Capítulo 27: A Escolha

Conto de Junior_742 como (Seguir)

Parte da série Verão Em Vermont

Não existem decisões erradas. Existem decisões. Meu pai tinha decidido dormir comigo. Eu decidi levar a diante. Meu pai decidiu me ignorar. Eu decidi insistir. Nenhuma dessas decisões tinham sido inteligentes e nos levaram onde estamos agora.

Meu pai decidiu me humilhar no hospital. Eu já encerrei a cota de pais ruins por uma vida. Minha última decisão tinha sido tomada baseada nas anteriores: decidi ir embora da casa de Broderick Francys Marshall, mais conhecido como meu “pai atual”.

Amy finalmente havia chegado na casa do meu pai. Abri a porta e ela me olhou de cima em baixo.

- você não vai levar nada? Só a roupa do corpo?

- nada nessa casa nunca foi meu de verdade. De fato, Dr. Marshall ainda nem me registrou como filho. Eu sou um convidado e se levar algo será roubo. Eu continuo sendo Oliver Bowler Maxfield.

- você não o chama mais de pai?

- foi ele mesmo que pediu.

Na verdade meu pai tinha me pedido para não chama-lo de pai quando estivéssemos na cama, mas decidi entender esse pedido para a vida toda afinal ele me via como um amante e não como filho.

- que estranho – falou Amy.

- você têm certeza que não vou te atrapalhar? Eu não pediria para morar no seu apartamento se não estivesse sem ninguém.

- primeiro, não. Você não vai atrapalhar, você é bem vindo e segundo: você tem alguém. Você tem seu pai.

- ele não é meu pai ele deixou bem claro.

- Oliver, os pais erram de vez em quando. Você precisa perdoá-lo.

- é mais complexo do que isso Amy. Não é só o episódio do hospital. Tem muito mais coisa.

- eu vou ouvir essa história um dia?

- quem sabe.

Ao sairmos entrei no carro de Amy e nós fomos em direção ao apartamento dela. Era um lugar modesto e estranhamente aconchegante. Me senti em casa ao colocar os pés nele.

- fique a vontade – falou Amy me levando até o quarto.

- esse será seu quarto. Tem cobertores no guarda-roupas.

- obrigado mesmo Amy.

- o que você vai fazer quanto a suas roupas?

- sinceramente? Não sei.

- eu posso te emprestar algum dinheiro.

- não queria abusar da sua bondade Amy.

- Oliver, nós somos amigos. Não é nenhum abuso.

- obrigado – falei abraçando ela novamente.

Depois de uma hora, estava finalmente instalado no apartamento dela. Não tinha muita coisa para colocar no quarto a não ser meu corpo. Estava deitado na cama pensativo. Não sabia bem o que fazer.

Amy bateu na porta do quarto e em seguida a abriu.

- vamos almoçar fora? – perguntou ela.

- acho que não. Se você quiser ir pode ir.

- eu pago pra você.

- não Amy. É muito abuso.

- talvez a visita pague pra você.

- visita? Eu tenho visita?

- tem.

Me levantei e sai do quarto eufórico. Tobias estava parado no meio da sala.

- Amy me contou o que aconteceu – falou Tobias.

Fui até ele e dei um abraço forte. Tobias beijou meu pescoço e retribuiu o abraço.

- sinto muito Oliver. Nem sei o que dizer.

- não diga nada. Não tem nada o que ser dito. Eu já estou acostumado com isso.

- eu passei em uma loja antes de vir – falou ele me mostrando uma sacola cheia de roupas.

- não precisava.

- eu tive que chutar o seu tamanho afinal não sabia.

- obrigado – falei abraçando ele novamente.

- por nada – falou Tobias levando sua mão até meu rosto virando-o. Em seguida ele deu um selo. Em seguida ele deu um sorriso e alisou meu rosto com seu dedão.

- obrigado de verdade.

- vai se vestir, nós vamos almoçar fora – falou ele me soltando.

- OK – falei entrando no quarto. Vesti uma das roupas. Ao contrário do meu pai que havia errado meu número, Tobias tinha acertado em cheio. As roupas tinha ficado perfeitas em mim.

Sai do quarto e em seguida nós almoçamos. Fomos a um restaurante perto do hospital onde meu pai trabalha. Era difícil encontrar algo que não fosse perto de lá porque Amy morava próximo ao hospital.

Depois que terminamos de comer decidimos continuar lá conversando um pouco antes de irmos embora.

- Tobias eu queria conversar com você sobre uma coisa.

- sobre o que?

- sobre meu irmão Jake.

- seu pai não quis ajuda-lo?

- na verdade eu nem cheguei a conversar com ele.

- tem certeza que tomou a decisão certa? – perguntou Tobias – você precisa perdoá-lo.

- a Amy me fez a mesma pergunta.

- isso é verdade – falou Amy – ele me disse que via além do que aconteceu no hospital.

- o que mais pode ter acontecido?

- eu prefiro não conversar sobre isso. Estou querendo esquecer o que aconteceu.

- tudo bem – falou Tobias.

Nós nos levantamos e fomos até o caixa pagar a refeição.

- Amy você paga pra mim e assim que tiver dinheiro eu pago.

- eu pago pra você – falou Tobias.

- não precisa.

- precisa sim – falou ele entregando o dinheiro.

- depois eu te pago.

- não precisa – falou Tobias – não insista nisso, eu já disse que não precisa.

- tudo bem.

Nós saímos do restaurante e caminhamos de volta a casa de Amy. Tobias segurou minha mão e nós caminhamos um ao lado do outro.

Era incrível a diferença entre dr. Marshall e Tobias. Enquanto Marshall tentava me evitar a todo tempo, Tobias conversava comigo abertamente. Me sentia diferente com Tobias.

Nunca perdoarei meu pai por isso. Ele tinha minha virgindade e tinha dito que me amava e no final das contas ele só queria uma noite de aventura porque no fundo nós dois não éramos pai e filho. Apesar de sermos parentes sanguíneos nós nunca tivemos a relação de um pai e filho. Não tínhamos laços. Ter feito sexo com ele foi como fazer sexo com um outro homem qualquer.

Ao chegarmos no apartamento de Amy Tobias se enfiou no quarto comigo.

- não podemos ficar aqui dentro. Amy pode não gostar.

- Amy não se importa – falou Tobias me puxando e se deitando na cama. Eu cai ao lado dele.

- você não precisa ir embora?

- pare de arranjar desculpas para não ficar comigo. Você não quer ficar comigo? Não gostou da tranza que tivemos é isso?

- não é isso Tobias.

- é sim. Eu não devia ter feito algumas coisas que fiz. Acho que foi muito pesado levando em consideração oque era sua última vez, mas é que estava te desejando tão intensamente que…

- cala a boca Tobias – falei finalmente me dentando próximo a ele e levando minha mão ao peito dele – você foi perfeito. A minha primeira vez foi perfeita e não voltaria atrás. Tudo o que fizemos está feito e eu não penso em outra coisa desde que nós fizemos.

- da última vez que me mandou calar a boca você jogou um copo de água em mim.

- eu posso ir lá na cozinha pegar um copo se quiser.

- não precisa – falou ele beijando minha boca. Apenas um selo.

- nós não podemos Tobias.

- porque?

- você é casado.

- você está certo Oliver. Eu sou casado, mas meu casamento já era. Ele está em ruinas. Harold e eu não somos um casal a muito tempo. Nosso casamento está desmoronado no chão esperando para ser reconstruído. Harold disse que está disposto a tentar, mas eu não tenho tanta certeza.

- viu só? Eu só estou atrapalhando.

- você não está atrapalhando, você está me ajudando a decidir o que eu quero.

- o que você quer?

Eu estou disposto a te escolher Oliver. Estou disposto a me divorciar de Harold. Você é o único motivo que tenho. Tudo o que preciso saber é se você está disponível se você está disposto a tentar.

- eu não tenho certeza.

- eu gostaria de dizer que posso esperar você para sempre, mas eu não posso. Posso esperar mais algum tempo, mas espero que não demore para se decidir. Se você estiver disposto eu peço o divórcio, mas se não eu vou continuar com Harold.

Antes que pudesse dizer mais alguma coisa Amy bateu na porta.

- você tem outra visita – falou Amy.

- quem é?

- seu pai – falou ela fechando a porta do quarto.

- você precisa conversar com ele – falou Tobias.

- OK – falei me levantando – você vem comigo?

- essa é uma conversa que você precisa ter com o seu velho.

- tudo bem – falei saindo do quarto.

Dr. Marshall estava parado no meio da sala.

- Oliver! O que você está fazendo? Eu cheguei em casa e você não estava lá.

- sim. Decidi ir embora Dr. Marshall.

- não precisa me chamar de Dr. Marshall. Você é meu filho.

- preciso sim, foi você quem me pediu, lembra?

- eu não pedi nesse sentido Oliver.

- você me quer de uma maneira que eu não quero me dar.

- me perdoa por ter gritado com você no hospital.

- eu te perdoo, mas não vou voltar a viver com você.

- por favor. Você é meu filho.

- você não me vê dessa forma. Eu não te vejo mais como um pai. Você é só um estranho que me seduziu e tirou a coisa mais preciosa que eu tinha. Você me usou.

Dr. Marshall olhou para o chão pensativo e depois respirou fundo. Agora nós conversávamos praticamente cochichando.

- você vai mudar de idéia – falou ele com um meio sorriso – eu sei que você vai mudar de idéia.

- eu não vou mudar de idéia.

- sim você vai. Você vai perceber que eu sou o único homem para você.

- eu já estou com outra pessoa.

- como é? Com quem? – perguntou ele nervoso.

- me perdoa Dr. Marshall, mas isso não é da sua conta.

Meu pai pareceu abalado, pensativo e nervoso.

- você ainda tem a chave da minha casa?

- tenho sim, eu te devolvo agora mesmo.

- eu não quero a chave. Eu quero que você vá lá e pegue suas coisas. Elas são suas eu comprei pra você.

- não precisa.

- precisa sim – falou ele parecendo mais calmo – amanhã eu estarei no trabalho, você pode ir e pegar suas coisas e não vamos nos encontrar. Eu respeito sua decisão.

- obrigado por respeitar.

- boa noite – falou meu pai saindo do apartamento de Amy

Tinha feito minha escolha naquele momento.

- você está bem? – perguntou Tobias.

- estou sim – falei indo até ele e abraçando-o.

Ele beijou meu rosto e me abraçou forte. Ele sabia que eu precisava desse abraço.

- você quer que eu peça o divorcio? – perguntou Tobias.

- não.

- porque? – perguntou ele intrigado.

- eu pensei bem e decidi que preciso ficar sozinho.

- eu gosto muito de você Oliver!

- sim, eu também gosto de você, mas fiz escolhas estranhas nessa última semana. Escolhas das quais me arrependo. Acho que o que aconteceu entre nós dois foi apenas o calor do momento.

- mas nós dois fomos feitos para ficar juntos. Eu devis ficar com você. Eu fui o seu primeiro.

- não Tobias. Você não foi meu primeiro. Eu menti. E parte disso é culpa minha porque eu me entreguei a alguém que não devia. Você me tratou bem, me fez sentir coisas que ninguém me fez sentir antes, mas eu sinto que preciso estar no controle da minha vida. David controlou minha vida a muitos anos e eu me odiei por cada escolha que ele fez por mim. Se eu ficasse com você, essa não seria uma escolha minha e eu me odiaria pelo resto da vida.

- mas nós nos amamos – falou Tobias tocando meu rosto.

- eu não amo ninguém Tobias. Me perdoa dizer isso, mas eu não amo ninguém e não vou dizer que amo só porque é estranho não amar, mas a verdade é que não amo ninguém. Nem você, nem meu pai e nem minha mãe. Nunca tive amor na minha vida, nem sei como é esse sentimento. Achei que amava, mas a verdade é que nunca amei. Você é um cara legal, mas precisa de alguém que possa retribuir esse sentimento.

- você tem certeza?

- sim. Eu apreciaria muito se você respeitasse minha decisão.

- OK – falou ele respirando fundo.

Tobias olhou para mim antes de sair. Respirei fundo e me sentei. Pela primeira vez havia feito uma escolha pensando em mim mesmo. Me sentia bem. tudo o que precisava era saber que tinha o controle da minha própria vida.

Comentários

Há 4 comentários.

Por Ryan Benson em 2014-12-26 01:21:34
Cara, o Olli ao longo da historia fez muitas escolhas erradas, mas agora essa ultima decisão deve ter sido muito dificil pra ele, tbm por causa do Tobias, que aparentemente gosta muito dele. Achei que ele escolheria ficar com Tobias, mas não foi oq aconteceu. Só espero que ele encontre o amor dele de verdade. Autor, um abração pra ti!
Por willianzinho em 2014-12-25 18:38:37
Um amigo meu me havia indicado para ler paixão secreta, a versão reescrita q tem no seu blog. Simplesmente perfeita, chorei pacas com o sofrimento do mickey, e adorei o final (exceto pela morte do adam). E essa serie também eh uma obra prima, vc eh um grande escritor e não deixe um anônimo bosta dizer o contrario. Ansioso pelo próximo capítulo. :*
Por olivera em 2014-12-24 19:39:04
Cada cada capitolo melhor que o outro !!!
Por Léo Allen em 2014-12-23 23:08:58
Aaaahhhh, fiquei triste, queria tanto que Tobias e Olie ficassem juntos. Mas eu adorei o capítulo. Ansioso para o próximo! Bjus.