Capítulo 38: Fique De Olho Nele
Parte da série Verão Em Vermont
Não é fácil sair da depressão. È uma fase sombria e obscura que alguns de nós passamos. É claro que pra quem está de fora pode parecer que a pessoa não tem motivo afinal a feria não está exposta em carne viva, mas só quem passa por essa dor sabe como é difícil não se afogar quando você está afundando.
Meu sofrimento e toda minha lamúria podem parecer sem fundamentos para aquelas que estão a minha volta, mas minha dor era real. Kurt foi um anjo que entrou em minha vida. Ele realmente me deu forças para continuar.
Era como se eu estivesse esperando toda a minha vida por essa noite e ela tinha finalmente chegado. Estava nervoso sobre essa festa devido aos recados que tinha recebido.
O relógio marcava quase seis da tarde. O lago estava cheio e a música já tocava a um bom tempo. A gritaria tomou conta da cidade que agora era cheio de adolescentes bêbados.
Kurt ia comigo a festa. Nós iriamos apenas para ver como estaria o clima, se não gostássemos voltaríamos direto para casa. Pensei em contar para ele sobre os recados que tinha recebido, mas decidi que era bobeira. Em contra partida eu tinha decidido contar a Amy antes da festa.
- preparado para a festa? – perguntou Amy chegando no meu quarto.
- estou – falei me virando. Estava com uma camisa azul e uma bermuda branca.
- está ótimo – falou ela com um vestido florido – onde está Kurt?
- está no banho – falei apontando para o banheiro. A água caia do chuveiro.
- nem percebi – falou ela sem graça.
- Amy eu preciso te contar uma coisa.
- eu também preciso contar – falou ela nervosa.
- você conta primeiro ou eu conto?
- conta você primeiro – falou ela se sentando na cama.
- OK – falei me sentando ao lado dela.
- bom… - falei respirando fundo – talvez eu esteja passando minhas últimas horas em Vermont.
- como assim? – perguntou Amy intrigada.
- eu vou me mudar para Virginia. Kurt tem um bom emprego e uma casa e muito tempo, ele quer investir em mim e eu quero ter um relacionamento com ele.
- você tem certeza?
- não. Se eu disser que tenho certeza eu estarei mentindo. Eu não tenho certeza se é o certo, mas tenho certeza de que tomei a decisão certa e eu estou tranquilo quanto a isso.
- eu fico feliz por você – falou Amy chorando e me abraçando – de verdade.
- você não parece muito feliz – falei abraçando Amy.
- me desculpa, eu estou. Eu estou muito feliz Oliver – falou ela se debulhando em lágrimas.
- porque você está chorando?
- porque eu estou grávida.
- você? Está grávida?
- estou – falou ela ainda chorando.
- mas isso é motivo para chorar? Quer dizer… você não quer o bebê?
- eu quero.
- quem é o pai? É o Jake?
- sim. É o Jake.
- se você quer o bebê e se o Jake é o pai, porque você está chorando? Tem mais alguma coisa acontecendo?
- tem sim.
- o que é?
- eu tenho medo.
- medo de que?
- do Jake.
- porque? Ele te fez Alguma coisa?
- não, mas eu vou ser mãe. Jake sofreu tanto, você me contou as coisas que ele sofreu e Jake também conversa comigo as vezes. Eu tenho medo de que ele esteja traumatizado e que faça algo ao nosso filho.
- ele já sabe que vai ser pai?
- sabe. É por isso que ele tem passado tanto tempo aqui. Ele se preocupa comigo e com o bebê. Estamos juntos a meses e tem sido um cara normal, mas depois de ver como você ficou esses últimos dias eu tenho medo de que ele também entre em depressão e faça alguma coisa.
- cada um é cada um Amy. Jake sempre foi mais forte do que eu. Ele sofreu mais, mas ele não se deixa abalar facilmente.
- eu sei que parece bobeira – falou ela limpando os olhos – mas agora não temo só por minha vida. Tem a vida do meu filho.
- você não está sendo boba. Está sendo apenas uma mãe. Uma mãe se preocupa com um filho. Tenho certeza de que Jake nesse momento tem os mesmos medo que você. Eu também tinha Amy. Aposto que Jake está se perguntando se ele vai ser como o pai ou se será como David. Aposto que ele tem esse medo, mas tenho certeza de que vocês serão felizes. Jake será feliz e eu serei feliz.
- você promete me visitar sempre que puder? – perguntou Amy com um sorriso.
- só se você e Jake prometerem o mesmo.
- com certeza.
Nós nos abraçamos outra vez e Kurt saiu do banheiro enrolado na toalha.
- me desculpe – falou Kurt quando viu Amy no quarto – não sabia que estava aqui.
- tudo bem – falou Amy.
- você está chorando? – perguntou Kurt para Amy – aconteceu alguma coisa?
- aconteceu – respondi por Amy – ela vai ser mãe e Jake será pai.
- e você será tio – completou Amy.
- é verdade, nem pensei nisso.
- meus parabéns – falou Kurt.
- eu contei a ela que vamos morar juntos em Norfolk, Virginia.
- eu só quero que saiba que vou cuidar de Oliver. Nós dois seremos felizes juntos.
- eu acredito – falou Amy se levantando.
- agora se não se incomodam vou me arrumar para a festa.
- nós vamos sair – falei me levantando da cama junto com Amy.
Amy e eu saímos do quarto e esperamos Kurt se arrumar. Assim que ele saiu do quarto ele perguntou como estava. Ele usava uma bermuda preta e uma camisa branca.
- podem dizer a verdade não precisa mentir.
- você ficou ótimo.
- nós já estamos indo Amy, você vem com a gente?
- vou esperar por Jake.
- tudo bem então.
Me levantei e assim que nos despedimos Kurt e eu saímos do prédio para irmos a festa. O taxi nos pegou dez minutos depois e nos deixou nos arredores do lago.
Seguimos o caminho a pé e ao longe eu vi a fogueira. Uma fogueira enorme havia sido acendida e fogos de artifícios explodiam no céu.
- essa festa parece bem animado – falou Kurt segurando minha mão. Nós andávamos de mãos dadas. Eu estava envergonhado, aquilo era novo pra mim. eu tinha a impressão de que todos olhavam para nós de mãos dadas.
Ao chegarmos mais perto sentimos o calor da fogueira a agitação. a música tocava alta e apesar de ainda não estar completamente escuro todos já se divertiam e bebiam a vontade.
- o que você quer fazer? – perguntou Kurt.
- não tenho idéia.
- podemos apenas nos sentar e ficar olhando as estrelas e as pessoas, o que acha?
- perfeito.
- você bebe?
- pra dizer a verdade eu nunca bebi na vida.
- você quer beber? Eu pego uma bebida para nós.
- pode ser.
- eu vou pegar uma bebida e você procura um lugar para nos sentarmos. Que tal?
- ótimo, acho que podemos ficar ali naquela clareira – falei apontando para o local onde ficava a pedra com os recados. Era lá que eu costumava ficar.
- perfeito – falou ele me dando um beijo na boca antes de desaparecer na multidão.
Fui em direção a clareira e para minha sorte não havia ninguém lá. A clareira ficava em uma distância considerável do lago e mesmo assim não perdíamos toda a diversão. Apenas assistir aos outros se divertindo já me um pouco mais animado.
Estava um pouco frio porque ficava longe da fogueira. Esperei por Kurt por alguns minutos e me lembrei da tal pedra.
- será que me deixaram mais algum recado? – perguntei para mim mesmo.
Dei a volta na pedra e como ainda não tinha escurecido totalmente eu não precisei de lanterna ou algo do tipo. Enfiei a mão debaixo da pedra e inicialmente eu não senti nada. Passei a mão mais algumas vezes e senti algo como papel embaixo da pedra, mas parecia ser muitos então pensei que fosse grama.
Apertei a mão e puxei. Levei um susto quando tirei. Não era grama. Havia dezenas de papéis como os que eu tinha encontrado. Levei um susto e comecei mais uma vez a tirar mais e mais papeis. Eu os abri e percebi que todos estavam escrito a mesma coisa:
FIQUE DE OLHO NELE
FIQUE DE OLHO NELE
FIQUE DE OLHO NELE
FIQUE DE OLHO NELE
FIQUE DE OLHO NELE
FIQUE DE OLHO NELE
FIQUE DE OLHO NELE
FIQUE DE OLHO NELE
Levei um susto quando Kurt chegou na clareira.
- Oliver, você está bem?
- estou sim – falei me levantando para que ele não visse os papéis.
- trouxe pra você. Tinha algumas bebidas mais fortes lá, algumas pareciam álcool puro, mas essa é docinha, você vai gostar. – falou ele me entregando um copo vermelho suado. Dei um gole e senti um gosto forte misturado com doce. Eu tossi algumas vezes.
- você gostou?
- sim, é um pouco forte.
- você está bem, parece meio perturbado.
- estou bem sim.
Aquilo ficou em minha mente. Seja lá quem me deixou recados, me deixou vários com a mesma mensagem: ‘Fique de olho nele’. Quem é ele? Porque eu deveria ter medo dele? Sera que se referia a Kurt? É impossível, nós nos conhecemos a três dias.
Kurt e eu nos sentamos na clareira e ficamos observando enquanto o restante dos raios de luz desapareciam. Kurt e eu conversávamos. As horas se passaram voando. Mais ou menos duas horas. Kurt fumou dois cigarros e mais meia hora se passou.
- o que você acha de nós irmos pro meio da multidão. Se tivéssemos trazido roupas de banho nós poderíamos dar um mergulho.
- pois é, eu nem pensei nisso.
- quem sabe outro dia.
Kurt e eu nos levantamos e jogamos nossos copos na lixeira. Tinha pelo menos oito copos e cindo deles eram de Kurt. Sei que Kurt estava um pouco alto a essa altura porque ele tocava mais em mim do que antes. Seguimos para o lago.
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Passo horas escrevendo esses contos para mim e para vocês é claro e quando leio um comentário dizendo que o "capítulo foi desnecessário" eu fico triste. de verdade. pessoas dizendo que "o personagem sofreu demais". Eu tenho lido esse comentário em todos os meus contos anteriores: "Doces Sonhos", "Paixão Secreta", "A Grande Maçã". E tem gente que comentou que fica pulando parágrafos porque é chato de ler. É realmente decepcionante. Sou o tipo de pessoa que se não gosta de algo simplesmente não reclama porque eu sei que alguém se empenhou para fazer algo. é claro que é impossível agradar a todos e eu fico feliz pelos que gostam sei que são muitos, mas prometi a mim mesmo que em 2015 não me faria de tolo para agradar os outros.
Com esse recado eu anuncio que estou me "aposentando" nas escritas de contos eróticos. Verão Em Vermont será o último. foi ótimo o tempo que passei com vocês. Sei que muitos dirão "não ligue para esse comentários", "tem 1 que reclama e 10 que te adoram", eu sei de todas essas coisas, mas eu realmente não me sinto bem. o que me espanta é que as pessoas que gostam quase não comentam e os que não gostam sempre tiram um tempo pra criticar. eu aceito criticas construtivas, elas inclusive me ajudaram nessa caminhada, mas não gosto que me questionem sobre o porque de eu escrever um personagem triste ou um capítulo.
O personagem não sofre atoa. se ele sofre é porque eu criei uma história triste para o personagem. Se eu escrevi um capítulo é porque ele fazia parte dos meus planos, eu queria provar um ponto de vista com ele. pode ter certeza de que não escrevo os capítulos atoá.
Sou o tipo de pessoa que escreve sobre sofrimento porque eu mesmo já sofri muito na vida e sei que o sofrimento faz parte, escrevo sobre personagens carentes porque eu entendo muito bem esse sentimento. Enfim, verão em Vermont terminará no capítulo 40. falta dois capítulos para o fim da saga.
Eu pretendia escrever até o capítulo 50, tinha até uma "estória" na cabeça que seria a seguinte: Oliver e Kurt moram juntos e Oliver se esforça para melhorar e ele acaba se tornando um rapaz melhor. Com ajuda de Kurt ele decide se tornar policial para impedir que outros sofram o que ele sofreu. o conto terminaria quando Oliver se torna policial e em seu primeiro caso ele participa de uma investigação de sequestro e o conto acaba exatamente com Oliver invadindo a casa de um sequestrador. no porão da casa ele encontra uma criança presa. ele pega as crianças no braço e leva para fora da casa. o Garoto olha profundo nos olhos de Oliver que finalmente encontra a redenção. Ele sabe que ajudou uma criança a não passar pelo o que ele pasosu. Esse seria o final de Verão Em Vermont, mas ''''''''um'''''''' de vocês deixou claro que eu estou escrevendo capítulos desnecessários. Por esse motivo o conto irá acabar com Kurt e Oliver no aeroporto de Vermont se despedindo de Amy e Jake.
Eu podia chegar aqui e escrever um conto de 200 capítulos sobre um garoto feliz, de classe média em que seus únicos sofrimentos são entre esperar na fila do cinema e escolher qual festa deve ir no fim de semana, mas eu gosto de ser mais profundo porque suspense é minha paixão e eu decidi trazer esse clima mais pesado para o erotismo homossexual. Tentar mostrar que no mundo gay o sexo pode ficar em segundo e até em terceiro plano porque o que mais importa na minha opinião é o que acontece fora da cama. o sexo é um detalhe. Palavras que fiz Kurt dizer á Oliver. o mais engraçado de tudo é que hoje dia 5 faz exatamente um ano que comecei a escrever contos. dia 5 de Janeiro de 2014 eu escrevia o primeiro capitulo de "Paixão Secreta". Uma saga que tenho certeza que alguns de vocês leram.
Andei meio sumido esses dias porque eu andava escrevendo o sucessor de Verão Em Vermont. Já escrevi 5 capítulos de um novo conto que se chama "Labirinto de Espinhos". Esse seria o conto que viria depois de Verão Em Vermont, mas infelizmente não vou publicar. Paixão Secreta teria uma 5ª temporada, mas decidi deixar a 4ª como sendo a última.
Sei que muitos vão me criticar e jogar pedras em mim, mas esse é o tipo de pessoa que sou. suporto criticas construtivas, mas certos comentários me machucam. Não guardo mágoa de ninguém. não me levem a mal, mas só eu sei como fico quando leio comentários como os que citei e são muitos. Todos os meus contos os personagens serão sofredores e carentes porque é com esse tipo de personagem que me identifico e isso me deixa mais a vontade em escrever. "Labirinto de Espinhos" seria o meu primeiro conto onde o principal não seria dessa forma.
não me entendam mal, faço isso por vocês porque eu fico muito magoado com alguns comentários e eu sinto vontade de parar de publicar. E no fim vocês acabam com um conto não finalizado como tantos na casa dos contos pelo mesmo motivo que o meu. Então não vou nem começar o que talvez não termine. Verão Em Vermont é um final digno para essa fase de minha vida.
Um abraço a todos e aguardem o final. Ainda essa semana publico os dois capítulos finais. ;) Um abraço a todos.