Capítulo 28: Estou Assustado

Conto de Junior_742 como (Seguir)

Parte da série Verão Em Vermont

Faltava dois dias para a festa. Começava a ficar realmente paranoico com aquelas mensagens que tinha recebido. Eu precisava descobrir mais sobre o que aconteceria naquela festa. Não estava convencido. Sei que corria um perigo real, mas precisava descobrir. Não conseguiria ficar em paz enquanto não descobrisse.

Tobias tinha ido embora no dia anterior logo após eu dispensá-lo. Tobias é um homem bom, ele foi um grande amigo quando precisei e foi um homem para mim me proporcionando sensações e sentimentos novos e únicos, mas foram as escolhas que fiz que me fizeram ver que Tobias e eu nunca ficaríamos juntos.

Só espero não ter magoado ele afinal ele merece alguém de bem. Alguém que possa retribuir de volta todo o amor dele. Sofri muito na minha vida e tinha acabado por crescer como um garoto sem sentimentos. Não consegui me apegar ao meu pai Dr. Marshall e nem a Tobias. Estou começando a achar que nunca vou me apegar a ninguém.

- bom dia – falou Amy se levantando.

- bom dia – falei colocando as panquecas em cima da mesa – fiz o café da manhã.

- como você está?

- estou bem. Porque a pergunta?

- porque a festa está se aproximando. Sobre toda essa história dessecara que se chama Troy/Deus. Você não está assustado?

- cada dia que passa eu fico mais assustado. Quanto mais perto chega dessa festa, mais assustado eu fico.

- então você não vai?

- eu não sei. Estava em perigo na casa do meu pai, mas agora que estou vivendo com você não acho que eu corro perigo.

- mesmo assim eu acho que devemos ir.

- porque? Não acha que estaremos muito mais seguros aqui?

- não estou pensando em segurança e sim em divertimento. Essa festa é divertida. Acho que você deve esquecer esse cara. Você nem sabe se é uma ameaça mesmo. Talvez seja só algum babaca tentando te assustar. Você sabe como é. Estamos nas férias e todo adolescente está a solta sem muito o que fazer.

- Talvez seja isso.

- nós vamos na festa então?

- vamos sim.

- ótimo – falou Amy começando a comer. Como estava com fome também em juntei a ela.

Depois que comemos eu decidi ir na casa do meu pai pegar minhas coisas. Como ele tinha dito que podia ir eu decidi fazê-lo afinal eu não queria terminar as coisas ruins. Querendo ou não ele é meu pai biológico.

Ao chegar na casa do meu pai eu subi as escadas. Amy me emprestou uma mala para que levasse o que pudesse. Levaria só o que conseguisse na primeira viagem, eu não voltaria mais lá.

Enquanto enchia a mala o interfone tocou. Levei um baita susto afinal não esperava que ninguém fosse lá e eu estava meio paranoico. Desci as escadas e ao abrir a porta vi uma mulher de cabelos negros.

- Oliver? – perguntou a mulher.

- quem quer saber?

- meu nome é Stephany. Eu trabalho no hospital St. Louis.

- eu te convidaria para entrar, mas …

- não precisa – falou ela com um sorriso – eu só vim te fazer um rápido pedido.

- pedido?

- sim.

- meu pai sabe que está aqui?

- não ele não sabe.

- olha eu não sei o que vai pedir, mas…

- amanhã é aniversário do seu pai.

- é aniversário dele?

- você não sabia?

- não.

- bom, amanhã é aniversário dele e decidimos fazer uma festa surpresa depois que acabar o expediente. Será algo no hospital mesmo.

- que bom, acho que ele vai gostar muito. Eu com certeza irei.

- o meu pedido vai além de um convite.

- o que seria?

- você é a melhor coisa que aconteceu nesse último ano ao Dr. Marshall e eu tenho certeza que ele adoraria ouvir algumas palavras suas em seu aniversário de quarenta e quatro anos.

- você quer que eu faça um discurso?

- sim.

- eu não sei. Sou um garoto tímido e nem sei mais o que dizer.

- pode dizer qualquer coisa. Todo mundo sabe tudo o que sofreu e sabemos que você é uma pessoa sincera. Apenas diga o que você sente em relação ao seu pai. Ele vai gostar muito.

- eu não sei Stephany…

- diga sim. Por favor. Eu fui encarregada de te convidar porque sou a mais convincente do hospital. Apenas diga que aceita ou todo mundo me mata no hospital.

- OK. Eu aceito.

- que bom – falou ela sorrindo.

- que dia é essa festa?

- amanhã ás oito da noite no quarto andar.

- Ok. Eu estarei lá.

Stephany se foi e eu fechei a porta. Me arrependi de ter ido até a casa. Agora tinha que fazer um discurso. Meu pai é um homem bom, mas não estava no clima de fazer discursos depois do que tinha acontecido entre nós.

Depois que enchi a mala eu chamei um taxi que me levou a casa de Amy. Amy tinha saído, mas não me importei. Coloquei as roupas no guarda-roupas e as outras coisas em cima da cômoda.

Depois disso tudo decidi escrever um discurso. Não tinha muita inspiração lá no apartamento vazio e sombrio então decidi ir ao meu lugar preferido para passeios. O Lago Champlain. Peguei um caderno e duas canetas e coloquei dentro de uma mochila na cor parda que encontrei dentro do guarda-roupas.

A casa da Amy ficava longe então peguei o ônibus. Quando entrei, para variar, ele estava lotado de adolescentes gritando e conversando. Esse era o lado ruim das férias de verão. A cidade se enchia de sacos de hormônios prontos para topar qualquer coisa e isso não era exclusividade de Vermont.

Andei até o fundo do ônibus procurando um lugar bem longe deles. Para a minha sorte encontrei um lugar vazio e me sentei.

Olhei para fora por um bom tempo imaginando como escreveria o discurso, mas minha mente estava boiando.

- essa cidade é sempre assim – falou alguém. Era um passageiro sentado do outro lado longe da janela.

- não sempre – falei olhando para ele. Um homem de pele clara, olhos azuis acinzentados e cabelos loiros penteados em um topete. Ele usava uma camisa de botões azul listrada com cinza abotoada até em cima com exceção do último botão que estava aberto apresentando um peitoral provavelmente peludo devido aos cabelos finos e grandes saindo pelo alto da camisa.

- então eu fui azarado.

- verdade – falei olhando para frente – vai ter uma festa no sábado e quanto mais perto chega do dia, mais bagunceiros aparecem.

- fazer o que né? Eu não tenho do que reclamar afinal eu já fui um desses bagunceiros na adolescência e aposto que você também.

- pois é – falei não dando muito atenção a essa parte – você não é de Vermont, certo?

- não. Eu sou de Norfolk, Virginia, só vim visitar um amigo.

- Norfolk?

- sim, já ouviu falar?

- na verdade não.

- é uma cidade bonita.

- é uma cidade pequena como essa?

- não. Ela é mais como um centro. Uma enorme cidade.

Ele estava com uma mochila nas costas.

- você está vindo do aeroporto?

- estou sim, como sabe?

- a etiqueta da viagem ainda está na mochila.

- verdade – falou ele tirando a etiqueta.

Eu forcei um sorriso e olhei para o outro lado.

Depois de mais um tempo de viagem finalmente cheguei a ponto mais próximo do lago.

- esse é meu ponto – falei me levantando.

- o meu é o próximo – falou ele.

- até mais – falei acenando e descendo do ônibus juntamente com um bando de adolescentes, todos indo para o lago.

Assim que o ônibus partiu eu rumei para o lago. Precisava espairecer as ideias para escrever o discurso idiota para o babaca do meu pai biológico. Essa é definitivamente a última coisa que faço por ele.

Fui até o local onde costumava pegar os recados escondidos na pedra e me sentei em cima dela. É claro que antes de me sentar procurei por algum novo recado, mas não havia. Confesso que pela primeira vez eu agradeci por não ter nenhum recado. Já estava paranoico o suficiente.

Comecei a pensar em algumas coisas e algumas frases que tinha ouvido em vários filmes que assisti depois que sai da casa de David.

Meu raciocínio começava a ser meu aliado quando levei um susto.

- olá – falou Helena chegando com um sorriso.

- oi Helena.

- está fazendo o que sentado ai?

- estou escrevendo.

- vemos lá para o lago.

- até que eu queria, mas eu preciso mesmo escrever.

- desculpa, estou te atrapalhando.

- não, não está. Eu estou sem ideias de qualquer jeito.

- para que? – perguntou ela se sentando ao meu lado na pedra.

- para meu pai. Ele faz aniversário hoje e ele terá uma surpresa no trabalho e eles me pediram para que eu escrevesse alguma palavras para ele.

- deixa eu ver o que você escreveu – falou ela pegando meu caderno.

Ela deu as duas linhas que tinha escrito e em seguida pediu minha caneta.

- posso escrever?

- fique a vontade – falei respirando fundo.

Ela segurou firme a caneta e em seguida escreveu várias linhas.

- acho que você pode trabalhar com isso. Se não tiver gostado não tem problema.

Peguei de volta o caderno e li as linhas que ela tinha escrito.

- ficou ótimo. Acho que não poderia fazer melhor do que isso – falei olhando para ela – onde aprendeu a escrever assim?

Sempre gostei de escrever. Tenho um caderno lá em casa cheio de poemas. Depois eu te mostro.

- adoraria.

- e então? Agora você pode vir comigo até o lago, você não tem desculpas e me deve uma.

- tudo bem – falei me levantando e guardando o caderno e a caneta na mochila.

Fui com Helena em direção ao lago. Ao longe vi um grupo de garotos juntos jogando bola e nadando. Foi nesse momento que vi Troy, o amigo de Helena.

Senti uma pontada de medo e curiosidade. Será que Troy seria o mesmo “Troy” que me enviava mensagens?

- quer saber? – falei parando e fingindo que procurava algo nos bolsos – eu preciso ir Helena.

- porque?

- eu esqueci meu celular em casa e meu pai gosta de me ligar pelo menos umas duas vezes pra saber que estou bem. ele é meio paranoico e se eu não atender ele vai colocar a policia toda atrás de mim.

- OK, tudo bem -falou ela passando os cabelos para atrás da orelha.

- obrigado por me ajudar.

- sem problema, te vejo na festa então?

- sobre isso…

- não vai me dizer que você não virá a festa?

- é que…

- sem desculpas Ollie. Você tem que vir.

- porque você quer tanto? Porque você e Troy querem tanto que eu venha a festa? Por acaso são vocês que estão tentando me assustar?

- te assustar? Do que está falando?

- não é nada – falei respirando fundo – estou só… é que não costumo sair. Não tenho amigos.

- sabe porque Troy e eu insistimos tanto? Troy é paramédico no hospital Sant. Louis.

- o que quer dizer com isso?

- Troy sabe quem é você e sua história. Ele me contou. Estávamos apenas tentando facilitar para você fazer amigos.

- Mais alguém sabe?

- não. Troy só contou para mim – falou ela respirando fundo – então, você vai aceitar nossa ajuda e vir a festa?

- sim. Eu vou.

- ótimo – falou ela.

- quer saber? Acho que vou ficar aqui com vocês.

- tem certeza? Seu pai não vai se importar?

- não vai não.

- ótimo – falou ela seguindo caminho e eu fui logo ao lado dela.

Decidi ir com ela afinal eles sabiam da minha história e só estavam tentando ajudar. Ainda bem que Helena havia me ajudado com o tal discurso porque eu não estava nenhum pouquinho inspirado a escrever nada muito sentimental para meu pai. Não depois de tudo o que aconteceu. Agora eu estava ansioso louco para chegar logo a noite para que fizesse esse discurso de uma vez.

---------------------

Até Amanhã!! ;) obrigado a todos pelos comentários!

Comentários

Há 2 comentários.

Por Ryan Benson em 2014-12-27 21:12:58
Eu tbm não confio nesses dois (Helena e Troy), acho que eles tão armando uma pra cima do Olli, se fosse ele tomava mais cuidado. E eu tbm acho que foi o Marshall que mandou a mulher lá na casa dele pra falar com o Olli, bem na hora que ele estava lá. Enfim... está otimo como sempre e eu estou adorando. Um abraço!
Por willianzinho em 2014-12-27 19:49:41
Mais um capítulo em quê vc faz questão de nos deixar mais curiosos, já tô até sem as unhas aqui kkkkkkkk. Mas é sério, quem será esse "deus" e o que quer com o ollie. Essa Helena e esse troy não confio neles, mas talvez seja só impressão. Posta logo e mate nossa curiosidade pelo amor de Deus kkkkkkkk. Bjs :*