Capitulo II

Conto de JJ como (Seguir)

Parte da série Eu voltei, e quero vingança.

“ Quando as coisas acontecem de forma acelerada em tão pouco tempo, acabamos perdendo o foco e deixando de notar os detalhes mais importantes, detalhes esses que poderiam esclarecer quem realmente está do nosso lado para nos ajudar ou para simplesmente nos afundar”

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- Lucas Rangel, 13 de outubro de 2014

Após 3 anos em um lar de menores, os meus 18 anos tinham gosto de liberdade, foram anos vivendo em um quarto com 3 garotos, na época Pedro, Rodrigo e Fabio tinham 18 anos também, como qualquer órgão pertencente ao governo, aquele lugar oferecia somente o necessário para a sobrevivência humana, Pedro era um menino extremamente quieto e fechado e sempre procurou estar mais próximo a mim do que dos outros dois, realizávamos diariamente todas as atividades juntos, higiene, refeições, escola, atividade física, e durante a noite dividíamos as beliches.

Rodrigo e Fabio eram gêmeos, fortes, altos, e se vivessem com famílias, e tivessem como se cuidar melhor, com certeza poderiam seguir a carreira de modelo com a beleza que tinham, porem, eram perturbados, foram entregues pelo conselho tutelar, após o pai ter abusado de ambos sexualmente, a mãe foi morta no mesmo dia em que foram violentados e desde então se tornaram mentalmente desequilibrados, cheguei ao lar antes de Pedro, e logo de inicio, os gêmeos pareciam meninos comuns, eram muito simpáticos e generosos comigo, e fizeram do meu primeiro mês um período menos dolorido, eu ainda estava abalado e mentalmente instável pela morte dos meus pais, e Rodrigo cuidou de mim como um anjo, sempre cedendo da sua comida e recursos pra me deixar o Maximo confortável, já Fabio se empenhava em me dar o máximo de carinho, no lar, a maioria dos meninos namoravam ou mantinham algum tipo de relação em segredo, e com o tempo o carinho de Fabio me completou de tal forma que no final do meu 2º ano com ele, ficamos uma noite juntos, ele sempre muito carinhoso, fez daquela noite de natal o único dia desde a morte dos meus pais em que me senti feliz

- Lucas? – ele me chamou no meio da noite de sua cama que ficava ao lado da minha

- oi – respondi baixo

- vem aqui – ele pediu

- pra que? – perguntei sussurrando, já era madrugada

- é natal, não quero dormir sozinho, deita aqui comigo – ele disse sorrindo no escuro

Até esse momento nunca tínhamos tido contato com intenções antes, mas já não era estranho pra nós, nos abraçarmos ou dormirmos juntos, me levantei e me deitei ao seu lado de costas pra ele, ele cutucou meu ombro e eu virei a cabeça pra trás

- oi – eu disse o olhando no escuro vendo somente parte do seu rosto

- feliz natal – ele disse, segurou meu ombro e me deu um selinho na boca

- feliz natal – eu respondi sorrindo sem entender o porque ele tinha feito aquilo

- quero te oferecer mais carinho, quero que você pare de ter aqueles pesadelos que te acordam a noite, a gente pode ficar junto e apoiar um ao outro, não agüento mais ver você gritando toda noite – ele disse acariciando meu rosto

- Fabio, eu nunca fiz isso, nunca sequer beijei alguém, ainda mais outro menino – eu respondi

- só to afim de descobrir como é, gosto de você... você também aprendeu a gostar de mim que eu sei kkk, nem sei como começar isso, só quero saber como é estar com alguém – ele disse sorrindo

- também não faço a mínima idéia de como fazer isso kkk – eu respondi

- então vem cá – ele disse e me virou pra um beijo, no começo a língua dele na minha boca pareceu algo estranho, mas logo, aquilo me fez sentir uma coisa diferente, experimentei tocar a minha língua na sua também e assim começamos a pegar o ritmo dos outros vários beijos que iríamos trocar naquela noite, ele me apalpava e me apertava contra o seu corpo, tirou minha blusa e começou a beijar meu ombro e pescoço enquanto movimentava seu corpo em cima do meu, não tínhamos medo de fazer nada, eu tocava o corpo dele onde eu queria, apertava suas coxas grandes ou masturbava ele enquanto o beijava e o mesmo ele fazia comigo, e assim se seguiram as próximas noites, Rodrigo o seu irmão não sabia de nada, ou pelo menos parecia que não, já que só fazíamos algo tarde da noite.

No segundo mês do meu 3º ano Pedro chegou, ele estava com a cabeça raspada e cheio de cicatrizes, não falava nada e pouco se comunicava com qualquer um, com o tempo, ele passou a se soltar mais um pouco e se aproximou de mim, acabou descobrindo meu relacionamento com o Fabio e a partir daí se tornou mais intimo ainda, ele me oferecia total confiança e estava sempre muito curioso em relação ao que fazíamos, ou seja, passávamos horas conversando sobre varias coisas inclusive o que eu fazia na cama com Fabio.

Tudo começou a se complicar no 5º mês do 3º ano, os inspetores passaram a me perseguir constantemente, a partir de certo dia, comecei a realizar minhas atividades diárias separado dos meninos e durante as noites dos finais de semana eu ficava em um quarto separado, todos estranhavam o porquê dessas medidas, mas ninguém se arriscava a questionar nada, muito menos eu, que queria poder sair no final do ano junto com os meninos e enfim viver uma vida melhor.

Em uma das tardes, durante o almoço, eu sai do pátio em direção ao banheiro, e quando estava passando pelo acesso da portaria ouvi dois inspetores conversando baixo, me escondi atrás de uma das plantas e tentei ouvir na esperança deles estarem falando alguma coisa sobre a liberação dos jovens no final do ano

- Hoje 1:45, não esquece de levar as luvas – um deles disse

- e se o muleque gritar? – o outro perguntou

- é viado igual os outros, da um soco nele que ele apaga, depois leva ele la pro portão, e não esquece das luvas! – ele disse e saiu da portaria

Me arrastei de trás das plantas e fui pro banheiro, fiquei pensando quem seria o “muleque” de quem ele falou, naquele momento comecei a ficar com medo de eu ser o alvo, já que ultimamente eles estavam me perseguindo, voltei pro pátio, terminei meu almoço e voltei pro quarto, decidi não falar nada com os meninos com medo de assustá-los desnecessariamente.

Quando deu 22:00 da noite, o horário estabelecido pra que as luzes fossem desligadas e todos fossem pra cama, dois inspetores vieram ao nosso quarto

- Rodrigo, Pedro e Fabio, vocês vão pro 233 (número de um quarto no segundo andar) – um dos inspetores avisou

- essa hora... por que? – questionou Fabio assustado

- não questiona garoto, vamo vamo vamo! – o outro inspetor disse nervoso, os meninos arrumaram suas coisas e saíram

- você pode voltar a dormir – o inspetor me disse fechando a porta, eu não disse nada, apenas me deitei e permaneci acordado.

Eu continuava apreensivo, olhando pro relógio na parede, era 1:40, eu sabia que nos próximos minutos alguma coisa ia acontecer, e enquanto eu estava pensando nisso abriram a porta do quarto, eu fechei os olhos e fingi que estava dormindo

- acorda garoto! – o inspetor disse ligando a luz

- o que aconteceu?- eu perguntei

- só me acompanha - ele disse saindo da porta e me dando espaço pra passar

Eu passei, ele fechou meu quarto e andou na minha frente, eu o acompanhei até o portão onde ele abriu e pela primeira vez eu vi a rua em 3 anos, ele pediu pra que eu atravessasse a ponte do canal e fosse até o outro lado da rua, estranhei mas acatei sem questionar, quando eu ia chegando perto da ponte, alguém me segurou pelos braços, olhei para o lado e senti uma pancada na cabeça.

Quando eu acordei eu estava em um carro, minha cabeça doía e quando levei minha mão até o lugar da dor vi que tinha um curativo, olhei pro motorista e vi que ele estava concentrado em dirigir o carro que estava em alta velocidade

- eeei – eu gritei

- ahh acordou foi? Péssima hora! To tentando salvar nosso coro! – ele disse concentrado na rua

- salvar do que? – eu perguntei ainda com dor de cabeça

- de uma queima de arquivo meu querido! – ele respondeu

- e quem é você? – eu perguntei me ajeitando no banco

- um amigo seu e amigo dos seus pais! – ele disse

- meus pais estão mortos! – eu disse com a voz fraca

- isso não me impede de ser amigo deles e tentar salvar o único herdeiro deles também, e se você não ficar quietinho e deixar eu me concentrar na direção, a gente vai acabar na mão de quem não te quer vivo! – ele falou um pouco mais alto

- e por que querem me matar? – eu perguntei

- eitahhh meu Deus, quanta pergunta na hora errada menino, vai dizer que se esqueceu de quem você era filho? Você tem um império pra reerguer com uma assinatura meu querido, volta a dormir ai vai! – ele disse gritando

Comentários

Há 3 comentários.

Por samusam em 2014-11-16 19:29:28
Sou novo por aqui e essa história me prendeu. Quero saber o que vão tentar contra a vida desse garoto. Tô curioso e muito afim de acompnahar o desfecho dessa série. Valeu pela criatividade e um grande abraço.
Por Anderson P em 2014-11-16 16:25:56
Gostei, vou acompanhar.
Por Fagner em 2014-11-16 12:40:49
Nossa, adorei ..... Amo essa sensação de perigo, de correr riscos e adoro vingança..... Estou adorando a serie.... Aguardo o próximo ansioso.... Um abraço.. 😁😈😍