Capítulo 37: Sonho Molhado

Conto de Junior_742 como (Seguir)

Parte da série Verão Em Vermont

Kurt me pediu em namoro e eu aceitei. Ele parecia ser um cara bom que queria cuidar de mim e eu queria conhece-lo e dar uma chance a ele, mas com a condição de que não fizéssemos sexo. Não queria fazer nunca mais.

Estávamos deitados na cama. Jake tinha vindo até meu quarto dizer que me apoiava e eu agradeci o apoio dele. Kurt saiu do banheiro, se deitou comigo. Eu estava de bruços e ele de lado olhando para mim.

- o que você está pensando perguntou Kurt. Ele continuava lindo mesmo apenas com as luzes do abajur.

- é que… sabe, meu irmão me disse uma coisa que me fez pensar.

- o que?

- ele disse que eu devia aproveitar o momento e parar de ficar pensando no passado. Ele me mandou aproveitar o dia de hoje.

- concordo com seu irmão. Também acredito que o agora é mais importante do que o ontem ou o amanhã. o passado já se foi e o futuro é incerto. A única certeza que temos é o presente.

- é ótimo que você pense assim porque eu estava pensando em algo.

- pensando em que? – perguntou Kurt levando sua mão até minha barriga e a alisando. Levei minha mão até o rosto dele e alisei a barba – acho que não vai dar certo esse namoro a distância. Preciso de alguém em tempo integral. Eu não acredito que o amor possa ser cultivado quando duas pessoas mal se veem.

- não diga isso – falou Kurt com o olhar triste.

- é verdade Kurt. Essa idéia de você viajar para cá todo o fim de semana e em alguns dias eu viajar… acho que não vai dar certo.

- você não pode dizer que não vai dar certo se não tentar. Você acabou de dizer que você deve aproveitar o dia e está dizendo uma coisa dessas.

Kurt olhou para mim e eu senti toda a alegria desaparecendo de seu rosto. aquilo me machucou muito. Muito mais do que David, Marshall e Tobias. O olhar de Kurt me cortou o coração, mas era o certo a se fazer.

O sorriso no rosto dele era convidativo, mas não tinha certeza se era isso que eu queria.

- Por favor Ollie, não diga isso – falou ele ofegante – você acabou de aceitar namorar comigo, você nem me deu uma chance. Eu mereço uma chance.

- você merece mais do que uma chance e é por isso que eu acho que eu devo ir embora com você.

- o que? – perguntou Kurt surpreso.

- eu não tenho futuro aqui em Vermont, tudo o que tenho são lembranças ruins. As pessoas me olham e tudo o que veem é o garoto que foi sequestrado, o garoto que tem sorte de estar vivo. Se você não se importar eu adoraria ir morar com você, mas só tem um problema.

- qual? – perguntou ele com um sorriso.

- eu não gosto de ser intrometido então eu só vou me mudar se eu for convidado.

- isso não é problema – falou ele rindo – você quer morar comigo?

- eu adoraria.

- você é uma figura – falou Kurt dando gargalhada e beijando meu pescoço. Eu senti um calafrio e me assustei. Ele percebeu e parou de rir – me desculpa – falou ele sério – eu esqueci… eu prometo que vou respeitar seu espaço.

- não tem problema – falei fechando os olhos e respirando fundo – sabe o que me ajuda a dormir – perguntei ainda de olhos fechados.

- o que?

- um beijo de boa noite – falei abrindo os olhos.

- Ok – falou ele beijando meu rosto – boa noite – falou ele olhando para mim. Em seguida ele beijou minha outra bochecha. O lado que estava machucado, mas não mais inchado – boa noite – falou ele outra vez.

Alisei o rosto dele e senti a mão dele alisando meu rosto. ele se aproximou e deu um selo na minha boca.

- boa noite – falou ele depois de três selos na minha boca.

- boa noite – respondi.

Ficamos em silêncio por um longo tempo até que Kurt me deu outro selo.

- boa noite – falou ele outra vez. Ele deu dois selos e em seguida se atreveu a colocar a língua em minha boca. Demos um beijo calmo, molhado e delicioso. Levei minha mão até a nuca dele e apertei o rosto dele contra o meu. O gosto da boca dele era muito bom. O beijo dele era viciante.

- boa noite – respondi com um sorriso entre os beijos.

- uma ótima noite meu amor – falou ele beijando meu rosto e deitando sua cabeça em meu peito. Apaguei a luz do abajur e levei minha mão até o rosto dele e fiquei alisando.

- só espero que as pessoas me julguem por tomar essa decisão.

- com pessoas você quer dizer Amy e Jake?

- precisamente.

- eles te amam é claro que vão de julgar. Não porque são maus, mas porque te amam e não querem te perder.

- eu não quero te perder nunca Kurt. Significa que eu te amo?

- talvez. O amor é engraçado e age de formar diferentes.

- acho melhor irmos dormir.

- também – falou ele dando um beijo no meu rosto e levando ele de volta ao meu peito.

Fechei os olhos e Kurt segurou minha não. Ele trançou seus dedos com os meus. Estávamos completamente apaixonados um pelo outro. Isso era um fato.

Dormi bem praticamente a noite toda. Nem teria notado que estava dormindo se não tivesse tido um pesadelo. Estava correndo em uma rua longa em uma noite sombria. Olhei para trás e vi dois enormes lobos negros de olhos amarelados.

Levei um susto e me concentrei no que estava a minha frente. Me preparei para correr, mas parecia que eu não saia do lugar. Os lobos por outro lado corriam rapidamente e eles vieram ferozmente para meu lado. Eles se aproximaram cada vez mais.

Um deles foi para minha perna e o outro para meu pescoço. Senti uma dor enorme e comecei a gritar.

- socorro! – falei acordando. Não estava gritando, tinha apenas dito em voz alta.

- você está bem? – perguntou Kurt deitado de costas.

- estava tendo um pesadelo – falei ofegante. Pensei que estivéssemos no meio da noite, mas quando olhei pela janela vi o sol brilhando. Olhei para o relógio e vi que marcava seis e cinquenta da manhã.

Fechei os olhos e tentei me acalmar. Porque ainda estava tendo esses pesadelos se eu tinha aceitado o namoro com Kurt? Já não me sentia mais da mesma forma, eu estava pronto para continuar com a vida.

- quantas horas? – perguntou Kurt se deitando de bruços de olhos fechados.

- são quase sete da manhã.

- dorme mais – falou ele me puxando fazendo com que eu deitasse em seu peito. fechei os olhos e levei minha mão até o peito dele. Nesse momento eu senti que algo estava estranho. Abri os olhos e vi que o peito de Peter estava muito suado.

Esfreguei os dedos na palma da mão e percebi que não era suor. Nesse momento eu tirei os cobertores de cima de nós dois.

- o que foi? – perguntou Kurt abrindo os olhos e passando a mão no colchão – porque o colchão está molhado – falou ele levando a mão até o nariz e cheirando.

- não é água – falei levando a mão até o meio das minhas pernas e sentindo a cueca e a bermuda molhada. Me senti destruído quando percebi que eu tinha feito xixi na cama.

- espera, isso é xixi? – falou Peter que em seguida cheirou a mão e se sentou rapidamente na cama se escorando na cabeceira.

- me desculpa – falei chorando – eu não sei o que aconteceu comigo.

- não chora – falou Peter me puxando e me abraçando. Eu deitei minha cabeça no ombro dele e continuei chorando – isso não é nada.

- não me diga que não é nada porque é. Eu acabei de mijar na cama e nós dois estamos cobertos de urina.

- não tem problema. Eu só me assustei. nós podemos tomar um banho.

- o que eu vou falar pra Amy? Eu estraguei o colchão dela. E se acontecer outra vez?

- não se preocupe com isso. Eu conto pra ela se você estiver envergonhado.

- eu sei que estou sendo dramático – falei limpando meus olhos.

- você não está sendo dramático. É a vida. Eu ficaria morto de vergonha se tivesse sido eu. Foi por isso que me assustei. Pensei que tivesse sido eu e acabei constrangendo você. Me desculpa.

- não peça desculpas, eu é que peço.

- nenhum de nós pede desculpas então – falou ele respirando fundo e olhando no meu rosto – que tal você ir tomar um banho enquanto eu cuido de tudo por aqui?

- tudo bem – falei me levantando.

- pode ir tomar seu banho, eu levo a toalha pra você.

- OK – falei entrando no banheiro.

Kurt se levantou da cama e foi arrumar tudo e eu entrei no banheiro.

Depois que tomei meu banho eu me enrolei na toalha e sai do quarto. O colchão não estava mais na cama. Tentei não ligar para aquilo e vesti minha roupa.

- bom dia – falei saindo do quarto. Eu estava envergonhado.

- bom dia – respondeu Amy.

Olhei para os lados e não vi Jake.

- onde está o Jake? – perguntei acanhado ainda perto da porta.

- ele foi embora ontem mesmo.

- pois é…

- foi sim – falou Amy.

- olha Amy, me desculpa eu não queria…

- não se preocupe com isso Oliver. essas coisas acontecem.

- o que Kurt fez com o colchão?

- não sei e sinceramente não ligo e você não deve ligar.

- onde está ele? Não sei – falou Amy.

- vou lá fora procura-lo.

- OK – falou Amy.

Sai do apartamento e Amy e olhei para os dois lados do corredor. Imaginei que ele estivesse lá fora fumando e decidi ir para as área de lazer e eu acertei. Ele estava lá olhando para o horizonte.

- Kurt? – falei quando me aproximei.

- estou aqui – falou ele com um sorriso – eu sai pra fumar, devia ter te avisado.

- tudo bem – falei ficando ao lado dele – o que você fez com o colchão?

- esquece isso.

- eu vou precisar pagar pelo colchão da Amy.

- não se preocupe com isso. Eu já dei o dinheiro para ela comprar outro.

- não precisava – falei me aproximando dele e beijando sua boca – seu beijo de bom dia.

- bom dia meu amor – falou ele me beijando. Por fim ele deu um beijo no meu rosto e me abraçou. Ele se escorou na parede e eu fiquei abraçado com ele.

- eu nem acredito que vou morar com você.

- não vai mudar de idéia né?

- não – falei beijando o rosto dele – só estou nervoso, nem sei como contar para Amy e Jake.

- se você preferir contar sozinho eu respeito isso.

- tudo bem.

- eu tomei uma decisão hoje.

- qual?

- já que você vai embora comigo eu decidi não ir embora hoje. Vou ficar aqui com você até que arrume tudo e nós possamos ir embora.

- isso vai ser fácil. É só arrumar tudo em uma mala e ir embora.

- podemos ir na segunda feira então?

- claro. Segunda feira nós vamos.

- você vai adorar o estado da Virgínia. Você já deu uma volta de barca?

- nunca.

- vou levar você pra passear assim que chegarmos lá. Espero que não tenha medo de água.

- eu já estou morrendo de medo do avião, o barco é o menor dos meus problemas.

- vou comprar nossas passagens hoje, tem certeza que podemos ir na segunda?

- sim.

- ótimo, o melhor de tudo é que vou poder ir na festa do lago com você.

- que bom.

Kurt apagou o cigarro e nós voltamos juntos para o apartamento da Amy. Nem acredito que tomei uma decisão dessas. Me mudar com Kurt. Eu sei que a decisão parece ser maior do que ela realmente é. Vermont vez parte de minha vida, uma grande parte dela, uma parte importante. Estou pronto para deixar tudo isso para trás e começar nova vida com Kurt.

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