Capítulo 39: Curiosidade
Parte da série Verão Em Vermont
Andamos até o lago desviando de todas as pessoas. Nesse momento eu percebi que algumas pessoas usavam mascaras. Elas pulavam e gritavam derramando suas bebidas no chão e nas outras pessoas.
Algumas usavam mascaras de animais. Vi uma mulher com máscara de anjo.
- está quente aqui – falou Kurt – estávamos perto da fogueira.
- verdade – falei me sentindo abafado por causa do fogo.
Finalmente chegamos ao lago e Kurt se abaixou e passou a mão na água.
- está gelada? – perguntei.
- muito.
- eu imagino – falei sorrindo e olhando para os lados.
Percebi que em meio as pessoas conversando e dançando tinha alguém com uma roupa verde em um tom bem escuro com uma máscara branca. A máscara era assustadora não tinha feição. Era como se não tivesse vida.
Fiquei encarando essa pessoa parada ao longe e ela levantou a mão e acenou para mim.
“fique de olho nele”
Essa mensagem veio a minha cabeça. A figura parada andou calmamente se afastando da multidão e foi para dentro da floresta antes de desaparecer completamente ele acenou pedindo que eu o seguisse. Fiquei intrigado com aquilo e mesmo que soubesse que era uma idéia idiota seguir um desconhecido mascarado para dentro da floresta apesar dos recados, mas foi isso que eu fiz.
- Kurt eu preciso ir…
- onde você vai? – perguntou Kurt se levantando e me dando um beijo na boca. Ele me abraçou e me beijou. Um beijo calmo e tranquilo, mas apaixonado. Não sei o motivo dele ter feito aquilo, mas eu gostei – fica comigo, não vai embora.
- eu só preciso dar uma volta, vou procurar uns amigos.
- tudo bem – falou Kurt segurando minha mão e nós saímos da multidão e voltamos para a clareira.
- eu não vou demorar – vi Kurt se sentando.
- eu vou te esperar aqui – falou ele me dando um selo na boca uma última vez.
- eu vou voltar – falei tocando o rosto dele.
- eu sei porque você quer sair de perto de mim.
- porque?
- eu estou bêbado. Você tem medo que eu te bata igual ao… como é o nome dele?
- Tobias.
- isso. Igual ao Tobias.
- não é isso Kurt é que…
- eu não vou te bater, não vou te magoar. Eu bebi, mas ainda me lembro das promessas que fiz naquela cama. Não vou colocar mais uma gota de álcool tudo bem?
- o motivo não é esse.
- eu acredito em você – falou ele com um sorriso – você promete que depois que encontrar seus amigos você volta?
- e volto – falei dando um selinho na boca dele.
Me afastei de Kurt e segui pelo caminho com capim seco. Cheguei na multidão e olhei mais ou menos em que parte da floresta a figura mascarada entrou.
Estava curioso e já não aguentava mais que brincassem comigo. Não aguentava mais de curiosidade. Não podia deixar Vermont sem resolver esse mistério.
Adentrei a floresta e a cada passo de dava mais a música alto se tornava menos nítida. Dei vários passos passando os galhos até que finalmente cheguei em uma parte onde as árvores eram mais altas. Foi lá que vi a figura de costas. Meu coração acelerou.
- quem é você? – falei nervosa e ansioso.
A pessoa não ligou e continuou de costas.
- porque você me mandou ter cuidado?
A pessoa virou e olhou para mim. a máscara branca se tornou mais assustadora bob a luz da lua. Eu estava com medo, mas curioso. A pessoa virou o rosto para a esquerda e depois para a direita e em seguida tirou algo do bolso. Ele estava com uma faca.
Levei um choque e dei institivamente um passo para trás.
- quem e você? – perguntei outra vez.
- eu sou deus – falou ele tirando a máscara branca.
- Matteo? – perguntei confuso.
- você é mais burro do que pensei – falou Matteo jogando a máscara no chão.
- é você que tem me assustado?
- eu não queria fazer isso – falou ele respirando fundo – eu amo seu pai. De verdade, mas se tem uma coisa que não suporto é traição.
- traição?
- eu sei que você e sue pai tranzaram Oliver.
- ele te contou?
- não precisou. Eu conheço Broderick a dez anos. Pra você ele é o Dr. Marshall, respeitado médico que acabou se tornando seu pai, mas pra mim ele é Brody, um homem meigo que viveu a vida em uma mentira.
- porque você fez isso?
- ele era infeliz até o dia em que te encontrou. Eu o salvei e você apareceu depois. Eu sabia que ele tinha se apaixonado por você desde o dia em que você apareceu no hospital. Eu não me importei afinal você passou por tanta coisa. E além do mais você era só mais um paciente.
- eu sei que você ama meu pai, mas não precisa me matar. Eu não quero mais nada com ele. Nem como pai, nem como amante.
- o engraçado é que Brody encontrou em mim um porto seguro. Ele vagou a vida toda triste pelo filho desaparecido. Um homem em um casamento com uma mulher que ele não amava com sentimentos confusos. Quando ele me conheceu nós nos apaixonamos e ele fez tudo por mim e eu fiz tudo por ele. Ele me ama, eu sei que ama ele só se esqueceu. Eu preciso lembra-lo de quem o tirou do fundo do poço e pra isso eu preciso destruí-lo de novo.
- você vai me matar – falei dando um passo para trás.
- você é idiota Oliver. ele realmente se arrepende de ter usado você. Ele realmente queria ser um pai, mas esse é o problema dos homens. Nós só pensamos com a cabeça de baixo. Ele teve a chance de ser um pai, mas preferiu ser seu amante.
- eu prometo que não vou contar nada para ninguém.
- eu sei que você não vai, eu vou garantir isso – falou ele ajeitando a faca na mão.
Nesse momento minhas pernas tremeram e eu percebi que havia um vulto atrás de Matteo. Tentei disfarçar, mas vi que era Amy. Ela estava parada atrás de Matteo. Ela deve ter me visto entrar na floresta e me seguiu. Ela viu o que acontecia e deu a volta em silêncio.
- eu prometo que não vou contar Matteo – falei nervoso.
Eu sabia o que Amy ia fazer e para que desse certo ela tinha que fazer direito.
- eu imploro se você quiser – falei me ajoelhando no chão.
- olha, eu não sou louco, não preciso que você implore. A única coisa que tem de errado comigo é que eu amo demais. Eu amo o seu pai demais para deixar que você o atrapalhe. Ele confunde os sentimentos quando pensa em você. Eu não sou mais o universo dele. Você é.
Aproveitei que estava ajoelhado e enchias duas mãos de terra.
- por favor Matteo – falei me preparando.
- eu sou médico, sei exatamente onde devo furar para que não doa e seja rápido – falou ele dando dois passos e eu me levantei e com as duas mãos joguei terra nos olhos dele.
Nesse momento Amy pulou nas costas dele e Matteo caiu no chão.
Eu me levantei e segurei os braços dele.
- solta a faca – falei apertando forte o pulso dele, mas ele lutava e se debatia. Não queria largar a faca.
Amy então pegou uma pedra.
- você vai bater na cabeça dele? – perguntei tentando segurar a mão dele.
- claro que não, na não. Se ele não larga por bem, vai largar por mal – falou ela – segura a mão dele no chão.
- eu sou médico – falou ele largando a faca – não machuque minhas mãos.
Matteo ficou com medo. Sem as mãos a carreia dele, que mal tinha começado, acabaria em poucos golpes de pedra.
- não faça isso.
- tudo bem – falou Amy soltando a pedra.
- não tente nada – falei fraquejando por alguns segundos. Nesse momento Matteo me empurrou com as pernas e eu cai do lado dele. ele deu um soco nacara de Amy e em seguida levou a mão para pegar a faca, mas eu fui mais rápido e quando ele veio para cima de mim eu fechei os olhos e enfiei a faca nele.
- Oliver! – falou Amy surpresa – você está bem?
Abri os olhos e vi que tinha enfiado a faca no ombro de Matteo. Ele caiu de lado e ficou parado. Ele estava desesperado e suas mãos tremiam.
- me ajude por favor – falou Matteo com os olhos vermelhos – me ajude por favor, não em deixe morrer.
- vou chamar ajuda – falou Amy se levantando.
Fiquei lá sentado olhando para Matteo e vendo como um valentão que queria me matar se tornou um cordeiro indefeso. Pela primeira vez eu tinha revidado, tinha dado o troco e me sentia bem.
Era bom me sentir no controle. Era bom saber que eu tinha o poder. Pela primeira vez eu senti que podia cuidar do meu futuro. Todo esse tempo fiquei me martirizando quando eu mesmo me machucava. As sombras estavam em mim e não nos outros.
Nesse momento vi algumas pessoas adentrando a floresta junto com socorristas.
- o que aconteceu aqui? – perguntou um dos socorristas.
- ele me esfaqueou – falou Matteo.
- foi em legitima defesa – falei me levantando – ele tentou me matar.
- mentira –falou Matteo – nós tivemos uma discussão e ele enfiou a faca e mim.
- você está bem meu amor – falou Kurt adentrando a floresta e segurando meus braços.
- estou – falei respirando aliviado e abraçando-o – eu não tenho mais medo Kurt. Eu não tenho mais medo.
Nesse momento a policia chegou e me arrancou dos braços dele.
- você está preso – falou o policial me algemando.
- o que está acontecendo? – perguntou Kurt.
- ele foi acusado de tentativa de assassinato.
- foi em legitima defesa – falou Amy.
- estou de mãos atadas – falou o policial – eu tenho um homem com uma faca enfiada no ombro e ele diz que esse homem tentou mata-lo. Preciso leva-lo – falou o policial começando a me levar.
- você vai ficar bem – falou Kurt pegando meu rosto em suas mãos e me dando um selo – o amigo que vim visitar em Vermont é advogado, vou ligar para ele e te encontro na delegacia.
- tudo bem.
- não diga nada sem que esteja na presença de seu advogado.
- tudo bem – falei sendo levado pela multidão e em seguida colocado dentro da viatura.
Era estranho me sentir daquele jeito e o que vou dizer pode me fazer parecer louco, mas ter esfaqueado Matteo me deixou feliz. Era como se tivesse matado todos os meus demônios. A brisa que vinha pela janela da frente era gelada e eu estava sujo de terra; estava a caminho da delegacia. Precisava esclarecer tudo. Esse é o sentimentos que eu quero sentir para sempre.
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obrigado a todos por me suportarem e por suportarem meus desabafos. decidi não em aposentar. Vou continuar escrevendo pro desespero dos haters ;) Estamos chegando ao fim da série. Faltam 2 capítulos.