Capt.9
Parte da série "Aquele garoto com os fones de ouvido"
Fiquei parado sem acreditar que ele ainda tinha coragem de voltar a minha casa, e tava tentando entender como ele tinha entrado, já que eu estava sozinho e costumo trancar tudo, eu só fiz o que estava querendo fazer, enchi minha mão na cara dele com um tapa bem farto
- aiii – ele gritou caindo do sofá no chão ao meu lado
- como você entrou? – eu disse me levantando
- pela janela, nossa amor não precisava disso, eu sei que eu tava errado, vim me desculpar – ele disse passando a mão na bochecha
- “amor” vai ser o tapa que vou girar na tua cara seu animal – eu perdi totalmente meu senso de comportamento, segurei o pescoço dele e dei um tapa no outro lado da cara
- aii – ele disse segurando a minha mão que apertava o pescoço dele – ta me machucando Daniel!
- eu gosto assim! Eu devia te jogar pra fora dessa casa pela janela do banheiro sua peste, vem aqui - peguei ele pelo cabelo levantando ele
- Daniel você sabe que posso te bater – ele disse gritando
- vai! me bate seu merda! você ta dentro da minha casa, te denuncio por invasão a domicilio, agressão, e me justifico com auto-defesa seu retardado, fica aqui na sala – eu disse soltando o cabelo dele e indo pro meu quarto, catei umas coisas que ele tinha deixado la, algumas blusas, e um globo de vidro que ele tinha me dado no nosso terceiro mês de namoro
A escada de madeira contornava a parede da sala que era oval, então eu tinha total visão da sala e ele da escada, já comecei a descer atacando as coisas em direção ao sofá, fiz questão de jogar o globo de vidro no centro da sala pra que quebrasse e assustasse ele, ele só se esquivava de tudo com uma cara de assustado mista de raiva
- vai... – ataquei um urso nele – dar... – ataquei umas blusas dele – essas desgraças... – joguei a caixa de um jogo de tabuleiro que se abriu e se espatifou nas costas dele – pra tua atual prostituta!
- Daniel paaara! – ele gritou chorando
- Me responde uma coisa - eu disse já chegando ao centro da sala e rasgando uns desenhos que ele tinha feito de nós (ele desenha perfeitamente bem) – você parou de beijar aquele resto de aborto, depois que eu vim pra casa ontem a noite?
- claro que sim, nem cheguei a beijá-la! – ele gritou recolhendo uns desenhos antes que eu rasgasse
- então eu vou te recordar de uma coisa – disse pegando meu celular no outro sofá – quem é esse aqui com a língua dentro da boca daquela piranha?
- para de chamar ela assim, você não conhece ela, você ta agindo igual uma criança transtornada – ele disse me encarando
- faz o seguinte - eu disse pegando uma caixa de papelão – junta tuas tralhas, PEGA TODO ESSE TEU LIXO! – gritei chorando – E SOME, SE JOGA NAS DROGAS SEU DESGRAÇADO!
- Daniel não faz isso com a gente – ele voltou a chorar
- “A gente”? – disse fazendo aspas com os dedos – aqui nessa sala só existe “eu”!
- Você ta certinho – ele disse ironicamente – enquanto se abaixava pra juntar as coisas, eu já estava tão nervoso que sentei no sofá apoiando meus cotovelos nos joelhos e disparei a chorar, ele que tava agachado sentou no tapete e ficou me observando enquanto também chorava, se eu pudesse assistir essa cena estando de fora da situação eu morreria de rir kkk, a sala uma bagunça, e duas criaturas chorando ¬¬
- Felipe, vai embora! – eu já disse mais calmo com a voz baixa
- me perdoa – ele disse abaixando o tom de voz também
- cara, só vai embora! – eu levantei, peguei a chave do portão, joguei na direção dele e subi pro quarto, já iam dar 00:00 e eu simplesmente deitei na minha cama chorando e apaguei
No outro dia eu acordei, me vesti e voltei à rotina que descrevi no primeiro capitulo, com exceção da musica nos meus fones de ouvido rsrs, na época a Gaga tinha lançado “Artpop” e aquele álbum, assim como todas as demais músicas de outros álbuns dela como “Marry the night” me ajudaram a meio que “superar” o par de galhas na minha cabeça... ou melhor... a arvore que tinha nascido...
Cheguei na escola e ele estava no pátio, e simplesmente não existia mais o Felipe triste da noite anterior, ele tava rindo rodeado de “amigos” sentado em um canto, quando me viu, comentou alguma coisa sorrindo, e logo todos viraram olhando pra mim dando risada, aquilo me deu uma vontade de “já chegar na voadora” mas me contive e fui pra sala, durante toda a aula, todos me olhavam e davam risadinhas, alguns cochichavam, outros me encaravam ou regulavam sempre comentando alguma coisa com o “amiguinho do lado”, era aula de história e a professora era um doce de pessoa, nós estávamos conversando quando a Bia chega na porta da sala ofegante, provavelmente tinha vindo correndo (sedentária)
- licença professora, posso falar com o Dan um minutinho? – ela pediu com uma cara assustada
- 1 minutinho hein! Eu tava conversando primeiro – ela respondeu rindo, pedi licença e sai da sala, a Bia me puxou pra um canto e fez uma cara apreensiva
- Dan, isso ta circulando em uns 3 grupos do whats – ela disse me mostrando um vídeo onde eu pulava bêbado, enquanto gritava e chegava perto de quem filmava e ficava fazendo piadas em relação a música que tocava de fundo “drunk in Love – Beyoncé” (gente quem lê deve pensar em mim dando ‘aloka’ nas coreografias, mas faço questão de deixar claro que sou um gay extremamente comportado e descente u.ú)
O video em si não tinha nada demais, mas o fato de eu ter ouvido a voz do Felipe gravando e do video ter sido gravado na festa do Alex a 6 meses atrás, me revoltou, já que quando eu perguntei pra ele sobre o que tinha acontecido na maldita festa ele disse que eu não tinha feito nada demais, e muito menos tinha me falado sobre um video com as minhas palhaçadas... na mesma hora agradeci a Bia dei um beijinho em seu rosto, coloquei o meu melhor sorriso de deboche na cara e fui em direção a sala do Felipe...
- Capt.10 (prévia)
Cheguei ao 2ºC e quem dava aula era a professora de matemática (uma das minhas melhores amigas kk) pedi pra falar com a sala a respeito de um “projeto contra bullying” (mentira descarada) e ele adorou a idéia
- arrasa com esse bando de fofoqueiro – ela cochichou no meu ouvido demonstrando que provavelmente já sabia o que estava acontecendo, eu apenas ri
- Bom dia gente
- Bom dia – responderam eles, alguns rindo, outros se controlando..
- Bom, nessa ultima semana, eu, juntamente com o grêmio estudantil apresentamos uma proposta relacionada ao “combate ao bullying no ambiente escolar” para o corpo de professores e direção, a partir dessa semana, todas as terças-feiras, teremos dinâmicas ou palestras relacionadas a soluções e combate de conflitos – eu dizia enquanto todos riam, menos Felipe que me olhava assustado – escolhi o 2ºC como base pra primeira dinâmica por já conhecer a maioria e gostar muito de trabalhar com vocês, mas especialmente com o meu ex namorado, uma pessoa muito ética e educada... Felipe, por favor, você poderia definir ética em voz alta e bom tom pra toda a sala?