A Confissão de Mamãe

Parte da série Segredos Profundos

Isso não pode ser verdade! Disse em tom assustado.

Mas é filho, é a mais pura verdade, eu fui absolvida, mas é verdade.

Quem era mãe? Quem era? Por quê matou alguém? Eu emendava uma pergunta na outra, estava perplexo, não deixava minha mãe nem responder.

Filho, vou lhe contar do começo. OK? Vamos lá….e suspirou fundo...

Eu tinha uma amiga de infância que cresceu comigo, chamada Jullie, nós éramos como irmãs, fazíamos tudo juntas…(Mamãe começou a ficar com os olhos marejados), nós crescemos juntas, e dizíamos uma para a outra que ninguém nunca separaria a gente, e fomos cumprindo nossa promessa, fielmente… Logo que meus pais morreram, a família dela me ajudou e eu fui morar perto deles em um bairro no subúrbio, logo, ela, que não saía da minha casa, veio morar comigo, e foi então que ficamos mais próximas ainda (Mamãe engole seco e respira profundamente)... Ela começou a se envolver com um rapaz, que tinha muito ciúmes de nossa amizade, ele me odiava, porque eu cuidava dela, afinal ela era como se fosse… sei lá… era mais que uma irmã… era um amor tão grande que eu queria protegê- la do mundo. Ele começou a persegui- la e fazer um inferno em nossas vidas, quando ela não quis mais nada com ele, afinal nós tínhamos descoberto que ele estava noivo. Ele encheu tanto nosso saco que acabamos tendo que falar com a família dele, pois ele passava dos limites o que fez a noiva dele, que era rica, desistir do casamento... Ele ficou então, mais obsessivo...Esperava ela na saída do trabalho, vinha até o portão de nossa casa, mandava cartas,rosas... irritava a gente de todas as maneiras… Até que um dia ele invadiu nossa casa, pois segundo ele, eu a estava mantendo presa, pois ele não a encontrava mais em lugar nenhum... Mas isso aconteceu, porque tínhamos combinado que para a segurança dela , ela deveria tirar licença por alguns dias do trabalho, e viajar por um tempo, para fugir dele.. Porém ele invadiu nossa casa durante a noite, dizendo que estava ali para salvá- la. Nós ficamos assustadas, tentamos correr para fora da casa, mas como ele estava bem na porta não conseguimos. Além disso, morávamos nos fundos de um quintal, o que dificultava dos vizinhos ouvirem os barulhos e gritos.

Nós tentamos brigar com ele, mas ele tinha uma arma e nos ameaçava, só quando ele pegou Jullie pelo braço dizendo que ia levá- la, que eu, então tomei coragem e me joguei em cima dele, que logo me deu vários socos, pois tinha ódio de mim, nós acabamos rolando no chão, e enquanto Jullie tentava nos separar e impedir que ele me machucasse, a arma ficou perto de mim e eu sem pensar atirei.

- Você matou ele mamãe?

- Mamãe sem conseguir falar mais nada simplesmente chora.

- Calma mãe, você se defendeu, desculpa dar bola para aquela menina, eu não sabia disso tudo.

- Eu a matei Teddy! Eu matei Jullie! Disse ela aos prantos… Quando eu atirei ela entrou na frente e a bala pegou na barriga dela, então o cara fugiu com medo e eu fiquei lá abraçada ao cadáver dela até a polícia chegar.

- Que triste mãe, mas você não tem culpa. Você foi absolvida, não foi?

- Sim, nem prestaram queixa, todos entenderam, logo após o depoimento. Mas mesmo assim, eu a amava, ela era minha melhor amiga, minha irmã e eu a matei.

Não disse mais nada, apenas fiquei ali consolando minha mãe enquanto ela chorava.

Depois de toda aquela confissão, que me deixou totalmente abalado e com sentimento de culpa, afinal eu cheguei a desconfiar dela, eu a deixei e fui para o meu quarto desestressar, fiz o que me relaxava… liguei o computador....precisava por toda aquela energia para fora.

Na manhã seguinte acordei cedo e aproveitei o sábado, fiquei em casa, li, ouvi músicas, assisti desenhos com minha irmã, Liza, e também estudei química analítica, pois precisava me esforçar, já que estava mal nessa matéria.

Aproveitei para mandar emails para o Prof. Peter, pedindo o conteúdo programático de química forense, ele me respondeu e ainda me passou a plataforma online da disciplina, onde tinha assuntos ligado a área. Gostei bastante da plataforma, fui estudando pelos links que estavam disponíveis, porém surgiram algumas dúvidas sobre o conteúdo que o professor estava trabalhando, que era cromatografia, então decidi recorrer ao chat que tinha um aluno online. Conversei com o aluno por um tempo, tirando dúvidas, que por sinal era bem inteligente e sabia explicar muito bem, fiz alguns exercícios com a ajuda das explicações dele e depois descansei, o domingo foi só de folga, afinal já tinha estudado bastante sábado.

Segunda- feira, foi um horror, tive que acordar cedo, pois agora, com a troca das aulas, tinha encaixado química forense no primeiro horário, acordei, me troquei, dei um abraço bem gostoso em minha mãe, que já estava de pé e tinha preparado algo para eu comer na faculdade e fui para a aula, enquanto ia para a aula pensava na minha mãe, que estava bem triste ainda, ela só não tinha me explicado quem era a garota, mas sabia que ela teria uma boa explicação.

Cheguei na faculdade e corri para a aula do Sr. Peter que novamente chegou junto comigo na sala, entrei na sala e estava lotada, um monte de gente que nunca vi, porém como faculdade é sempre aquela loucura de gente de todos os cursos e todos os semestres na mesma aula, ninguém nem reparou que eu era novo, mesmo sendo praticamente o meio do semestre. Infelizmente não tinha lugar no meio, só na frente perto de um rapaz que lia um livro, embora fosse meio tímido, tomei coragem e cheguei perto dele.

- Bom dia! Disse

- Bom dia!

- Com licença, eu posso me sentar aqui? Falei

- Pode, claro, ninguém nunca senta aqui mesmo, e deu um sorriso.

- As pessoas têm medo de sentar na frente né? Falei em tom de piada.

- Na verdade elas não gostam é de mim. Disse o rapaz dando uma gargalhada, e me fazendo rir também. Não sei nem porque não gostavam dele, ele parecia simpático, era bonito, não tinha reparado de longe, mas de perto..Meu Deus, que gato! Ele era alto, negro, usava um óculos que dava um charme especial, uma cara de homem porém com uma pureza de menino no olhar.

De repente enquanto o professor organizava a sala, eu vi que ele lia “Os Dois Lados do espelho” um livro que amo, do Tyler Langdon, um autor pelo qual sou apaixonado.

- EU NÃO ACREDITO QUE VOCÊ LÊ ESSE LIVRO?! Falei entusiasmado.

Ele riu.

- Sim, eu adoro esse autor, adoro contos de fadas principalmente quando a história é gay.

- Você é gay? Perguntei, sem pensar.

- Ué, não posso ler uma história gay, que já sou considerado um ?

- Desculpe, eu falei sem pensar, não quis ser …sei lá…olha, desculpe.

- Relaxa, sabe é que..

PESSOAL VAMOS COMEÇAR A AULA. Gritou o professor

Durante a aula deixei o meu colega de bancada de lado e foquei na aula, afinal era algo que eu tinha que me esforçar ao máximo, no final da aula. Tive que levantar correndo pois tinha aula de cálculo 4, então juntei minhas coisas rapidamente e saí correndo, sem nem dar tchau ao meu companheiro de bancada.

Foi um dia completamente tenso, chegando em casa, aproveitaria que papai não iria estar e iria perguntar para mamãe quem era a tal menina.

- E como foi a aula filho? Disse minha mãe.

- Foi boa mãe.

- Que foi filho, parece não estar muito animado. Quer me falar alguma coisa?

- Bom mãe... respirei fundo...na verdade eu... é que...sabe, aquela menina...

- Ela é irmã da Jullie. Eu assumi a responsabilidade por ela. Eu sabia que você queria saber.

Confesso que a forma que minha mãe chegou ao ponto x foi até desconcertante para mim, não queria constrange- la.

- E de onde ela é? Como assim você ficou responsável?

- Depois que os pais de Jullie e de Lana morreram, eu sabia que ela precisaria de mim, pois ela e o irmão dela ficaram totalmente desamparados. Além disso, a família deles sempre foram bem pobres. Então, eu a levei para a casa de uma senhora que era minha amiga e cuidava dela a distancia.

Papai sabe disso? Perguntei.

- Mais ou menos, ele não quis saber de tudo pois sabia que era um assunto frágil para mim, ele sabia que eu cuidava dela, que eu a visitava, sabia de Jullie, mas não queria saber nada muito a fundo.

- Entendi, mãe. E o Dr. Alfred Hueber?

- O que tem? Disse minha mãe, sendo meio arredia. Senti que tinha algo ali.

- O que ele é da Lana? É o pai dela?

De repente, minha irmã de Liza que estava na sala deu um berro.

- PAPAIIIIIIIIIIII.

- Quem é a princesa mais linda do mundo? Disse meu pai, ao entrar na sala e abraçar minha irmã que já estava se jogando nos braços dele.

- AMORRRRR. Disse minha mãe, indo para a sala, ao encontro de meu pai e me deixando no vácuo.

Havia algo a mais naquela história e que eu adoraria saber. Cumprimentei meu pai, e logo mais tarde jantamos, brinquei com minha irmã e depois fui para o quarto, estudei um pouco, fiz os exercícios que tinham passado nas aulas de manhã, quando chegou em Química Forense, recorri ao chat de novo e lá estava o meu salvador, um aluno que se identificava como "PercyJulianPride", o mesmo que tinha me ajudado antes. Tirei minhas dúvidas com ele, e depois fui tomar banho.

Saindo do banho, tranquei a porta do quarto e liguei o computador, estava ansioso, aquilo me causava uma excitação fora do normal, ficava com o pau tão duro que pensava que ia explodir, fiquei ali no computador or algum tempo e depois gozei tanto que achei que nunca mais ia gozar na visa. Após gozar fui me limpar no banheiro, voltei para o meu quarto e olhei para o meu computador que estava ligado sobre a cama, que vergonha que senti de mim mesmo, que nojo, sentei e chorei minha própria desgraça.