Capítulo 19: Fantasia

Conto de Junior_742 como (Seguir)

Parte da série Verão Em Vermont

Abri os olhos devagar. Estava na mesma posição de quando fui dormir. Minha mão continuava repousada em seu peito. respirei fundo me lembrando da noite passada. Tentei sentir o cheiro do homem que tinha cuidado de mim na noite passada, mas não senti. Abri os olhos devagar e percebi que meu pai não estava mais lá. Minha mão estava repousada no travesseiro.

Achei estranho no começo, mas ao olhar no relógio percebi que eram quase oito da manhã. meu pai provavelmente já estaria no hospital. Me movi um pouco e percebi que estava de roupa. Levantei o cobertor e percebi que estava de cueca e bermuda. Era estranho porque quando dormi estava completamente nu.

- o que está acontecendo? – perguntei alto para mim mesmo.

Tentei me lembrar da noite passada e tudo o que vinha em minha mente era meu pai. O modo como me tocou, como me abraçou quando chorei sentindo ele penetrar suavemente seu enorme membro traçando seu lugar dentro de mim.

Por alguns instantes senti uma ótima sensação e foi quando percebi. Tudo não passou se um sonho. Teria eu imaginado tudo? Tentei me lembrar do jantar. Será que nós comemos e conversamos e fomos nos deitar?

Me levantei rapidamente e olhei em volta no quarto. Não havia nada que me comprovasse que a noite anterior foi real. Respirei fundo e dei alguns passos. Não senti nada no traseiro. Nenhuma dor. Devido a noite passada eu deveria sentir algo, não?

Saí do meu quarto apressado e passei pelo corredor. Ao passar a porta do quarto do meu pai eu a abri vagarosamente, mas ele não estava lá. Desci as escadas rapidamente e meu pai estava na cozinha pronto para ir ao trabalho.

- bom dia – falou ele com um sorriso.

- bom dia – falei ofegante.

- tudo bem com você? Parece encabulado.

- estou bem – falei tentando parecer natural como se nada tivesse acontecido.

- está bem mesmo?

- posso te perguntar uma coisa?

- pode – falou ele parando.

- onde você dormiu essa noite?

- onde dormi? – perguntou ele rindo – no meu quarto. Porque?

- não é nada – falei disfarçando.

- estou saindo para o trabalho, você vai ficar bem sozinho?

- vou sim.

- que bom – falou ele passando por mim apressado – até a noite – falou ele saindo com um sorriso.

- até – falei ouvindo a porta se bater.

Fui até a cozinha e vi que as louças estavam lavadas. A cozinha estava intacta. Nada parecia ter acontecido. Nós tínhamos realmente jantado. Nada do que aconteceu na noite anterior foi real. Porque será que eu tinha criado tudo aquilo?

Me sentei no balcão e respirei fundo fechando os olhos. Agora eu me lembrava. Nós nadamos, jantamos e eu não tive coragem de conversar com ele sobre Jake. Tudo vinha como flashback em minha mente. O que realmente tinha acontecido aquela noite.

Depois do jantar nós lavamos as louças e fomos nos deitar. Ao me deitar na cama fiquei pensando no meu pai, mas não estava pensando nele como meu pai e sim como no Dr. Marshall.

- nada foi real – falei respirando fundo.

Eu estava desejando meu pai e tinha imaginado tudo aquilo enquanto me masturbava. Nunca tinha me masturbado antes, não dessa forma. Pela primeira vez me masturbei pensando em alguém e tinha sido tudo tão real e tão encantador.

- que droga – falei comigo mesmo – não podia ter feito isso.

Não queria desejar meu pai. Já havia sofrido muito no passado e agora que tudo tinha se resolvido, estava começando a criar problema. Não poderia desejar aquele homem e viver na mesma casa que ele, afinal o homem ao qual estou falando é meu pai.

- quer saber – falei me levantando – não vou mais pensar nisso.

Tentei ocupar minha mente com outras coisas.

Troquei de roupa e decidi dar um passei no Lago Champlain. Quem sabe eu não encontro Jake novamente. Ele sim merecia minha atenção naquele momento.

Fui até o lago e ao chegar lá estava como no dia anterior, mas dessa vez havia mais pessoas. Algumas fazia piquenique e outras apenas tomavam banho. Passei pelas árvores e fui até o local onde tinha encontrado Jake no dia anterior. Havia uma pedra onde me sentei e fiquei lá esperando por ele. Era loucura esperar por ele sem nem termos marcado nada, mas precisava fazer algo além de ficar em casa pensando na fantasia da noite anterior.

- Oliver? – falou uma voz logo atrás de mim.

Olhei para trás e vi o detetive Holloway.

- detetive Holloway.

- como você está? Não te vejo desde o hospital.

- estou bem – falei me levantando.

- o que está fazendo aqui?

- porque quer saber? Está me seguindo?

- não, claro que não.

- acho que já vou indo – falei me levantando e ao passar por ele o detetive segurou meu braço.

- não vai – falou ele segurando meu braço de leve. Eu me assustei e puxei o braço – me desculpa não queria te assustar.

- tudo bem – falei respirando ofegante.

- eu só… só quero conversar.

- eu não tenho nada para conversar com você.

- eu me sinto mal – falou ele de uma vez – me sinto mal por não ter te escutado quando me disse sobre seu pai. Fui um idiota.

- sim. Você foi – falei respirando fundo.

- eu queria que houvesse um jeito de te compensar.

- quer saber? Você não têm culpa. Você não é o único que se sente culpado com isso. Todas as pessoas que me conhecem a muito tempo se sentem culpadas. Culpadas por não terem percebido, mas a verdade é que os únicos culpados são David e Stella. Ninguém podia ter previsto. Ninguém olha para uma família e pensa: “será que existe algo de sombrio?”, “será que o pai abusa dos filhos e a mãe os acoberta?”. A culpa não foi sua. É claro que você podia ter me dado atenção naquele dia, mas não faria muita diferença porque tudo já tinha acontecido desde que eu era pequeno. Então por favor detetive, pare de pedir desculpas.

- OK – falou ele sem graça – mesmo assim… eu não consigo imaginar como você consegue prosseguir. Eu não consigo.

- um dia de cada vez – falei forçando um sorriso.

- Oliver, quero que saiba que se um dia você precisar de algo é só pedir. Ok?

- você vai se sentir melhor se eu disser que sim?

- um pouco.

- sim. Se um dia precisar de algo não vou hesitar em te pedir.

- ótimo – falou ele com um sorriso – vou deixar você em paz – falou ele seguindo o caminho – tenha um ótimo dia.

- vou ter – falei voltando a me sentar na pedra.

Esperei por duas horas. Sei que não têm lógica, mas quando você não tem outra saída você faz o que é preciso. Esperei por duas horas e meu irmão Jake não apareceu. Ao me levantar de onde estava sentado dei a volta na pedra e vi que atrás dela tinha um papel embolado. Afastei umas plantas e peguei o papel de desdobrei.

MEU NOME É TROY, COMO É SEU NOME?

Achei aquela mensagem muito estranha. Quem escreveria algo como aquilo e enfiaria na pedra. Será que era Jake? Na via das dúvidas decidi responder afinal era muito coincidência. Talvez Jake tivesse tido a mesma idéia que eu e tivesse deixado um recado para mim.

Sai de onde estava e um casal conversando. Me aproximei e perguntei se eles tinham caneta e para minha sorte a mulher tinha uma na bolsa. Pedi também um pedaço de papel.

Voltei até onde as árvores formavam uma espécie de casinha com visão para a parte mais bela do lago e escrevi.

MEU NOME É OLIVER, QUEM É VOCÊ?

Dobrei o novo papel e coloquei exatamente onde estava o que encontrei. Devolvi a caneta para o casal, agradeci e decidi ir embora. Voltaria no dia seguinte para ver se haveria outro recado ou seria apenas loucura minha.

Ao chegar em casa tudo veio a mim novamente. Por algumas horas eu realmente me esqueci da noite passada, mas logo me veio aquele sentimento e o pior de tudo é que tinha sido tão bom. Não podia ficar alimentando aquela fantasia.

Pensei em preparar algo para comer já que não tinha tomado café da manhã e quando coloquei o primeiro pé na cozinha a campainha tocou. Voltei e fui até a porta. Olhei no olho mágico e tive uma surpresa. Era Tobias.

- olá – falou ele com um sorriso.

- que surpresa, entre – falei saindo da frente e dando espaço para que ele entrasse.

- claro – falou ele olhando em volta – seu pai têm uma casa bonita.

- estou mesmo surpreso, o que faz aqui?

- vim te visitar – falou ele com um sorriso.

- que bom. Estava precisando mesmo da visita de alguém. Minha vida está tão chata ultimamente.

- não tinha certeza se queria te visitar – falou ele parecendo perturbado – na verdade eu ainda não tenho certeza se devia estar aqui.

- porque não?

- eu não tenho certeza do que vim fazer aqui.

- eu sei que estou feliz pro você ter vindo.

- que bom. Eu só queria saber se você estavam bem, afinal eu sei que você não tem muitos amigos.

- meus amigos se resumem a você e Amy.

Tobias deu um sorriso.

- quer tomar alguma coisa?

- água – falou ele me seguindo até a cozinha.

Fui até a geladeira e peguei a jarra e fui até o balcão e comecei a encher um copo.

Enquanto o copo se enchia senti um calafrio na espinha. Pensei que fosse um simples arrepio, mas logo senti a boca de Tobias beijar minha nuca. Ele chegou tão perto de mim que senti seu corpo junto ao meu.

- pensei que pudesse perdoar Harold pela traição. Pensei que podia viver com ele mesmo sabendo das coisas que ele fez com Frank – falou Tobias levando suas mãos até minha cintura.

Nesse momento parei de colocar água no copo e apenas respirei fundo.

- o que está fazendo? – perguntei sentindo Tobias beijando meu pescoço.

- eu quero você – falou ele beijando meu pescoço novamente.

- me solta – falei tentando me soltar, mas Tobias me pressionou contra o balcão e continuou beijando meu pescoço. Ele me agarrou e não em deixou sair.

- me solta Tobias – falei alto tentando me livrar de seus braços.

- eu quero você – falou ele se esfregando em mim.

- me solta Tobias – falei dessa vez só que mais alto.

Nesse momento ele se afastou.

- me desculpa – falou ele parecendo transtornado – O-Oliver, me perdoa eu não queria… eu nunca forçaria você…

- Tobias! – falei tentando chamar a atenção dele.

- eu não sei o que deu em mim – falou ele colocando a mão na testa parecendo desesperado.

- Se acalma Tobias! – falei mais alto, mas ele continuou falando sem parar. Foi então que me virei peguei o copo com a água e joguei na cara dele. Nesse momento Tobias parou de falar. A água fria parecia ter tido o efeito o que eu esperava.

Tobias olhou para mim com seus olhos verdes. Ele respirava ofegante. Ele se virou mais calmo e apoiou as mãos no balcão e abaixou a cabeça pensativo.

- você está bem?

- eu sou um monstro – falou Tobias cabisbaixo – me perdoa.

Me aproximei de Tobias e ao chegar perto o suficiente eu o abracei por trás e deitei minha cabeça em suas costas.

- você não é um monstro – falei sentindo seu peito em minhas mãos. Abracei-o forte tentando acalmá-lo.

- não devia ter feito isso com você – falou ele. Só nesse momento eu percebi que ele estava chorando. Senti uma lágrima caindo no meu braço.

- não chora – falei dando um beijo nas costas dele.

- de todas as pessoas no mundo…

Tobias estava se martirizando e não aguentava mais ouvir as pessoas pedindo perdão a mim como se fossem culpadas pelas coisas que aconteceram comigo.

Queria muito que ele calasse a boca e para fazer isso eu levei minha mão esquerda até o meio de suas pernas. Tobias se calou ao sentir meu toque.

- cala a boca Tobias – falei sentindo suas calça jeans, mas não era só isso. Sentia algo mais. Algo duro. Não apertei, eu apenas tinha levado a mão até lá.

Tobias pareceu finalmente se acalmar. Eu me afastei dele e me encostei no balcão atrás de mim respirando fundo. Tobias se virou e olhou para mim. nos olhamos por um bom tempo. Ele sabia o que eu queria e ele sabia o que tinha que me dar. Resta saber se ele me daria.

------------------------

Obrigado a todos por aguardarem meu notebook voltar do técnico. Um abraço a todos.

Comentários

Há 0 comentários.