Capítulo 16: Lago Champlain

Conto de Junior_742 como (Seguir)

Parte da série Verão Em Vermont

Obrigado a todos que estão lendo e comentando!

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Minha estadia no hospital durou uma semana depois que eu acordei do coma. O médico quis me manter lá o máximo que conseguiu para que tivesse certeza de que eu estava bem.

Estava vivendo com meu pai Broderick a três dias. A casa dele era absurdamente grande. A casa onde vivia com David e Stella tinha um estilo mais rústico, pequena e era afastado de tudo. O vizinho mais próximo estava a quilômetros de distância. A casa de meu pai era totalmente o contrário. Além de ser grande tinha uma decoração bem moderna. Além disso tudo ela ficava a poucos quilômetros do hospital onde ele trabalha.

Meu quarto era enorme e meu pai tinha colocado várias coisas lá dentro. várias das coisas eu nem sabia da existência, como por exemplo o humidificador de ar que ficava do lado direito no quarto.

- Oliver – falou meu pai vindo até o meu quarto. Eu estava deitado na camas encarando o teto.

- pode entrar – falei sem olhar para ele.

- você está bem? – perguntou ele vindo até mim na cama.

- estou sim, porque pergunta?

- você não saiu de casa desde que chegou aqui.

- não se preocupe comigo. Eu não gosto de sair de casa.

- não é bom você ficar trancado aqui – falou ele se aproximando o suficiente para ver que ele estava pronto para ir para o hospital.

- eu não estou depressivo nem nada é que… eu fico pensando em tudo. Minha vida mudou tanto nesses últimos meses.

- eu sei que é tudo novidade para você, mas você me faz um favor hoje?

- claro, o que o senhor quiser – falei me sentando na cama.

- saia de casa e dê uma volta no lago Champlain. É verão e ele vai estar cheio. Quem sabe você não faz amizade.

- prometo que irei – falei me lembrando de Amy. Ela estava na África. Ela havia se oferecido como voluntária. Devido aos problemas que tive resolvi não ir. Meu pai não tinha deixado de qualquer maneira. Ele preferiu que eu ficasse com ele esse verão.

- vou querer detalhes quando chegar de casa, OK? Pra saber se você saiu mesmo.

- não se preocupe. Eu não gosto de mentir.

- vou para o hospital.

- pai, posso te perguntar uma coisa?

- claro meu filho.

Pensei um pouco antes de perguntar.

- qual é meu nome verdadeiro? Quer dizer… meu nome que você e minha mãe colocaram em mim?

- Peter – falou ele sorrindo. Provavelmente se lembrando da época em que estava com eles.

- nome bonito.

- é seu nome pra dizer a verdade – falou meu pai indo até uma cômoda no meu quarto e pegando um papel – esse ainda é seu nome viu? Peter Creswick Marshall.

- então eu não me chamo Oliver. Me chamo Peter.

- eu estava pensando em dar entrada me um processo para mudar seu nome para Oliver. Você nunca teve identidade ou certidão de nascimento, então tecnicamente sue nome nunca foi Oliver, mas eu sei que se entrar na justiça o juiz consegue mudar sue nome, dessa forma você será Oliver Creswick Marshall. O que você acha?

- ótima idéia.

- que bom que gostou porque eu falei com o advogado a mais de uma semana.

- é um ótimo nome.

Meu pai deu um sorriso antes de sair do quarto.

- preciso ir para o hospital.

- tenha um ótimo dia de trabalho – falei sorrindo.

- se precisar de qualquer coisa é só me ligar – falou ele se despedindo.

Meu pai passava a maior parte do seu dia no hospital. Isso quando não passava a noite também, mas eu entendia afinal o trabalho dele exigia isso.

O Lago Champlain é um lago enorme que fica no leste da América do Norte nos Estados Unidos e Canadá para ser mais preciso. O lago também faz fronteira com entre os estados de Nova Iorque e Vermont. De um lado está Vermont e do outro está Nova Yorque.

Não costumava ir a esse lago. Eu sempre passava por ele é claro porque ficava no caminho de casa.

Fazia dias que não via Tobias. Decidi me afastar dele para o bem de seu casamento. Respeitava-o o suficiente para deixar que ele fosse feliz e seguisse com a vida dele.

Depois que me levantei tomei o café da manhã que meu pai havia deixado pronto em cima da mesa. Pensei no que ele tinha dito e decidi dar uma volta no lado. Assim que terminei de tomar o café da manhã lavei o que estava sujo na pia. Subi as escadas para vestir uma roupa mais adequada para sair. Meu pai havia feito compras para mim ou pelo menos ele tinha pedido que alguém comprasse porque a pessoa não acertou no tamanho e as roupas ficaram um polco maiores, mas mesmo assim dava para vesti-las.

Quando cheguei no topo da escadaria passei em frente ao quarto do meu pai e vi que estava uma bagunça assim como o resto da casa. Para um médico ele era um homem muito desorganizado e bagunçado, então eu pensei: porque não arrumar toda essa bagunça?

Nesses três dias fiquei a maior parte do tempo dentro do meu quarto e nem tinha percebido o quão bagunçada estava a casa. Decidi então que antes de sair iria arrumar tudo e foi isso o que eu fiz. Passei as próximas cinco horas limpando tudo. Cada canto daquela casa. Desde a sala até os três quartos.

Coloquei toda a roupa suja para lavar e lustrei bem o banheiro do quarto dele. Estava acostumado a fazer o serviço de casa. Quando David saia eu sempre ajudava Stella porque tinha pena dela. Na hora do almoço eu mesmo preparei algo para comer e em seguida voltei ao trabalho.

Depois que a casa toda estava limpa e as roupas secas e dobradas já eram quase quatro horas da tarde. Estava morto de cansado, mas mesmo assim precisava cumprir minha promessa. Tomei um banho e vesti minha melhor roupa.

Ao chegar aos redores do lago decidi dar uma volta e ver como tudo estava e em seguida ir embora. Minhas pernas doíam muito devido ao esforço que tinha feito.

Havia barcos no lago e jovens nadando. Com certeza o verão tinha despertado o melhor dos cidadãos de Vermont. De repente ouvi alguém chamando meu nome.

- Oliver – falou uma voz conhecida.

Procurei por todos os lados virando minha cabeça e inicialmente não vi ninguém conhecido, mas logo vi Abraham. O professor de matemática. Ele estava com sua filha.

- como você está – falou ele com um sorriso se aproximando de mim.

- estou bem, obrigado.

- que bom – falou ele sorrindo – me desculpe não ter ido te visitar no hospital, mas não conseguiam e perdoar pelo o que aconteceu com você.

- porque?

- como eu fui tolo em não perceber que aquelas coisas horríveis aconteciam com você.

- não se culpe – continuei andando e Abraham me acompanhou.

- vamos mudar de assunto – falou ele me mostrando sua filha – essa é Isabel.

- não sabia que tinha filha.

- Tenho sim – falou ele com um sorriso.

- ela é uma gracinha.

- você vai voltar a trabalhar na escola quando terminarem as férias de verão?

- eu sinceramente não sei. Quem sabe.

- espero que sim – falou Abraham – você será bem vindo.

- obrigado – falei me lembrando de Tobias. Fazia dias que não o via.

- você tem visto o Tobias?

- tenho sim. Ele está bem.

- que bom.

- você gosta dele né?

- eu? Não.

- você olha de um jeito diferente para ele.

- olha, no começo eu ate gostei, mas depois de muita confusão decidi me afastar. Não quero atrapalhar a vida dele.

- quando ver Tobias outra vez vou pedir que ele te visite.

- não. Não precisa. Ele me ajudou muito e eu sinto falta de conversar com ele, afinal ele sabe meus segredos. Ele é um bom amigo e um ótimo ouvinte, mas não quero cultivar essa amizade.

- posso ser seu novo amigo – falou Abraham.

- mas você… você não se importa em ter um amigo gay?

- claro que não.

Pensei por alguns segundos.

- você é gay? – perguntei sem rodeios.

- não – falou ele rindo – não preciso ser gay para ter amizade com outros gays.

- me desculpe é que…

- tudo bem. sei como foi sua criação – falou ele forçando um sorriso – bom, fiz a proposta, se quiser um amigo para conversar eu estou disponível.

- obrigado pela proposta, vou pensar nela.

- pensa mesmo – falou ele rindo – preciso ir agora – falou Abraham – tenha um ótimo dia.

- mande um abraço para sua esposa.

- mando sim – falou ele finalmente indo embora.

Segui meu caminho por mais algum tempo e tinha chegado por um caminho um pouco deserto em meio as árvores.

- Oliver – falou uma voz atrás de mim. olhei para trás e vi que era Jake.

- Jake? – falei surpreso – o que está fazendo aqui? – falei indo até ele e dando um abraço – você está bem? Pensei que estivesse preso.

- não estou – falou ele parecendo perturbado – meu advogado conseguiu que eu respondesse em liberdade pelas acusações.

- você não tem culpa de nada você sofreu o mesmo que eu.

- eu sei, mas o problema é que você é o único em que as pessoas confiam. Não tive a sorte que você teve.

- como assim?

- você já parou para pensar em como é difícil para mim? Eu não sabia de nada do que você sabia, eu tive a mesma surpresa que você. Não sabia que Stella era minha irmã e não sabia que David não tinha pênis afinal ele só me estuprava com pedaços de pau e gravetos. Você é o herói Oliver e parece que o mundo não precisa de outro.

- eu estou aqui pra você. Se precisar de qualquer coisa, eu posso falar com meu pai ele pode…

- não quero sua ajuda. Não quero a ajuda dele. Vou me virar sozinho.

- você não devia se virar sozinho. Você tem a mim. pra mim você é e sempre será meu irmão – falei tentando tocá-lo outra vez, mas ele se afastou dois passos.

- eu não mereço. Não depois do que eu te fiz passar todos aqueles anos

- por favor Jake me deixe…

- a culpa não é sua Oliver.

- eu sei. Me deixe te ajudar.

- eu vou ficar bem – falou Jake se afastando por completo e indo embora.

Queria muito ajuda-lo. Jake não tinha culpa e não merecia o que tinha acontecido com ele.

Do mesmo jeito que eu tinha ficado chocado, Jake também tinha ficado. Não era justo que ele sofresse sozinho afinal eu tinha um pai. Tinha outra família e Jake não tinha escapatória. Stella era sua família verdadeira – é isso – falei para mim mesmo.

Iria conversar com meu pai Broderick para ver se ele por acaso ajudava Jake. Talvez com o apoio dele, Jake começasse a viver a vida normalmente. Não conseguiria viver a minha vida sabendo que meu irmão ainda estava nessa.

Depois de trinta minutos decidi ir embora. Minhas pernas doíam um pouco devido a todo esforço que havia feito. Ao chegar em casa fui direto para o banheiro e tomei um banho quente. Em seguida me deitei e fiquei pensando em Jake. Esperaria meu pai chegar para conversar com ele sobre esse assunto.

Fiquei lá deitado esperando, mas não demorou para que eu caísse no sono.

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Obrigado a todos e não deixem de comentar!!! ;)

Comentários

Há 3 comentários.

Por Natanael em 2014-11-21 11:47:49
valeu dfc
Por dfc em 2014-11-21 10:55:44
Megaaa bommmm
Por BielRock em 2014-11-20 16:27:13
Amei .