Capítulo 15: Verão Em Vermont

Conto de Junior_742 como (Seguir)

Parte da série Verão Em Vermont

Abri os olhos bem devagar. Pensei que quando finalmente acordasse da cirurgia, mas a verdade é que me pareceu um longo e proveitoso sono. Olhei pela janela do quarto e vi que lá fora o sol iluminava. Por alguns segundos senti um pouco de paz por estar vivo, mas em seguida comecei a engasgar. Era como se tivesse algo atravessando minha garganta.

Levei minhas mãos até minha boca tentando tirar o que estava entalado na garganta, mas não consegui. Olhei para os lados tentando fechara boca e percebi que tinha algo enfiado na garganta.

Ouvi algumas pessoas gritando e uns vultos passando rapidamente perto de mim e em seguida vi um rosto familiar. Não reconheci quem era, mas eu sabia que conhecia. Em seguida ele tirou o que me incomodava. Parecia ser uma espécie de tudo.

- ele está bem – falou uma voz masculina – ele está respirando sozinho.

- ele está mesmo bem? – perguntou uma voz feminina. Olhei para ela e também não a reconhecia apesar de saber que eu a conhecia.

- sim. Engasgar é um sinal positivo. Significa que ele está respirando sozinho e não precisa mais do tubo – falou o homem eufórico. Parecia contente.

Respire fundo e tentei mover meus braços e agarrei algo. Parecia o braço de alguém.

- você está bem. você vai ficar bem – falou o homem olhando para mim. Franzi a testa tentando reconhece-lo e comecei a perceber algumas coisas familiares. O cabelo e barba prateada e os olhos castanhos escuros. A voz rouca e estridente que tinha me feito fazer uma promessa.

Era o dr. Marshall.

- Oliver, consegue me entender?

Eu balancei a cabeça positivamente.

- consegue conversar?

- consigo – falei com a boca seca.

Olhei para o lado para ver a mulher dona da voz feminina e ao olhar para ela novamente percebi que era Amy. Ela estava tão linda quanto da última vez.

- me perdoa – falei para Amy. Me lembrei que a última vez que eu a vi eu havia faltado com o respeito e xingado ela.

- esqueça isso – falou ela com lágrimas nos olhos – estou tão feliz que você acordou – falou ela segurando minha mão – milhares de coisas passaram por minha mente.

Eu dei apenas um sorriso.

- posso conversar com ele por um instante? – perguntou Dr. Marshall para Amy.

- sim – falou ela apertando minha mão mais forte – vou avisar Tobias que você acordou.

- não precisa perturbar o Tobias – falei.

- preciso sim. Ele vai ficar muito feliz quando souber.

- OK – falei respirando fundo. Minha boca ainda estava seca.

Amy saiu do quarto e Dr. Marshall levou um copo de água até minha boca junto com um lenço. Ele me ajudou a beber e quando caia e passava o lenço limpando.

- eu não morri? – perguntei outra vez.

- não – falou Dr. Marshall sorrindo. Ele tinha lágrimas em seus olhos.

- porque está chorando? – perguntei perturbado.

- o exame de DNA confirmou – falou ele com um sorriso.

- o que? – perguntei um pouco confuso. Eu sabia a resposta, mas não esperava por ela.

- você é meu filho – falou ele tentando conter um sorriso.

- eu sou? – perguntei surpreso me deixando levar pelas emoções. Não costumava chorar tanto quando estava com David. Ele me batia se eu chorasse.

- sim você é – falou ele alisando meu rosto – eu sempre soube que você era meu filho. Nunca tive duvidas.

- onde está minha mãe? – perguntei olhando em volta no quarto.

A expressão de Dr. Marshall mudou.

- Dr. Marshall, onde está ela.

- me chame de Broderick – falou ele dando um sorriso de lado – me chame só de Brody se quiser.

- posso te chamar de pai? Eu nunca tive um de verdade – falei respirando fundo.

- claro que pode – falou ele sorrindo.

- onde está minha mãe?

- ela… você precisa entender uma coisa antes que eu te diga.

- o que foi?

- sua mãe estava com câncer Oliver. Ela estava com câncer a muito tempo.

- câncer? Como eu?

- sim. Por isso que ela estava tão triste quando descobriu que você também tinha. Ela ficou se culpando por isso. Ficou obcecada pensando que a culpa era dela.

- diga a ela que a culpa não é dela.

Meu pai apertou os lábios e alisou meus cabelos.

- sua mãe morreu – falou ele começando a chorar.

- morreu? Como assim?

- ela descobriu o câncer tarde demais. Era inoperável. As chances de quimioterapia e da radioterapia funcionarem eram mínimas. Ela preferiu passar os últimos dias de sua vida trabalhando até o dia em que finalmente não aguentasse mais.

- ela morreu de ontem pra hoje?

- veja Oliver – falou meu pai – sua mãe ficou tão feliz quando reencontrou você, mas ela ficou depressiva porque passaria tão pouco tempo com você, mas saiba que ela morreu feliz. O maior sonho da vida dela era reencontrar você e ela realizou esse sonho.

- não teve enterro? – perguntei apreensivo.

Meu pai respirou fundo.

- você não fez a cirurgia ontem Oliver.

Aquilo me fez tremer. Será que eu tinha entrado em coma?

- depois da sua cirurgia decidimos te colocar em coma induzido.

- o que é isso?

- é um coma temporário – falou ele respirando fundo.

- eu dormi por quando tempo?

- bom. O coma induzido é usado para proteger o cérebro durante grandes neurocirurgias como a sua. Inicialmente te deixaríamos apenas alguns dias, mas quando te tiramos você não acordou, pensamos que a cirurgia tinha te causado algum dano. Você teve parada cardiorrespiratória e tivemos que te entubar. Estávamos torcendo para que você acordasse.

- quando tempo eu dormi?

- pouco mais de três meses – falou Dr. Marshall – mas foi bom para você. Sua perna se curou, todas as suas feridas internas e a cirurgia cerebral.

- eu estou totalmente bem?

- sim. Você está ótimo, pronto para voltar a viver sua vida.

- minha mãe se foi feliz?

- sim. Isso é o mais importante.

- que bom – falei respirando fundo e olhando para fora, pela janela. Agora eu percebi que já não tinha neve.

- hoje é que dia?

- o primeiro dia de verão – falou ele sorrindo.

- que bom. Eu sempre preferi o verão. Meu pai David parecia bem mais calmo no verão e não me batia tanto.

- eu te proíbo de falar dele Ok? – falou meu pai Broderick.

- OK – falei rindo – eu não pretendo falar deles.

- caso você esteja se perguntando, David está preso assim como Stella e Jake.

- Jake? O Jake não devia estar preso!

- não se preocupe com isso. Preocupe-se com você.

- OK – falei sorrindo – eu finalmente tenho um pai – falei sentindo uma, luz me preenchendo. Não era com antes. A palavra paz me trazia escuridão. Agora a palavra tinha um novo significado.

- lembra da promessa que você me fez antes da cirurgia?

- lembro sim.

- eu mobilhei um quarto pra você na minha casa.

- não posso esperar para ver – falei imaginando como seria.

Dr. Victor, meu neurocirurgião apareceu no quarto.

- como vai meu paciente preferido? – falou Dr. Victor entrando no quarto.

- estou bem – falei olhando para ele – porque acha que sou se preferido?

- meus pacientes preferidos são aqueles que lutam com todas as forças e eu posso dizer que você lutou bastante.

- eu estou livre do câncer?

- completamente – falou Dr. Victor.

- que bom – falei sentindo uma paz interior.

- você vai precisar fazer alguns exames – falou meu pai – eu preciso voltar ao trabalho afinal o hospital não vai se gerenciar sozinho – falou ele rindo.

- tudo bem.

- eu estarei de volta assim que puder – falou ele se despedindo e saindo do quarto.

Dr. Victor convocou alguns médicos-internos a fazerem exames em mim. Ele queria ter certeza de que eu estava completamente bem. Ele disse que só me daria alta se tivesse certeza que eu estava bem, além do mais eu precisaria fazer fisioterapia afinal minha perna se curou e eu fiquei muito tempo sem me levantar.

- nós vamos te levar para fazer um raio x – falou Dr. Emilly

- tudo bem – falei me esticando um pouco na cama. Meu corpo doía por ter ficado deitado tanto tempo.

- Oliver! – falou Tobias chegando a porta do meu quarto.

- Tobias – falei vendo ele novamente.

- finalmente você acordou – falou Tobias vindo até mim e me abraçando.

- estou tão feliz por ter acordado – falei abraçando-o.

- a parte mais importante é que seu espirito se curou – falou Tobias – você quis viver. Se você não tivesse lutado, talvez não tivesse acordado.

- verdade. Eu agradeço ao Dr. Marshall… meu pai por ter rasgado aqueles papéis. Nunca me senti tão bem em minha vida. Nunca imaginei que podia me sentir tão bem.

Eu pensei em Tobias e em Harold. Tobias era um grande amigo e apesar dele ter me dito algumas coisas decidi começar de novo. Não me importo se Harold traiu Tobias. Eles eram um casal e eu não tinha direito de me interferir. Eu tentaria esquecer aquilo.

- como está Harold?

- está bem. ele mandou lembranças.

- não precisa mentir Tobias. Ele não mandaria lembranças, não depois do que aconteceu.

- ele confessou – falou Tobias.

- o que?

- Tobias confessou. Você falou a verdade. Ele estava me traindo com Frank.

- ele confessou?

- sim.

- vocês estão bem?

- no começo fiquei bem puto. Fiquei semanas sem falar com ele vivendo em um motel, mas depois de refletir muito percebi que minha vida gira em torno dele. Todos cometem erros. Harold merecia uma segunda chance levando em consideração que eu também trai Harold.

- você traiu Harold?

- sim. Com você.

- comigo?

- eu trai ele emocionalmente. Eu estava traindo ele em minha mente. Eu gostava de você mais do que eu demonstrava ou dizia. Eu me imagina fazendo coisas com você e percebi que me distanciei dele emocionalmente. Nós estamos em terapia de casa a quase um mês e meio.

- fico feliz que tudo tenha se resolvido. Se vocês se amam, vocês devem se dar uma segunda chance.

- fico tão feliz por ter acordado.

- a escola já finalizou o ano letivo?

- sim. Os alunos fizeram uma vigília aqui na porta do hospital no dia em que você virou noticia e tudo o que aconteceu foi mostrado.

- eu virei noticia?

- claro. Uma história com cobertura nacional, mas não se preocupe. Já se passaram tantos meses que ninguém mais se lembra.

- ótimo. Não estou afim de aparecer na TV.

- o importante é que você está bem.

- também estou feliz.

Era bom finalmente estar acordado. O que aconteceu com minha mãe é triste, especialmente se pensarmos o tempo curto que ela passou comigo, mas estava feliz por finalmente começar uma nova vida. Espero que meu futuro me reserves surpresas, mas dessa vez que sejam boas surpresas. Estava pronto para essa nova etapa.

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Uma boa noite para todos vocês!!!!

Comentários

Há 6 comentários.

Por dfc em 2014-11-21 10:20:38
MT bommmmmmm
Por Angellix em 2014-11-18 12:43:54
Como sempre muito bom... parabens querido. Bjs
Por ell em 2014-11-18 02:20:18
Surpreendendo sempre perfeito ♥ aah estou ancioso pela sua foto kkk
Por NewDoctor em 2014-11-17 23:58:06
Quero ver ele levar a vida de uma maneira emocionalmente saudável agora
Por Ryan Benson em 2014-11-17 23:57:12
Faço das palavras de Fleur as minhas. Também achei que Olli e Tobias ficariam juntos, mas como sempre vc autor, me surpreendeu de novo... Apesar de ter traído o Tobias, Harold não era perfeito, alias ninguém é. Tenho certeza que um cara especial está reservado para fazer o Olli feliz. Um grande abraço meu querido! PS: estou pensando em reler Casos de Família ("Papai me comeu", aqui no site). Adoro aquela historia ^^
Por Fleur em 2014-11-17 23:18:46
Realmente o verão chegou em Vermont. Eu criei uma expectativa danada de ver o Olli e o Tobias juntos, mas ainda é cedo e Concerteza vc tem grandes planos para o Oliver. Estou muito curiosa com o próximo capitulo.