Capítulo 25: XXX

Conto de Junior_742 como (Seguir)

Parte da série Verão Em Vermont

A maioria das pessoas vive uma vida medíocre e não experimentam a maioria dos sentimentos existentes. A maioria delas apenas existem e suas existências são insignificante. Minha vida era assim a pouco tempo atrás. Se eu morresse ou desaparecesse ninguém notaria, mas agora eu estava realmente vivendo. Tinha feito algumas amizades e descoberto o amor e o sexo.

Duas semanas se passaram desde que eu tinha feito o exame de sangue para saber se tinha alguma DST. Tinha feito sexo com Tobias e meu pai e precisava saber se estava limpo afinal nenhum deles podia saber que eu fiz sexo com o outro.

Estava com medo do resultado e não criei coragem para ir pegá-lo. Deixei para ir no outro dia.

Havia passado o dia todo fora. Havia ido dar uma volta no Lago Champlain e encontrei Troy e Helena. Eu estava assustado com o último recado que tinha recebido. Meu correspondente Troy/Deus havia me dito para tomar cuidado na festa. Decidi que não iria nessa festa e ficaria em casa.

Almocei com meus novos amigos e tinha acabado de chegar em casa.

- bom dia pai – falei batendo na porta do quarto dele. Era terça-feira e meu pai tinha dormido o dia inteiro porque ele estava no turno da noite. O relógio marcava cinco e meia da tarde.

- Oliver? – perguntou ele abrindo os olhos.

- sou Dr. Marshall – falei entrando no quarto e me dentando ao lado dele na cama.

Meu pai fechou os olhos e respirou fundo e em seguida bocejou.

- acho que eu não conseguiria trabalhar a noite se fosse preciso – falei me aproximando dele e colocando minha mão em seu rosto. Eu queria ter algum contato com ele só dessa forma saberia se ele gostava mesmo de mim.

- eu também achava que não conseguiria – falou ele olhando para mim com um sorriso que me pareceu forçado. Me aproximei para dar um beijo na boca dele, mas meu pai se levantou – preciso ir se não me atraso.

- OK – falei continuando deitado.

- você vai ficar bem a noite? Vou ficar pelo menos duas semanas nesse turno.

- vou ficar bem sim.

- você passou o dia todo fora?

- passei sim. porque?

- por nada – falou ele forçando um sorriso e entrando no banheiro.

O relacionamento com meu pai estava apagando. A chama que estava acesa no começo se apagou e na minha opinião havia se apagado muito rápido. Eu disse que não faria sexo com meu pai até que ele me tratasse melhor e eu acabei cumprindo essa promessa porque meu pai não me procurava mais por sexo.

Meu pai tinha dito que me amava e que estava apaixonado por mim, mas começava a pensar que isso era uma mentira. Meu pai parecia não estar mais interessado em mim como homem, mas estava sempre insistindo afinal ele não podia simplesmente me seduzir, ter minha virgindade e depois me jogar de lado. O mundo é assim tão cruel?

Me levantei da cama dele e sai do quarto. Tomei um banho e ao descer as escadas meu pai estava tomando café. O sol lá fora começava a se por e a noite invadia.

- se divertiu com seus amigos? – perguntou meu pai puxando assunto.

- sim senhor –falei me sentando ao balcão. Deixei meu pai sentado sozinho na mesa.

- senta aqui comigo – falou ele apontando para a cadeira.

- tudo bem -falei me levantando e se sentando ao lado dele.

Meu pai colocou o café em cima da mesa e me puxou dando um beijo na minha boca. Um selo.

- me desculpa se não estou te tratando da maneira certa – falou meu pai dando outro selo e depois um beijo de língua. Me rendi e devolvi o beijo. Estava tão feliz por estar errado. Meu pai era meu príncipe. Meu rei.

- não se preocupe com isso pai – falei com um sorriso.

- eu me preocupo sim. Você é meu filho e eu gosto muito de você. Sei que tenho te tratado diferente nessas últimas semanas, mas quero que saiba que me sinto exatamente igual em relação o você. O trabalho tem me estressado muito.

- não se preocupe Brody – falei beijando a boca dele.

- OK – falou ele dando um beijo no meu rosto e se levantando – você via naquela festa?

- eu fui convidado. Troy e Helena estão insistindo, mas estou pensando em ficar aqui.

- eu acho que você deveria ir. Você não deveria se privar. Vá a festa.

- tudo bem. acho que vou pensar na possibilidade de ir.

- até amanhã – falou meu pai acenando e saindo de casa.

Meu pai agia um pouco estranho em relação as minhas escolhas. Um dia ele briga quando saio de casa e no outro ele tenta me tirar a força. Hoje mesmo eu passei o dia todo fora e ele tinha me aconselhado muito a ir. Ele me deu a maior força. Era como se um dia ele me quisesse e no outro não.

Faltava quatro dias para a festa. Parece que todos em Vermont estavam ansiosos pelo sábado. Eu admito que também estava ansioso, mas ao mesmo tempo nervoso devido ao recado que recebi.

Decidi ir ao lago novamente. Deixaria outro recado para meu correspondente. Precisava saber mais antes de sábado.

Fui até o lago e rapidamente em direção a pedra. Estava um pouco escuro afinal já era quase sete da noite. Olhei para o lago e a visão era linda. A água ondulava lentamente com a brisa gelada. Por alguns instantes esqueci dos meus problemas e apenas admirei a beleza da natureza.

Era por momentos como esse que eu tinha enfrentado meu “pai” David. Eu só queria a liberdade de sair de casa apenas para dar um passeio. Ao ver aquela cena eu percebi que tudo valeu a pena.

Voltei a procurar por algo atrás da pedra e antes que pudesse ver se tinha algo ou não alguém me assustou.

- Oliver! – falou alguém tocando meu ombro. Dei um pulo e me virei assustado. Era Jake.

- Jake! – falei indo até ele para um abraço – você está bem?

- estou sim! – falou ele retribuindo o abraço.

- você me deixou preocupado Jake! Você desapareceu!

- eu te disse que não quero atrapalhar sua vida.

- você não atrapalha minha vida Jake. Você é meu irmão. Independente do que o sangue diz.

- Oliver por favor…

- por favor você Jake! Eu sou seu irmão e você vai me deixar te ajudar! Ok?

Jake respirou fundo e por alguns instantes ele hesitou.

- Jake… só eu sei tudo o que você sofreu! Na minha vida toda eu sofri dez por cento comparado a você. Você é o verdadeiro lutador! Você é o verdadeiro vencedor. Você é que merecia ter outra família, não eu.

- não diga isso Oliver. Você sofreu também e eu não fiz nada. Tive inúmeras oportunidades de amenizar sua dor r eu fazia o contrário eu fazia de tudo para que você sofresse mais.

- em nenhum momento eu fiquei com raiva de você pro isso Oliver. Você é meu irmão. Me deixe te ajudar. Seja meu irmão.

- tudo bem – falou ele forçando um sorriso.

- obrigado – falei abraçando ele novamente – obrigado por me deixar te ajudar.

- tudo bem – falou ele olhando para a pedra – o que você estava procurando ali? Deixou algo cair?

Nesse momento me lembrei do real motive de estar ali.

- Jake, por acaso é você que tem deixado recados para mim?

- recados? Que recados?

- não é nada é só uma loucura minha. Alguém tem deixado bilhetes para mim e eu pensei que fosse você!

- não fui eu.

- porque você veio aqui então?

- na verdade eu faço esse caminho todos os dias nesse horário. Eu estava voltando do trabalho.

- todo esse tempo e você passava por aqui – falei mais tranquilo – você está trabalhando em que?

- trabalho em um restaurante aqui no centro. Sou ajudante de cozinha.

- que bom. Eu nunca imaginei que você fosse bom cozinheiro.

- você nunca teve a chance de provar.

- isso é verdade.

- quem sabe um dia eu não cozinho pra você.

- isso será em breve – falei caminhando com ele de volta – eu vou conversar com meu pai assim que eu tiver a chance. Eu tenho certeza que ele vai te ajudar. Tenho certeza que ele vai te acolher.

Jake e eu caminhamos de volta até o momento em que tivemos que nos separar.

- te vejo em breve Jake – falei abraçando-o.

- espero que sim – falou Jake me abraçando meio sem jeito e em seguida partindo e acenando.

Atravessei o lago novamente a caminho de casa. Alguns casais andavam na rua alguns de mãos dadas e outros não.

- Oliver! Oliver! – alguém gritou meu nome.

Parei e olhei em volta procurando por alguém e ao longe eu vi Amy. Quase não acreditei.

- Amy! – falei correndo na direção o dela e ela veio correndo na minha direção. Nós demos um tremendo abraço – você está de volta – falei animado.

- estou sim. Estava em meus planos passar o verão todo lá, mas decidi voltar mais cedo. Não conseguia parar de pensar em você

- que bom que voltou. Tenho tantas coisas para contar. Tanta coisa aconteceu desde que você se foi.

- eu vou querer ouvir tudo – falou ela segurando em minha mão e nós seguimos caminhando até minha casa.

- e então? Como foi lá?

- sabe as imagens na televisão que vemos nas crianças africanas tão magras? É tudo tão real. É tão estranho quando passamos pelo vidro da televisão e vemos que tudo é real. Me senti tão bem por estar lá ajudando-os. A gente pensa que não faz a diferença, mas a verdade é que cada um que vai para lá faz uma enorme diferença.

- quem sabe um dia eu não vou.

- quem sabe no próximo verão – falou ela rindo.

- o que você fazia por aqui? Faz tempo que voltou?

- eu cheguei ontem. Tive que fazer vários exames por causa da viagem e decidi dar uma volta no lago.

- você vai na festa?

- claro. Todo o ano eu venho. Lembro quando eu te convidava e você dizia que pensaria e no final das contas você nunca vinha? Eu pensei que você não gostava da minha companhia.

- pois é. A verdade é que meu pai nunca deixava.

- espero que seu pai novo não seja tão exigente quanto David era.

- meu pai é totalmente diferente. Ele inclusive hoje estava me incentivando a ir a festa.

- que bom. Fico feliz por finalmente poder ir.

- eu também.

Amy e eu caminhamos até minha casa. Quando chegamos eu peguei a chave e destranquei o portão. Amy entrou e eu fui junto com ela atravessando um breve caminho feito com pedras de mármore brancas até a casa.

- e o Tobias? – perguntou Amy tentando conter um sorriso.

- o que tem ele?

- quero saber como vocês estão. Vocês tem se falado?

Eu fiquei em silêncio e envergonhado. Nós paramos de andar assim que viramos a direita e chegamos finalmente em frente a casa.

- o que foi? Me conta?

- Tobias e eu fizemos sexo – falei de uma vez.

Amy não demonstrou reação e sua cara foi de assustada.

- o que foi Amy? Eu pensei que não ficaria tão chocada com essa noticia.

Amy não falou nada, mas ela não olhava para mim. Sua cara de espanto olhava para a casa.

- o que foi Amy? – falei olhando para a mesma direção que ela. Agora eu entendia o espanto.

- o que é isso? – perguntou Amy.

Eu dei dois passos para frente e olhei para todos os lados. Meu coração acelerou.

EU SOU DEUS, EU SOU DEUS EU SOU DEUS, EU SOU DEUS

Essa frase estava pinchada nas paredes da frente e no chão com uma tinta vermelha na cor de sangue. Ficou mais destacado ainda porque a frente da casa trazia a cor branca e prateado. O vermelho se destacou.

Nas janelas haviam a letra “X” repetida três vezes: XXX.

Amy deu dois passos ficando ao meu lado. Eu apertei forte a mão dela e olhei para ela.

- preciso te contar uma coisa – falei ofegante.

Amy olhou para mim atenta a ouvir o que eu diria.

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Um abraço a todos!!

Comentários

Há 3 comentários.

Por Ryan Benson em 2014-12-20 11:59:02
Que sinistro véi... ta parecendo cena de filme de terror! Será que tem alguém querendo pegar o Olli?... Ansioso pelo proximo capitulo, um abraço!
Por Fleur em 2014-12-20 04:03:36
Ha o Oliver é muito ingenuo ou muito tapado sobre a relação dele com o pai, eu acho que não vai para frente, bom eu preferia o Tobias e o Olie, agora uma duvida cruel que você colocou na minha cabeça quem pinchou "EU SOU DEUS?, e o melhor de tudo qual foi o MOTIVO disso. Curiosidade a millllll....
Por Léo Allen em 2014-12-20 01:13:02
Aaaahhhh, to pulando aqui de ansiedade, fiquei arrepiado com os"EU SOU DEUS" nas paredes da casa, será que foi esse Troy? haha Duplamente curioso desta vez! Nao deixe de postar! Posta logo, kkkkkkk. Abraços!