Um rapaz insistente

Conto de Jonhy Dellano como (Seguir)

Parte da série Segredos Profundos

Acordei pelado e jogado sobre a cama, fiquei chorando por tanto tempo que simplesmente apaguei. Me levantei e fui me arrumar para a aula.

Chegando na faculdade, tive aula de química inorgânica, que eu amava, então acabei ocupando minha mente e deixando a tristeza de lado. No final do período, liguei para minha mãe e disse que iria ficar na faculdade estudando, pois tinha trabalho de físico- química para fazer, e lá estava eu sentado, organizando minhas coisas para começar a estudar, quando fui surpreendido pelo cara da bancada da aula de química forense.

- E ai cara, beleza? Disse ele.

- Oi, tudo bem? Disse, meio desconcertado, sem saber o que falar, afinal o que aquele estranho queria?.

- Pensei que você tinha mais educação, a primeira vista pareceu tão simpático, a gente se engana né...Disse ele, enquanto sentava na mesa.

- Eu hein?! Do que você está falando? Disse, já achando estranho.

- Você, que chegou, todo simpático, falando do meu livro e depois no fim da aula nem tchau deu.

- Ahhhhh, disse já relaxando e soltando uma gargalhada. Me desculpe, mas tinha uma aula importantíssima, e tive que sair correndo.

- Tudo bem, sem problemas só estava zoando você. Você ficou com uma cara séria, quando falei que era sem educação, falou ele rindo, mas agora está aí, com seu sorriso lindo.

- Obrigado. Disse, constrangido pelo elogio.

- E então, vai ficar para estudar?

- Vou sim, e você?

- Também. Olha, não quero que fique constrangido, mas é que vi você entrando na sala logo após o fim do período,e então...é...que não sei se almoçou…

- Não almocei não, deixei meu dinheiro em casa, e não tenho cartão. Na verdade só tenho para um café mais tarde.

- Quer almoçar comigo? Eu pago. E se não se importar, posso ficar aqui na mesa com você para estudar?Ou você vai ficar com outros amigos aqui?

- Não , vou ficar sozinho, e obrigado pelo almoço, mas realmente não tenho como pagar e não quero ficar abusando. Eu nem sei seu nome.

- Meu nome é Dean, prazer. Disse ele estendendo a mão.

- Theodor.Disse apertando a mãe dele, que tocava suavemente a minha.

- Pronto, já pode almoçar comigo, já sabe meu nome.

Confesso que aquele cara, podia ser um pouco irritante, mas tinha um sorriso lindo e um jeito que me fazia rir e ficar alegre, não acreditava que ele estava dando em cima de mim, mas resolvi entrar na onda.

- OK, almoço com você.

Pegamos nossas mochilas, e quando fui pegar meu fichário, ele rapidamente pegou antes de mim e o segurou, dizendo para irmos para um restaurante perto da faculdade. Chegando lá, o garçom nos trouxe dois menus, porém Dean já foi logo pegando o que o garçom me entregou e devolvendo, dizendo que um já era o bastante.

- O que você gosta? Disse ele.

- Não tenho preferência, disse.

- Vamos, quero saber do que gosta.

- Pode ser qualquer coisa. Falei, sem graça

- Menino, pare de graça, e me fale, senão eu escolho.

- Pode escolher.

- Ok.

Então ele chamou o garçom e pediu dois penne ao molho branco com frango. Eu amava macarrão, ele acertou em cheio. Enquanto esperávamos os pratos ele me perguntou:

- Você tem quantos anos?

- 18 e você?

- 19. Você faz medicina a quanto tempo? Nunca te vi ali!

Expliquei para ele que fazia química e que tinha dificuldade em quimica analitica, enfim, falei tudo, conversamos sobre a àrea, ele me explicou que estava no segundo ano de medicina, assim como eu estava no de química, mas que muitos alunos da sala não gostavam dele, por ele ser negro. Conversamos bastante e eu me senti bem a vontade, logo após o almoço voltamos a faculdade e estudamos juntos, ele me ajudou com o trabalho de físico- química e eu o ajudei com um pouco de bioquímica, fomos nos divertindo, conversando e pegando amizade, ele era uma homem encantador. No fim da tarde, quando ia dar umas 16hr30 falei que precisava ir e ele logo me cobrou.

- Pensei que você fosse tomar um café no fim da tarde.

- Sorri e falei: “Tudo bem, vamos tomar um café”

Tomamos um café, pago por mim, e além disso ele comprou broa de milho para ele e um cookie pra mim. Ele tinha um jeito engraçado, estava mais que na cara que ele estava afim de mim, mas era tímido, por mais que ele tenha vindo falar comigo e me obrigado a almoçar com ele, ainda existia um romantismo, um carinho, um medo, um cuidado para não me assustar, eu estava gostando daquilo tudo.

Após o café, ele me acompanhou até o metrô e depois foi embora. Enquanto eu ia para casa, pensava naquele dia, pensava nele, e me sentia estranho, não era amor, mas era engraçado saber que alguém gostava de mim, que queria me ter por perto, então comecei a ouvir músicas, comecei a ouvir “ Impossible Heart” da Paloma Faith, pois me alegrava e me deixava leve como a canção. Segui com minha playlist leve, que também tinha “ Bad Decisions” da Ariana Grande e “ Youth” do Troye Sivan. Estava cheio de energia positiva, e super animado.

Cheguei em casa e não vi ninguém, até que começo a ouvir voz de minha mãe no telefone, caminhei até a escritório, que era de onde vinha o som, eu a ouvi falando : “Eu não contei tudo para ele, não conseguiria, eu tive que ser sincera com ele, mas não falei tudo, ele não suportaria saber”...”Eu sei, eu não vou contar, preciso seguir em frente e preservar minha família, eu amo Teddy, amo Lana, e até mesmo Charles, eu o amo apesar de tudo, e quero seguir com minha vida”, então ela começou a chorar e disse “Não posso ser sincera com ele sobre esse assunto, já foi muito traumático para mim, não quero mexer mais nisso, estão todos mortos e assunto encerrado.” Ouvi meu pai abrindo a porta e então corri para a cozinha e gritei “ E AI PAI?” como se estivesse na cozinha e ficasse animadíssimo em vê- lo.

- E ai filhão? Tudo bem? Veio ele até mim e me dando um abraço. - Como foi hoje? Os estudos renderam?

- Sim, papai. Fiz o trabalho e ainda adiantei alguns exercícios, e o senhor como foi seu trabalho?

- A você sabe né, corri de uma obra para a outra, tive que acompanhar vários projetos de arquitetura. Vida de arquiteto não é fácil.

Finalmente minha mãe chegou na cozinha, dando um beijo em meu pai e me cumprimentando, estava agindo como se nada tivesse acontecido, nem parecia que estava chorando minutos atrás. Logo em seguida ela ligou a televisão enquanto iria começar a organizar a janta que estava pronta. A TV deu a notícia.

“Foi encontrado hoje o corpo do governador Bob Greenfield, que havia sido dado como desaparecido desde quarta- feira a noite, quando não retornou para casa após o expediente. O corpo foi encontrado na mansão de Greg Johklin, o estilista, famoso por suas festas de orgia homossexual. O corpo do Governador, foi encontrado junto com mais seis homens em um quarto, juntamente com cápsulas de drogas e seringas,indicando uma possível overdose, já o estilista Greg Johklin foi encontrado morto em sua cama, com uma cartela vazia de paracetamol, indicando um possível suicídio. Mesmo assim, ainda estão sendo investigada a morte de ambos“

- Que horror! Disse minha mãe.

- Eu nao sabia que o governador era gay. Disse meu pai. - Que vergonha! Ele ao invés de dar respeito fica por ai dando o rabo para um monte de macho. Esses gays são uma vergonha. Merecem morrer.Completou meu pai.

Ao ouvir aquilo estremeci, senti que estava diante de um homofóbico convicto.

- Deus fez todas as pessoas perfeitas, homossexuais são humanos como nós, e merecem respeito, não julgue só porque o governador era um pervertido.

Sai da cozinha e fui para meu quarto dizendo que ia tomar banho, fiquei abismado com a reação de meu pai, por quê aquilo? Na verdade por que as pessoas se importavam tanto com a vida dos gays? Por que se metem tanto? No meu quarto lembrei de minha mãe no telefone também, o que ela não tinha me contado? O que ela ainda estava escondendo? Havia mais coisa no que ela tinha me contado e eu precisava saber.

Confesso que o que estava abalado e que aquele dia bom que tive caiu por terra, toda a animação tinha ido embora, não só pelo fato de minha mãe falar aquilo no telefone, dando a entender que não amava tanto Charles, meu pai, como também pelo que meu pai e ela falaram sobre gays e suas perversões, me senti sujo novamente, então me tranquei no quarto e resolvi não jantar, fiquei no meu canto ouvindo “Devils Don’t Fly” e “Trouble” da Natalia Kills, me sentindo um lixo humano, pelo menos tinha decidido uma coisa. Eu iria atrás da menina misteriosa e saberia toda a verdade. E faria isso amanhã mesmo.

Comentários

Há 2 comentários.

Por Elizalva.c.s em 2017-01-13 11:05:46
😍😍😍😍😍😘😘😘😘😘😘😘
Por Tyler Langdon em 2016-12-13 21:27:04
Nossa, que bad por esse pai. Infelizmente ne Amei amei ❤ contato que é bom, cade? haha