois anos e ele nunca desapareceu dessa forma.

- não estou entendendo – falou meu pai – vocês estão me acusando de algo.

Nesse momento percebi que meu pai tinha mentido. Ele não tinha ido a escola.

- não senhor. De maneira nenhuma – respondeu o detetive.

- na verdade eu só vim aqui hoje porque Amy Clear, que trabalha comigo notou que seu filho não foi trabalhar faz duas semanas e não deu satisfação. Trouxe o detetive Leon comigo apenas por formalidade. Dessa forma deixamos tudo em pratos limpos.

- vou ser sincero com vocês – falou meu pai – meu filho agora trabalha comigo. Ele me disse que pediu demissão. Estou surpreso por vocês estarem aqui.

- ele está aqui?

- não. Infelizmente já foi trabalhar. Agora que meu filho está nos negócios da família eu fico mais tranquilo. Posso chegar mais tarde.

- deve estar orgulhoso – falou Tobias.

- muito – confirmou meu pai.

- bom… acho que tudo está bem então – falou o detetive.

- está sim – falou meu pai.

- me desculpe por fazer você perder o seu tempo. Acho que Amy está preocupada atoa. Gastando o dinheiro dos cofres públicos e tirando os policias dos postos de trabalho por bobeira.

- não se preocupe com isso diretor – falou o detetive – ela fez bem. nós nunca sabemos exatamente o que aconteceu e muitas vezes um desastre pode ter acontecido. Especialmente no inverno. Ele podia ter se perdido ao acontecido algo pior.

- é verdade – falou meu pai acompanhando eles até a porta – ela fez a coisa certa sinal de que se importa com meu filho.

Dei passos rápidos subindo a escada e fiquei escondido pela parede. Eles não poderiam me ver.

- o senhor pode pedir para que Oliver vá até a escola na segunda? Ele precisa assinar os papéis da demissão. Ele é um ótimo funcionário, mas não posso impedir que ele siga os passos do pai se é assim que ele deseja.

- não se preocupe. Eu dou o recado.

Eles continuaram conversando e meu pai se despediu deles. Fui até meu quarto e fechei a porta. Meu pai tinha realmente mentido pra mim, agora eu teria que ir a escola de qualquer jeito. Espero que ocorra tudo bem. Não estou afim de levar outra surra se fizesse algo errado e alguém visse as cicatrizes.

Fui até a janela e fiquei olhando eles saírem. Meu pai bateu a porta ficando do lado de dentro enquanto eles iam de volta para a viatura. O diretor foi na frente e o detetive ficou olhando a casa por um tempo enquanto colocava um cigarro na boca e o acendia. Ele assoprou a fumaça e observou a casa como se tivesse todo o tempo do mundo.

Foi então quando ele olhou em direção a minha janela e eu rapidamente me escondi. Ele ficou olhando por alguns segundos e em seguida foi até a viatura. Ele entrou e rapidamente e o carro desapareceu no horizonte.

Em seguida ouvi meu pai subindo as escadas. Corri para a cama e me deitei esperando que ele viesse a meu quarto. Foi o que aconteceu.

- está acordado Oliver?

- sim senhor.

- o diretor da escola onde trabalhava veio aqui com um detetive. Parece que cadela que trabalha com você deu queixa do seu desaparecimento.

- está tudo bem? o senhor conseguiu contornar a situação?

- sim. Tudo o que precisa fazer é ir lá na segunda assinar os papéis da demissão.

- tudo bem.

- já estou indo trabalhar.

- tudo bem pai.

Ele então veio até mim e ficou parado por alguns segundos antes de colocar a mão no meu ombro. Era um sinal de aprovação.

- fique bem – falou ele saindo do quarto.

Esse era o máximo que conseguiria dele. Meu pai não era o tipo de homem que demonstrava sentimentos com os filhos. Nunca havia recebido um abraço ou um beijo. Não posso dizer que fiquei triste. Gostei de saber que estava deixando-o orgulhoso.

Em seguida meu pai saiu do quarto e não demorou para que ele saísse para o trabalho. aproveitei que ele se foi e eu finalmente pude ajudar minha mãe. Estava feliz que Amy sentia minha falta, mesmo depois de duas semanas. Só espero que ela não venha até aqui em casa.

Por fim, parece que tivemos uma pausa no jogo de tênis. A bola não havia caído em nenhum dos lados e estava apenas esperando que alguém a arremessasse e batesse com a raquete. Eu ganhei essa rodada.

*****

Obrigado a todas as pessoas que estão acompanhando e comentando. Deixem a opinião e digam o que acham da história até agora.

Comentários

Há 3 comentários.

Por AnônimoFf_FFf em 2014-11-07 00:15:58
Porcaria. Sinceramente não sei porque você ainda insiste em continuar. Ninguém gostava de paixão secreta, um personagem que tranza com vários homens é sempre odiado. Em paixão secreta todo era gay. sua cavbeça é de gente doente e precisa de tratamento. Esse conto de verão em vermont tá tão chato. o personagem se faz de vitima o tempo todo. quer meu conselho? pare de escrever. chega dessa bosta, chega dessas histórias flopadas e ruins. Não sou só eu. Todo mundo aqui do site ta comentando que ta ruim e TODO MUNDO DO SEU GRUPO também. Isso mesmo, eu estou no grupo do whatsapp. Estou lá de olho em tudo. Sinceramente, pare de passar vergonha, pare de escrever e publicar assim todo mundo fica mais feliz. exclui logo esse grupo no whats que tá uma tristeza só. você é patético
Por fran em 2014-10-20 01:45:57
ta muito bom. esse pai é meio desajustado... imagine se ele morasse na mesma cidade que eu? aff... não demore muito, fico ansioso a cada episódio... abraços.
Por Nicksme em 2014-10-20 01:10:46
affs esse pai dele e um idiota mata logo ele MC kkk amando s2