Prólogo

Conto de J.N.S. como (Seguir)

Parte da série Ligados ao Passado

Um arrepio percorreu da base de sua espinha até a base do pescoço enquanto os pingos de água morna que saiam do chuveiro caiam em seu corpo. Rapidamente os pingos e o calor levantaram um leve nevoeiro que encobria em parte a sua silhueta. Apoiado com as mãos na parede como se a estivesse empurrando Nuno, levantou levemente seu rosto enquanto deixava a água escorrer, como se em uma tentativa de misturar-se aquela água, para que o levasse a outro lugar onde pudesse aplacar os sentimentos que explodiam em seu coração.

Aos poucos ouvia passos se aproximando da porta do banheiro, e sentiu uma leve brisa fria quando ela foi aberta por uma figura com traços embaçados devido ao vapor do chuveiro. Ainda de olhos fechados, Nuno sentiu a presença aproximando-se lentamente dele, até sentir braços fortes o envolvendo por trás, e lábios levemente gelados tocarem o lado esquerdo do seu pescoço. Lado este, que lhe causava um leve arrepio e incitação de desejo por ser uma das áreas mais sensíveis em seu corpo.

Um sorriso se formou em seus lábios vermelhos, de textura macia e estética carnuda, enquanto lentamente se virava ficando de costas para a parede e de frente para essa estranha pessoa que o capturou. Até então, mantinha seus olhos fechados, apenas se permitindo sentir todas as sensações que os estímulos que seu corpo lhe mandava.

Quando começou a abri-los, ele não olhou diretamente nos olhos de seu captor, manteve seu olhar baixo e lentamente foi subindo, gravando cada parte do corpo a sua frente, cada curva e músculo. Pernas torneadas e longas, um abdômen definido e um peitoral médio. Ao chegar no queixo, deteve-se por um tempo apenas a observar uma barba perfeitamente desenhada que emoldurava aquele rosto.

Segurou a sua respiração por um tempo... Fechou seus olhos novamente com seus cílios longos e curvados, e ao abri-los, se deparou com um sorriso de canto de boca e olhos penetrantes que a cada piscar destroçava sua alma. Tudo o que via naquela pessoa era sinônimo de beleza.

O feitiço em que se encontrava foi levemente quebrado com algumas palavras quase que sussurradas:

- Ainda são 05h44min da manhã de um dia chuvoso e frio. O que faz acordado? Por que não ficou na cama?

- Não consegui dormir por mais tempo – Nuno respondeu, enquanto colocava seus braços ao redor do pescoço de Ender – Como foi o plantão? Complicado, visto que chegou a essa hora, certo? - Indagou com um leve levantar da sobrancelha esquerda, hábito adquirido desde sua infância.

- Sim, recebemos quatro emergências, quase que consecutivas... Só foi o tempo de estabilizar um para que o outro chegasse. Então tive que estender meu horário para observar um pouco mais o quadro clínico em que estavam. Felizmente, não tiveram mais intercorrências – Ender respondeu com um suspiro de alívio.

- Se lembra dos nomes?

- Não, mas o primeiro deu entrada por volta das 23h00min e o último às 2h47min. As fichas deles estarão à sua espera – Ender respondeu já sabendo qual era a intenção de Nuno.

- Ficou tão óbvio assim que pretendia verificá-los? – Nuno respondeu, esbanjando seu sorriso mais inocente, o que era raro.

- Sim, mas fingirei que não percebi e mais tarde finjo surpresa, okay? – Ender respondeu devolvendo o sorriso, e beijando os lábios de Nuno e mordendo levemente o lábio inferior. Apesar de estar terrivelmente cansado, não podia suprimir a ansiedade que brotava do fundo de seu estômago.

Nuno sentia-se da mesma forma, um dos seus motivos ocultos que o fizeram acordar tão cedo, foi justamente essa necessidade de querer se conectar a Ender em uma longa, longa, longa entrega de prazeres. Sem perceber ou coordenar suas ações, ambos começaram a acelerar seus beijos, enquanto a água aquecia seus corpos, impulsionando o fogo que crescia entre eles, Nuno retirou a mão do pescoço de Ender e deslizou pelo seu peito, parando perto do mamilo. Já Ender segurava sua cintura e pressionava seus corpos um no outro, como em uma tentativa de que se fundissem em um só.

A cada beijo, a tensão criada entre eles crescia até o ponto que suas respirações ficassem ofegantes e sentissem seus corações pulsarem de desejo. Quando Nuno, já estava quase não raciocinando direito e descendo sua mão até encontrar a fonte de tanto desejo, um som os despertou e aos poucos dissipou a aura de excitação que tinha se formado.

- Mas que... – Nuno resmungou, expressando sua revolta por ter sido interrompido pelo seu irritante despertador, que rotineiramente, sempre despertava às exato 6 horas – Eu amo meu trabalho... Amo salvar vidas... Mas sinceramente, odeio quando ele me impede de ter "alguns momentos" para brincar com você – Nuno falou com suas mandíbulas trincadas enquanto apoiava sua cabeça na curvatura do pescoço de Ender.

- Bem, isso que dá trabalharmos no mesmo hospital e cobrir os plantões um do outro – Ender falou acariciando a cabeça de Nuno enquanto suspirava, e continha sua frustação.

Rapidamente Nuno levantou a cabeça, encarou Ender e ligeiramente mordeu seus lábios enquanto lançava um ligeiro olhar pra cima e franzia as sobrancelhas grossas e desenhadas que tinha. Olhando essa expressão, Ender já sabia que Nuno estava deliberadamente pensando em cálculos de tempo para que pudesse prolongar seu tempo com ele e "brincar" um pouco.

- No que está pensando? – perguntou, mesmo que já soubesse a resposta.

- Bem! Deve ser 6h02min agora, se começarmos agora e nos dedicar acabamos por volta de umas 6h40min. Já estamos no banheiro, então não perderia tempo vindo tomar banho novamente. Demoro menos de cinco minutos pra terminar de me vestir, então...

Antes de concluir suas ideias Ender o beijou e mordeu seus lábios, enquanto apertava o corpo de Nuno contra o seu. Quando se afastou um pouco, usou seu habitual olhar penetrante e falou:

- Apenas aja ao invés de ficar perdendo tempo...

Ao ouvir isso Nuno não conseguiu evitar de demonstrar uma expressão de surpresa, que lentamente foi substituída por uma expressão provocadora. Ender sorriu ao ver isso, e logo soltou um suspiro de satisfação quando os lábios de Nuno tocaram seu pescoço.

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