Capítulo 30: Choque Part.1

Conto de Junior_742 como (Seguir)

Parte da série Verão Em Vermont

Meu passado começou a me assombrar novamente. Meu psicólogo o Dr. Luke Adams disse que pessoas que passam pelo o que passei precisam perceber que apesar de tudo o que passaram elas ainda têm controle de sua vida. Nos últimos meses eu realmente pensei que estava no comando. Eu decidi dar meu primeiro beijo, eu escolhi com quem me deitar. Duas vezes.

Pensei que minha vida estava nos trilhos e que apesar de tudo o que tinha sofrido eu ainda estava no controle dela. Eu estava enganado. Dr. Marshall, meu pai biológico, tinha me usado como um pedaço de carne. Ele teve a chance de ser um pai e mesmo sabendo de tudo o que sofri ele escolheu me enganar e tirou a única coisa que importava para mim. minha virgindade pode não parecer algo grande, mas ela representava uma das poucas coisas que David não tirou de mim. Ela estava intacta até que Dr. Marshall me seduziu.

Se tem uma coisa que aprendi é que não devemos culpar o mundo pelos problemas na minha vida. Eu sou o problema em minha vida. Eu tomei decisões erradas. Ninguém me obrigou a nada, mas não posso deixar de pensar que tanto David quanto Marshall me usaram como marionetes para me obrigar a fazer o que eles queriam, mas acima de tudo a culpa foi minha por ter acreditado.

O taxi parou em frente ao prédio de Tobias. Depois de pagar a corrida eu atravessei o portão digitando a senha que Tobias tinha me passado a muito tempo. Subi as escadas e fui até o apartamento dele. Bati na porta duas vezes e esperei que alguém abrisse. Esperei outros segundos e bati novamente na porta e antes que tirasse minha mão de volta a porta se abriu. Era Tobias.

- Oliver? – perguntou ele.

- olá – falei reparando em suas mãos. Ele tinha uma garrafa de cerveja.

- entre – falou Tobias saindo da minha frente.

Eu entrei e em seguida Tobias fechou a porta.

- o que faz aqui – falou ele chegando bem perto de mim – foi quando senti o cheiro de álcool que exalava de seus poros e é claro pela sua boca.

- é que aconteceu uma coisa e eu estou confuso me sentindo enganado.

- me diga, o que aconteceu? – falou ele me abraçando e tentando beijar minha boca, mas eu me afastei.

- eu não quero fazer isso – falei me afastando.

Nesse momento eu olhei em volta no apartamento e percebi que ele continuava o mesmo de sempre.

- Harold está aqui?

- lá em cima – falou Tobias cambaleando.

- é melhor eu ir embora

- não vai – falou Tobias segurando meu braço, mas não era como das outras vezes, ele tinha segurado forte. Do mesmo jeito que David fazia quando queria me repreender. Nesse momento eu parei porque a lembrança do que acontecia comigo foi muito forte.

- me solta – falei tentando me soltar, mas Tobias segurou forte. Flashes do que acontecia com David começou a invadir minha mente.

- solta ela Tobias – falou Harold descendo as escadas e vindo até Tobias fazendo com que ele me soltasse.

- me deixa – falou Tobias empurrando Harold. Ele foi até a cozinha e nos deixou.

- vai embora Oliver.

- eu não sabia que Tobias bebia.

- sim. Ele bebe e muito, será que pode ir embora.

- me desculpa é que não sabia para onde ir.

- olha Oliver, ele bebe e muito. Tobias é alcoólatra ou você acha que eu o trai porque estava entediado de ter Tobias ao meu lado? Você sabe como Tobias é. O homem ao qual você se apaixonou é o Tobias que me apaixonei, mas ele só existe quando está sóbrio. Esse Tobias que você viu é o homem que eu venho aturando a mais de três anos. Aposto que Tobias te disse que ele me deu uma chance depois que eu o trai, mas foi ao contrário. Ele me implorou por outra chance. Fui eu que dei outra chance a ele. Nós estamos juntos porque ele implorou por isso, não porque eu implorei a ele.

Nesse momento me lembrei de quando Tobias chegou na minha casa parecendo preocupado e fora de si. Quando Tobias e eu tranzamos. Tobias estava provavelmente bêbado naquele dia e eu fui imbecil e ingênuo o suficiente para não perceber.

- por favor Ollie. Vá embora.

- eu vou sim – falei me virando para sair – me desculpe qualquer coisa.

- não se desculpe. Você não precisa se desculpar.

Eu sai do apartamento e desci as escadas vagarosamente pensando em tudo o que tinha descoberto na última hora. Assim que desci alguns degraus eu ouvi um barulho de porta batendo. Eu parei e voltei subindo para ver o que estava acontecendo. Eu vi que Harold tentava segurar Tobias que o empurrou.

- Oliver – falou Tobias vindo andando até mim –onde você vai?

- vai embora Oliver – falou Harold indo até Tobias.

Me virei rapidamente para descer e Tobias segurou meu braço e eu tentei forçar, mas a camisa rasgou. Eu tentei me soltar, mas as unhas de Tobias estavam cravadas no meu braço e quando puxei eles rasgaram meu braço. Pelo mesmo eu consegui me soltar.

Harold agarrou Tobias e o puxou para trás. Nesse momento as pessoas dos outros apartamento saíram para saber o que aconteciam e viram toda aquela confusão.

Enquanto se debatia Tobias bateu o cotovelo na boca do estomago de Harold que o soltou institivamente. Eu tentei descer as escadas e consegui descer um lance, mas Tobias foi atrás de mim e segurou meu braço me fazendo cair e cair de cara no chão. Na hora senti uma dor no rosto e o sangue escorrendo do meu nariz que doía. Coloquei a mão e senti uma enorme dor porque meu nariz estava quebrado.

Eu me levantei cambaleando e Tobias deu um soco no meu rosto eu cambaleei pro lado e senti algo dentro da minha boca. Cuspi na mão um pouco de sangue e vi que era um dente quebrado. Toda aquela cena passava na minha cabeça misturada com as lembranças de David. Eu queria muito me defender, mas não conseguia me mover.

Alguns moradores seguraram Tobias que se debatera por alguns segundos até que finalmente parrou e caiu em sí.

- chamem uma ambulância – falou um dos moradores olhando para mim.

Eu não esperei e desci ás escadas até que cheguei para fora do prédio. Coloquei o dente arrancado em um dos bolsos e segui reto pela rua. Quando estava ao longe eu vi uma ambulância chegando, mas eu não ligava.

Era a pior pessoa do mundo. Tobias tinha me machucado fisicamente. Dr. Marshall e Tobias eram meu pai David dividido em suas pessoas diferentes. Tobias me machucou muito, mas a pior ferida não podia ser vista nem tocada, mas doía intensamente dentro de mim. Um grito não conseguiria descrever a dor que sentia naquele momento.

Perambulei por um tempo, tentando sempre seguia onde tinha pouca luz para que as pessoas que passavam do outro lado da rua não pudessem ver minha cara que agora estava inchada.

Andei por uns vinte minutos até que cheguei em um lugar mais deserto. Fiquei no escuro e respirei fundo. Eu precisava colocar meu nariz no lugar. Eu sabia como fazer, mas precisava de muita força para conseguir. Eu fechei os olhos e tremendo levei minha mão até o nariz e depois de contar até cinco eu toquei nele e o ajeitei no lugar. Um grito ecoou da minha boca.

Senti uma dor que nunca tinha sentido antes. Ela se apossou do meu corpo e meus olhos lacrimejaram de dor. Saiu um pouco mais de sangue e eu segurei o nariz por dez minutos e ao soltar o sangue já não saia.

Eu apalpei meu bolso e para minha sorte eu tinha um pouco de dinheiro, mas só o suficiente para pagar um ônibus até a casa de Amy. Eu tirei meu terno e em seguida usei para limpar meu rosto. Minha camisa que era branca agora trazia enormes círculos em vermelho.

Joguei o terno fora e segui pelo escuro pela rua evirei a direita procurando um ponto de ônibus e foi ao longe que vi uma pessoa parada. Era lá que o ônibus. Para minha sorte o local estava deserto exceto e estava bem escuro. Era deserto por essa pessoa no ponto de ônibus.

A medida que me aproximava percebi que era um homem e ele usava um boné. Dei mais alguns passos e percebi que esse homem estava fumando. Como o homem não estava dando a mínima para mim eu fui até o ponto de ônibus e me sentei no escuro.

O homem olhou para mim e em seguida olhou de volta para outro lugar. Ele percebeu que estava longe dele e deu um sorriso sarcástico. Sua mochila escava nas costas e ele continuou sorrindo e olhando para o outro lado. Ele pensou que estava longe porque ele fumava.

- me desculpa – falou ele – eu sei que devia parar, mas simplesmente não tenho vontade e enquanto isso as pessoas nem querem chegar perto de mim.

Eu nem olhei para ele e continuei lá sentado torcendo para que viesse logo um ônibus. O homem olhou para mim esperando uma resposta e em seguida ele jogou o cigarro no chão e pisou em cima.

- será que agora você pode pelo menos conversar comigo?

Mais uma vez eu não respondi nada e claro, pensei que fosse apanhar outra vez. O homem deu dois passos para a frente e olhou meu rosto.

- você é o cara do ônibus – falou ele.

Olhei para ele e percebi que é o homem de olhos azuis acinzentados que tinha visto mais cedo dentro do ônibus. O que tinha vindo de Norfolk visitar um amigo.

Eu não respondi nada.

- não se lembra de mim? – perguntou ele mais uma vez – eu estou indo para o aeroporto. Meu voo sai em quarenta minutos.

Continuei em silêncio e dessa vez ele deu dois passos em minha direção. Nesse momento ele pode ver meu rosto. A metade do lado esquerdo é que estava inchada.

- meu deus – falou ele vindo até mim – você está bem? precisa de uma ambulância?

- não – falei com a voz fraco.

- o que aconteceu?

- nada – falei me levantando – vou embora.

- não vou deixar você ir. Você está muito machucado.

- não estou muito machucado, eu estou é sujo de sangue.

- vou chamar a policia.

- não, por favor.

- onde você mora?

- moro com uma amiga no Edifício Washington.

- me conta o que aconteceu – falou ele se sentando ao meu lado. Olhei nos olhos dele. Seu rosto era branco e ele usava uma barba preta no rosto que se destacava mais no cavanhaque. Nesse momento percebi que seus olhos eram no mesmo tom que os de David.

Levei um susto e tentei empurrá-lo. Já não estava mais respondendo por mim. tentei empurra-lo com todas as forças porque já não via o homem e sim David.

- se aclama – falou ele segurando meus braços forte me fazendo parar de tentar machuca-lo.

Meu coração estava disparado e tudo o que queria fazer era machucar quem chegasse perto de mim. tentei soltar minhas mãos, mas o homem era forte e conseguiu me deter.

- se acalma – falou ele ofegante – eu vou chamar um taxi e nós vamos para o apartamento da sua amiga OK? Eu não vou te fazer mal. Eu vou te soltar e você vai ficar calmo. Tudo bem?

Eu sinalizei afirmativamente com a cabeça, mas assim que ele soltou um dos meus braços eu levei até o outro braço dele tentando fazê-lo me soltar e acabei arranhando-o. Nesse momento o homem conseguiu me contar com apenas uma das mãos. Ele segurou meus dois braços e apertou forte.

- você vai ficar quieto OK? Eu não quero te machucar, mas se você continuar a se debater eu vou apertar mais forte.

O homem usou o braço direito para pegar o celular e chamar um taxi. O homem chamou o taxi e enquanto ele não chegava o homem ficou conversando comigo. A voz dele por algum motivo foi me acalmando a medida que ele conversava comigo. Ele falava sobre coisas aleatórias. Sobre a vida dele e sobre coisas que ele tinha visto no jornal naquele dia.

- você está melhor agora?

Eu não respondi e apenas balancei a cabeça positivamente.

- eu vou soltar suas mãos, me promete que não vai me atacar.

Novamente eu balancei a cabeça.

- eu quero que você diga.

- sim. Pode confiar – falei rouco.

- a propósito – falou ele soltando meus braços – meu nome é Kurt.

Assim que soltou meus braços eu alisei os pulsos que estava vermelhos. Ele tinha me machucado um pouco enquanto me segurava, mas eu admito que era preciso.

- como é seu nome? – perguntou ele respirando fundo agradecendo por eu não ter atacado ele novamente.

- Oliver.

- OK Oliver. Será que pode me dizer o que aconteceu com você?

Ao ouvir aquelas palavras mais uma vez eu tentei ataca-lo. Eu não tinha uma razão aparente, mas sentia vontade .

Mais uma vez ele segurou meus braços.

- OK – falou Kurt apertando suas mãos em meus braços impedindo que eu me movesse – você está em estado de choque Oliver. Eu sei que dói, mas eu vou segurar seus braços o mais forte o possível porque você pode machucar a mim ou a você mesmo. Eu não sei o que aconteceu com você, mas vai ficar tudo bem, eu vou te levar para casa OK?

Não me importei com o que ele disse porque tudo o que via era David me batendo, Marshall me fazendo chorar enquanto penetrava em mim e eu cuspindo um dos dentes após levar um soco de Tobias. Todas essas imagens embaralhadas em minha mente. Naquele momento não estava em um ponto de ônibus tentando agredir um estranho, mas em uma espécie de purgatório rodeado pelos acontecimentos de minha vida.

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Até a o próximo capítulo ;) Um abraço!!

Comentários

Há 3 comentários.

Por Ryan Benson em 2014-12-30 10:57:27
Cara eu não queria ta no lugar do Olli. Fala sério, é mto sofrimento pra uma pessoa só. E até o Tobias?! Véi eu tava começando a gostar dele! Que raiva!! Só falta o tal do Troy seduzir o Olli e dps matar ele, como é de praxe vendo a situação dele... Autor, faz um favor... deixa o Olli ser feliz!!! #DeixaoOlliSerFeliz #VeraoEmVermont :D
Por olivera em 2014-12-29 18:34:39
Ai ese capitulo foi triste mas adorei !!!
Por maickito em 2014-12-29 18:22:55
Oh meu deus ,amei amo todos seus contos principalmente o anterior hahaha